Dom Ramón López Carrozas

08/12/2018 às 13:17
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Homem de fé, homem de Deus e de convicção eterna, mercedário autêntico, deixa para todos nós um legado inestimável. Sempre enérgico e dinâmico, encarnou a missão com muito afinco de redimir esse povo sofrido e excluído do extremo sul do Piauí. Saiba um pouco mais.

Homem de fé, homem de Deus e de convicção eterna, mercedário autêntico, deixa para todos nós um legado inestimável. Sempre enérgico e dinâmico, encarnou a missão com muito afinco de redimir esse povo sofrido e excluído do extremo sul do Piauí, através da dedicação e serviço como missionário do Cristo Jesus. Na diocese trabalhou como reitor do seminário Padre Zumel, quando o então bispo era Dom José Vázquez Díaz, foi professor no Ginásio Odilon Parente da diocese de Bom Jesus conhecido como padre Carrozas.

Assumiu como Bispo titular da Diocese de Bom Jesus – PI, em 09 de março de 1989, e permaneceu até 2014. Impulsionou a diocese, principalmente as estruturas físicas que a mesma tinha. Deu-se início com ele a criação, organização e funcionamento buscando sempre estar em sintonia com a evolução e caminhada da igreja no Brasil. Implantou a pastoral de conjunto. Tudo isso dentro de um contexto dificílimo, grandes desafios geográficos, poucos recursos econômicos e humanos, clero reduzido e outros desafios. 

Como bispo titular teve que fazer um pouco de tudo, motorista, catequista, reitor do seminário menor, coordenador da pastoral, administrador, dirigente do canto litúrgico, escritor exímio, dispensador dos sacramentos – principalmente da crisma. Então dava-se aí o início de uma nova história de muito amor e dedicação à diocese de Bom Jesus, com zelo especial pelas vocações. Dom Ramón passou por duríssimas penas, para criar clero novo, plenamente nativo, deixando todos os municípios da diocese, com um padre, casa paroquial, centro comunitário de pastoral. Encontrou a diocese com seis padres e deixou com mais de 25. Tinha uma devoção profunda a nossa senhora das Mercês.

A Ordem Mercedária é uma ordem redentora que nasceu para trabalhar em defesa da fé e a vida dos cristãos mantidos no cativeiro pelos muçulmanos no início do século XIII. A presença Mercedária no mundo é composta por: Ordem das Mercês – Mercedários, Mercedários Descalços, Monjas da Ordem da Misericórdia, Contemplativas Monjasda Ordem da Misericórdia, beneficência Descalços freiras, Irmãs da Ordem de Nossa Senhora da Mercy, Mercy Irmãs do Santíssimo Sacramento Mercedárias Missionárias de Barcelona, ​​Mercy Irmãs da Caridade Suore di Nostra Signora della Mercede, Mercedárias Missionárias de Berriz, Congregação das Irmãs Missionárias Servas Mercy, Mercy do Santíssimo Sacramento, Mercy Irmãs do Menino Jesus, Sisters of Mercy.

A Ordem é dividida em províncias, vicariatos e delegações.

Presente em 4 continentes – 22 países – 152 comunidades / escolas – 800 frades – Estudantes de votos solenes.

Na Europa duas (província romana) províncias de Espanha (Aragão e Castela) e um em Itália.

Seis províncias na América (Peru, Chile, Argentina, Equador, México e Brasil).

Os vigários estão em Porto Rico, Venezuela, América Central, e nos Estados Unidos.

As delegações em Moçambique, Camarões, Angola, Bolívia, Colômbia, Honduras, Usa (Prov. México), na Índia.

A fundação da Ordem das Mercês só ocorreu no ano de 1218, portanto, quinze anos após esta data. O que o ano de 1203 tem de tão importante para a história da Ordem das Mercês? Parece bem aprazível dizer que a história da Ordem das Mercês começa na verdade neste ano de 1203, ou melhor, a história de compromisso e serviço do Jovem (Pedro Nolasco) que depois se tornaria um grande imitador de Nosso Senhor Jesus Cristo.

O fundador, Pedro Nolasco, não começou o seu trabalho de redimir cativos no ano de 1218, mas que a esta data corresponde a fundação da Ordem, fato que foi bem aceito pelo rei e pelo bispo porque Pedro Nolasco com alguns companheiros já redimiam cativos desde o ano de 1203.

Donde encontramos esta afirmação? Um canônico chamado Pedro Oller é quem nos fornece essa informação tão importante. Em seu escrito aparece Pedro Nolasco redimindo cativos já no ano de 1203. Por essa data Pedro Nolasco já tinha mais de vinte anos.

Maior de idade, Pedro Nolasco pode tocar à frente o trabalho de seu pai como comerciante ou mercador. Será essa mesma profissão que permitirá a Pedro Nolasco o contato com outras culturas e com os cristãos cativos. É a partir do contato, da experiência concreta com os cativos que Pedro Nolasco sente que o Evangelho deve se tornar carne em suas carnes. Ele tem contato com os cristãos que, por causa da fé em Cristo Jesus, estavam aprisionados. Nolasco compartilhava com os cativos uma coisa: a mesma fé. E é justamente por causa da fé (para que os cativos não perdessem a fé) que Pedro Nolasco se sentirá impulsionado a fazer alguma coisa por eles. A única forma de conseguir a libertação desses cristãos cativos era comprando-os.

Assim, Pedro Nolasco faz: compra os cristãos que estavam no cativeiro por causa da fé para poder conceder-lhes a liberdade. Neste primeiro momento Pedro Nolasco e seus companheiros redimiam os cativos com suas próprias economias e seguirá fazendo esta bela obra, ou podemos dizer, fortalecendo suas convicções interiores durante quinze anos. São esses primeiros quinze anos que darão a força necessária para a frondosa árvore de Nolasco continuar vigorosa e desempenhando sua missão dentro da Igreja.

A vida de Pedro Nolasco mudou completamente desde o momento em que ele tomou contato com os cristãos cativos. Foi justamente este fato que proporcionou a fundação da Ordem no ano de 1218.

Contam nossas histórias mais antigas que, na noite do dia primeiro de agosto, Pedro Nolasco estava inquieto e, angustiado, elevava suas orações a Deus. Fazia quinze anos que ele tinha tido contato com o primeiro cristão cativo que havia tocado o seu coração. Desde aquele instante ele sentiu a necessidade de fazer alguma coisa para com os cativos, para poder libertá-los.

Quinze anos haviam passado desde que ele tinha feito a primeira redenção e, agora, com o peso do tempo às costas e a certeza crescente de que seu trabalho era muito necessário para a sociedade e para a Igreja estava angustiado porque suas forças econômicas já se tinham esgotado. Naquela noite do dia primeiro de agosto, quando rezava e pedia ajuda para saber lidar com essa situação, Pedro Nolasco foi tocado por Maria.

