O golpe é conhecido. Um belo rapaz ou uma garota sedutora se aproxima da vítima num nightclube a envolve, ganha sua confiança, coloca droga na sua bebida e depois comete os crimes premeditados (estupro, roubo, latrocínio, etc…).
Um golpe menos conhecido é aquele que ocorre no cinema: o de forçar os expectadores, especialmente aqueles que ainda são inexperientes, a fazer associações inconscientes que se refletirão em suas escolhas futuras. No Ocidente, a liberdade política não é mais uma questão de livre arbítrio e sim de programação neural.
A evolução “... cuidou para que cerca de ⅓ do nosso cérebro se dedique ao processamento da visão - para interpretar cores, detectar situações e movimentos, perceber profundidade e distância, decidir a identidade de objetos, reconhecer rostos e muitas outras tarefas. Pense nisso - ⅓ do seu cérebro está ocupado fazendo todas estas coisas, mas você sabe muito pouco disso e tem pouco acesso ao processo.” (Subliminar - Como o inconsciente influencia nossas vidas, Leonard Mlodinow, editora Zahar, Rio de Janeiro, 2014, p. 50).
Mas não é só isto. “Alguns cientistas estimas que só temos consciência de cerca de 5% de nossa função cognitiva. Os outros 95% vão para além da nossa consciência e exercem enorme influência em nossa vida - começando por torná-la possível.” (Subliminar - Como o inconsciente influencia nossas vidas, Leonard Mlodinow, editora Zahar, Rio de Janeiro, 2014, p. 48)
Esqueça tudo o que você aprendeu sobre o funcionamento do inconsciente nas obras de Freud e Jung. Através de testes científicos realizados em laboratório revelaram que “...os processos mentais são considerados inconscientes porque há parcelas da mente inacessíveis ao consciente por causa da arquitetura do cérebro, não por estarem sujeitos a formas motivacionais, como a repressão. A inacessibilidade do novo inconsciente não é vista como um mecanismo de defesa ou como algo não saudável. É considerada normal.” (Subliminar - Como o inconsciente influencia nossas vidas, Leonard Mlodinow, editora Zahar, Rio de Janeiro, 2014, p. 25/26). Em razão disso “... para garantir nosso perfeito funcionamento, tanto no mundo físico quanto no social, a natureza determinou que muitos dos processos de percepção, memória, atenção, aprendizado e julgamento fossem delegados a estruturas cerebrais separadas da percepção consciente.” (Subliminar - Como o inconsciente influencia nossas vidas, Leonard Mlodinow, editora Zahar, Rio de Janeiro, 2014, p. 26).
Pode o inconsciente, tal como agora é compreendido, ser programado? A resposta é sim. Dentre os fenômenos estudados por Leonard Mlodinow há o que dois que são importantes:
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Efeito Fluência: “Se a forma for difícil de assimilar, isso afeta nosso julgamento quanto a substância da informação.” (Subliminar - Como o inconsciente influencia nossas vidas, Leonard Mlodinow, editora Zahar, Rio de Janeiro, 2014, p. 31)
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Escolha Forçada: “O processo de chegar aparentemente a uma resposta correta que não temos consciência de conhecer é agora chamado de experimento de “escolha forçada”, e tornou-se uma ferramenta-padrão na sondagem da mente inconsciente. Embora Freud seja o herói cultural associado a popularização do inconsciente, na verdade, podemos identificar as raízes do pensamento e da metodologia modernos sobre a mente inconsciente em pioneiros como Wundt, Carpenter, Peirce, Jastrow e William James.” (Subliminar - Como o inconsciente influencia nossas vidas, Leonard Mlodinow, editora Zahar, Rio de Janeiro, 2014, p. 46).
Estas duas ferramentas tem sido empregadas por publicitários para levar o consumidor a escolher um produto e não outro. Os cineastas também estão acostumados a utilizar cores e matizes para construir cenários plausíveis que encontrem paradigmas no inconsciente dos expectadores. Assim eles podem amplificar as experiências emotivas e cognitivas provocadas por seus filmes. É evidente, por outro lado, que eles também podem programar reações futuras fixando nos inconscientes dos jovens cinéfilos informações pictóricas que facilitem associações inconscientes desejadas.
