Nanotecnologia e seus efeitos nos trabalhadores

01/02/2015 às 23:04
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O assunto é antigo, mas só atualmente começou a evoluir, com investimentos privados e de governos, e com a promessa de revolucionar as ciências, porém, o custo a ser pago com a saúde do trabalhador ainda é duvidoso.


1. Definição e História – 2. Efeitos da Nanotecnologia na Saúde – 3. Segurança em Nanotecnologia.


SUMÁRIO


 P.
INTRODUÇÃO 07

1. DEFINIÇÃO E HISTÓRIA 08
1.1 Aplicações da Nanotecnologia. 10
1.1.1 Algumas aplicações específica. 11
1.1.1.1 Têxteis. 11
1.1.1.2 Militar. 11
1.1.1.3 Medicina. 12
1.1.1.4 Creme dental. 12
1.1.1.5 Cremes hidratante e antienvelhecimento. 13
1.1.1.6 Fotoluminescência. 13
1.1.1.7 Fitas Nanométricas de Óxido de estanho (Nanofitas). 13
1.1.1.8 Memória de computador. 13
1.1.1.9 Sensor de gás NOx. 14
1.1.1.10 Faber Castell – lápis (grafite). 14
1.1.1.11 Ferrofluidos. 14

2. EFEITOS DA NANOTECNOLOGIA NA SAÚDE. 15
2.1 Efeitos em animais.. 16
2.2 Efeitos em humanos. 16
2.2.1 Questões de segurança no local de trabalho. 16
2.2.2 Como os trabalhadores podem ser expostos. 17

3. SEGURANÇA EM NANOTECNOLOGIA. 19
CONCLUSÕES. 20
ABSTRACT. 23
BIBLIOGRAFIA. 23

NANOTECNOLOGIA E SEUS EFEITOS NOS TRABALHADORES

RESUMO
 
A pesquisa se prendeu a um assunto que, embora antigo, só contemporaneamente começou a evoluir, com altos investimentos da iniciativa privada e de governos, culminando na evolução da compreensão, até então, um tanto empírico, propiciando conquistas que promete revolucionar as ciências. Com a nanotecnologia, novos materiais têm sido sintetizados, com isso novos equipamentos e novos processos vêm sendo criados. Porém, não se sabe ainda o custo dessa evolução, pois muitos são os investimentos para as pesquisas de produção, mas, ínfimo é o investimento nas pesquisas do impacto sobre as saúde e o meio ambiente. O trabalho propõe uma participação do Estado mais efetiva e eficaz, proporcionando normas que regulamentem a produção, armazenamento, distribuição e uso.


PALAVRAS CHAVE: Características dos Nanomateriais; Aplicações em Nanotecnologia; Riscos ao trabalhador; Controle de riscos; Segurança no trabalho.

INTRODUÇÃO

 Embora a nanotecnologia tenha sido aplicada desde a antiguidade, com pequeno conhecimento e aplicação superficial por parte do homem, contemporaneamente vem se desenvolvendo com grande velocidade, sendo criadas aplicações cada vez mais complexas. Ela é um campo multidisciplinar da ciência e, tecnologicamente, opera com estruturas de dimensões nanométricas (nm), se fazendo presente no desenvolvimento de novos produtos e processos industriais.

Pretende-se desenvolver um estudo que aborde a síntese, as operações e a estocagem de materiais de dimensões nanométricas, de maneira que será apresentado um resumo histórico da nanometria, apontando como o homem a utilizava, sem ter o mínimo conhecimento dos riscos que era submetido durante a manipulação dessas partículas.
 Na segunda parte do artigo será apresentado o desenvolvimento da produção e da diversidade de aplicação de materiais nanoestruturados e dos riscos à saúde impostos aos trabalhadores quando do seu manuseio
 A conclusão do trabalho tem por objetivo conquistar adeptos para novas pesquisas visando a melhorar o conhecimento dos materiais e dos riscos que cada processo impõe àqueles que os operam, reduzindo, minimizando ou eliminando os riscos destas atividades, objetivando garantir a integridade física e a saúde do trabalhador.
 A pesquisa realizada bibliograficamente e por meio eletrônico, fornecendo dados que permitiu a conclusão, após análise das informações e posicionamentos técnicos.


1. DEFINIÇÃO E HISTÓRIA

 A nanotecnologia é capacidade potencial de criar coisas a partir do “mais pequeno”, usando a técnicas e ferramentas que vem sendo desenvolvidas atualmente, com o objetivo de colocar cada átomo e cada molécula no lugar desejado. E, a medida que se caminha nessa direção a engenharia molecular, vem produzindo resultado que provocará uma nova revolução industrial, com consequências nas área econômicas, sociais, ambientais e militares.
 Alguns consideram que a palestra que físico Richard Feynman fez em 1959 na reunião anual da “Sociedade Americana de Física”, no “California Institute of Technology”, foi a primeira explanação técnica da nanotecnologia, mas, Kim Eric Drexler definiu as possibilidades com maior abrangência e definição de detalhes em suas obras. Compreendeu as implicações da nanotecnologia e buscou informar o público sobre seus desafios. À princípio, com tecnologias que ameaçavam a ordem científica estabelecida, suas idéias encontraram resistências, mas a credibilidade de seu trabalho se fortaleceu e seu livro “Nanosystems”, de 1992, ganhou o prêmio de melhor livro de informática do ano.  
 Atualmente, governos de diferentes países têm investindo em programas de pesquisa e de desenvolvimento em nanociências e nanotecnologias, criando grandes e importantes centros de pesquisa no setor, como, por exemplo, o “Foresight Institute” dirigido pelo professor K. Eric Drexler.
 As idéias propostas por Drexler estão mudando rapidamente os métodos de produção nas indústrias em todo o mundo. Os nanomateriais já integram a lista de materiais fabricados e aplicados nas mais diversas áreas. Os produtos que usam nanotecnologia estão batendo o mercado e o crescimento estimado na indústria relacionada vai além das expectativas.
 Quando Drexler popularizou a palavra “nanotecnologia” nos anos 80, referia-se à construção de máquinas à escala molecular, de apenas uns nanômetros de tamanho: motores, braços de robôs, inclusive computadores inteiros, muito menores que uma célula. Ele passou os seguintes dez anos a descrever e analisar esse incríveis aparelhos e dar respostas às acusações de ficção científica. No entanto, a tecnologia convencional estava a desenvolver a capacidade de criar estruturas simples à escala reduzida. Conforme a nanotecnologia se converteu num conceito aceito, o significado da palavra mudou para abranger os tipos mais simples de tecnologia à escala nanométrica. A inciativa Nacional de Nanotecnologia dos Estados Unidos foi criada para financiar esse tipo de nanotecnologia: a sua definição inclui qualquer elemento inferior a 100 nanômetros com propriedades novas.
“Fala-se com frequência da nanotecnologia como uma ‘tecnologia de objetivos gerais’. Isso deve-se ao fato de que na sua fase madura terá um impacto significativo na maioria de indústrias e áreas da sociedade. Melhorará os sistemas de construção e possibilitará a fabricação de produtos mais duráveis, limpos, seguros e inteligentes, tanto para a casa, como para as comunicações, os transportes, a agricultura e a indústria em geral. Imagine dispositivos médicos com capacidade para circular na corrente sanguínea e detectar e reparar células cancerígenas antes de que se estendam. Isto é possível!?” (sic)
K. E. Drexler 
 Tal qual a eletricidade e os computadores, a nanotecnologia alterações em grande escala quase todos os aspectos da vida diária, melhorando a atuação humana e conquistando objetivos vistos, até então, na ficção científica.
 Por se tratar de tecnologia de objetivos gerais seus resultados teriam múltiplas aplicações comerciais, mas também, militares. De maneira que, seria possível produzir armas e equipamentos muito mais potentes. Portanto, essa tecnologia além das grandes vantagens que pode produzir para a humanidade, também representa inúmeros riscos.
 A nanotecnologia não oferece apenas produtos aperfeiçoados, mas também, uma ampla variedade de melhores meios de produção. A eficiência dos equipamentos que já existem aumentará geometricamente, não só garantindo o aumento da produção, mas a otimização dos custos de produção. Aqui reside a verdadeira importância da nanotecnologia, por isso é vista, às vezes, como “a próxima revolução industrial”.

1.1 Aplicações da Nanotecnologia 

 A manipulação da estrutura molecular proporciona a criação e a fabricação de produtos com características diferenciadas. A partir da modificação geométrica, os elementos adquirem características físico-químicas diferentes das “tradicionais”, ou seja, diferentes daquelas conhecidas no tamanho em que aparecem na natureza. É possível tomar como exemplo o caso do diamante e da grafite. Os dois são feitos de carbono (C): a arrumação distinta das moléculas de carbono dá as características de um e de outro. Na nanotecnologia é possível transformar materiais: nanotubos de carbono são rígidos, chegando a ser 100 vezes mais resistentes que o aço e, ao mesmo tempo, seis vezes mais leve, sendo condutores ou supercondutores elétricos.
 Hoje se encontram no mercado inúmeros produtos em que a nanotecnologia é empregada sem que a sociedade tenha conhecimento, já que não existe qualquer normatização à respeito. Entre esses produtos encontram-se tecidos que não mancha, não amassam e antiodores; raquetes e bolas de tênis com maior durabilidade; capeamento de vidros e aplicações antierosão a metais; filtros de proteção solar; materiais para proteção contra raios ultravioleta; tratamento tópico de herpes e fungos; produtos para limpar materiais tóxicos; produtos cosméticos; aditivos de alimentos; sistemas de filtros para ar e água, geladeiras e máquinas de lavar roupa com ação antibactericida.
 A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vem trabalhando com nanotecnologia em vários centros de pesquisa e já lançou alguns produtos. Um deles é a língua eletrônica, um dispositivo que alia sensores químicos de espessura nanométrica com um programa de computador que detecta sabores e aromas e servirá para o controle de qualidade e certificação de vinhos, sucos, cafés e outros produtos.
 Segundo estudos disponíveis, no futuro próximo a nanotecnologia poderá fabricar alguns dos seguintes produtos: tecidos “inteligentes” que variam na sua capacidade de refletir ou de absorver calor; revestimentos muito fortes para veículos para redução da quebra ou de amassamento nas colisões; couraça leve a prova de balas para roupas civis, militares e para a polícia; exteriores de construções que conseguem “respirar” para permitir a passagem de ar; superfícies de roupas ou construções que podem mudar de cor em resposta à mudança do tempo. Com o surgimento de “folhas” de nanomatéria em grande escala será possível produzir barcos, cascos de navios, aviões e aeronaves com “peles” especiais.

1.1.1 Algumas aplicações específicas :

 Com mais de 600 produtos desenvolvidos com nanotecnologia, compostos de partículas em torno de 1(um) bilionésimo de metro, proporciona uma vantagem fundamental, um novo arranjo atômico sintetiza materiais novos, com características e funções diferentes, culminando por permitir que se crie equipamentos com um desempenho superior e com dimensões extremamente pequenas

1.1.1.1 Têxteis:

 A aplicação da nanotecnologia não está restrita à mecânica ou à informática, embora ainda não haja uma definição sobre a melhor forma de aplicação ela vem sendo discutida, recentemente, na indústria têxtil, porém, sua aplicação tem sido direcionada para dar novas características a fibras, fios e tecidos.
 Os materiais nanométricos permitem aos fabricantes impor novas propriedades aos tecidos, resultando em novas funções, com características especiais como antibactericida, à base de prata, minúsculas cápsulas de agentes hidratantes, desodorizantes, repelentes de insetos e antitabaco, antihumidade. Ainda se tem observado que as características obtidas se perdem após certo número de lavagens.

1.1.1.2 Militar:

 O investimento nessa área é extremamente grande, o que tem proporcionado o surgimento de alguns protótipos, a exemplo de uma nova versão de uniforme para o exército americano. Um uniforme “inteligente” foi desenvolvido no setor de Nanotecnologia, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), seria feito com fibras cujo no seu interior há um fluído que pode tornar-se sólido como uma tala de gesso, todas as vezes que o tecido é perfurado por um projétil, permitindo ainda o engessamento imediato de uma perna ou de um braço fraturados em combate. Estaria equipado com um sistema de sensores aplicados no tecido da roupa, que além de bloquear toxinas e realizar o controlo dos sinais vitais, ele ainda permite que os soldados fiquem camuflados, como se o soldado fosse parte do ambiente. Isto é resultado de processos químicos que reproduzem as cores ao seu redor, como se fosse um autêntico camaleão.
 Encontra-se em estudo uma espécie de botas com propulsão que permitiriam aos soldados saltar a grandes distâncias.
 Ainda em relação a aplicações da nanotecnologia no setor militar, a empresa americana Microvision foi contratada pela Boeing para desenvolver uma “cabine virtual” para a próxima geração de helicópteros da força aérea americana, o objetivo seria projetar os dados do voo, medidas externas e objetivos da missão na retina do piloto, eliminando os instrumentos e indicadores do painel de bordo.

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1.1.1.3 Medicina

 Nesta área asa aplicações estão bastante desenvolvidas, sendo destaque, o melhoramento da ação dos anti-inflamatórios no organismo. Ao se reduzir um medicamento a dimensões nanométricas aumenta-se a área externa de contato, gerando efeito terapêutico equivalente a doses maiores, permitindo a diminuição das doses de medicamentos prejudiciais ao organismo, reduzindo os efeitos colaterais. A aplicação dessa tecnologia poderá ser observada com a presença das substâncias betaciclodextrina ou HDL, típicas de medicamentos fabricados com nanotecnologia, como anti-inflamatórios, antialérgicos, antiácidos e remédios para o tratamento de certos tipos de cancro, não sendo observado qualquer impacto no preço final.
 Estão sendo desenvolvidos materiais que se caracterizam em nanopartículas, nanorobôs e outros elementos em escala nanométrica com objetivo de diagnosticar, prevenir doenças e até a cura.

1.1.1.4 Creme dental:

 O efeito proporcionado pela substância sintetizada com a nanotecnologia se verifica na reconstituição do esmalte, aumentando a proteção. Isto ocorre durante a escovação, quando cristais em escala nanométrica presentes no creme dental, aderem aos dentes propiciando a reposição do esmalte. . A aplicação dessa tecnologia poderá ser observada com a presença das substâncias hidroxiapatita (um tipo de mineral) e a nanocristais de prata, além de se verificar um aumento de até quatro vezes mais no preço final. São cremes dentais importados do Japão e da Coreia do Sul.

1.1.1.5 Cremes hidratante e antienvelhecimento:

 Em virtude da dimensão dos elementos que compõe a substância, aliado à constituição da pele por moléculas relativamente grandes, o creme chega às camadas mais profundas da pele, sem que perca as suas propriedades pelo caminho.

1.1.1.6 Fotoluminescência:

 Atualmente materiais luminescentes são aplicados em diversos dispositivos utilizados no dia a dia, tais como: LED, displays de relógios, calculadoras, celulares, painéis eletrônicos, além de outros. Os pesquisadores do LIEC São Carlos: Laboratório Interdisciplinar de Eletroquímica & Cerâmica, observaram propriedade fotoluminescente em materiais amorfos, obtidos à baixa temperatura. A animação em 3D mostra um material fotoluminescente.

1.1.1.7 Fitas Nanométricas de Óxido de estanho (Nanofitas):

 As nanofitas fazem parte de uma ciência que desenvolve formas de manipular a matéria em uma escala de nanômetros, a bilionésima parte do metro. Essa tecnologia deve estar disponível para o uso do desenvolvimento de vários equipamentos, da área óptica e eletrônica, menores, mais eficientes e de baixo custo.

1.1.1.8 Memória de computador:

 Novos materiais que permitem ampliar a capacidade atual de memória dos computadores em até 250 vezes, onde o mesmo recebe a informação por intermédio de um elétron, existe um movimento do átomo central na estrutura, que no sentido vertical significando “mais um” e no sentido inverso “menos um”, dando origem ao código binário.

1.1.1.9 Sensor de gás NOx:

 Utiliza-se sensores semicondutores para controle de vazamento em linhas industriais de vapor, no acompanhamento da emissão de poluentes por automóveis, dispositivos tipo bafômetro e até para quantificação do teor alcoólico de diferentes safras de vinhos. As espécies mais frequentemente monitoradas são CO, NOx, álcoois, hidrocarbonetos, entre outros.

1.1.1.10 Faber Castell – Lápis (grafite):

 O modelo Grip 2001, fabricado pela Faber Castell alemã, acaba de chegar ao Brasil com um respeitável currículo de troféus em concursos de design europeus. Tudo por causa de pequenas bolinhas de borracha, enfileiradas ao longo do corpo triangular e prateado. Contudo, a grande inovação está contida no material que constitui a mina de grafite, na qual, o LIEC de São Carlos contribuiu com suas pesquisas na melhoria das suas propriedades mecânicas.

1.1.1.11 Ferrofluidos.

Definição:
 São formadas por monodomínios magnéticos, com dispersão coloidal estável com tamanho de 10mm, fluidez de uma homogênea, biocompatibilidade e nanopartículas super paramagnéticas.


Aplicação:
 - Altos falantes de alto desempenho - com três objetivos simultâneos:
- Conduzir o calor para longe da bobina que gera o movimento;
- Manter a bobina em posição concêntrica em relação ao ímã;
- Amortecer com maior eficiência o movimento oscilante.
 - Tintas para impressoras jato de tinta:
Uma vez que as partículas magnéticas de aproximadamente 1nm são adicionadas em baixa concentração, os caracteres impressos manterão certo momento magnético, podendo ser identificados com tecnologias análogas às dos discos rígidos de computadores. Abrindo a possibilidade de serem utilizados para detecção de baixa precisão, por exemplo, em leitores de códigos de barras.
 - Contenção de derrames de óleo no mar:
Funcionando como barreiras magnéticas, ou selando vazamentos de rachaduras em tanques de materiais potencialmente perigosos, pois é possível controlar os movimentos desses fluidos magnéticos sem contato físico direto.


2. EFEITOS DA NANOTECNOLOGIA NA SAÚDE

 Não se encontra informação sobre os riscos das nanopartículas para a saúde daqueles que as manipulam, pouco se sabe sobre os riscos em ambientes de trabalho. Fora do território nacional as informações sobre pesquisas são sempre de caráter sigiloso por questões de segurança industrial.
 No Brasil, o National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH) vem pesquisando com objetivo de determinar quais os riscos os trabalhadores estão expostos, porém, os resultados são sempre genéricos e amplos, e como se sabe, para se eliminar ou minimizar os riscos deve-se diagnosticas todas as possibilidades de riscos que envolvam a matéria prima, os equipamentos, os procedimentos, a produção, a armazenagem e a distribuição e, quando se modifica qualquer tópico mencionado há de se provocar uma nova análise e produzir um novo diagnóstico, garantindo, assim, a eficiência das ações de segurança adotadas, caso contrário, as probabilidades sempre serão maiores.
 Sabe-se que inúmeros tipos de nanopartículas estão sendo fabricadas ou são utilizadas como matéria prima em diversos processos industriais, de maneira que, para se verificar se existe riscos nesses ambientes de trabalho o profissional de segurança deve conhecer que tipo e quais concentrações de nanopartículas no local de trabalho, quais as propriedades que podem afetar o organismo e as concentrações que podem produzir efeitos adversos.

2.1 Efeitos em animais.

 Alguns resultados de teste realizados em animais, obtidos em laboratórios, mostraram que alguns tipos de nanopartículas, quando inaladas, podem atingir a corrente sanguínea e, dessa foram, podem chegar a diversos órgãos, inclusive ao cérebro dos animais. A curto prazo esses estudos têm p=mostrado efeitos adversos, tais como inflamação e fibrose nos pulmões e outros órgãos dos animais testados.
 Não se encontra qualquer resultado de análise a longo prazo, já que se trata de uma nova tecnologia, mas, pelo tempo que vem sendo pesquisada já se poderia ter alguns resultados e, se esses resultados ainda não foram apresentados é porque não houve pesquisas ou elas são precárias.