Ela, que no princípio tinha sido convidada pelo anjo Gabriel para a missão de ser a mãe do Salvador, agora se faz mensageira de Deus e traz a Pedro Nolasco o convite de Deus para uma bela missão: libertar os cristãos cativos transformando o seu trabalho numa Ordem Religiosa. Costumamos colocar na boca de Maria as palavras que se encontram no prólogo das Constituições Amerianas: “O Pai e o Filho e o Espírito Santo, em cujas obras não há divisão, por sua misericórdia e por sua grande piedade, decretaram fundar e estabelecer esta Ordem, chamada ‘Ordem da Virgem Maria das Mercês da Redenção dos Cativos de Santa Eulália de Barcelona’ e para executar este decreto constituíram como seu servidor, mensageiro, fundador e promotor a frei Pedro Nolasco”.

Pedro Nolasco recebe esta missão na noite do dia primeiro de agosto de 1218 e, poucos dias depois, já está tudo encaminhado e se procede à celebração de fundação da Ordem. Tal fato teve a presença do Rei (Jaime I de Aragão) e do Bispo (Berenguer de Palau). Este presenteou a Ordem recém-fundada com a cruz da catedral de Barcelona. Aquele presenteou a Ordem com o brasão de armas da Coroa de Aragão. É a partir destes dois presentes que Pedro Nolasco pôde fazer o escudo mercedário.

As Constituições Amerianas são claras no que se refere ao trabalho que a Ordem deve desenvolver: “trabalhem – os frades – de bom coração e de boa vontade em visitar e libertar os cristãos que estão em cativeiro, e em poder dos sarracenos ou de outros inimigos de nossa fé.” Não é de qualquer forma que os Mercedários devem trabalhar, mas sim como Cristo Jesus que – continuam as Constituições – “… agindo com caridade verdadeira” […] “vindo a este mundo, tomando carne da Gloriosa Virgem Santa Maria, existindo como verdadeiro Deus e verdadeiro homem em uma só pessoa e sofrendo por nós morte e paixão, visitou – pois sempre visita seus amigos – e libertou aos que estavam no inferno.”

A este trabalho, Pedro Nolasco foi chamado: visitar e libertar, como Cristo que sempre visita seus amigos libertando-os das situações difíceis da vida.

A caridade que Pedro Nolasco fazia antes do ano 1218 agora se tornou uma caridade heroica porque por meio dela ele quer configurar-se com Cristo Jesus. Ele quer visitar como Jesus visita; ele quer libertar como Jesus liberta. Sim, até ao ponto de dar a própria vida, como Jesus deu a sua própria vida por nossa liberdade. Até aí queria chegar Pedro Nolasco; até aí deve chegar o Mercedário. Agir caritativamente até ao ponto de entregar a própria vida lembrando o que Jesus nos diz no Evangelho: “quem se apega à sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo conserva-la-á para a vida eterna.” (Jo 12,25)

Foi assim, confiando na Providência Divina, que Pedro Nolasco se arriscou, porque não queria ficar sozinho, porque não podia apegar à sua própria vida, porque sentia que deveria fazer algo – e muito – pelos cristãos que estavam em perigo de perder a fé, pois “cada vez que fizeste algo ao menor dos meus irmãos, foi a mim que o fizeste” disse Jesus (cf. Mt 25).

Os portugueses encontravam-se na província do Maranhão, sem sacerdotes, nem assistência religiosa, a causa do bloqueio que lhe submeteram os holandeses em guerra contra a Espanha, a cuja coroa pertencia então o Brasil. Para remediar essa situação resolveram organizar uma expedição comandada pelo capitão Pedro Teixeira, que fosse ao Equador em busca de sacerdotes. O certo é que comandada por Teixeira, partiu a expedição que, remontando as águas do Amazonas devia atingir a governadoria de Quito. Em Quito saíram ao encontro dos expedicionários as autoridades civis, religiosas e militares que receberam com grande júbilo e honraram com enfáticos festejos e grande regozijo popular. Ali permaneceram até fevereiro de 1639.

Durante a sua estada em Quito, o capitão lusitano pôde observar, como informa a Notícia, a grande veneração de que era objeto naquele Novo Mundo a Ordem de N. Sra. das Mercês. Dirigiu-se, então, com respeitosa súplica ao Bispo de Quito, Fr. Pedro de Oviedo, pedindo-lhe sacerdotes; e ao Pe. Provincial dos Mercedários, Frei Francisco Muñoz Baena, rogando-lhe se dignasse fundar um Convento em Belém do Grão- Para. Com tal objetivo prometia dar aos religiosos “solar para o Convento, terras de lavor de todo gênero e gado para sustentar a fundação”

O Pe. Provincial elogiou, reconhecido, o zelo nobre do capitão e assentiu presto, aquela solicitude, designando para realizar a primeira fundação mercedária no Brasil, quatros religiosos, dois dos quais, irmãos leigos e os outros dois, sacerdotes: o Pe. Alonso de Armijo e o Pe. Pedro de la Rúa Cirne. A eles se juntaram, no caminho, outros dois padres mercedários, um deles espanhol, de nome Frei Juan Carrasco, que logo aparecerá nas eventualidades do Convento de Belém com o nome de Frei João das Mercês. Os religiosos traziam de Quito os ornamentos sagrados, cruzes de prata, imagens e outros objetos do culto. O Pe. Rúa, chegado a Belém, a 12 de dezembro de 1639, de imediato meteu ombros à obra da fundação e com as generosas doações do cavalheiro cristão Mateo Cabral pode, já em março de 1640, abrir em Belém, o primeiro convento mercedário do Brasil. A Igreja das Mercês de Belém “reuniu preciosos trabalhos de talha, telas de valor artístico e alfaias preciosas”. Ao seu lado cresceu o Convento, que chegou a ser o mais importante e gracioso da cidade.

Dom Otaviano, atendendo solicitação da Santa Sé, convidou os Padres Capuchinhos e a Congregação do Imaculado Coração de Maria, por já terem atuado, como missionários, no sul do Piauí. Por vários motivos, as respostas a este convite foram negativas. Em Roma, os Mercedários celebravam o Capítulo Geral e na ocasião foi eleito Mestre Geral o padre Inocêncio López Santamaría, amigo íntimo do Santo Padre Bento XV, terciário mercedário. Numa conversa particular, o padre Geral da Ordem pediu ao Papa para abrir uma missão na China. Então o Santo Padre expôs a dificuldade de encontrar missionários para o sul do Piauí, para a nova Prelazia. O padre Geral entendeu o convite e consultou os capitulares ainda em Roma.

Depois de regressar a Madri, em 12 de julho de 1921, o padre Inocêncio López comunicou à Santa Sé que aceita a proposta da Prelazia de Bom Jesus do Gurguéia e indica para Administrador Apostólico o padre Pedro Pascual Miguel Martinez, da Província de Castela, no momento, provincial do México. Num manuscrito, dom Inocêncio relata o que o Papa disse a dom Pedro Pascual: “O Senhor pensava morrer no México, mas vai ser no Brasil”. Não foi nem no México nem no Brasil, pois faleceu na Espanha.

