A Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados e o PL que proíbe homossexuais em templos religiosos:

avanço ou retrocesso?

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A Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, que deveria estar se preocupando com temas de relevância, assumiu a personalidade de seu Presidente. A preocupação atual é a "caça aos homossexuais". Religião e Estado não se misturam.

“Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem fundar-se na utilidade comum”. Essa redação é extraída do art. 1º da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, devidamente ratificado pelo Estado brasileiro, que deve estabelecer políticas capazes de garantir os direitos humanos dos indivíduos, deixando claro que todos são iguais em direitos. É aqui que surge mais uma polêmica no cenário político nacional.

A Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) que apesar de ter como objetivo principal o de “contribuir para a afirmação dos direitos humanos. Parte do princípio de que toda a pessoa humana possui direitos básicos e inalienáveis que devem ser protegidos pelos Estados e por toda a comunidade internacional”, aprovou no dia 16/10/2013, PL de autoria do deputado Washington Reis (PMDB-RJ), que visa alterar o art. 20 da Lei 7.716/1986, que prevê pena de 1 a 3 anos de prisão para quem “induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”.

Essa sessão foi presidida pelo Deputado Marco Feliciano (PSC-SP) e a relatoria do projeto é do Deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ). De acordo com os deputados presentes, é necessário defender que as igrejas possam rejeitar pessoas que não seguem os valores da religião, bem como não podendo serem responsabilizadas criminalmente por recusarem a participação e presença de homossexuais nos templos.

É com extrema repugnância que mais uma vez se constata a total insanidade daqueles que fazem parte da CDHM da Câmara. Não há como se admitir que em pleno século XXI, debates sobre direitos humanos e minorias se resumam a atacar homossexuais e as religiões, sendo que há tantas coisas a serem analisadas e questionadas pela CDHM, como: pessoas ainda trabalham em condições análogas à de escravo? E a repressão policial?

Infelizmente, esse não é o foco do debate e não dá audiência, por isso iremos criticar veementemente essa postura adotada pela CDHM. Em suma, é quase o que o mestre Raul Seixas já dizia “Eu sou a mosca que pousou em sua sopa” e continuaremos a ser, SEMPRE, enquanto existirem Deputados que buscam legislar unicamente questões de interesse pessoal, e, pior, projetos que ferem frontalmente à Constituição Federal.

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Sobre os autores
Marcelo Sant'Anna Vieira Gomes

Meste em Direito Processual Civil pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Especialista em Direito Processual Civil pela Faculdade de Direito de Vitória (FDV); Vice-Secretário Geral da Academia Brasileira de Direitos Humanos - ABDH. Assessor Jurídico no Ministério Público Federal do Espírito Santo.

Jackelline Fraga Pessanha

Mestre em Direitos e Garantias Fundamentais pela Faculdade de Direito de Vitória - FDV. Graduada em Direito pela Faculdade de Direito de Vila Velha. Professora da Faculdade São Geraldo. Assessora do Ministério Público do Estado do Espírito Santo.

Informações sobre o texto

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