Apesar das significativas reduções nos preços das tarifas aéreas ao longo dos anos, ainda temos valores altos em comparação com os preços praticados em outros locais do mundo, como Estados Unidos ou Europa.
Primeiramente, é interessante compreender o conceito do que seria uma empresa classificada como low fare, low cost. Empresas como estas costumam ter uma frota de aeronaves padronizada, ou seja, operam utilizando somente um modelo de aeronave. Isso reduz os custos com pessoal, pois todos os pilotos, mecânicos, comissários estão habilitados para aquele tipo de aeronave. Neste caso há redução de custos com treinamentos e também com equipamentos.
Esses tipos de empresa, por terem custos mais baixos, repassam isso para os clientes, cobrando tarifas mais baixas e para, que o preço praticado traga lucro, precisam de volume. Desse modo, suas aeronaves são configuradas para uma única classe e o espaçamento entre as fileiras é menor, de modo que, existam mais assentos disponíveis.
Essas empresas ainda preferem realizar suas vendas por meio online, dispensando lojas. Também não oferecem serviço de bordo ou costumam cobrar por ele.
As low cost costumam preferir aeroportos menos movimentados, afinal, nestes os custos de operação são mais baratos.
No Brasil, porém existem grandes entraves a esse tipo de negócio. A infraestrutura aeroportuária ainda deixa a desejar. Na maioria dos aeroportos no interior existe a ausência de conexão entre modais, não existem linhas de ônibus ou trem que facilitem a chegada do usuário até o aeroporto.
Aeroportos regionais poderiam não ser a solução, pois nesses casos a concorrência é menor devido a redução da demanda. Em muitas vezes, apenas uma empresa opera nesses aeroportos e com uma ou duas freqüências semanais. Neste caso, poderíamos considerar o PDAR – Programa de Desenvolvimento da Aviação Regional aprovado em lei, mas até agora não saiu do papel. Muitas empresas demonstraram interesse nas rotas, mas só a operariam com a efetiva aplicação do programa, pois estas rotas são pouco rentáveis, e por isso o subsídio seria interessante.
Podemos considerar Viracopos como o melhor aeroporto para servir como hub para empresas de baixo custo. O acesso a ele é mais fácil, os custos com slots não são tão altos em comparação com Congonhas e Guarulhos, por isso, foi a escolha da Azul. Esta é a empresa que atualmente mais se assemelha ao conceito de baixo custo e baixa tarifa no Brasil, mas ainda assim, não se posicionando exatamente como uma.
Para Frederico Turolla, da consultoria Pezco, acredita que a Azul está cada vez mais posicionada para competir com as grandes companhias aéreas brasileiras (entre elas a própria Gol), deixando o mercado de baixo custo ainda sem exploração. "Não vejo um cenário (se formando) para o modelo 'low cost/low fare' no Brasil no momento".
Com a concentração de mercado e as diversas barreiras a entrada de novos competidores no setor aéreo no Brasil, um cenário de baixas tarifas, como as praticadas em outros lugares, ainda está longe. Contudo o preço médio das passagens vem diminuindo e a previsão é de crescimento da demanda nos próximos anos.
Referências Bibliográficas
ESTENDER, Antonio Carlos; AGUIAR, Anielly Fernandes. BEZERRA, Ed Carlos; MELO, Rogerio Bandeira de; ORTIZ, Paulo Henrique. GOL Linhas Aéreas Inteligentes: Transporte Aéreo “low-cost, low-fare”. ADM 2013.
G1. Quando a aviação de baixo custo vai decolar na América Latina? Disponível em:< http://g1.globo.com/turismo-e-viagem/noticia/2015/04/quando-a-aviacao-de-baixo-custo-vai-decolar-na-america-latina.html> Acesso em 16 de abril de 2015.
SANTOS, Rosana Queiroz; SOUZA, Tiago Cavalcante de; FIGUEIREDO,Diogo Barbosa;ANDRADE, Sarah Farias, COSTA, Ana Grasielle Nervino. Análise da elasticidade-preço da demanda aplicada ao mercado de transporte aéreo doméstico do Brasil. ADM 2013.