O padre Pedro Pascual Miguel Martinez, depois de receber as instruções do Papa Bento XV e as normas do Geral da Ordem Mercedária, empreendeu viagem para o Brasil. Passando pela Espanha, a ele se juntou o jovem entusiasta padre Francisco Freiria, também da Província de Castela. De passagem pelo Rio de Janeiro, se apresentam ao Núncio Apostólico, dom Henrique Gasparri e se dirigem ao Nordeste.

Instalou-se em São Raimundo Nonato, em julho de 1922, depois de longa e penosa viagem.

Dom Pedro nasceu em 1870, na Província de Burgos, na Espanha. Em 1887 ingressou na Ordem Mercedária, ordenando-se sacerdote cinco anos depois. Tendo exercido o cargo de Superior em algumas casas da Província de Castela, na Espanha, foi destinado ao México para restaurar aquelas comunidades mercedárias. Tinha 51 anos quando recebeu a missão de administrar a Prelazia de Bom Jesus do Gurguéia. Trouxe como secretário o padre Francisco Freiria Mallo. Os dois partiram da Espanha, em meados de janeiro de 1922, com destino ao Rio de Janeiro, a fim de se encontrarem com o Núncio Apostólico, dom Henrique Gasparri. De lá, se dirigem para o Nordeste num navio do Loide Nacional, desembarcando em Tutóia, no delta do Parnaíba.

A viagem do Rio de Janeiro para São Raimundo Nonato foi uma odisséia tanto pela demora, como pelos sofrimentos, devido aos transportes. Depois de navio a vapor pelo rio Parnaíba, e de burro, a partir de Floriano, onde aguardava os missionários, o vigário de São Raimundo Nonato, padre Marcos Francisco de Carvalho. O trajeto de 380 quilômetros de Floriano a São Raimundo Nonato foi feito em 25 dias. O padre Pedro dá o nome a esta viagem de “calvário verdadeiro”.

Durante a ausência de dom Pedro, e após a sua morte, ficou como Administrador Apostólico o padre Mariano Ferrer, que também teve que viajar para a Espanha, ficando o padre Francisco Freiria Mallo como suplente.

No dia 10 de novembro de 1926 a Santa Sé preenche sede vacante com a nomeação do segundo bispo da Prelazia, dom Ramón Vicente Hárrison Abello, com o título de Podália. Nascido em Concepción, Chile, a 27 de fevereiro de 1887, foi sagrado bispo em Santiago do Chile a primeiro de maio de 1927, e tomou posse no dia 2 de outubro do mesmo ano. Nem mesmo chegou a conhecer a sede da Prelazia, pois, enfermo retirou-se para sua terra. Faleceu em Concepción, Chile, no dia 9 de agosto de 1949.

Com a renúncia de dom Hárrison fica novamente vacante a Prelazia. Quem assumiu a administração, de 1926 até 1930, foi o padre Pedro Mercedes Sánchez, mercedário peruano.

No dia 31 de agosto de 1930 era ordenado bispo como terceiro bispo Prelado, dom Inocêncio López Santamaría, com o título de Trebenna. Devido à situação política da época, não podia entrar no País. Porém, a influência do Senhor Cardeal do Rio de Janeiro, dom Leme, facilitou a sua vinda para o Brasil, chegando aqui em princípio de 1931 e tomando posse em São Raimundo Nonato no dia 18 de fevereiro do mesmo ano.

Dom Inocêncio nasceu na Espanha, na pequena cidade de Sotovellanos, Burgos, a 28 de dezembro de 1874. Ocupou todos os escalões da hierarquia na Ordem de Nossa Senhora das Mercês. E sendo Mestre Geral, em Roma, intermediou a vinda dos mercedários para a missão do Piauí.

Durante 27 anos de pastoreio nesta Prelazia a ele encomendada, trabalhou com todo o zelo apostólico nas frequentes visitas a todas as paróquias da Prelazia, sem medir esforço. Uma das grandes preocupações deste santo bispo foi a formação do clero autóctone, ordenando figuras de relevo como nossos saudosos padres Nestor Dias Lima, padre Sólon Pinto de Aragão, padre Raimundo Dias Negreiros, e o Padre Raimundo Araújo (padre Dico), todos de feliz recordação. Ordenou ainda o padre Manoel Lira Parente, que hoje reside na cidade que leva o nome deste digníssimo bispo.

Dom Inocêncio foi o grande motivador e impulsionador da fundação da Congregação das Irmãs Mercedárias Missionárias do Brasil, fundada em primeiro de agosto de 1938 pela Madre Lúcia Etchepare, sob a proteção de Santa Teresinha do Menino Jesus e de São Raimundo Nonato. Num Livro de Memória, disse textualmente: “… estas religiosas têm sido para nós uma bênção do céu, pois desde aquele ano muitas jovens já se formaram em suas casas “.

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Dom Inocêncio deu grande incentivo à educação e apoiou a criação do Ginásio em São Raimundo, que depois receberia seu nome e que foi um marco na cultura da região.  Já muito cansado dos trabalhos apostólicos, Roma concedeu-lhe um auxiliar na pessoa de Dom José Vázquez Díaz. Dom Inocêncio faleceu santamente no Hospital Espanhol de Salvador, Bahia, no dia 9 de março de 1958 e foi sepultado na Catedral de São Raimundo Nonato.

Dom José nasceu na pequena cidade de Chavaga, Província de Lugo, Espanha, no dia 20 de novembro de 1913. Ocupou diversos cargos na Província mercedária de Castela e foi ordenado bispo auxiliar de Dom Inocêncio no dia 9 de setembro de 1956 com o título de Usula. O padre Carlos Martinez Esteban foi delegado para tomar posse na Catedral de São Raimundo, pois o bispo eleito estava de viagem a Porto Rico, atrás de recursos para organizar a Prelazia, como assim o fez na Festa da Imaculada Conceição, dia 8 de dezembro de 1956.

Dom José chegou a São Raimundo Nonato no mês de março, impondo a condição de morar na sede da Prelazia, Bom Jesus do Gurguéia. Concedida a autorização, transferiu-se para a dita cidade e, com o falecimento de dom Inocêncio, o sucede como quarto Prelado. Transferiu definitivamente para Bom Jesus a sede da Prelazia no ano 1958.

Dom José, vendo as realidades contrastantes destes dois lugares, sente a necessidade de requerer de Roma a divisão da Prelazia em duas. É o lema da estratégia romana “divide e vencerás”. E no dia 5 de janeiro de 1959 escreve uma carta à Sagrada Congregação Consistorial do Vaticano expondo todas as razões para que se efetue a divisão. Convencida a Santa Sé, decide-se pela divisão, autorizando-a pela Bula Papal de João XXIII “CUM VENERABILIS”, de 17 de dezembro de 1960.

