Uma análise sobre a condição humana de Hannah Arendt e as contribuições para a reconstrução dos direitos humanos

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09/07/2015 às 10:06
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Considerações Finais

O interesse maior de Hannah Arendt na obra “A Condição Humana” é a coisa pública. Para a Autora, liberdade não é a liberdade moderna e privada da não-interferência, mas sim a liberdade política de participação democrática. Arendt não desconhece totalmente o papel da liberdade privada e o problema da necessidade, pois não desconsidera a dimensão expropriativa do moderno processo de produção. A sua contribuição não está neste campo. Está em chamar a atenção para o fato de que a liberação da necessidade não se confunde com liberdade e que esta exige um espaço próprio, ou seja, o espaço público da palavra e da razão.

A condição humana compreende mais do que as condições sob as quais a vida foi dada ao homem. A condição humana essencialmente realiza uma reconstrução da natureza da existência política. Esta busca de Hannah Arendt se formaliza apresentando nitidamente a profunda influência exercida por Heidegger e Jaspers. Observa-se uma priorização fenomenológica do caráter experimental da vida humana e há poucas linhas do esquema conceitual da filosofia política tradicional.

Ao fazer das palavras a forma de ação por excelência, e ao assumir na sua obra, coerentemente, os riscos da vida pública, na intenção da comunicação, Hannah Arendt se situa no plano da vita activa. De maneira análoga, o diálogo com o seu pensamento, voltado para a reconstrução tópica dos direitos humanos diante da ruptura, colocou-se na intenção da comunicação e voltado para a esfera pública.


Referências Bibliográficas

ARENDT, Hannah. A condição humana. 10 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.

BERLIN, Isaiah. The Hedgehog and the Fox: An Essay on Tolstoy's View of History. London: Weidenfeld & Nicolson, 1953.

______. Two Concepts of Liberty. Oxford: Oxford University Press, 1969.

LAFER, Celso. A Reconstrução dos direitos humanos: um diálogo com o pensamento de Hanna Arendt. São Paulo: Companhia das letras, 1988.


Notas

[1] ARENDT, Hannah. A condição humana. 10 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007. p. 15.

[2] Ob. Cit. p. 26.

[3] Ob. Cit. p. 37.

[4] Ob. Cit. p. 50.

[5] Ob. Cit. p. 70.

[6] Ob. Cit. p. 107.

[7] Ob. Cit. p. 269.

[8] Ob. Cit. p. 338.

[9]Isaiah Berlin  foi um filósofo político britânico, considerado como um dos principais pensadores liberais do século XX. Seus ensaios mais conhecidos são The Hedgehog and the Fox e Two Concepts of Liberty, em que examina a distinção entre duas interpretações do termo liberdade: liberdade negativa, ou ausência de impedimentos à ação do indivíduo e liberdade positiva, ou presença de condições para que os indivíduos ajam de modo a atingir seus objetivos.

[10] LAFER, Celso. A Reconstrução dos direitos humanos: um diálogo com o pensamento de Hanna Arendt. São Paulo: Companhia das letras, 1988. p. 13.

[11] Ob. Cit. p. 15.

[12] Ob. Cit. p. 38.

[13] Ob. Cit. p. 49.

[14] Ob. Cit. p. 80.

[15] Ob. Cit. p. 126.

[16] Ob. Cit. p. 146.

[17] Ob. Cit. p. 167.

[18] Ob. Cit. p. 188.

[19] Ob. Cit. p. 275.

Sobre a autora
Mariane Morato Stival

Doutora em Direito pelo Centro Universitário de Brasília com estágio doutoral na Universidade Paris 1- Sorbonne. Pós-doutoranda no Programa de Pós Graduação em Sociedade, Tecnologia e Meio Ambiente da UniEVANGÉLICA. Mestre em Direito pelo Centro Universitário de Brasília. Supervisora e Pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Direito, Professora com atuação no Programa de Mestrado da UniEVANGÉLICA. Pesquisadora Visitante da Universidade Paris 1 – Sorbonne e da CorteEuropeia de Direitos Humanos. Advogada e Escritora.

Informações sobre o texto

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