Endividamento: eles não aguentam mais!

17/02/2016 às 09:17
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Realmente, não sei o que é pior: o governo aumentar a possibilidade de endividamento das famílias para com os bancos, principalmente de aposentados e pensionistas, ou parte da imprensa divulgar isso como se fosse uma coisa boa.

Governo eleva limite do crédito consignado de 30 para 35 % da Renda.

Realmente, não sei o que é pior: o governo aumentar a possibilidade de endividamento das famílias para com os bancos, principalmente de aposentados e pensionistas, ou parte da imprensa divulgar isso como se fosse uma coisa boa.

A população já não aguenta mais! O momento é o mais crítico possível da economia. É desumano dar corda à população, já repleta de dívidas, para aquecer a economia com o suor e o sangue de quem pouco tem a dar.

Nos últimos 40 dias, cerca de 600 mil pessoas com mais de 65 anos engrossaram a lista de inadimplentes. Pessoas que lutaram e trabalharam para ter uma aposentadoria tranquila. E agora se vêem, novamente, com a corda no pescoço. E o que faz o governo? Aumenta a corda para estas pessoas se enforcarem.

O governo não corta seus gastos. Não organiza a máquina administrativa, que consome boa parte do que se produz no país. A corrupção joga pelo ralo riquezas incalculáveis, que poderiam custear diversosprogramas sociais. Mas quem paga a conta é povo, que não aguenta mais dever.

Os bancos agradecem. Sorriem, como hienas, diante da farta carniça, que se apresenta na forma de pessoas repletas de dívidas. Uma parte irresponsável da imprensa divulga a “boa nova”, como se fosse um raio de sol no horizonte dos desesperançados. E a vida segue!

Outro dia, eu estava na casa em que minha mãe e minha madrinha residem. O telefone tocou. Por sorte da minha madrinha (e azar do “vendedor” de crédito), eu atendi. Uma voz esganiçada pedia para falar  com a senhora Fulana de Tal.

Perguntei de onde era e qual o assunto. A voz insistiu:

– Seria somente com a senhora Fulana de Tal – repetiu, de forma robotizada.

– Se não adiantar o assunto, infelizmente não poderei passar a ligação.

A pessoa agradeceu, repetindo que somente poderia falar com a minha madrinha. Eu estava lá a passeio e iria esperar. Eu sabia que ele iria ligar novamente. Aguardei, pacientemente. Quando o telefone tocou, eu atendi.

Ao ouvir a minha voz, o insistente “vendedor” desligou na minha cara. Eu sabia que era ele, pois todos os números de telefones de minha casa e da casa de minha mãe são rastreados.

Uma hora e meia depois, o rapaz da voz esganiçada voltou a ligar. Ele perguntou, como se fosse a primeira ligação:

– Eu poderia falar com a senhora Fulana de Tal?

Aos berros, respondi:

– Sei de onde fala (já sabia mesmo), sei o nome do seu chefe, sei até o seu nome, Fulano (eu já tinha ligado para a operadora de onde partia a insistente ligação). Não ligue mais para este número. Escolha outra pessoa. Se ligar novamente, vai responder por constrangimento ilegal e vou aí pessoalmente conversar com você. Não ligue mais!

Falei e bati o telefone da cara do sujeito.

Acham que ele desistiu?

Não vou contar! Apenas digo que esse é o dia-a-dia dos bancos e financeiras. Não se limitam a oferecer crédito. Eles literalmente obrigam as pessoas a se endividarem. Fico pensando no que acontece na casa daqueles que não têm um parente conhecedor da lei.

Ou, o que é pior. O que acontece com aqueles que precisam do dinheiro e o pegam emprestado pagandotaxas de juros que, em alguns casos, aproximam-se dos 10 % ao mês.

Transformei minha vida é um enorme escritório de advocacia. Existem poucas coisas que eu ame mais do que advogar. Mas não vou negar a minha tristeza quando vejo aqueles que deveriam defender os mais necessitados agirem em favor dos que os exploram. Isso é o que aproxima o homem de seu fim!

É preciso por um fim nisto. Eles não aguentam mais! Ninguém aguenta mais!

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Sobre o autor
André Mansur Brandão

Advogado da André Mansur Advogados Associados (Minas Gerais). Administrador de Empresas. Escritor.Saiba mais sobre nossa empresa em: http://andremansur.com/portfolio/

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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