2.2 Efeitos em humanos.

 Além da simples exposição, os incêndios e as explosões são os principais riscos associados com nanopartículas no local de trabalho. Alguns materiais na escala de monômetro podem se tornar inexplicavelmente catalizadores químicos e resultar em rações inesperadas.
 Até o momento não foram estabelecidos padrões internacionais, ou mesmo norte-americanos, para quais níveis de exposição à nanopartículas seriam aceitáveis para organismo humano.
 Mesmo sabendo-se que para cada tipo de material sintetizado deveria haver uma análise específica com estabelecimento de níveis de exposição, critérios para os processos de industrialização, armazenamento e distribuição, além de medidas individuais e coletivas de segurança, já seria de bom alvitre o estabelecimento de normas gerais.
 Embora mais pesquisas sejam necessárias para se prever os efeitos da exposição às nanopartículas em humanos, recomendações provisórias e diretrizes sobre as exposições ocupacionais às nanopartículas são apresentadas pelo NIOSH, o qual recomenda uma abordagem prudente na fabricação e uso de nanopartículas pela indústria. Empregadores devem tomar as medias necessárias para minimizar a exposição de trabalhadores até que se tenham mais informações.
 Portanto, o profissional de segurança deve prever a pior situação de risco e indicar os equipamentos de proteção individual e coletivo para serem utilizados no ambiente de trabalho pelos empregados. A pergunta latente é: os equipamentos disponíveis o comércio são eficazes e provém a segurança necessária ao trabalhador?
 Quando se relaciona a nanotecnologia à segurança o assunto fica tão ou mais complexo que o seu próprio desenvolvimento e isto se dá por não haver qualquer estudo sobre os seus impactos.
 Por se tratar de uma tecnologia nova, com o conhecimento pouco difundido, a sociedade não tem noção dos riscos que está submetida, seja na síntese dos produtos, seja no estoque ou distribuição. A verdade é que o Estado, para não frustrar o desenvolvimento da nova tecnologia acaba por não obrigar a ampliação do custo de produção, para ser aplicado em estudos de impacto de criação de normas que regulamentem o uso de tal tecnologia.
 É difícil avaliar até aonde vai a inocência e onde começa o dolo, mas é certo que os poderes públicos estão demorando para estabelecer regras.
 A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem como objetivo traçar diretrizes para a segurança dos trabalhadores do setor de nanotecnologia em todo o mundo pode parecer que o assunto está resolvido, porém, muitos “especialistas de plantão” consideram a nanotecnologia limpa e segura, mas, segundo ambientalistas , em 2006, a iniciativa privada e o governo americano gastaram 1,4 bilhão de dólares em pesquisas para novos materiais e produtos, porém, menos de 1(um)% foi investido na avaliação de risco e, no mesmo período, para o mesmo estudo, apenas 4(quatro)% do total aplicado foi investido pela União Europeia.
 O que se observa é que preocupação está na corrida do desenvolvimento, quem descobre primeiro, quem patenteia primeiro, quem vai ganhar mais dinheiro primeiro, somente a partir do momento que a sociedade descobrir a dimensão dos riscos que está sendo submetida é que começará a cobrar providências do poder público. Essa dinâmica sócia tem data marcada, ocorrerá quando começar a morrer muitas pessoas, nesse momento se saberá que outras tantas estão doentes e inúmeros políticos começarão a “brigar pela sociedade”. O único problema é que já se sabe que existem riscos para o ser humano e para o meio ambiente, o que não se tem é a dimensão exata desses riscos, uma vez que cada produto sintetizado merece um estudo de impacto e ter dimensionado, com exatidão, os seus riscos específicos, o que não tem sido realizado e não o será em pouco tempo.
 A tecnologia sempre esteve à frente apresentando soluções para muitos problemas da humanidade, mas, com os benefícios, podem vir dificuldades e que, se não estudados com seriedade tendem a causar situações perigosas aos seres humanos.
  “Um estudo, realizado pela China, aponta para um resultado que demonstra o perigo que vem da nanotecnologia. É claro que fica fácil notar que faltou na verdade, um trabalho preventivo por uma equipe profissional de segurança e saúde no trabalho. Segundo o jornal O Estado de São Paulo que veiculou, sobre as sete mulheres que trabalharam entre 5 (cinco) a 13 (treze) meses em uma fábrica, jateando tinta em placas de poliestireno, sem qualquer proteção adequada, culminou por afetar a saúde dessas mulheres (apud MENDES).  Infelizmente, mais uma vez a produção acabou ficando em primeiro lugar e deixou a segurança em segundo plano, causando a morte de duas delas depois de trabalharem dois anos na fábrica.
 Segundo Yuguo Song, do departamento de medicina ocupacional e toxicologia clínica do Hospital Chaoyang de Pequim, em artigo publicado no European Respiratory Journal (apud MENDES), a contaminação pode se dar não só pela respiração, mas também por absorção da pele machucada ou ingestão.
 No referido estudo, as mulheres apresentaram dificuldades respiratórias e marcas vermelhas no rosto e no braço. Elas inalaram fumaça e vapores que continham nanopartículas enquanto trabalhavam e tornou-se impossível remover as partículas que penetraram nas células pulmonares. Por esse motivo as mulheres não apresentaram melhoras, mesmo depois de serem afastadas dos trabalhos com nanopartículas.
 O estudo aponta que as mulheres tinham excesso de fluído nas cavidades em torno dos pulmões e do coração. As nanopartículas encontradas no pulmão tinham cerca de 30 nanômetros de diâmetro, mesmo material encontrado na fábrica, pelas autoridades sanitárias.”

