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Notas liberais

O que significa ser liberal ou neoliberal? Qual o conceito de liberalismo ou neoliberalismo? Quais suas bandeiras e conquistas?

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25/07/2010 às 17:33
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Conclusão

Consoante já exposto neste texto, o liberalismo equivale, em essência, a um sistema de ideias e instituições que defendem e promovem a liberdade individual como valor social supremo e se opõem às mais variadas formas de tirania. O neoliberalismo, nesse sentido, figura como um episódio histórico simbolizado pelo Colóquio Walter Lipmmann, o qual, apesar de ter cogitado uma redefinição do liberalismo, a este se somou como um momento do continuum liberal.

Lamentavelmente, porém, os termos liberalismo e neoliberalismo são frequentemente vulgarizados em decorrência da ignorância dos seus significados originais, quadro este que exprime a atualidade de iniciativas destinadas a acrescer qualidade à linguagem que permeia os debates políticos. Um salutar avanço terminológico no que toca o liberalismo poderia contribuir sobremaneira para a sua longanimidade e para tornar suficientemente claro, ao encontro da tese de que o preço da liberdade é a eterna vigilância, que é mais sábio cultivar valores liberais, para mantê-los sempre vivos, que apenas trazê-los à tona, emergencialmente, como reação a assaltos totalitários. Afinal, a História [10] registra que, no século XX, milhões de vidas foram sacrificadas ao longo da hibernação liberal provocada pela falta de apreço ao liberalismo, como se fosse questão menor ou fora de época.


Bibliografia

ALMEIDA, Paulo Roberto de. Falácias acadêmicas, 1: o mito do neoliberalismo. Revista Espaço Acadêmico nº 87, agosto de 2008.

________.Falácias acadêmicas, 2: o mito do Consenso de Washington. Revista Espaço Acadêmico nº 88, setembro de 2008.

ARON, Raymond. The Opium of the Intellectuals. New Brunswick (U.S.A) and London (U.K): Transaction Publishers. 2001.

BARROS, Roque Spencer Maciel de. Introdução à Filosofia Liberal. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1971.

________.O Fenômeno Totalitário. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1990.

BOBBIO, Norberto. Dicionário de Política. Norberto Bobbio, Nicola Matteuci e Gianfranco Pasquino. Editora Universidade de Brasília, 13ª Ed, 2007, 2008, 2009 (reimpressão).

CAMPOS, Roberto. Artigo O livro negro do comunismo. Folha de S. Paulo e O Globo, 19/04/98. Artigos e Entrevistas de Roberto Campos. Pensadores Brasileiros. http://pensadoresbrasileiros.home.comcast.net/~pensadoresbrasileiros/RobertoCampos/o_livro_negro_do_comunismo.htm.

HARTWICH, Oliver Marc. Neoliberalism: The Genesis of a Political Swearword. CIS Occasional Paper 114. New Zealand: The Centre for Independent Studies, 21 May 2009.

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LOCKE, John. Dois Tratados sobre o Governo. John Locke: tradução Julio Fischer. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

MACEDO, Ubiratan Borges de. Liberalismo e Justiça Social. São Paulo: Ibrasa, 1995.

MERQUIOR, José Guilherme. O Liberalismo - Antigo e Moderno. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991.

PAIM, Antônio. Evolução Histórica do Liberalismo. Volume 1. Belo Horizonte: Itatiaia, 1987.

POPPER, Karl Raimund. A sociedade aberta e seus inimigos; tradução de Milton Amado. 3. ed. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Universidade de São Paulo, 1987.