A eficácia do “boa noite Cinderela” depende, de certa maneira, da programação neural das vítimas. Mesmo sem se referir especificamente a este golpe, Mlodinow aborda o tema "... vamos supor que você conheceu alguém. Você tem uma conversa rápida com essa pessoa e, baseado em aparência, maneira de vestir, etnia, sotaque e gestos - e talvez em um pouco de pensamento positivo de sua parte -, forma uma avaliação sobre esse indivíduo. Mas quanto você pode confiar que sua imagem é verdadeira?" (Subliminar - Como o inconsciente influencia nossas vidas, Leonard Mlodinow, editora Zahar, Rio de Janeiro, 2014, p. 70). Antes de serem ludibriadas pelos criminosos as vítimas do "boa noite Cinderela" são enganadas pelas associações que fazem. Rosto bonito = virtude. Roupa fashion limpa = condição social privilegiada. Uso adequado e elegante da linguagem = educação esmerada numa boa escola. Cor branca = civilidade. A cor considerada errada, o sotaque desprezado, um rosto julgado feio e roupas velhas geralmente levam as pessoas de classe média e alta a acreditar que estão diante de uma pessoa desqualificada que não merece muita atenção. Contudo...
Drogada pelo sedutor parceiro ou pela parceira bonita e sensual, a vítima perde completamente os sentidos e fica à mercê dos criminosos. No cinema as cores e as associações feitas com as mesmas podem ser uma fonte de ilusão inconsciente programada. Vejamos agora o caso do filme Cinderela (Walt Disney, 2015), levando em conta as associações pictóricas que podem ser feitas por brasileiros. A virtuosa protagonista humilhada pela madrasta e pelas filhas dela veste azul claro (cor do PSDB) e em certo momento canta “verde e azul, verde e azul”. O príncipe veste um uniforme militar verde (padrão nas Forças Armadas brasileiras) com detalhes amarelados. A pérfida madrasta de Cinderela veste verde e amarelo, com detalhes vermelhos (cor do PT) na cabeça.
As associações são evidentes, facilmente reconhecíveis e gravadas no inconsciente: azul = virtude = PSDB; vermelho = maldade = PT. Não é segredo que há norte-americanos querendo comprar a Petrobrás (assim como eles compraram a petrolífera mexicana há alguns anos) e abocanhar o nosso Pré-sal (que os EUA consideram estar em águas internacionais). Também não é segredo que o PSDB representa os interesses destes norte-americanos no Congresso Nacional. José Serra, por exemplo, apresentou um Projeto de Lei para permitir às petrolíferas norte-americanas sugar nosso petróleo em troca de alguns centavos por barril.
A indústria cinematográfica dos EUA é um vetor do americanismo (do nazismo dos norte-americanos). Já falei sobre este assunto várias vezes aqui mesmo no GGN. Tudo que é feito em Hollywood parece ter um duplo propósito (lucro imediato e programação neural que permita a obtenção de capital político para os EUA e mais riquezas para os norte-americanos no futuro). Um império só existe se submeter seus vassalos pelas idéias ou pela força bruta. Os romanos sabiam disto. Os norte-americanos também e parecem acreditar que são os novos romanos, tanto que em Washington eles adoraram consciente e deliberadamente a arquitetura imperial romana nos prédios públicos. Fazer filmes e distribuí-los no Brasil é mais barato do que inicial uma nova guerra que encontraria sérias resistências diplomáticas e, possivelmente, militares dentro e fora da América Latina.
O filme Cinderela (Walt Disney, 2015) neste contexto e no Brasil, pode ser considerado um bem elaborado golpe “boa noite Cinderela”. As cores e associações escolhidas (e sugeridas às crianças brasileiras) são um poderoso coquetel de drogas empregado para programar os inconscientes dos jovens cinéfilos a fim de que, no futuro, eles façam apenas as escolhas eleitorais livres (que na verdade foram forçadas) lucrativas para os EUA (e para os agentes tucanos do americanismo no Brasil).
Nossas crianças estão sendo cinematograficamente drogadas para votar no PSDB, para odiar o PT e para que os norte-americanos consigam, num futuro próximo, tirar do Brasil com facilidade tudo o que desejam? Cada qual é livre para procurar sua resposta a esta pergunta. A minha resposta já foi dada.