O ex-espião Antonio Stiuso passou mais de 16 horas testemunhando, sessão que se arrastou até a madrugada e contou com um forte aparato policial. Segundo a imprensa local, Stiuso disse que Nisman foi assassinado pelo trabalho que estava fazendo contra a ex-presidente Cristina Kirchner e funcionários de seu governo.
No dia 25 de fevereiro do corrente ano, o promotor argentino Ricardo Sáenz alegou que até o momento não há uma explicação lógica para a falta de evidências concretas sobre um eventual suicídio de Nisman. A investigação oficial não determinou quem disparou a pistola achada com o morto no banheiro de seu apartamento, no bairro portenho de Puerto Madero.
Agora se informa que a juíza Fabiana Palmaghieza, que até a última terça-feira estava à frente da investigação sobre a morte do promotor argentino Alberto Nisman, declarou-se incompetente para seguir comandando o processo. Há perto de vinte anos, em ato covarde, o mundo estarrecido assistiu a um crime de terrorismo, que deixou 85 mortos e cerca de 300 feridos na seda da Amia (Associação Mutual Israelita Argentina), em Buenos Aires.
A oposição ao governo argentino da então presidente Cristina Kirchner e os lideres da comunidade judaica acusaram o governo de ignorar as decisões da Justiça em Buenos Aires, que condenou, à revelia, um grupo de iranianos, que, naquele ano, ocupava postos no governo da época.
Dias antes de morrer, o promotor Alberto Nisman – que era encarregado do caso desde 2004, preparava-se para detalhar uma grave denúncia contra a presidente da Argentina e seus ministros de relações exteriores, alegando que ambos teriam articulado um pacto internacional para deixar impunes os suspeitos do atentado. Falou-se que haveria um acordo entre o governo daquele País e a Argentina (acordo secreto), que visaria a fortalecer laços comerciais entre as duas Nações, acomodando as suspeitas em torno do caso.
No processo, Nisman falou em vantagens comerciais para a Argentina, que poderia vender grãos ao Irã e comprar petróleo mais barato. Reportagem da revista “Veja”, com ex-integrantes do governo de Hugo Chaves, da Venezuela, sugere que o acordo poderia incluir também o pagamento de propina a integrantes do governo em troca de tecnologia nuclear.
Noticiou-se que essas investigações teriam apontado autoridades do primeiro escalão do governo do Irã.
Trabalhou-se com duas hipóteses. Uma era a chamada “pista síria” e, segundo esta, o atentado teria sido uma resposta do governo sírio a Menem, depois que este cancelou uma venda de reatores nucleares àquele país. A outra, que é a que Nisman achava a correta, era a “pista iraniana”: o atentado teria sido obra do Hizbullah, com apoio do governo do Irã, após a decisão argentina de suspender um acordo de transferência de tecnologia nuclear ao país.
Em cena de verdadeiro filme de suspense, aparece o promotor Nisman morto, às vésperas de divulgar as informações que atingiriam o governo argentino.
De início, a notícia era de caso de suicídio.
Em verdade, a tese do suicídio, pelas informações que se seguiram, parece não ter fundamento.
A sociedade argentina precisa saber quais os responsáveis pela morte de Alberto Nisman.
Repita-se que seu assassinato foi uma agressão à Justiça e precisa ser solucionado.