Efetuou-se a divisão com a leitura da Bula na Catedral de São Raimundo Nonato numa celebração solene, perante as autoridades: dom Armando Lombardi, representado pelo Senhor Arcebispo de Teresina, Dom Avelar Brandão Vilela, e os bispos do Piauí, dom Edilberto Dinkeiborg, bispo de Oeiras, e dom José Vázquez Díaz, bispo da outra prelazia, no dia 19 de dezembro de 1961. Assistiram a este evento grande número de fiéis.

Os Religiosos Capitulares decidiram que a celebração das festas de instituição da nova Província fosse feita em julho, conforme programado, para coincidir com os 85 anos da chegada dos Mercedários ao Piaui. A data escolhida foi de 19-21 de julho de 2007, na nova sede da Província, Brasília- DF. O evento foi enriquecido com maravilhosos pronunciamentos, palestras, celebrações eucarísticas, apresentações culturais, marcando de forma bela e significativa, o Acontecimento. Esse evento contou com a gratificante e fraterna presença dos Senhores Bispos: Dom José Freire Cardeal Falcão, Arcebispo Emérito de Brasília- DF, Dom Geraldo Cardeal Majella, Arcebispo de Salvador- BA e Presidente da CNBB, Dom Frei Cândido Lorenzo Gonzaléz, O.de M. Bispo Emérito de São Raimundo Nonato- PI e Dom Frei Ramón Lopéz Carrozas, O. de M. Bispo de Bom Jesus do Gurguéia- PI. E do mestre Geral, Padre Fr. Giovannino Tolu e os seguintes Provinciais: Frei Florêncio Roselló, provincial de Aragão- Espanha; Frei Justo Linaje, provincial de Castela- Espanha; Frei Juan Carlos Saavedra, provincial do Peru; Frei Edgardo Arriagada, provincial do Chile; Frei Carlos Gomes, provincial da Argentina; Frei Salvatore Bonu, provincial da Itália; Frei Joel Tapia, provincial de Quito-Equador; Frei Alfredo Quintero, provincial do México e os Vicários Provinciais: Frei Francisco Gargallo, vicário da Venezuela; Frei Gustavo Sánchez, Vicário de Centro- América; Frei José Maria Reyes Garcia, Vicário de Porto Rico e Frei Richard Rash, vicário dos Estados Unidos e as Religiosas Mercedárias: Da caridade, Irmã Maria das Graças e as Missionárias do Brasil, as irmãs: Maria de Fátima Neri, Ivone Bittencourt, Maria das Dores Leite da Silva e Maria do Socorro Miranda. Estavam também os formandos de toda Província e caravanas de todas as nossas comunidades (São Raimundo-PI, Corrente-PI, Ramos-RJ, Guadalupe-RJ, São Paulo-SP, Salvador-BA, Brasília-DF e Bom Sucesso-MG). Este momento é sem dúvida alguma, muito especial, não somente para os Mercedários, que trabalhamos no Brasil, como para toda Ordem Mercedária. Depois de tantos séculos, a Ordem cria mais uma Província na Igreja a serviço dos novos cativos. A criação da nova Província é resultado de muitas gerações que nos permitiram chegar até aqui. Foram dados passos significativos na estrutura do nosso Vicariato do Brasil: a expansão das casas, o aumento das vocações (isto é uma dádiva de Deus), os trabalhos sociais, o crescimento da família mercedária. O panorama da Província Mercedária do Brasil, instalada, apresenta-se satisfatório e esperançoso. Estende-se pelo Nordeste, Centro e Sudeste brasileiros com oito comunidades ubicadas nos Estados do Piauí, Bahia, Minas, São Paulo, Rio e Distrito Federal. Atende oito Paroquias, quatros casas de formação: aspirantado (Guadalupe- RJ), Postulantado (Brasília- DF), noviciado (Pituba-BA) e teologado (São Paulo). Administra Quatros Colégios no Rio de Janeiro, São Paulo e Corrente- PI.

E no campo social, várias creches em todas as suas comunidades. Conta com 32 religiosos sacerdotes, dos quais 14 espanhóis, 18 brasileiros, 2 diáconos, também brasileiros, 5 aspirantes, 16 postulantes na Filosofia, 6 noviços e 14 professos de votos simples no Teologado. Tem um bispo diocesano, em exercício nas missões e um emérito, em Salvador-BA. As associações Leigas Mercedárias (AlMs), substituído as anteriores Confrarias, promovem Congressos com a participação também dos religiosos e religiosas dos três ramos mercedários, atuantes no Brasil. Publica-se a Revista “Mercê” antes “Horizontes Mercedários”, como meio de divulgação e informação.

A Província Mercedária do Brasil, recebe como Patrono São Raimundo Nonato.

Dom Ramón López Carrozas, nasceu no dia 31 de agosto de 1937 em Sarria, Província de Lugo, na região da Galícia, Espanha pertence à Ordem de Nossa Senhora das Mercês, fez seus estudos filosóficos e teológicos no Mosteiro Mercedário de Poyo, Província de Pontevedra, Espanha. Sua ordenação Sacerdotal foi em abril de 1960 no Mosteiro Mercedário de Poyo.     

San Juan de Poyo é um mosteiro medieval beneditino ocupado pela comunidade dos mercedários até os dias atuais. Declarado Monumento Histórico-Artístico em 1970, o Mosteiro de San Juan de Poio é um dos mais altos expoentes da arquitetura da região, tanto por sua antiguidade quanto por seu excelente estado de conservação, bem como seu valor artístico.

Salamanca é a universidade mais antiga da Espanha e a quarta fundada na Europa, posterior somente às universidades de Bolonha, Oxford e Paris.

Pela Lei Provincial nº 101, de 22 de setembro de 1838, foi criado o Distrito de Bom Jesus do Gurguéia (BOM JESUS, 1999), que até então não constituía Paróquia, sendo sufragânea de Parnaguá, atendida por Recife e Olinda até 1845, e passando a ser atendida pelo Maranhão em 1901, quando foi constituída a Província Eclesiástica do Piauí com sede em Teresina.        Logo após, em 1839, por Decreto Imperial, passou a constituir Paróquia de Bom Jesus da Boa Sentença, dependente eclesiasticamente do Maranhão (RAPOSO, 2004). A solicitação para constituição da Paróquia teria sido feita em 1833 pelo Conselho Geral da Província do Piauí junto ao Governo Imperial de Lisboa, em Portugal. Em 1843 foram fixados os limites entre a nova freguesia e a freguesia de Nossa Senhora do Livramento de Parnaguá, de onde foi desmembrada. Dez anos mais tarde, a Jurisdição Paroquial de Bom Jesus contava com 4.186 habitantes.

Em 1845, a Freguesia do Senhor Bom Jesus do Gurguéia encontrava-se submetida à Comarca de Parnaguá e esta, ao Bispado do Maranhão. A passagem da condição de povoado à categoria de Vila ocorreu em 20 de dezembro de 1855, pela Resolução nº 39763, que levou “a cathegoria de Villas as povoações dos Picos da Comarca de Oeiras, e do Senhor Bom Jesus da Guargueia [sic] da de Parnaguá, conservando as mesmas denominações”. Nestes termos, a instalação da vila se deu em 25 de março de 1858, com os mesmos limites da Freguesia do Senhor Dentro de uma província eclesiástica, o bispo titular da sede principal é arcebispo metropolitano; os demais são bispos sufragâneos.

Neste mesmo período, foi confirmado o título de Paróquia com o nome de “Vila de Bom Jesus do Gurguéia”, extinta em 1902 e restaurada e 19 de julho de 1908, pela Lei nº 458 (RAPOSO, 2004). No ano de 1855, registra-se o número da população totalizada em 4.268 habitantes, sendo 3.982 habitantes referentes à população livre e 286, à população escrava (BOM JESUS, 1999). Vivia-se a “época do Padroado” quando as decisões da Igreja dependiam diretamente do governo central. Naquele contexto, em 1901, pela Bula “Supraemum Catholicum Ecclesiam”, foi criada a Província Eclesiástica do Piauí, separando-se da Província do Maranhão, por solicitação do Dom Frei Luís da Conceição Saraiva64.

Em 1920, Papa Bento XV, pela Bula Ecclesiae Universae cria a nova Prelazia de Bom Jesus do Gurguéia, subordinada à Eclesiástica do Maranhão e entregue à Ordem de Nossa Senhora das Mercês ou Mercedários. Em 1923, a Paróquia de Bom Jesus possuía 700 léguas quadradas. Além do senhor Nicolau, outro personagem histórico que compõe o imaginário da religiosidade de Bom Jesus é o senhor João Batista de Freitas, nascido em Jerumenha66 e que, ao chegar a Bom Jesus, no ano de 1906, construiu uma Capela para festejar o santo São João Batista. Esta capela atualmente é considerada uma relíquia histórica da cidade e foi restaurada por iniciativa do secretário de Estado da Cultura, Fábio Novo.

No ano de 1938, conforme Veiga, na vigência do Estado Novo, pelo Decreto Lei nº 311, todas as sedes municipais existentes no Brasil foram elevadas à categoria de cidade, definição até hoje em vigência. Até este período, as unidades territoriais não obedeciam a nenhum dispositivo legal pelo simples fato de inexistirem. Assim, à condição de vila ou cidade eram elevadas as sedes de freguesias, unidade territorial mais antiga no Brasil, ou ainda, podiam constituir-se vilas ou cidades quaisquer aglomerados humanos sem que anteriormente fossem consideradas freguesias, sem observância de qualquer norma. Foi justamente nesse ano, 1938, que no dia 15 de dezembro a Vila de Bom Jesus do Gurguéia é elevada à categoria de Cidade pelo Decreto Estadual nº 147, com a denominação atual, Bom Jesus, porém, apenas instalada em 1939.

Como cidade originada do período oitocentista, Bom Jesus tem sua evolução atrelada à sequência: “fazenda, povoado, construção quase sempre de uma pequena capela, sagração a um santo, transformação do núcleo em freguesia, vila e finalmente cidade” (NUNES; ABREU, 1995, p. 93), obedecendo à maior parte dos casos das cidades do Piauí instituídas neste período. A influência da Igreja Católica no processo de formação do município remonta à colonização do território, num processo que basicamente se constituiu na espoliação, aculturação, e extermínio indígena até à imposição de valores e comportamentos diversos das sociedades primitivas locais, conjugados ao comando português para a consolidação do seu domínio na área. Na perspectiva de desenraizamento e dominação, a desterritorialização aparece então como ferramenta para a compreensão dos fatos pretéritos e reaparece depois em um outro contexto, orientada por novos atores, que impõem uma nova necessidade de 109 modernização para aquela área.

A partir da segunda metade do século XX, chega a Bom Jesus o Bispo Dom José, em 1957, tido como um personagem relevante por haver contribuído para o crescimento do sul do estado do Piauí, e em especial para o município (BNB, 1998). Raposo (2004), faz referência ao Bispo descrevendo sua influência no crescimento social e religioso tanto da cidade quanto da Paróquia de Bom Jesus da Boa Sentença. Este clérigo dedicou atenção especial à educação, pois se preocupou em instalar redes de ensino em toda a paróquia. Dentre as suas principais ações no município está o desvio da BR-135 para dentro da cidade, que passou a integrar a malha viária urbana. Ergueu e consagrou a nova catedral, a Catedral de Nossa Senhora das Mercês.

No ano de 1989, aposenta-se, sendo substituído por Dom Ramón López Carrozas, vindo a falecer em 1998, na residência mercedária em Brasília. Os mercedários saem de Bom Jesus em 1998, após 41 anos de trabalho, motivados pela ausência de missionários que já não eram mais enviados a outros países, o que refletiu no Brasil. Segundo Pe. Raposo, tudo isso foi consequência da crise pós-Concílio de Roma ocorrido no período de 1962 a 1965. Em 1998 foram retirados os últimos mercedários do município (RAPOSO, 2004). A Ordem Mercedária, desejando ampliar a sua presença no Brasil, tendo em vista que já possuía algumas missões no Piauí, estimula a fundação de conventos e paróquias em cidades maiores ao enviar alguns padres.

O padre Ramón chegou ao Brasil em 03 de fevereiro de 1967, chegou em Bom Jesus com os padres Alfredo e Criostóbal, no dia 03 de março de 1967, veio para integrar a casa mercedária de Corrente, mas o bispo de Bom Jesus, Dom José Vázquez Díaz, percebendo a sua competência e formação educacional, o destinou a Bom Jesus em 1969, para cuidar do Seminário Diocesano. Em 20/05/1969 foi nomeado Vigário Cooperador. Trabalhou no Piauí, na evangelização e na Educação nos anos de 1967 a 1972. Pároco e supervisor no Rio de Janeiro, Paróquia de Nossa Senhora das Mercês nos anos 1972 a1979.

Eleito bispo Auxiliar da Prelazia de Bom Jesus do Gurgueia em 26 abril de 1979.

Dom Ramón foi então escolhido pelo Papa João Paulo II para ser o sucessor de Dom José Vázquez Díaz na Diocese de Bom Jesus-PI.

Atuou como Bispo Auxiliar na Diocese de Bom Jesus de 1979 a 1989 (10 anos), toma posse como bispo Titular da Diocese de Bom Jesus – PI em 09 de março de 1989 permaneceu até a 2014 (25 anos). O brasão de Dom Ramón tinha como Lema Episcopal: “Servire Non Serviri” (servir e não ser servido).

Dom Ramón López Carrozas deu um impulso a Diocese nas Pastorais, promovendo reuniões e encontros de leigos e padres, grandes celebrações nas datas mais destacadas da Diocese. Hoje são 22 Paróquias todas providas de Párocos.

Ramón López Carrozas foi o único bispo até hoje com origem da cidade de Sarria, Espanha, entrou para o convento das Mercês com apenas 11 anos, embora com oito anos ele tenha dito: "Eu queria ser um bispo". No mosteiro de Sarria, ele celebrou sua primeira missa como sacerdote em 1960 e, sete anos depois, mudou-se para o Brasil. Seu destino era o Piauí, um estado nordestino no qual os padres mercedários têm uma missão desde a década de 1920.

