Investigação criminal e autoridades com foro por prerrogativa de função

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Resumo:


  • A investigação criminal de autoridades com foro por prerrogativa de função possui características especiais, diferenciando-se da investigação comum, incluindo a necessidade de tramitação perante o tribunal competente e acentuado controle judicial prévio.

  • As investigações devem ser autorizadas pelo Ministério Público e pelo relator no foro especial, sendo vedada a instauração ex officio, e a condução das investigações é de titularidade do Ministério Público, com a necessidade de autorização judicial para o indiciamento de autoridades.

  • Algumas autoridades possuem imunidades prisionais relativas, e a condução coercitiva requer requisitos específicos, incluindo autorização judicial para investigados e dispensa de autorização para testemunhas, respeitando-se as prerrogativas de oitiva previamente agendada.

Resumo criado por JUSTICIA, o assistente de inteligência artificial do Jus.

 

[2] “AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGO 108, INCISO VII, ALÍNEA I DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ E ART. 21, INCISO VI, LETRA J DO REGIMENTO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA LOCAL. PREVISÃO, NO ÂMBITO ESTADUAL, DO INSTITUTO DA RECLAMAÇÃO. INSTITUTO DE NATUREZA PROCESSUAL CONSTITUCIONAL, SITUADO NO ÂMBITO DO DIREITO DE PETIÇÃO PREVISTO NO ARTIGO 5º, INCISO XXXIV, ALÍNEA A DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INEXISTÊNCIA DE OFENSA AO ART. 22, INCISO I DA CARTA.  1. A natureza jurídica da reclamação não é a de um recurso, de uma ação e nem de um incidente processual. Situa-se ela no âmbito do direito constitucional de petição previsto no artigo 5º, inciso XXXIV da Constituição Federal. 2. A reclamação constitui instrumento que, aplicado no âmbito dos Estados-membros, tem como objetivo evitar, no caso de ofensa à autoridade de um julgado, o caminho tortuoso e demorado dos recursos previstos na legislação processual, inegavelmente inconvenientes quando já tem a parte uma decisão definitiva. Visa, também, à preservação da competência dos Tribunais de Justiça estaduais, diante de eventual usurpação por parte de Juízo ou outro Tribunal local. 3. A adoção desse instrumento pelos Estados-membros, além de estar em sintonia com o princípio da simetria, está em consonância com o princípio da efetividade das decisões judiciais“ (grifos nossos) (STF, ADI 2212/CE, Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, j. 02/10/2003).

[3] LIMA, Renato Brasileiro de. Curso de Processo Penal. São Paulo: Niteroi, 2013, p. 112.

[4] OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Op. Cit., p. 86 e 94.

[5] O STF já teve a oportunidade de extremar as noções de imparcialidade objetiva e subjetiva: “[a imparcialidade objetiva] incapacita, de todo, o magistrado para conhecer e decidir causa que lhe tenha sido submetida, em relação à qual a incontornável predisposição psicológica nascida de profundo contato anterior com as revelações e a força retórica da prova dos fatos o torna concretamente incompatível com a exigência de exercício isente da função jurisdicional. Tal qualidade, (...), diz-se objetiva, porque não provém de ausência de vínculos juridicamente importantes entre o juiz e qualquer dos interessados jurídicos na causa, sejam partes ou não (imparcialidade dita subjetiva), mas porque corresponde à condição de originalidade da cognição que irá o juiz desenvolver na causa, no sentido de que não haja ainda, de modo consciente ou inconsciente, formado nenhuma convicção ou juízo prévio, no mesmo ou em outro processo, sobre os fatos por apurar ou sobre a sorte jurídica da lide por decidir. Como é óbvio, sua perda significa falta de isenção inerente ao exercício legítimo da função jurisdicional” (grifos nossos) (STF, HC 94641/BA, 2ª Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJ 06/03/2009).

[6] LIMA, Renato Brasileiro de. Curso de Processo Penal. São Paulo: Niteroi, 2013, p. 112.

[7] “Art. 41. Constituem prerrogativas dos membros do Ministério Público, no exercício de sua função, além de outras previstas na Lei Orgânica: [...] II - não ser indiciado em inquérito policial, observado o disposto no parágrafo único deste artigo”.

[8] Confiara-se o seguinte julgado do STF: “O Ministério Público, sem prejuízo da fiscalização intra--orgânica e daquela desempenhada pelo CNMP, está permanentemente sujeito ao controle jurisdicional dos atos que pratique no âmbito das investigações penais que promova "ex propria auctoritate", não podendo, dentre outras limitações de ordem jurídica, desrespeitar o direito do investigado ao silêncio ("nemo tenetur se detegere"), nem lhe ordenar a condução coercitiva, nem constrangê-lo a produzir prova contra si próprio, nem lhe recusar o conhecimento das razões motivadoras do procedimento investigatório, nem submetê-lo a medidas sujeitas à reserva constitucional de jurisdição, nem impedi-lo de fazer-se acompanhar de Advogado, nem impor, a este, indevidas restrições ao regular desempenho de suas prerrogativas profissionais (Lei nº 8.906/94, art. 7º, v.g.)” (HC 89837/DF, 2ª Turma, Rel. Min. Celso de Mello, DJe 20.11.2009).

[9] “Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores e deputados federais, os ministros de Estado, os governadores de Estados e Territórios, os secretários de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos Municípios, os deputados às Assembléias Legislativas Estaduais, os membros do Poder Judiciário, os ministros e juízes dos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distrito Federal, bem como os do Tribunal Marítimo serão inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz.  § 1o  O Presidente e o Vice-Presidente da República, os presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal poderão optar pela prestação de depoimento por escrito, caso em que as perguntas, formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, Ihes serão transmitidas por ofício”.

[10] STF, Súmula 693: “Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória à pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada”.

Sobre o autor
Paulo Henrique da Silva Aguiar

Promotor de Justiça do Estado de Alagoas (2º colocado no concurso). Ex-Defensor Público do Estado de Alagoas (1º colocado no concurso). Também foi aprovado nos concursos para os cargos de Delegado de Polícia do Estado do Rio Grande do Norte e Analista Judiciário – Área Judiciária do TRT da 19ª Região. Ex-estagiário da Justiça Federal e do Ministério Público Federal em Alagoas.

Informações sobre o texto

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