Cidadão consciente:planejando a aposentadoria

03/12/2014 às 15:52
Leia nesta página:

Quais fatores afastam os cidadãos de uma postura mais consciente sobre o planejamento de sua própria aposentadoria?

A priori é comum visualizar cidadãos que desconhecem os requisitos para a concessão do benefício da aposentadoria, devido a várias mudanças ocorridas no direito previdenciário. O que os leva a buscar um profissional para ter este conhecimento. Porém, o cidadão só procura saber no momento em que está com idade avançada e/ou tempo de serviço elevado. O que vem a prejudicar a possibilidade em ter uma aposentadoria com mínimo de qualidade, isto é, com consciência.

Mas o que é ter uma postura mais consciente?

É planejar seu futuro de modo que possa ter tranquilidade. Que possa “envolver a realização de viagens e cursos ou a dedicação a hobbies e a projetos sociais. São projetos que devem ser planejados, além da manutenção do padrão de vida desejado.”[1]

E o que podem ser considerados como fatores que inibem o planejamento de sua própria aposentadoria?

Como anteriormente apresentado, um dos motivos seria o real desconhecimento das regras e o cômputo dos valores a resultar no benefício.

Outro ponto é a utilização imoderada do cartão de crédito e sem o devido entendimento do seu funcionamento, juros, faturas, parcelamento e outros[2].

Já segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade[3], um dos fatores é a “falta de cultura do planejamento brasileiro”.

Corroborando o entendimento acerca de tais fatores inibitórios, a FENACEF[4] - Federação Nacional das Associações dos Aposentados e Pensionistas da Caixa Econômica Federal - entende que há clichês que prejudicam o planejamento do cidadão no que toca a aposentar-se. E enumera alguns tópicos de maior relevância, considerados como dúvidas do cidadão, ou melhor, mitos e verdades que interferem:

  • Vou ter menos despesas na aposentadoria que durante a vida ativa. Mito. Segundo resultado de pesquisa apresentada por esta instituição há um crescimento no gasto com a saúde;
  • Minha previdência será suficiente para custear a maior parte das minhas despesas. Depende. Pois se for um trabalhador, contribuinte do RGPS ele terá que ter a consciência do teto do INSS. E para o regido pelo RPPS terá que ter a ideia da forma que é computado seu recolhimento, bem como do plano acobertado. Contudo, para garantir uma maior segurança da suficiência, para cobrir suas despesas, no futuro é fazer uma previdência complementar. O que vem a “manter de 60% a 80% (incluindo INSS) o nível de renda que possuía até o momento da aposentadoria” [5].
  • Na aposentadoria aumentam os gastos com lazer. Verdade. Segundo a mesma fonte de pesquisa da Fenacef, há um aumento nos gastos por volta de 25%.

Outro ponto que pode ser cogitado como fator prejudicial ao planejamento se dá pelos gastos atuais do cidadão que em muitos casos não sabem administrá-los, isto é, manter uma economia familiar consciente. E um dos parâmetros que demonstram tal comentário se dá pelas inúmeras pesquisas do Serasa[6], o qual demonstra que recentemente ocorreu um crescimento de 14,2% de inadimplência no mês de outubro de 2014.

É compreensivo que hoje o perfil médio salarial brasileiro não é lá dos melhores, porém o cidadão deve saber gerenciar suas receitas e despesas, bem como vislumbrar seus interesses futuros.

E nada como pensar nisso logo, conscientizar-se. Pois a expectativa de vida brasileira vem crescendo[7] e nada mais certo do que preocupar-se com seu futuro.

Enfim, poder ter uma velhice digna, confiante e feliz...


[1]BANCO DO BRASIL. Caderno de Educação Financeira Gestão de Finanças Pessoais (conteúdo básico). Publicado em 2013. Disponível em: http://www.bcb.gov.br/pre/pef/port/caderno_cidadaniafinanc eira.pdf. Acesso em 26 nov 2014.

[2] CORADAZZI, Ana Lúcia. Como planejar uma aposentadoria tranquila.  In: Home Angels. Cuidadores de idosos. Disponível em: http://www.homeangels.com.br/jau-centro/Noticias.asp?IdFranqueado=656&

Id=3194. Acesso em 22 nov 2014.

[3] ANEFAC. Falta de planejamento prejudica a aposentadoria. In: Blog de São Paulo. Disponível em: http://www.anefac.com.br/blog.aspx?TIPO=12&ID=624. Acesso em 27 nov 2014.

[4] FENACEF. Conhecer para melhor planejar. Publicado em 21 de julho de 2014.  Disponível em: http://www.fenacef.com.br/site/noticias-3/item/385-conhecer-para-melhor-planejar. Acesso em 26 nov 2014.

[5] FENACEF. Idem.

[6] GLOBO.COM. Notícia. Inadimplência cresce 14,2% em outubro, diz Serasa Resultado reflete 'conjuntura econômica mais adversa neste ano'. De setembro para outubro, o indicador mostrou queda de 1%. Publicado em 12/11/2014 08h47 - Atualizado em 12/11/2014 08h50. Disponível em: http://g1.globo.com/economia/noticia/2014/11/inadimplencia-cresce-142-em-outubro-diz-serasa.html. Acesso em: 27 nov 2014.

[7] BRASIL. Previdência Social. AEPS 2013: Seção XVI – Demografia – Tabelas. Capítulo 49.5. In: Site Previdência Social. Disponível em: http://www.previdencia.gov.br/aeps-2013-secao-xvi-demografia-tabelas/. Acesso em: 28 nov 2014.

Assuntos relacionados
Sobre a autora
Katia Ferreira

Advogada em Varginha - MG pelo escritório Macohin advogados associados . Correspondente. Pós-graduada em Direito do Trabalho e Previdenciário pela PUC MINAS. Graduada em Direito. Pós-graduada em MBA gestão empresarial pela FACECA-MG. Graduada em administração. Membro da Comissão OAB Jovem da 20ª Subseção da OABMG. Colunista do Jornal Varginha Hoje.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

Publique seus artigos Compartilhe conhecimento e ganhe reconhecimento. É fácil e rápido!
Publique seus artigos