Em 1979, ele foi um dos primeiros bispos ordenados pelo Papa João Paulo II durante um ato na Basílica de São Pedro. Ele serviu como bispo de Bom Jesus do Gurguéia entre 1989 e 2014, embora os dez anos anteriores tenha sido como bispo auxiliar. Em 2014, ele renunciou por razões de idade, embora ele continuasse como bispo emérito.

Apesar de estar a milhares de quilômetros de sua terra natal, Ramón López Carrozas, quinto bispo da diocese de Bom Jesus do Gurguéia, retornou a ela de férias.

Naquele mesmo ano, a assembleia local da Cruz Vermelha de Sarria prestou uma homenagem a ele para reconhecer "o importante trabalho social e humanitário" que ele desenvolveu no Piauí. Cerca de 350 pessoas acompanharam o bispo naquele tributo.

Obras que estiveram na responsabilidade de Dom Ramón como bispo auxiliar de Dom José Vázquez Díaz, dentre elas podemos destacar o acabamento geral das obras do Centro Diocesano São Pedro Nolasco iniciado em maio de 1987, construção de um grupo escolar na cidade de Avelino Lopes tendo iniciado em 08 de janeiro de 1988 e a capela no Povoado Cruz, município de Avelino Lopes iniciada em 26 de maio de 1988.

Obras de Dom Ramón como bispo titular da Diocese de Bom Jesus, igreja na cidade de Santa Luz tendo o início em 16 de março de 1989 com a ajuda dos padres Fernando Cascón Raposo e Simão Alves Bezerra Neto. Construção da residência das freiras, reforma da igreja matriz e a construção de uma capela no Bairro X na cidade de Parnaguá. Construção de uma capela no Povoado Cajazeiras, município de Santa Luz com início em agosto de 1991 com a administração do padre Fernando Cascón Raposo. Construção da casa paroquial na cidade de Santa Filomena com início em agosto de 1991 com a administração do padre Fernando Cascón Raposo, restauração da igreja matriz de Santa Filomena tendo o início em 20 de setembro de 1993 com a administração do Padre José Dutra Baião. Construção de uma capela no Povoado Matas com início em 20 de janeiro de 1994 com a administração do Padre José Dutra Baião. Construção da casa paroquial da cidade de Cristino Castro com início em 18 de abril de 1995 com a administração do padre Isaias. Construção da casa paroquial da cidade de Riacho Frio com início em 12 de junho de 2004.    

Em 2013, a catedral passou por uma reforma muito importante, pois além mantê-la preservada, deixou-a ainda mais bonita. Essa reforma foi uma iniciativa do deputado estadual Fábio Núñez Novo, que encomendou e doou o mármore bede bahia para que toda a fachada da igreja fosse revestida. Todo projeto e a obra foram acompanhados pelo arquiteto brasiliense Alex Ricardo de Freitas Rosa. E depois de 65 dias de intenso trabalho, a nova fachada foi inaugurada com imensa satisfação, no dia 30 de setembro, pelo saudoso bispo Dom Ramón López Carrozas junto com os fiéis.

Cerca de duas mil pessoas foram prestigiar esse momento. A nova fachada da Catedral de Nossa Senhora das Mercês que recebeu, também, uma iluminação especial led. O evento contou com a apresentação da Orquestra Sinfônica de Teresina, do humorista João Cláudio Moreno e a cantata Gonzaguiana.

O público presente se emocionou com o show, especialmente quando a soprano Fátima Brasil soltou a voz ao cantar Asa Branca em homenagem ao centenário de Luiz Gonzaga.

Padre José Marcos Gomes Delmondes o define da seguinte forma: “de fato ele era um pai, não só para os seminaristas, mas para os padres, o carinho que tinha com os seminaristas e padres se importava com as coisas da igreja cobrava seriedade”.

Padre Jucélio de Carvalho Alves: “chegando em Bom Jesus para entrar no seminário me acolheu com muito carinho, com muito amor”. O padre relata que quando seminarista e tendo ficado de recuperação no primeiro ano do ensino médio foi confortado por Dom Ramón “não se preocupe rapaz se os outros conseguiram você também vai conseguir”.

Padre Thailson Guerra Dantas: “Quando pedi um tempo do seminário para refletir um pouco sobra a vocação liguei para Dom Ramón dizendo que queria passar um tempo fora, mas que depois voltava, ele disse, mas rapaz você é um bom seminarista vai ser um padre, a igreja precisa de você, não saia não, respondi que saia, mas depois voltava. Um ano depois volto a falar com ele, Dom Ramón diz continue firme e não desista da sua vocação e vais ser um bom padre, deu certo e graças a Dom Ramón hoje sou padre”.

Padre Domingos Cardoso de Oliveira: “Homem de fé, homem de Deus e de convicção eterna, mercedário autêntico, deixa para todos nós da diocese de Bom Jesus um legado inestimável. Conheci Dom Ramón no ano em que ele foi nomeado bispo auxiliar em 1979. Sempre enérgico e dinâmico, encarnou a missão com muito afinco de redimir esse povo sofrido e excluído do extremo sul do Piauí, através da dedicação e serviço como missionário do Cristo Jesus. Na diocese trabalhou como reitor do seminário Padre Zumel quando o então bispo era Dom José Vázquez Díaz, foi professor no Ginásio Odilon Parente da diocese de Bom Jesus conhecido como padre Carrozas na Paróquia de Corrente e atendia no município de Cristalândia.

Assumiu como Bispo titular da Diocese de Bom Jesus – PI em 09 de março de 1989 permaneceu até a 2014. Impulsionou a diocese principalmente as estruturas físicas que a mesma tinha. Deu-se início com ele a criação, organização e funcionamento buscando sempre estar em sintonia com a evolução e caminhada da igreja no Brasil. Implantou a pastoral de conjunto. Tudo isso, dentro de um contexto dificílimo, grandes desafios geográficos, poucos recursos econômicos e humanos, clero reduzido e outros desafios, como bispo titular teve que fazer um pouco de tudo, motorista, catequista, reitor do seminário menor, coordenador da pastoral, administrador, dirigente do canto litúrgico, escritor exímio, dispensador dos sacramentos – principalmente da crisma. Então dava-se aí o início de uma nova história de muito amor e dedicação à diocese de Bom Jesus, com zelo especial pelas vocações. Dom Ramón passou por duríssimas penas, para criar clero novo, plenamente nativo, deixando todos os municípios da diocese, com um padre, casa paroquial, centro comunitário de pastoral. Encontrou a diocese com seis padres e deixou com mais de 25. Tinha uma devoção profunda a nossa senhora das Mercês e um amor grandioso a ordem mercedária, exatamente porque sem ela a nossa história seria outra. Este foi o Dom Ramón López Carrozas”.

        O bispo Dom Ramón recebeu o título de cidadão piauiense em 29/04/1982, na Assembleia Legislativa do Estado do Piauí (Lei 3838 DOE Nº 83, publicação 05/05/1982).

“O tempo da quaresma é um tempo de renovação espiritual, tempo de renovar-se, tempo de assim como uma máquina, o ser humano dar uma parada e reajustar sua vida. Também com o tema da Campanha da Fraternidade somos convidados a refletirmos que não podemos servir a Deus e ao mundo, ao mesmo tempo, servir a Deus e ao dinheiro. Não podemos colocar nossos interesses pessoais acima dos interesses de Deus, não podemos colocar o dinheiro acima de Deus, pois tudo o que aqui construirmos, possuirmos e adquirirmos se tornará pó, nada se aproveitará. Somos convidados também além do jejum prescrito pela Igreja, a realizarmos toda sexta-feira uma obra de caridade aos que mais precisam”.

Trecho da homília de Dom Ramón na Missa de Quarta-feira de Cinzas, na Catedral de Nossa Senhora das Mercês de Bom Jesus dia 17/02/2010.

A versão do SALIPI se espalhou pelo interior do estado, onde versões regionais do evento nos municípios de Picos, Bom Jesus e Valença.

Foi grande o número de visitantes que compareceu ao campus da UFPI em Bom Jesus para prestigiar o primeiro dia do SALIBOM, surpreendendo até a própria organização do Salão. Ao se dirigir ao público, o Pró-Reitor de Extensão declarou o apoio da Universidade na realização do Salão do Livro não só em Teresina e em Bom Jesus, mas também em todos os campi.

“Nós apoiamos não só a difusão do hábito da leitura, com eventos como esse que abrem janelas do saber e da busca pelo conhecimento em milhares de pessoas; mas também a UFPI apoia a publicação de livros e a descoberta de novos autores com a EDUFPI, que comemora mais de quinhentos livros lançados”, afirmou o Pró-Reitor, estendendo a todos o convite para visitarem o stand da EDUFPI, que trouxe os lançamentos mais recentes para apresentar à região.

O diretor do Campus da UFPI de Bom Jesus, Stélio Bezerra, disse estar lisonjeado ao sediar o SALIBOM no campus, com envolvimento de servidores, estudantes e da comunidade em geral do município num processo de semear o conhecimento por meio da leitura.

“Muito nos honra fazer parte do primeiro Salão do Livro de Bom Jesus, nesse momento tão especial para a UFPI de Bom Jesus, em que o campus Professora Cinobelina Elvas comemora dez anos. Estamos dando início à consolidação de um trabalho que envolve dedicação e renúncia por amor ao conhecimento, à pesquisa e ao desenvolvimento de uma região. Queremos compartilhar esse sentimento de realização com cada um que passar pelo SALIBOM e sabemos que entre essas crianças e jovens estão os futuros atores que darão continuidade ao trabalho iniciado por nós”, agradecendo a presença de todos e desejando uma boa leitura desse evento.

Crianças de escolas das redes municipal e estadual de Bom Jesus vão ter um motivo a mais para frequentar o SALIBOM. Ao todo, três mil e setecentas delas receberam o cheque-livro no valor de dez reais para adquirir obras durante o Salão. A ação faz parte de um projeto de incentivo a novos leitores da Secretaria Estadual de Educação.

O livro “Janelas bíblicas para a eternidade”, de autoria de Dom Ramón López Carrozas com o pseudônimo DAYMON, lançado pela editora Nova Aliança em 2009 contém 166 páginas e aborda a escatologia, vida, morte e ressureição.

Na obra Dom Ramón se expressa “Nosso objetivo é refletir sobre as últimas e as primeiras realidades que o ser humano experimentará quando sair do tempo e mergulhar na eternidade; colocar em relevo a repercussão determinante do temporal sobre o eterno. São estes os temas do tratado teológico chamado Escatologia, tratado das Últimas Coisas, e que antigamente recebia o nome de tratado dos Novíssimos (As últimas coisas são as mais novas).

Pressupomos quatro balizas ou princípios gerais que nortearão o trabalho. Eles, além de dar firmeza e unidade ao discurso, indicarão “a altura e a profundidade, a largura e o comprimento” (Ef 3,18) de nossas reflexões. São inquestionáveis dentro de uma abrangente e legítima perspectiva bíblica, embora muitos fatos permaneçam sem uma explicação óbvia ou se prestem a diferentes interpretações”.

Dom Ramón escreveu sobre a ressurreição “se Cristo ressuscitou dos mortos... também nós ressuscitaremos” (1Cor 15, 12-20). “Desfeito este corpo mortal nos é dado nos Céus um corpo imperecível” (Tradução livre de 2Cor 5,1).

“Entre todas as tradições religiosas da humanidade, o cristianismo é a única que prega a verdade da RESSURREIÇÃO DO CORPO. Ninguém ousou afirmar algo de concreto sobre a continuidade da existência do corpo humano depois do seu sepultamento, seja em terra, em mausoléus ou transformado em cinzas. Porém o cristianismo coloca como uma das verdades fundamentais de seu Credo que o seu fundador, Jesus Cristo, ressuscitou; e que toda a humanidade ressuscitará pelo poder d’Ele. A Bíblia o destaca enfaticamente: “Se Cristo não ressuscitou, nossa fé não tem fundamento... e se nós não ressuscitamos, Cristo também não ressuscitou... ainda estamos nos nossos pecados” (1Cor 15, 12-20). Nesta última hipótese, a morte seria ainda hoje a Rainha do mundo: teria vencido o próprio Cristo. A Redenção, a Salvação ocorreria só pela metade, atingindo somente o espírito. Mas não foi bem assim. São Paulo exclama: “Graças sejam dadas a Deus Pai que nos dá a vitória por Jesus Cristo: a morte foi tragada pela vitória; onde está, ó morte, a tua vitória?” (1 Cor 15,55).

A ressureição de Jesus Cristo, por mais inverossímil que possa parecer, é uma verdade plenamente demonstrada, quando se estuda o assunto em profundidade e sem prejulgamentos. É um fato histórico, com abundantes provas positivas que satisfazem a qualquer juízo imparcial. Portanto, Cristo, é um ser único na história humana. Existem muitos fundadores de religiões, grandes místicos, extraordinários homens religiosos que deram origem a movimentos espirituais extremamente valiosos e proferiram discursos eticamente maravilhosos, parábolas belíssimas sobre o comportamento humano. Nestes aspectos, Cristo pode ser até superado por outros líderes. Não obstante, Cristo é único e ninguém se assemelha em poder e glória porque só ele venceu a morte; foi assassinado e ressuscitou... aconteceu exatamente como tinha predito em vida (Mc 9,31). Foi visto redivivo por seus discípulos várias vezes e em diversas circunstâncias (Mt 28, 16-20 / Mc 16, 9-19; Lc 24, 36-52; Jo 20, 11-29). Finalmente, antes de voltar para o céu, isto é, de se ocultar definitivamente da visão terrena de seus amigos, “reuniu-se com mais de quinhentas pessoas” (1Cor 15,6).

