Seriam os robôs o futuro da advocacia?

23/09/2019 às 07:18
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Seriam os robôs o futuro da advocacia?

Em um universo aonde cada vez mais temos robôs, inteligência artificial, big data, jurimetria entre tantas outras novidades na advocacia, resta o questionamento título deste artigo inevitável: Teriam os advogados humanos espaço neste universo tecnológico?

Há muito afirmo que sim, e quanto mais aprendo, leciono e descubro a tecnologia, mais percebo que o material humano é indispensável.

Neste diapasão, uma entrevista com o vice reitor da Universidade de Harvard nos EUA traduz bem o meu pensar. Divido alguns trechos com comentários meus:

ConJur — O que um estudante de Direito deve saber sobre tecnologia?
David Wilkins — 
Eles precisam saber algumas coisas. Primeiro deve entender que a tecnologia vai mudar a prática do Direito durante suas carreiras, e vai mudar de um jeito significativo. Segundo, como a tecnologia funciona. Eu não acredito que todo estudante precise saber como programar. Afinal, você está usando o seu Iphone, mas você sabe como programá-lo? Eu também não.

ConJur — O que ele precisa saber na prática, então?
David Wilkins — 
 É importante saber o que o Iphone está fazendo, que tipo de informação esta coletando e o que ele significa em nossas vidas. Se os advogados vão usar inteligência artificial, machine learning, análise preditiva, contratos inteligentes, Blockchain, não necessariamente eles precisam saber como criar essas coisas. O que eles precisam é saber como elas funcionam e quais são os custos e os benefícios de usá-las.

Penso da mesma forma, embora dê destaque a programação ou noções da mesma, pois num universo onde dados são mais do que um jogo divertido, compreender as palavras, técnicas e principalmente a lógica é essencial.

ConJur — E o que o senhor chama de serviço de qualidade no Sistema Jurídico muda com a tecnologia?
David Wilkins — Aqui está a pegadinha, para oferecer um serviço de alta qualidade no Direito, será necessário entender sobre tecnologia. Porque tecnologias são ferramentas, e os advogados vão ter que entender a usá-las para serem bons profissionais. Mas isso não significa que a ferramenta vai substituir tudo que um advogado faz.

A tecnologia deixou de ser uma opção, ela é a realidade necessária e fundamental para o bom desenvolvimento da profissão do advogado. Quem ficar fora desta realidade estará fora da profissão jurídica e quiçá do mercado de trabalho como um todo.

ConJur —Não existem mais muitas questões técnicas no uso de inteligência artificial no Direito. Mas os problemas éticos ainda não foram todos resolvidos. Qual o limite moral para transferir a capacidade de decisão para uma máquina e quem responderá por um erro dela?
David Wilkins — Essa é uma questão muito, muito grande, que nós estamos apenas começando a responder. É muito importante que a gente faça essa pergunta, em vez de apenas admitir que demos a capacidade de decisão aos engenheiros que conseguiram as soluções tecnológicas mais incríveis, para então lidarmos com as consequências, não importa quais sejam. A tecnologia tem escolhas éticas. 

(…)

ConJur — Isso também pode acontecer no Direito?
David Wilkins — 
Claro. Pegue a análise preditiva. Nos Estados Unidos, nós temos um sistema de fiança no qual se você é preso por um crime vai para a prisão até o seu julgamento, a não ser que possa pagar para garantir que você vai aparecer na sua audiência. Antes eram os julgamentos individuais de cada juiz que determinavam o valor caso você possa pagar. Agora, há um programa de inteligência artificial baseado em no aprendizado da máquina sobre todas as decisões anteriores que foram feitas por juízes para decidir quem provavelmente vai voltar para a audiência e quem não vai.

ConJur — E o que deu errado?
David Wilkins — 
Isso é maravilhoso. Exceto que muitas das decisões anteriores nós sabemos que foram resultado de um viés racial. Sabemos que pessoas negras no Estados Unidos pagam fianças com muito menos frequência que as pessoas brancas. Ou seja, se construirmos um algorítimo baseado em performances anteriores, vamos levar todo viés racial para o sistema. Agora as pessoas estão tentando resolver essa questão. 

FONTE DE TODA ENTREVISTA CITADA: HTTPS://WWW.CONJUR.COM.BR/2019-MAR-30/ENTREVISTA-DAVID-WILKINS-VICE-REITOR-DIREITO-HARVARD

Grande verdade dita pelo entrevistado: A tecnologia se aprender errado no caso da inteligência artificial, fará tudo errado. O mesmo vale a jurimetria preditiva ou a qualquer programação. A base de todo conhecimento é humano e essencial que o ser humano diga o como, porquê e como vai ser (querer) a extração de qualquer informação.

Portanto, a ideia é AGORA MESMO começar a estudar, a aprender mais sobre como usar a tecnologia e não ser usado por ela.

Comece por aprender as usar as ferramentas que já usa, tais como seu smartphone, seu software jurídico, o processo eletrônico, entre outros.

Quanto mais informação, mais resultado se tem.

#MãosaObra!

Sobre o autor
Gustavo Rocha

Professor da Pós Graduação, coordenador de grupos de estudos e membro de diversas comissões na OAB. Autoridade em Inteligência Artificial – IA no setor jurídico (chat gpt, Gemmini, Copilot e muito mais!). Consultor em gestão, tecnologia e marketing jurídico. Também sou craque em Privacidade e implementação de LGPD! Vamos conversar? Envie um e-mail ou mensagem pelo Microsoft Teams: [email protected] Prefere contato direto? WhatsApp ou Telegram: (51) 98163.3333

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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