A priori é comum visualizar cidadãos que desconhecem os requisitos para a concessão do benefício da aposentadoria, devido a várias mudanças ocorridas no direito previdenciário. O que os leva a buscar um profissional para ter este conhecimento. Porém, o cidadão só procura saber no momento em que está com idade avançada e/ou tempo de serviço elevado. O que vem a prejudicar a possibilidade em ter uma aposentadoria com mínimo de qualidade, isto é, com consciência.
Mas o que é ter uma postura mais consciente?
É planejar seu futuro de modo que possa ter tranquilidade. Que possa “envolver a realização de viagens e cursos ou a dedicação a hobbies e a projetos sociais. São projetos que devem ser planejados, além da manutenção do padrão de vida desejado.”[1]
E o que podem ser considerados como fatores que inibem o planejamento de sua própria aposentadoria?
Como anteriormente apresentado, um dos motivos seria o real desconhecimento das regras e o cômputo dos valores a resultar no benefício.
Outro ponto é a utilização imoderada do cartão de crédito e sem o devido entendimento do seu funcionamento, juros, faturas, parcelamento e outros[2].
Já segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade[3], um dos fatores é a “falta de cultura do planejamento brasileiro”.
Corroborando o entendimento acerca de tais fatores inibitórios, a FENACEF[4] - Federação Nacional das Associações dos Aposentados e Pensionistas da Caixa Econômica Federal - entende que há clichês que prejudicam o planejamento do cidadão no que toca a aposentar-se. E enumera alguns tópicos de maior relevância, considerados como dúvidas do cidadão, ou melhor, mitos e verdades que interferem:
- Vou ter menos despesas na aposentadoria que durante a vida ativa. Mito. Segundo resultado de pesquisa apresentada por esta instituição há um crescimento no gasto com a saúde;
- Minha previdência será suficiente para custear a maior parte das minhas despesas. Depende. Pois se for um trabalhador, contribuinte do RGPS ele terá que ter a consciência do teto do INSS. E para o regido pelo RPPS terá que ter a ideia da forma que é computado seu recolhimento, bem como do plano acobertado. Contudo, para garantir uma maior segurança da suficiência, para cobrir suas despesas, no futuro é fazer uma previdência complementar. O que vem a “manter de 60% a 80% (incluindo INSS) o nível de renda que possuía até o momento da aposentadoria” [5].
- Na aposentadoria aumentam os gastos com lazer. Verdade. Segundo a mesma fonte de pesquisa da Fenacef, há um aumento nos gastos por volta de 25%.
Outro ponto que pode ser cogitado como fator prejudicial ao planejamento se dá pelos gastos atuais do cidadão que em muitos casos não sabem administrá-los, isto é, manter uma economia familiar consciente. E um dos parâmetros que demonstram tal comentário se dá pelas inúmeras pesquisas do Serasa[6], o qual demonstra que recentemente ocorreu um crescimento de 14,2% de inadimplência no mês de outubro de 2014.
É compreensivo que hoje o perfil médio salarial brasileiro não é lá dos melhores, porém o cidadão deve saber gerenciar suas receitas e despesas, bem como vislumbrar seus interesses futuros.
E nada como pensar nisso logo, conscientizar-se. Pois a expectativa de vida brasileira vem crescendo[7] e nada mais certo do que preocupar-se com seu futuro.
Enfim, poder ter uma velhice digna, confiante e feliz...
[1]BANCO DO BRASIL. Caderno de Educação Financeira Gestão de Finanças Pessoais (conteúdo básico). Publicado em 2013. Disponível em: http://www.bcb.gov.br/pre/pef/port/caderno_cidadaniafinanc eira.pdf. Acesso em 26 nov 2014.
[2] CORADAZZI, Ana Lúcia. Como planejar uma aposentadoria tranquila. In: Home Angels. Cuidadores de idosos. Disponível em: http://www.homeangels.com.br/jau-centro/Noticias.asp?IdFranqueado=656&
Id=3194. Acesso em 22 nov 2014.
[3] ANEFAC. Falta de planejamento prejudica a aposentadoria. In: Blog de São Paulo. Disponível em: http://www.anefac.com.br/blog.aspx?TIPO=12&ID=624. Acesso em 27 nov 2014.
[4] FENACEF. Conhecer para melhor planejar. Publicado em 21 de julho de 2014. Disponível em: http://www.fenacef.com.br/site/noticias-3/item/385-conhecer-para-melhor-planejar. Acesso em 26 nov 2014.
[5] FENACEF. Idem.
[6] GLOBO.COM. Notícia. Inadimplência cresce 14,2% em outubro, diz Serasa Resultado reflete 'conjuntura econômica mais adversa neste ano'. De setembro para outubro, o indicador mostrou queda de 1%. Publicado em 12/11/2014 08h47 - Atualizado em 12/11/2014 08h50. Disponível em: http://g1.globo.com/economia/noticia/2014/11/inadimplencia-cresce-142-em-outubro-diz-serasa.html. Acesso em: 27 nov 2014.
[7] BRASIL. Previdência Social. AEPS 2013: Seção XVI – Demografia – Tabelas. Capítulo 49.5. In: Site Previdência Social. Disponível em: http://www.previdencia.gov.br/aeps-2013-secao-xvi-demografia-tabelas/. Acesso em: 28 nov 2014.