Consequentemente, Ele não pode ser comparado com nenhum outro ser histórico nem colocado como mais um na galeria dos grandes mestres da humanidade. É alguém que está acima de todos os parâmetros.

Estranho, realmente estranho, a pouca fé, a escassa informação e a quase nenhuma preocupação, ou simplesmente curiosidade, que nós cristãos temos sobre este fato fundamental e absolutamente extraordinário de nosso Credo. Por causa desta ignorância e falta de fé, estamos perdendo as alegrias mais profundas e gratificantes que se podem sentir no meio das angústias existenciais.

Qual o conteúdo da verdade da Ressurreição dos Corpos? Que realidade, ou realidades, queremos revelar quando afirmamos este fato?

Daremos apenas, agora, respostas objetivas, em parágrafos-compactos. Em outros capítulos desdobraremos os temas.

Primeiro. Existe uma continuidade entre a vida terrena e a eterna. Não haverá ruptura, como se tudo começasse novamente. A existência humana continuará com estas características e com outras que serão acrescentadas às que levaremos daqui. Assim foi com Cristo: Ele se apresentou aos apóstolos, depois de ressuscitado, com propriedades que lhe eram naturais antes de morrer e outras pertencentes ao novo estado de vida. Entre o corpo presente e o ressuscitado, haverá identidade substancial, similar corporeidade e, sobretudo, autêntica identidade pessoal: possuirei um corpo novo originado a partir das atividades realizadas com este. O corpo, “composto de carne e ossos e de outras partes da mesma classe” (Sto. Tomás, Suma contra Gent. 4, 84) é parte integrante do ser humano; e sempre existirá.

Segundo. Cristo ressuscitado encarna seu ser histórico, o seu próprio corpo com sinais concretos; assim também se dará com os unidos a Cristo. Na ressurreição terá lugar a recuperação plena e definitiva do homem: sua corporeidade, realidade e memória histórica, tanto individual como social. Experimentaremos, em outro nível, os fatos e detalhes desta vida; e conheceremos as possibilidades perdidas. Nada do que um dia foi, será aniquilado. Libertado das limitações do tempo e do espaço, tudo permanecerá pela eternidade, embora transformado. O corpo ressuscitado constituirá a eternização da vida humana em todas as suas dimensões.

Terceiro. Quando falamos em Ressurreição dos Mortos ou da Carne, queremos também dizer que a natureza, o mundo material, seres animados e inanimados, permanecerão para sempre. São Paulo escreve: “O mundo material foi arrastado pelo homem a este estado de corrupção... e está esperando ansiosamente pela redação do ser humano para também ser redimido” (Rom 8, 19-23).

Quarto. A Ressurreição dos Corpos permitirá estabelecer finalmente a justiça, tornando possível o juízo final, conclusivo, do ser humano, O prêmio ou castigo, que incidirá sobre a alma e o corpo, manifestará o valor absoluto da vida terrena, fará justiça à humanidade colocando tudo e todos no devido lugar. Evidentemente, se o corpo não ressuscitasse o julgamento seria para sempre incompleto.

Em um documento do Concilio Vaticano II encontramos um resumo perfeito sobre tão importante tema. Lembremos que os documentos conciliares têm a maior autoridade na doutrina da Igreja: são sínteses atualizadas da fé e da prática eclesiais.

“Não sabemos o tempo em que se consumirão a terra e a humanidade; nem conhecemos o modo como se transformará o mundo. Na verdade, passa a figura deste mundo deformado pelo pecado. Porém, Deus nos revelou que nos espera uma nova habitação e uma nova terra onde mora a justiça e onde a felicidade cumulará e superará todo desejo de paz que sobe ao coração dos homens. Então, vencida a morte, ressuscitarão os filhos de Deus em Cristo, e aquilo que foi semeado (realizado) na fraqueza e na corrupção, se revestirá de incorrupção. Sempre vivas a caridade e suas obras, toda a criação (seres animados e inanimados) que para o homem de Deus criou, será libertada da escravidão da vaidade... Todavia, a expectativa da nova terra não deve enfraquecer, mas, ao contrário, estimulará o interesse pelo desenvolvimento desta terra, onde cresce o corpo (a forma, a figura) daquela nova família humana; este desenvolvimento é como uma sombra do novo mundo. Pois na medida em que a sociedade humana for mais bem ordenada, influirá sobremaneira na forma e figura do reino de Deus para sempre... Todos os bens, frutos da natureza e do esforço humano de novo os reencontraremos, limpos de toda mancha: luminosos e transfigurados... Com a vinda do Senhor, tudo se tornará perfeito” (Constituição Pastoral et Spes, nº 39).  

Dom Ramón López Carrozas, bispo emérito de Bom Jesus faleceu na manhã de sábado, 28 de abril de 2018, no Hospital de Urgência de Teresina Prof. Zenon Rocha, aos 80 anos. O sacerdote teve o óbito confirmado por falência múltipla dos órgãos.

Dom Leonardo Steiner, secretário-geral da CNBB, assina mensagem de condolências em nome da Conferência. Nota de pesar da CNBB pelo falecimento de dom Ramón Lopez Carrozas, Brasília, 28 de abril de 2018, O falecimento de um irmão nos recorda a necessidade termos os olhos fixos em Jesus. Nos consolamos com suas palavras: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá (Jo 11,25-26)”.

Dom Ramón deixa um legado de homem de fé, dedicado ao povo e corajoso anunciador do Evangelho de Cristo. Ajudam-nos, neste momento, as palavras de Papa Francisco durante a oração do Angelus, em agosto de 2015: “Jesus nos recorda que o verdadeiro significado da nossa existência terrena está na eternidade e que a história humana com os seus sofrimentos e suas alegrias devem ser vistas em um horizonte de eternidade, isto é, naquele horizonte do encontro definitivo com Ele”.

O lema episcopal de dom Ramón “Servire non serviri” (servir e não ser servido) é uma advertência do Evangelho que nos diz respeito a todos e nos mostra seu profundo propósito de seguir a Jesus Cristo assumindo sua missão com todas as consequências. Sua caminhada no serviço episcopal expressa o sentido dessa expressão na missão da Igreja.

Em Cristo,

Dom Leonardo Steiner

Bispo auxiliar de Brasília

Secretário-geral da CNBB”.

Sobre o autor
Benigno Núñez Novo

Pós-doutor em direitos humanos, sociais e difusos pela Universidad de Salamanca, Espanha, doutor em direito internacional pela Universidad Autónoma de Asunción, com o título de doutorado reconhecido pela Universidade de Marília (SP), mestre em ciências da educação pela Universidad Autónoma de Asunción, especialista em educação: área de concentração: ensino pela Faculdade Piauiense, especialista em direitos humanos pelo EDUCAMUNDO, especialista em tutoria em educação a distância pelo EDUCAMUNDO, especialista em auditoria governamental pelo EDUCAMUNDO e bacharel em direito pela Universidade Estadual da Paraíba. Assessor de gabinete de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado do Piauí.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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