3. CONCLUSÃO

 A sociedade precisa ser informada, não só do desenvolvimento conquistado, mas, também, dos riscos que é submetida todos os dias em que se confronta com uma nova tecnologia, portanto, cabe ao meio acadêmico proporcionar argumentos para que as empresas pesquisadoras sejam pressionadas, pelo poder público, pela imprensa, pelos sindicatos e pelo próprio cidadão, para que invistam em pesquisas sobre os impactos dos materiais produzidos pela nanotecnologia no ser humano.
 Caberá sempre o papel mais importante ao Estado, que tem o poder regulatório, de fiscalização e de punição administrativa. As ações não podem ter o fulcro de impedir o desenvolvimento, mas de criar meio de prevenção de acidentes e de lesões ao trabalhador, ao cliente final e ao meio ambiente.
 Ao trabalhador deve-se impor uma capacitação específica para que opere com segurança em todos os processos da industrialização, cabendo à empresa contratante, não só o fornecimento de equipamentos básicos de segurança. A inclusão, nos Acordos Coletivos de Trabalho, da responsabilização dos empregadores pelas consequências à saúde do trabalhador e ao meio ambiente por conta da introdução de nanopartículas e de processos nanoestruturantes, deve ser condição lógica e necessária, uma vez que estudos sobre estes impactos têm sido insuficiente para propiciar conhecimento que permita ações mais específicas à utilização dessa tecnologia, além de ações gerais e específicas para cada tipo de material ou equipamento produzido.
 No Brasil, o Governo Federal tem se baseado dados quantitativos, medidos pelo crescimento do número de produtos científicos e tecnológicos em nanotecnologia. Além de acompanhar a ampliação do depósito de patentes nessa área, também, pelo crescimento do número de empresas nacionais que incorporaram produtos ou processos nanotecnológicos e pela evolução das exportações de materiais, produtos e processos baseados em nanotecnologia.
 Não se encontra informações claras sobre os investimentos e as ações governamentais aplicadas a pesquisas sobre impactos da nanotecnologia, muito embora, tem-se conhecimento que estão previstos recursos públicos destinados às pesquisas sobre impactos da nanotecnologia na saúde dos trabalhadores e ao meio ambiente. Cabe ao Estado proporcionar informações e relatórios para que a sociedade possa avaliar os resultados e se as ações estão sendo suficientes. É sua competência avaliar os impactos das nanotecnologias à saúde e segurança do trabalhador, especialmente quanto à manipulação de materiais nanoestruturados e definir o papel que desempenhará na regulação do uso e da venda de produtos nanoestruturados.
 Cabe o registro que o centro das pesquisas não está nos países do terceiro mundo, ou nos emergentes, mas sim, nos países ricos, portanto, o Brasil tem sido um incorporador de processos produtivos, muitas vezes refém de informações retidas dos países produtores, motivo maior de preocupação e de discussão à respeito da regulamentação da produção, estocagem, distribuição e comércio. Observado que o trabalhador é o que sofre maior influência dos possíveis riscos que a nanotecnologia vem apresentando, portanto, é com o qual se deve maior cuidado.

NANOTECHNOLOGY AND ITS EFFECTS ON WORKERS

ABSTRACT

The research was arrested to subject that, although old, just currently began to evolve, with high investments of the private sector and Governments, culminating in the development of understanding, until then somewhat empirical, resulting in achievements that promises to revolutionize science. With nanotechnology, new materials have been created, with this new equipment and new procedures have been created. However, it is not yet known the cost of this evolution, because many are investments for the production research, but barely involved is investment in research of the impact on health and the environment. The paper proposes a more effective State participation and effective, providing rules governing the production, storage, distribution and use. 


KEYWORDS: Characteristics of Nanomaterials; Applications in Nanotechnology; Risks to the worker; Control of risks; Safety in the work.

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RODRIGUES, Romilla. Nanotecnologia – Pesquisas ignoram impactos sobre trabalhadores. https://www.isebvmf.com.br/index.php?r=noticias/view&id=256594. Acessado em 28 set. 2013.

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Sobre o autor
José Félix Drigo

Doutor em Estratégias de Segurança Pública pela Academia Policial Militar do Paraná; Oficial da Polícia Militar do Estado de São Paulo pela Academia de Polícia Militar do Barro Branco, com a patente de Coronel; Bacharel em Direito e Especialista em Direito Militar pela Universidade Cruzeiro do Sul; Engenheiro Civil e Pós-graduando em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade Guarulhos. Vice coordenador da Divisão Técnica de Engenharia de Incêndio do Instituto de Engenharia.

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