O autor em seu texto faz uma demonstração da jornada da ciência ao longo da história, trazendo a questão da racionalidade, este que representa um fundamento essencial para aquela, utiliza o binômio metáfora e paráfrase para discutir a questão das teorias e o racionalismo, onde chega a determinar que o mesmo seja utópico para a representação da realidade humana, onde a teoria não seria uma paráfrase, mas sempre uma metáfora.
Dessa forma, o texto faz ligações entre ciência e arte, no período tradicional segundo o autor, quando diz que a função da teoria é a mesma da arte, tal seja de representação do mundo e nesse aspecto se liga a paráfrase no quesito da fidelidade ao original. Com a modernidade a realidade foi alterada e o anseio pelo empirismo foi estabelecido, não bastava mais as analogias de Platão, nesse novo contexto, precisava ser provado, testado, exposto por razões científicas.
A busca pela verdade e a fidelidade original também é apresentado no texto, demonstrando a ligação acima descrita, nesse contexto as teorias filosóficas e científicas se igualavam as obras de arte devendo apenas refletir o modelo original. No decorrer do texto o autor cita Da Vinci, Michelangelo e logo após traz a “evolução” para o racionalismo moderno, onde a objetividade se sobreporia a subjetividade.
A crítica ao modelo racionalista é estabelecida ao tratar da questão da verdade objetiva, e a subjetividade universal, provar as afirmações e suas validades, esse aspecto é o ponto das concepções modernas que dominam diversas teorias até hoje.
As alterações dessa nova forma de pensar geraram um novo conceito de homem e uma nova abordagem para a verdade, pautada na análise empírica, a nova forma de pensar termina por ser generalizada em todos os campos do pensamento humano, submetendo-o a uma só matriz, o texto cita Hobbes, Descartes como pensadores que colocaram um novo conceito, onde o presente é sempre melhor que o passado.
Nesse ponto, interessante é a analogia feita pelo autor ao se referir aos devidos autores, quando diz que os mesmos julgaram ter encontrado a luz que os levaria para fora da caverna, não percebendo que eles haviam simplesmente inventado uma nova lanterna, e ainda vivemos no mundo igual só que com novos instrumentos. A citação da caverna de Platão é uma crítica explícita ao novo padrão então estabelecido, no sentido de aceitação somente daquela realidade baseada no empirismo e racionalidade como única forma, ou como forma correta de pensamento.
O autor trata no texto das alterações, evoluções e contribuições da forma de pensar do período, citando Cervantes, Galileu, Shakespeare, Rembrandt, mas diz que a modernidade inaugurou um novo modo de pensar o mundo, mas não inaugurou um novo modo de pensar o próprio pensamento, fundados ainda nas velhas ideias de naturalidade e evidência, essa ressalva é feita e bem explícita no texto como um todo. O nascimento da ciência é tratado como o contraditório ao pensamento pluralista, onde duas verdades não podem estar em contradição, uma verdade única seria o modelo ideal.
Com Hume e Kant a objetividade mudou o foco, de uma racionalidade vista como o modo correto de perceber as coisas objetivas, partiu para uma racionalidade que é o modo objetivo como os homens percebem as coisas, essa mudança, porém com o mesmo nome, tal seja, racionalidade é ligada às artes com o impressionismo de Monet, Renoir, Pissaro.
Nesse ponto a questão dos pensadores, artistas e revolucionários do início do século XX, influenciados por Nietzche, Cézanne, Gauguin, Van Gogh, do século XIX, é tratada, ao citar que perceberam que a racionalidade não era racional, que seria certa forma de construir o mundo, dessa forma abriu caminho para a arte abstrata do século XX.
A partir daí as oscilações do modelo racional, estabelecidos em momentos de crise onde exige-se afirmações e reafirmações de conceitos e crenças, nesse contexto a busca por antigas verdades e mistos de crenças e pensamentos ocorreram, como em Goethe, Weber. No campo filosófico do direito o texto cita teoria pura do direito de Kelsen, e termina por tratar da questão hipotética, já que a razão não oferece bases sólidas para a construção da teoria, é preciso fingir que essas bases existem, para ser possível um discurso científico porque racional. E outro não é o sentido da ficcionalidade da norma fundamental.
Nesse ponto do texto o autor começa a tratar do ponto central, que intitula o mesmo, a referência aos mapas de mapas de mapas, nesse aspecto é importante mencionar a teoria como metáfora, chegando a dizer que se toda teoria é uma metáfora, a explicação da teoria é uma metáfora sobre a metáfora. Faz assim um paralelo com a cartografia, dizendo que os mapas não são o mundo, mas uma representação resumida e esquematizada daquilo que chamamos de realidade, ainda diz que o mapa é sempre uma construção humana.
O mais interessante é que os mapas são diferentes e servem para funções diferentes e a cartografia faz relações entre diversos mapas diferentes, sendo assim estabelecido um metamapa, e assim por diante metamapa de metamapas, o mapa dos mapas que seria uma espécie de mapa-mundi do conhecimento humano seria amplo e com baixo grau de detalhamento, e nesse ponto a questão mais relevante, quando diz que apesar de sua generalidade, o supermapa teria que ser tão amplo que não caberia em uma folha só, encontrando-se assim fragmentado, onde as diversas partes não formariam um todo muito coerente, isso se explica pelo fato de que os vários mapas específicos que ele precisa topografar não são homogêneos e dizem coisas contraditórias. O mapa da poesia não diz sobre o homem o mesmo que o mapa da medicina.
E ainda quando diz: O supermapa precisa ser contraditório para dar conta de uma tarefa tão imensa, esse grande mapa é o senso comum, sua função é ficar à distância e servir como base para que dialoguem entre si os mapas mais incongruentes (da poesia à física quântica).
A tentativa de união completa dos mapas é o objetivo da ciência moderna, termina que distorce em vez de unificar, essa questão inerente ao pensamento de uma perfeita unidade é uma utopia da racionalidade moderna, o correto então pelo autor, em vez de unificar seria cartografar.
O autor no decorrer do texto, faz uma análise sobre o modo de pensar humano, especificando o modo de pensar da racionalidade moderna, dando ensejo à construção do pensamento de uma forma diferenciada, não buscando uma objetividade única e uma verdade absoluta sobre tudo, mas relativizar o pensamento, diversificar ou diferenciar diversos aspectos que são por si heterogêneos para que assim ocorra um melhor entendimento sobre os pontos diferentes e uma melhor construção do pensamento humano.