Notas

  1. Tal obra é tão importante e fundamental que torna suspeita qualquer discussão sobre o liberalismo que ignore o seu conteúdo e ao mesmo tempo se queira qualificar como intelectual.
  2. Essa ressalva se faz necessária porque algumas ideias desenvolvidas por Locke, como a divisão funcional do poder, já haviam sido exploradas pelos antigos, como Aristóteles, na sua obra Política.
  3. Abreviação do título completo: Uma Investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações.
  4. É nesse sentido institucional que geralmente se faz referência à ideia de "Estado Liberal".
  5. Pseudônimo de Eric Arthur Blair.
  6. Hartwich esclarece que Mises e Rüstow logo trocariam farpas que permitem a identificação de um cisma do liberalismo: para Rüstow, os velhos liberais como Mises eram extremistas perigosos, enquanto que, para Mises, os neoliberais não eram muito melhores que os socialistas totalitários.
  7. Neste parágrafo este texto traduz alguns trechos da versão original de Hartwich.
  8. Após a 2ª Guerra Mundial, um grupo de intelectuais foi convidado, em 1947, por Friedrich Hayek para se encontrar em Mont Pelerin, na Suíça, com o objetivo de discutir o liberalismo na teoria e na prática, dando origem à The Mont Pelerin Society.
  9. Segundo a contabilidade registrada em O Livro Negro do Comunismo (Le livre noir du communisme), de 1997, computadas as mortes provocadas por causas variadas, como fome, o comunismo produziu aproximadamente 100 milhões de vítimas. Roberto Campos, em artigo publicado em 19/04/98 nos jornais Folha de S. Paulo e O Globo, escrevera que: "A aritmética macabra do comunismo assim se classifica por ordem de grandeza: China (65 milhões de mortos); União Soviética (20 milhões); Coréia do Norte (2 milhões); Camboja (2 milhões); África (1,7 milhão, distribuído entre Etiópia, Angola e Moçambique); Afeganistão (1,5 milhão); Vietnã (1 milhão); Leste Europeu (1 milhão); América Latina (150 mil entre Cuba, Nicarágua e Peru); movimento comunista internacional e partidos comunistas no poder (10 mil). O comunismo fabricou três dos maiores carniceiros da espécie humana - Lênin, Stálin e Mao Tse-tung. Lênin foi o iniciador do terror soviético. Enquanto os czares russos em quase um século (1825 a 1917) executaram 3.747 pessoas, Lênin superou esse recorde em apenas quatro meses após a revolução de outubro de 1917."
  10. Segundo a contabilidade registrada em O Livro Negro do Comunismo (Le livre noir du communisme), de 1997, computadas as mortes provocadas por causas variadas, como fome, o comunismo produziu aproximadamente 100 milhões de vítimas. Roberto Campos, em artigo publicado em 19/04/98 nos jornais Folha de S. Paulo e O Globo, escrevera que: "A aritmética macabra do comunismo assim se classifica por ordem de grandeza: China (65 milhões de mortos); União Soviética (20 milhões); Coréia do Norte (2 milhões); Camboja (2 milhões); África (1,7 milhão, distribuído entre Etiópia, Angola e Moçambique); Afeganistão (1,5 milhão); Vietnã (1 milhão); Leste Europeu (1 milhão); América Latina (150 mil entre Cuba, Nicarágua e Peru); movimento comunista internacional e partidos comunistas no poder (10 mil). O comunismo fabricou três dos maiores carniceiros da espécie humana - Lênin, Stálin e Mao Tse-tung. Lênin foi o iniciador do terror soviético. Enquanto os czares russos em quase um século (1825 a 1917) executaram 3.747 pessoas, Lênin superou esse recorde em apenas quatro meses após a revolução de outubro de 1917."
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Sobre o autor
Paulo Roberto Simão Bijos

Auditor Federal de Controle Externo do Tribunal de Contas da União - TCU

Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

BIJOS, Paulo Roberto Simão. Notas liberais: O que significa ser liberal ou neoliberal? Qual o conceito de liberalismo ou neoliberalismo? Quais suas bandeiras e conquistas?. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 15, n. 2580, 25 jul. 2010. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/17052. Acesso em: 19 abr. 2024.

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Título original: "Notas liberais".

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