A superação durante o cotidiano. Lutas corriqueiras.

16/07/2017 às 18:41
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A superação durante o cotidiano, quando do enfrentamento das lutas corriqueiras, comprova que a vida dá trabalho, mas isso deve nos motivar a querer-desejar viver.

Desde o primeiro momento em que me deparei com a pedagogia da superação desenvolvi sincero apreço por ela e, principalmente, adubei um respeito por sua potencialidade em auxiliar o ser humano no enfrentamento dos desafios cotidianos. A pedagogia almeja despertar os seres humanos para a vida, haja vista que somos seres pensantes e, acima de tudo, seres que podem conviver em harmonia e felizes, ainda que os problemas e os desafios batam à nossa porta.

Que a vida dá trabalho, todos sabem! Mas poucos aceitam essa constatação, tanto que desenvolvem sentimentos e comportamentos negativos quando se deparam com os primeiros obstáculos que surgem. Obstáculos esses que podem ser de grandes proporções, como um câncer, ou até de pequena magnitude, como uma simples briga de trânsito. São vastas as notícias sobre atos de desespero tomados pelas pessoas, até suicídios, quando se deparam com situações de enfrentamento. Elas optam pelo caminho supostamente mais fácil, cedem, enquanto deveriam se erguer. Muitas permitem que a derrota prematura os domine e desistem com facilidade.

A pedagogia da superação, como outras tantas possibilidades criadas pelo homem, pela religião e, até, pela ciência, tenta nos mostrar caminhos, atitudes e medidas que podem despertar nosso desejo de viver, mas de forma completa, plena, consciente, harmônica e, antes de tudo, feliz.

Viver não tem segredo, basta querer-desejar viver e saber como viver. O querer é um desejo forte de mostrar o melhor de si para o mundo. O como viver não possui uma regra absoluta, não é um manual que se aplique a qualquer ser humano e ponto, resolvido! Na verdade, cada um tem seus anseios e suas necessidades. Mas é aqui que entra a pedagogia da superação, pois ela sinaliza para algumas atitudes cotidianas que podem auxiliar no enfrentamento dos desafios corriqueiros.

Essas poucas palavras introdutórias podem parecer enfadonhamente poéticas e até, excessivamente, teóricas. Acredito que alguns leitores possam adjetiva-las como utópicas. Especialmente num momento em que a sociedade presencia uma onda tsunâmica de intolerância. A raiva parece imperar, a falta de paciência e respeito têm regado os noticiários e, particularmente, a vida política do brasileiro. Vivemos um momento de bipolaridade muito radial, violento e perigoso. Você é classificado como de direita ou de esquerda, é defensor do Jean Wyllys ou do Bolsonaro. Em assim vai ... Todavia, independentemente da corrente política, da filosofia, da religião, do time ou do dinheiro que possui no banco, a pedagogia da superação visa auxiliar a todos. E aqui reside outra virtude dela: sua humildade! Sim, ela não tem um público-alvo específico, a pedagogia tenta traçar caminhos, os quais podem, facultativamente, ser trilhados por você.

A pedagogia, a seguir apresentada, delineará técnicas, ideias e métodos comportamentais que podem nos levar à superação.

Tudo que aqui se apresenta tem como base os livros do professor José Luiz Tejon Megido, que é mestre em arte e cultura e em nível de doutorado desenvolveu sua pesquisa, exatamente, sobre a pedagogia da superação. O próprio desafio e a opção de, academicamente, tratar do tema citado demonstra a grandeza do professor. As principais obras dele são: O código da superação; O voo do cisne: a revolução dos diferentes; Liderança para fazer acontecer: faltam líderes no mercado. Você se candidata?; A grande virada: 50 regras de ouro para dar a volta por cima; Guerreiros não nascem prontos. O último livro (Guerreiros não nascem prontos) é uma obra prima sobre superação e será a nossa bíblia para o restante do presente artigo.

Um dos mais valiosos recados do professor Tejon é: “aprenda a admirar pessoas”. Assim o faço com a pessoa de Tejon, eis a razão de tentar expor aqui, ainda que sucintamente, sobre a sua pedagogia da superação.

Parte-se de uma ideia básica: “Viver sempre vai dar trabalho”. Perceba-se que a frase “viver sempre vai dar trabalho” não significa que “viver não valerá a pena” ou que “viver trará somente sofrimentos”. E se viver vai dar trabalho, então que apliquemos o preceito de Aristóteles, em que ele defende que o “prazer no trabalho aperfeiçoa a obra”. Ademais, o “trabalho” que aqui se refere diz respeito aos obstáculos que enfrentaremos, e obstáculo foi criado para ser ultrapassado, vencido e superado. O trabalho que temos para viver, quando desempenhado com prazer e vigor, fortalece-nos e nos aperfeiçoa.

E que tipo de trabalho teremos durante a vida? Vários, das mais diversas espécies. Teremos obstáculos e sofrimentos. Como ensina Tejon, há sofrimentos que marcam a carne e há sofrimentos que marcam a alma, todavia, “um guerreiro que não nasce pronto jamais permitirá que eles definam a sua personalidade e o seu futuro”.

O próprio nascimento representa uma convocação, um chamado para o despertar, uma mensagem: “vem guerreiro e arrebenta”. E os grandes guerreiros surgem das superações e das escolhas diárias, não das batalhas históricas. Aqui reside um engano comum: está errada a crença de que, para ser grande, há que se ter uma vitória grandiosa, pomposa e midiática. Não, definitivamente não! Tejon exalta que não “é nas grandes batalhas que construímos nosso crescimento, mas sim na coragem das decisões diárias”. A “vida é uma arte de sobrevivência, competitividade, competência, inteligência, sabedoria, escolhas e decisões”. Tudo isso ocorre durante o nosso dia a dia, porque a superação é durante o cotidiano, nas lutas corriqueiras.

E há três ideias fabulosas da pedagogia da superação, as quais podem ser aplicadas por todos nós para a vivência diária. Não há segredo. Essas ideias, quando aplicadas com frequência, podem modelar nossas atitudes e nos insuflar de coragem e preparo para o enfrentamento dos obstáculos. Se viver vai dar trabalho, então que tenhamos as ferramentas para tal. E uma das melhores ferramentas é a nossa mente, o nosso pensamento, que deve sempre estar voltado para a direção do otimismo e do positivismo. Margaret Thatcher já avisava: “Cuidado com seus pensamentos, pois eles se tornam palavras. Cuidado com suas palavras, pois elas se tornam ações. Cuidado com suas ações, pois elas se tornam hábitos. Cuidado com seus hábitos, pois eles se tornam o seu caráter. E cuidado com o seu caráter, pois ele se torna o seu destino. O que nós pensamos, nos tornamos".

Dessa forma, devemos nos atentar para três ideias fundamentais: lei do mínimo; fé: ausência de dúvida; e limiar de dor expandido.

A lei do mínimo pode, a meu ver, ter várias interpretações. Desde a ideia de que não podemos nos ater a pequenos problemas, ou seja, dar atenção ao que não merece atenção, até mesmo a ideia de que precisamos identificar nossas principais fraquezas, ou seja, nossos defeitos que nos impedem de chegar aonde pretendemos.

A lei do mínimo nos remete a uma regra de vivência que poucos adotam e aplicam. Sobre ela, Tejon escreve: “precisamos saber viver com tudo e com todos”.

De fato, precisamos saber viver com tudo e com todos. Mas, infelizmente, poucos têm consciência disso. Como dito acima, a intolerância com o outro tem imperado. Essa é uma fraqueza constante, que está presente dentro dos lares, nas ruas e no ambiente de trabalho.

 A nossa fraqueza (que precisa ser corrigida) em aceitar que precisamos viver com tudo e com todos tem tornado nossos dias difíceis. Eis um comportamento de convivência árduo de ser aplicado. Os conflitos humanos brotam dentro de nossas casas, estendem-se para o vizinho, transbordam no ambiente de trabalho e estouram nas ruas. Como dito anteriormente, vivemos um momento de intolerância, se não gostamos ou não suportamos alguém a tendência é excluí-lo e, até, maltratar o outro. Entretanto, não se pode viver em uma bolha, não há mais ilhas pessoais, o mundo se conecta, os ruídos e os tormentos batem à nossa porta, emanam de um vizinho chato e estão até no ambiente de trabalho, quando você precisa dividir sala com aquela pessoa tida como chata. Isso é comum com os estudantes em sala de aula, e é comum até mesmo com os concurseiros, que dedicam anos de estudo para a conquista de um cargo público. Assim, resta uma conclusão: precisamos “saber viver com tudo e com todos”. Se você está esperando uma família perfeita, sem sogro e sogra, sem tio mala e primo chato, não perca tempo, isso não vai ocorrer. Se você espera o amor perfeito, continuará esperando.  Se você espera o local e ambiente de trabalho de “paz e amor” eternos, é melhor desistir. Isso porque somos diferentes, por obviedade! Onde há pessoas, há atitudes, comportamentos, ideias, desejos, metas e aspirações diferentes.

Atualmente, é comum um militante do PT não conseguir dividir espaço com um partidário do PSDB. Algumas famílias se desfazem, desintegram-se por causa de pequenas diferenças, simplesmente porque não aprendemos ainda a viver com tudo e com todos. Comece tentando aplicar esse conceito: aprenda a viver com tudo e com todos, respeite o outro, exponha seus desejos e posições, mas, ainda assim, conviva com os seus opositores.

Aprendendo a conviver com tudo e com todos (ao menos tente), aí poderemos analisar mais a nossa pessoa, individualmente, sob uma perspectiva mais subjetiva. A lei do mínimo nos orienta a corrigir nossas fraquezas. Fraquezas essas, muitas vezes, de simples correção e que têm um resultado positivo imediato e revolucionário, exatamente porque são nas lutas diárias e nas escolhas diárias que presenciamos as grandes transformações.

Dessa forma, iremos perceber que todos nós erramos. Vamos cair, teremos fracassos e decepções. Mas, de acordo com Tejon, os verdadeiros guerreiros irão avaliar a queda, aprender com ela e ter forças para levantar. A título de exemplo, a reprovação em uma prova, um negócio que não prosperou ou um concurso no qual não se obteve aprovação não podem ser transformados em medos ou barreiras paralisantes. Pelo contrário, são nas lutas diárias e corriqueiras que o aguerrido se fortalece. Daqui não podem surgir medos que te atormentarão pelo resto da vida. Muitas pessoas são marcadas por traumas que se transformam em medos de difícil solução a curto prazo. Isso porque a lei do mínimo não foi aplicada.

E é aqui que reside um divisor de águas imprescindível que a pedagogia da superação nos apresenta. O professor Tejon ensina que é preciso haver uma distinção entre medos reais e imaginários. Ele ainda relembra que se “fizermos uma análise e voltarmos no tempo, iremos chegar à conclusão de que a maioria dos nossos medos só existiram em nossos pensamentos”, sendo assim: “sofri muito mais com eles em pensamento do que na realidade”.

O medo, sem controle, pode limitar nossos objetivos, tolher nossa imaginação, afugentar nossos desejos e atormentar nosso cotidiano, até mesmo dificultar a ideia de que precisamos saber viver com tudo e com todos. O medo é vendido como mercadoria nos canais abertos de televisão. Os programas policiais exploram o sofrimento, a barbárie, a carnificina, a violência e o desespero, com o fim de aumentar o ibope. O medo, em exagero, é ruim, é adubo para covardia e a mesquinhez. Para tanto, é preciso separar o medo real (que, se for grave, despertará nossa atenção) do medo imaginário (que deve ser eliminado).

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Nós precisamos vencer vários mínimos, cotidianamente, para que possamos atingir o nosso máximo, de acordo com a pedagogia de Tejon. Recapitulando: necessitamos aprender a viver com tudo e com todos e precisamos distinguir os medos reais dos imaginários. A lei do mínimo, nessa altura, permite-nos chegar a uma grata proposta: de que não há segredo para bem se viver! São as escolhas, os comportamentos e as atitudes diárias que nos darão suporte para as lutas corriqueiras.

E para vencer os medos reais, que merecem nossa atenção, eliminar os medos imaginários e sabermos conviver com tudo e com todos, necessitamos invariavelmente, de ajuda. Essa ajuda buscamos em nossa equipe. Dificilmente uma pessoa consegue atingir metas sozinho, precisa sim de amigos, de uma equipe. Por isso é fundamental (mais uma conduta que podemos aplicar agora) termos amigos, tratarmos de desenvolver simpatia, sorrisos, angariar aliados e não fomentar inimizades. Além da empatia, para atrair pessoas, formar equipes e criar um ambiente saudável, há que se buscar fontes de inspiração. Admire as pessoas certas, busque exemplos, cole nos melhores para crescer profissionalmente. Para quem estuda para concurso, o mestre William Douglas tem um mantra pertinente: “Uma pessoa mediana que imita o que fazem as pessoas de alta performance será, depois de algum tempo, alguém de alta performance”.

Já encerrando as principais balizas sobre a lei do mínimo, aproveito para expor, com respaldo na pedagogia do professor Tejon, sobre o enfrentamento dos medos do dia a dia, dos obstáculos que se apresentam todos os dias, das lutas corriqueiras, que muitas vezes são transformados em gigantes imaginários (medos imaginários) que nos intimidam e nos derrotam mesmo antes de começarmos a batalha. Os medos existem e, muitas vezes, parecem reais. Alguns deixam de sair à rua por síndrome do pânico, outros evitam um relacionamento para não passar por frustrações herdadas de relacionamentos antigos, outros tantos desistem do tão sonhado concurso em razão de reprovações anteriores ou até mesmo por causa da concorrência dos outros candidatos.

Deve-se deixar cristalino que qualquer medo, para ser superado, precisa ser enfrentado, e para ser enfrentado precisa ser transformado. Por isso Tejon preceitua que para vencer é preciso enfrentar e para enfrentar é preciso transformar, por isso que o “medo existe, mas o erro está em sua ampliação”. Lembre-se: “as maiores lutas de cada um de nós residem dentro de nós”.

Afinal, o mundo exterior é inevitável. Ampliamos os medos gerados pelo mundo exterior e, em contrapartida, minoramos o nosso potencial interno para vencer todos os obstáculos e desafios. O professor, em sua obra, sublinha que se “você não se incomoda com o mundo, não me interessa, pois o mundo vai incomodá-lo. E o guerreiro será o que sobrar desse incômodo”.

Os incômodos e os problemas devem ser localizados e enfrentados. E para roubarem a nossa atenção, os incômodos devem ser relevantes e reais. E se relevantes forem, deverão ser enfrentados, e se enfrentados, que sejam encarados com coragem e sem lamúrias e vitimismo. O desespero e o desequilíbrio em nada nos auxiliam para enfrentar os incômodos (diários, reais e relevantes). Ter medo não ajuda, e muito menos ajuda maximizarmos um incômodo que muitas vezes é de fácil solução.

Se fizermos uma retrospectiva de tudo que passamos durante nossa vida, perceberemos que muitos dos incômodos e problemas que passamos nos deixaram mais fortes, serenos e calejados. Eis a utilidade dos incômodos, que despertam um lado e mostram caminhos que não percebíamos. Por essas razões que dentro da pedagogia da superação é possível retirar esses relevantes conselhos de Tejon: os incômodos podem gerar grandes oportunidades; às vezes eles são libertadores; e para os guerreiros eles formam saltos para o sucesso. Afinal, a “nossa derrota é, muitas vezes, um conjunto de fraquezas pessoais do que fatores externos fortes e reais”. E se não cuidarmos do mínimo, isso atrapalhará para atingirmos o nosso máximo.

Para ser um adepto da pedagogia da superação, é preciso ter foco, concentração, não ceder aos ruídos e chamados inoportunos do cotidiano. Todos os dias nossa atenção e nosso foco podem ser abalados, as distrações são várias, pode ser um medo imaginário ou, inclusive, uma pessoa no trabalho ou em casa com quem não sabemos conviver.

O foco tem relação com a entrega, com o desejo de viver e viver bem. Com a vontade de dar o melhor de si para mundo. Durante o percurso existirão os que tentarão te desviar e os que tentarão implantar medos imaginários em sua mente.

Para o seu foco não ser abalado e você manter a produtividade e a alegria, superando durante o cotidiano as lutas corriqueiras, é preciso ter fé, crença em si. Nesse ponto atual não tentaremos empurrar você para qualquer vertente religiosa, é irrelevante se você é adepto do espiritismo, judaísmo, sikhismo, budismo, hinduísmo, islamismo, cristianismo etc. O foco, o plano de vida, a razão de sua existência e a coragem para vencer medos somente estarão a salvo de ataques e incômodos externos se integrarem uma estrutura sólida, e essa solidez é cimentada com muita fé. Mas não é qualquer fé, mas sim a fé sem dúvidas, inabalável, saudável, verdadeira e indeclinável.

Mas essa fé seria em Deus? Sim e não. Ouso aqui afirmar que até ateus podem ter essa fé inabalável. Isso é um sentimento pessoal e íntimo que deveria mover toda pessoa, ao acordar pela manhã. A fé pode estar atrelada ao seu Deus, de sua forma. Cada um tem o livre arbítrio de desenhar essa fé em sua mente. Ela pode ser representada para você por um terço, uma igreja, um crucifixo, a estrela de davi, um manto, a flor de lótus e assim segue o rol interminável. Fato é que a fé que defendemos é a fé pessoal, interna, subjetiva e motivadora.

Apenas para situar o leitor. Estamos analisando três ideias fundamentais da pedagogia da superação: lei do mínimo; fé: ausência de dúvida; e limiar de dor expandido. Acima pontuamos sobre a lei do mínimo, agora passaremos à fé: ausência de dúvida.

Não se trata aqui de qualquer fé. Não é a fé em seu sentido vulgar ou a fé profetizada somente em templos. A fé defendida é interna, pessoal e transformadora. Consiste em acreditar em você e em algo maior. Consiste em não oscilar em seus pensamentos positivos e em não esmorecer na primeira queda ou no primeiro erro. A fé está atrelada à persistência, ao foco e à coragem.

Clarice Lispector, com sua ternura literária, orienta-nos: “Ouse, arrisque, não desista jamais e saiba valorizar quem te ama, esses sim merecem seu respeito. Quanto ao resto, bom, ninguém nunca precisou de restos para ser feliz”. Em poucas palavras, ela exaltou uma fé inabalável e ainda arrematou com a lei do mínimo.

Madre Teresa de Calcutá, em um gesto de pura entrega humanitária, conscientizou-nos do que seja fé, a fé inabalável:

Muitas vezes, as pessoas são egocêntricas, ilógicas e insensatas. Perdoe-as, assim mesmo.

Se você é gentil, as pessoas podem acusá-lo de egoísta, interesseiro. Seja gentil, assim mesmo.

Se você é um vencedor, terá alguns falsos amigos e inimigos verdadeiros. Vença, assim mesmo.

Se você é honesto e franco, as pessoas podem enganá-lo. Seja honesto e franco, assim mesmo.

Se você tem paz e é feliz, as pessoas podem sentir inveja. Seja feliz, assim mesmo.

O bem que você faz hoje pode ser esquecido amanhã. Faça o bem, assim mesmo.

Dê ao mundo o melhor de você, mas isso pode nunca ser o bastante. Dê o melhor de você, assim mesmo.

Veja você que, no final das contas é entre Você e Deus e não entre você e os homens.

Da mensagem acima, não quer ressaltar o fato de ser entre você e Deus. Deixemos cada um com suas concepções religiosas. Mas a mensagem que se visa captar é a de que a despeito dos desafios, dos erros, das falhas, das angústias e das decepções, mantenha a fé, fique firme, não se rebaixe e não se deixe vencer. Eis a fé inabalável, sem dúvidas.

Dentro desse contexto, o professor Tejon defende que a vontade verdadeira ajuda a vencer os medos e a enfrentar os incômodos. A vontade verdadeira decorre da fé inabalável. A vontade verdadeira ajuda a ampliar o limiar de dor.

Da lei do mínimo e da fé inabalável, passemos à necessidade de ampliação do nosso limiar de dor.

O limiar de dor expandido materializa nossa capacidade de suportar as pancadas da vida e mesmo assim manter-se sóbrio. Portanto, Tejon, citando Ricardo Morganti (mestre de jiu-jítsu), indica que um “grande lutador será aquele que mais conseguir ampliar o seu limiar de dor”. É comum uma pessoa cair e, de primeira, desistir. Certa vez um amigo cuiabano me disse: “eu já tomei tanto na cabeça, passei por muita coisa, levei pancada, mas fiquei firme, tanto que hoje tenho couro de jacaré, resistente”. Moral da história do amigo cuiabano: apanhou, manteve-se firme, não desistiu, e disso resultou uma bravura, uma coragem e uma resistência que ele não ostentava antes.

Roberto Shinyashiki traz à tona que não podemos confundir “derrotas com fracasso nem vitórias com sucesso. Na vida de um campeão sempre haverá algumas derrotas, assim como na vida de um perdedor sempre haverá vitórias. A diferença é que, enquanto os campeões crescem nas derrotas, os perdedores se acomodam nas vitórias”. As derrotas e as quedas são oportunidades ímpares de aprendizado. Há um provérbio japonês com as seguintes palavras: “pouco se aprende com a vitória, mas muito com a derrota”. Por isso que a nossa capacidade de suportar os golpes deve estar expandida, o limiar de dor deve ser treinado e ampliado.

Muitas pessoas que sofreram dolorosas perseguições e árduas oposições tiveram a serenidade de aprender com tais obstáculos. Malcom X, defensor do nacionalismo negro nos Estados Unidos, certa vez que não “há nada melhor do que a adversidade. Cada derrota, cada mágoa, cada perda, contém sua própria semente, sua própria lição de como melhorar seu desempenho na próxima vez”.

Tudo isso está devidamente exposto na pedagogia de Tejon. E deste podemos retirar regras de ouro, vejamos: a vida sempre vai bater. Por mais que você tenha sido protegido, você vai apanhar. Por mais que se tente evitar, seremos postos frente a brigas. É preciso saber apanhar. Nenhum guerreiro sai das batalhas sem cortes, machucados e ferimentos. Nenhum general carrega medalhas por bravura se não tiver marcas muito mais profundas no coração e na mente. Muitos têm dificuldade em melhorar e aperfeiçoar seu limiar de dor. Preferem fugir ou negar determinada situação.

A superação durante o cotidiano, quando do enfrentamento das lutas corriqueiras, comprova que a vida dá trabalho, mas isso deve nos motivar a querer-desejar viver. Passaremos por dores, obstáculos e pancadas, e isso tudo faz parte do processo de fortalecimento do ser humano, porque todo guerreiro que não nasce pronto precisa ser talhado, esculpido. A pedagogia da superação de José Luiz Tejon Megido é um raio de luz e de esperança. Enquanto muitos plantam o caos, o professor Tejon optou por semear motivação. Creio, veementemente, que se ampliarmos nosso limiar de dor, calcarmos nossos pensamentos em uma fé inabalável e nos atermos à lei do mínimo, será possível superar tudo, afinal: “Um guerreiro em desenvolvimento consegue transformar o desagradável para muitos num monte de prazer”.

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Sobre o autor
Diego Pereira Machado

Especialista em Direito Processual Penal e Civil (UPF-RS). Mestre em Direito (Unitoledo-SP). Doutorando em Direito (Coimbra-Portugal). Professor e palestrante exclusivo da Rede de Ensino LFG, nas disciplinas de Direito Internacional, Direito Comunitário e Direitos Humanos, para cursos preparatórios para concursos públicos e programas de pós-graduação. Professor da TV Justiça e do Portal Atualidades do Direito. Participante do Cambridge Law Studio (Cambridge-Inglaterra). Autor de livros e inúmeros artigos. Procurador Federal – AGU. Membro-associado da ONG Transparência Brasil. Presidente da Sociedade Brasileira de Direito Internacional (SBDI) Seccional Mato Grosso.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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