Troca de presente com vício resultante de erro é direito

27/12/2019 às 08:50
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Na verdade a política de troca de produtos para presentes ou não, como roupas, hoje junto às lojas por todo o Brasil é feita normalmente já a muitos anos, de forma que com o passar dos tempos esse direito de costume em geral, tornou uma norma de caráter jurídico.

Já há muitos anos, a política de troca de produtos para presentes ou não, como roupas, junto às lojas por todo o Brasil é feita normalmente.

Dessa forma, com o passar dos tempos, esse direito de costume em geral tornou uma norma de caráter direto costumeiro, ou seja, os usos e costumes, constante no rol dos princípios gerais do direito.

Todavia, esse direito se solidifica quando da aplicação do código do consumidor no esteio do art. 7º, caput, CDC, c/c Art. 4º do Decreto-Lei n.º 4.657/1942), "in verbis":

“Art. 7° Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade.

Art. 4º. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.

Por outro lado, após o ano de 2002, com a entrada do nosso novo Código Civil (Art. 171, II e Art. 441), deu-se maior atenção ao vício resultante de erros, defeitos ocultos que tornem o produto impróprio para o uso a que se destina.

Logo, uma roupa, um sapato presenteado a uma determinada pessoa, a um consumidor que por sua vez o produto não lhe serviu para uso, logo é de direito a troca por ênfase de existência do “vício resultante de erro” ou vícios que de forma que os torne impróprio ao uso que se destina a pessoa presenteada que naturalmente é o destinatário final.

“CÓDIGO CIVIL DE 2002

Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:

II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.

Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.”

E para sacramentar o direito do consumidor, o nosso Código de Defesa do Consumidor foi bastante claro e prático quanto ao direito de troca de presentes, pois vejamos o que determina o art. 18, § 6º, III do CDC:

“CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Art. 18. [...]

§ 6° São impróprios ao uso e consumo:

III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam.”

Contudo, o nosso CDC é bastante claro quando determina que o produto, por qualquer motivo, não importa qual, mas sendo impróprio para o consumo, deve ser trocado, pois no caso em questão evidencia-se aí o conceito de vício resultante de erro, regulamentado pela norma civil que se torna uma extensão do direito do consumidor.

Conclui-se, pelas razões supracitadas, que a compra de presente para amigos e parentes, quando sucedido de vícios resultantes de erros, pode ser trocada com respaldo legal incontestável; porém, a lei não especifica qual o produto que deve sofrer a troca, mas qualquer produto, desde um avião a uma roupa íntima de uma mulher, qualquer coisa.

Sobre o autor
Juscelino Tavares da Rocha

Sou advogado militante formado em Direito pela Universidade São Francisco São Paulo, