O futuro da guerra

15/07/2014 às 08:49
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Vivemos numa época em que a "história do passado" é contada à exaustão e em que a "história do futuro" precisa começar a ser recontada.

Quase todas as guerras do século XX e início do século XXI, grandes e pequenas, externas e civis, tem o mesmo motivo: controle de regiões ricas em petróleo e gás natural. O ataque israelense em curso aos palestinos não é diferente. No fundo Israel pretende submeter a população da Faixa de Gaza para poder explorar tranquilamente as jazidas de petróleo e gás que existem no subsolo do litoral da mesma.

Tanques e aviões são movidos a gasolina. Barcos de guerra e submarinos são movidos a óleo diesel. Caminhões que transportam tropas e munição também são movidos a óleo diesel. As indústrias que fabricam apetrechos militares são movidas à energia elétrica, que é total ou parcialmente produzida por motores à combustão. O combustível que fomenta a guerra também movimenta as máquinas e as economias de guerra.

Em algum momento futuro o petróleo e o gás natural acabarão. Mas o resultado não será o fim da guerra, pois este fenômeno terrível acompanha a humanidade desde as primeiras civilizações. Antes de usarem as modernas máquinas de matar movidas à combustível fóssil, os homens faziam suas guerras com tacapes e pedras, com lanças de madeira e espadas de bronze e ferro, com arcos curtos e longos, com fundas, balistas e catapultas, etc…

Durante a Guerra Fria e se referindo ao uso de bombas atômicas num conflito entre EUA e URSS o físico Albert Einsten disse que não sabia como seria a III Guerra Mundial, mas tinha certeza de que a IV Guerra Mundial seria feita com paus e pedras. Ele estava enganado. Mesmo que a hecatombe nuclear não ocorra, com o fim das reservas de petróleo e gás natural será praticamente impossível transportar exércitos e máquinas de guerra de um continente para outro.

O fim dos combustíveis fósseis acarretará a extinção da era de guerras mundiais. E o renascimento dos conflitos locais em que as hostilidades serão conduzidas com armamentos consideradas ultrapassadas nos dias de hoje. No futuro da guerra, o predomínio não será da tecnologia moderna e sim do número de soldados. Conclusão inevitável: a superioridade de Israel sobre seus inimigos é temporária e precária. Quando o petróleo acabar, os tanques e aviões de guerra israelenses serão apenas sucata e os inimigos de Israel continuarão a ser numerosos e a ter pedras à sua disposição.

A curto prazo os generais israelenses podem tripudiar a fraqueza dos seus inimigos. A longo prazo Israel está cometendo um suicídio premeditado. A história seguirá inexoravelmente seu curso e quem hoje comete crimes de guerra com a certeza de impunidade está condenando seus descendentes a sofrerem consequencias desagradáveis num futuro nada promissor à guerra mecanizada.

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Sobre o autor
Fábio de Oliveira Ribeiro

Advogado em Osasco (SP)

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Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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