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A geoeconomia como determinante nas relações internacionais da nova ordem mundial

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06/08/2005 às 00:00
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

            A geopolítica é acima de qualquer coisa a disputa pela hegemonia mundial.

            O que analisamos demonstra a transmutação do objeto de estudo da geopolítica clássica e sua estruturação sob novas geopolíticas, que encontraram no fim da Guerra Fria e na ascensão do capitalismo campo para a geoeconomia.

            A geoeconomia realmente é determinante na nova ordem mundial trazendo a modificação da atuação do papel do Estado, em que pese a perda da parcela de soberania, porém inaugurando uma nova fase, em que os novos atores, juntamente com estes procuram minimizar as distorções. O Estado ainda que ora secundário se insere como regulador das regras de mercado, atuando ainda na minimização das desigualdades sociais.

            O papel de cada Estado irá determinar em maior ou menor grau a subserviência destes segundo seus posicionamentos neste novo jogo de xadrez das relações internacionais.

            Da mesma forma que a nova ordem mundial fomentou a presença de novos atores, alterando o papel do Estado à uma secundarização, trazendo ínumeras transformações no cenário mundial, as novas geopolíticas, primordialmente a geoeconomia, terminam por trazer uma equalização destas relações, o que se justifica pela própria necessidade de manutenção do sistema.

            A história realmente encontrou seu fim com a possível manutenção da ordem capitalista democrática, não havendo mais atores primários ou secundários, mas uma convivência necessariamente mútua, ainda que desigual, mas que procura reger o ordenamento mundial.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

            ALMEIDA MELLO, Leonel Itaussu. Quem tem medo de geopolítica? São Paulo : HUCITEC, 1999, 228p.

            BORBA, Jason T. A dialética da guerra imperialista. http://www.apropusp.org.br/r17_r03.htm.

            BOUCAULT, Carlos Eduardo de Abreu. A ONU e os conflitos Estados Unidos - Iraque : o significado das negociações diplomáticas na reafirmação da soberania no Direito Internacional Contemporâneo. Prisma Jurídico. São Paulo, v.2, p. 29-37, set.95.

            CARVALHO, Leonardo Arquimimo (Coord.). Geopolítica & Relações Internacionais. Curitiba : Juruá, 2003, 300p.

            COSTA, Wanderley Messias da. Geografia Política e Geopolítica : discussão sobre o território e o poder. São Paulo : HUCITEC, 1992.

            DUPLESSIS, Isabelle. Os fundamentos filosóficos e jurídicos de uma comunidade internacional. Impulso. Piracicaba, v. 14, n. 33, p. 33-41, jan.-abr. 2003.

            FERREIRA, Edson A Carvalho. Nova Ordem Mundial. São Paulo : Núcleo, 1997, 94p.

            FUKUYAMA, Francis. O fim da história e o último homem. Trad. Aulyde Soares Rodrigues. Rio de Janeiro : Rocco, 1992, 490p.

            GAMA, Carlos Frederico. Geopolitijk - o pensamento geopolítico alemão (II). http://www.odebatedouro.com.br/gama43.html. 10/05/04.

            GARNERO, Mário. A volta da geopolítica como geo-economia. http://www.ensino.eb.br/cee/Olho/olho_geopolitica.htm.

            HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos: o breve século XX 1914-1991. Trad. Marcos Santarrita. 2ªed. São Paulo : Cia. Das Letras, 1996, 598p.

            KENNEDY, Paul. Ascensão e queda das grandes potências. São Paulo : Campus, 1989, 675p.

            THUROW, L. O futuro do capitalismo: como as forças econômicas moldam o mundo de amanhã. Trad. Nivaldo Montingelli. 2ª ed. Rio de Janeiro : Rocco, 1997, 456p.

            __________. Cabeça a Cabeça. Trad. Alberto Lopes. 3ª ed. Rio de Janeiro : Rocco, 1999, 381p.

            SILVA, Golbery do Couto. Conjuntura Política Nacional: o Poder Executivo & Geopolítico do Brasil. Rio de Janeiro : José Olympio, 1981.

            STELZER, Joana. União Européia e Supranacionalidade: Desafios ou realidade? Curitiba : Juruá. 2001, 199p.

            SUANO, Marcelo J. Ferraz. A identificação do interesse estratégico norte americano e o surgimento de uma nova estratégia de contenção. Uma nova reeleitura de Samuel Huntington em busca do verdadeiro oponente dos EUA. Prisma Jurídico. São Paulo, v.2, p. 61-84, set.95.

            VESENTINI, José Willian. Novas Geopolíticas. 3ª ed. São Paulo : Contexto, 2004, 125p.


NOTAS

            01

Para a maioria dos autores a geopolítica ingressa em um ostracismo, numa profunda crise. Para nós a geopolítica passa por uma metamorfose, ressurgindo sob um novo contexto.

            02

CARVALHO, LA. Geopolítica & Relações Internacionais. 2003, p. 25.

