Conclusão: Lições de um Conflito a 10 Mil Metros
A indenização de R$ 20 mil imposta à Gol, longe de ser uma anomalia, é a consequência lógica e previsível da aplicação rigorosa da legislação consumerista brasileira. O veredito não absolve os agressores, mas reafirma um princípio fundamental: dentro de sua aeronave, a companhia aérea é a garantidora final da segurança, da ordem e do bem-estar de seus passageiros. A sua falha em cumprir esse dever primordial gera a obrigação de reparar o dano, mesmo que a causa imediata tenha sido a conduta de terceiros.
O caso ensina que a segurança a bordo é uma responsabilidade compartilhada. As companhias aéreas precisam ir além do treinamento técnico e capacitar suas tripulações para serem gestoras eficazes de conflitos, cientes das graves implicações legais de suas ações e omissões. Os aeroportos devem garantir uma infraestrutura impecável que sirva de palco seguro para a jornada. E os passageiros precisam compreender que a compra de uma passagem aérea é a adesão a um contrato social com regras claras, onde direitos são acompanhados por deveres de civilidade e respeito à autoridade da tripulação.
O episódio no voo Salvador-São Paulo e a subsequente movimentação da ANAC para endurecer as regras contra passageiros indisciplinados são mais do que eventos isolados. São indicativos de um sistema sob estresse, forçando uma reavaliação urgente das regras de convivência nos céus. O futuro de um transporte aéreo seguro e eficiente dependerá não apenas de aeronaves mais modernas ou aeroportos mais funcionais, mas da capacidade de todos os envolvidos — empresas, reguladores e, sobretudo, os próprios passageiros — de honrarem sua parte no contrato social a 10 mil metros de altitude.
Fontes
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TJ-SP mantém condenação da Gol por briga em avião pela disputa de janela - Vade News, agosto 2025, https://vadenews.com.br/tj-sp-mantem-condenacao-da-gol-por-briga-em-aviao-pela-disputa-de-janela/
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