            03

VESENTINI, J.W. Novas Geopolíticas. 2004, passim.

            04

SILVA, G.C. Conjuntura Política Nacional: o Poder Executivo & Geopolítico do Brasil. 1981, p. 64.

            05

COSTA, W.M. Geografia Política e Geopolítica: discussão sobre o território e o poder.1992, p. 55.

            06

VESENTINI, J.W. op. cit., p.12.

            07

VESENTINI, J.W. op.cit., p.15.

            08

CARVALHO, L. A op.cit., p.24.

            09

VESENTINI, J.W. op. cit., p.16.

            10

Mahan inaugura a idéia de poder marítimo é o pilar que sustenta os estudos da geopolítica clássica e que encontra em Halford Mackinder a contrapartida com sua concepção sobre o poder terrestre.

            11

VESENTINI, J. W. op. cit., p.18.

            12

VESENTINI, J. W. op. cit., p.19.

            13

MACKINDER, H. apud VESENTINI, J. loc. cit..

            14

Leonel Itaussu de Mello em obra já citada referenda melhor as idéias mackinderianas.

            15

ALMEIDA MELLO, L. I., Quem tem medo de geopolítica? 1999, p. 50.

            16

VESENTINI, J. W. op. cit., p. 21.

            17

Sobre este assunto conferir anotação de José W. Vesentini, que muito bem explora o fato, quanto Haushofer ter sido a fonte da política hitlerista com sua Revista Geopolitik. p. 22.

            18

ALMEIDA MELLO, L. I., op. cit., p. 94.

            19

ALMEIDA MELLO, L. I., op. cit., p. 95.

            20

ALMEIDA MELLO, L. I., op. cit., p. 126.

            21

Segundo Eric Hobsbawn, a Guerra fria baseava-se numa crença ocidental, bastante natural após a 2ª Guerra Mundial, de que a Era das Catástrofes não chegara de modo algum ao fim.

            22

O idealizador desta política foi o diplomata americano George Kennan, que na opinião de Eric Hobsbawn não passava de um autocrata que se isolava do mundo externo e via na lógica da força a via de mão única.

            23

A Guerra Fria será responsável pela proliferação de armas nuclear após o fim da ordem bipolar de 1989.

            24

ALMEIDA MELLO, L. I., op. cit., p. 146.

            25

Precisamos considerar que a Ásia também vem apresentando qualitativos que serviriam de entreposto ao posicionamento geopolítico da Europa. Poderíamos dizer que estaria havendo um deslocamento de interesse geopolítico/ estratégico das outras potências criando um novo hertland nipônico?

            26

ALMEIDA MELLO, L. I., op. cit., p. 163.

            27

A confrontação americana se deu sob três frentes: Extremo Ocidente, Extremo Oriente e Sudoeste da Ásia, que fecham os três oceanos, através de alianças com outros países visando a contenção soviética. Aqui elencamos apenas a primeira estratégia. Cf. ALMEIDA MELLO, L.I. op. cit., p. 161/162.

            28

Para melhores informações ver, STELZER, J. União Européia e Supranacionalidade: Desafios ou realidade?, 199p.

            29

KENNEDY, P. Ascensão e queda das grandes potências. 1989, p. 488

            30

FUKUYAMA, F. O fim da história e o último homem. 1992, p. 11.

            31

LUTTWAK, E. apud VESENTINI, J. W. op. cit., p.31.

            32

Frase célebre de Clausewitz.

            33

A inserção da China como possível potência em emergência trata-se de observação pessoal com fundamento da prática inaugurada recentemente, haja vista que a obra de Luttwak não a elenca.

            34

THUROW, L. apud VESENTINI, J. W. op. cit., p. 33.

            35

THUROW, L. Cabeça a Cabeça. 1999, p. 25

            36

THUROW, L. O futuro do capitalismo: como as forças econômicas moldam o mundo. 1997, p. 22. O que ele denomina de "indústria do poder cerebral."

            37

THUROW, L. op. cit., 1997, p.32-34.

            38

THUROW, L. op. cit., 1997, p.168.

            39

É importante deixar claro que não se trata de uma compactuação das idéias de sistema mundo defendidas por Immanuel Wallerstein, uma vez que a idéia aqui apresentada não é de implodir o sistema, mas compreender o papel de cada um nesta nova ordem, sua influências e a busca de respostas para cada ator.

            40

HOBSBAWN, E. Era dos Extremos. 1996, p.554.

            41

HOBSBAWN, op. cit. p.556.

            42

STEIN, E. F., Geoeconomia: uma arma de dominação. Apud CARVALHO, L. A op.cit., p. 246.
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Sobre a autora
Tatiane Mendes Ferreira

advogada, pós-graduda em Direito Internacional e Relações Internacionais pela UNIMEP de Piracicaba

Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

FERREIRA, Tatiane Mendes. A geoeconomia como determinante nas relações internacionais da nova ordem mundial. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 10, n. 763, 6 ago. 2005. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/7109. Acesso em: 25 abr. 2024.

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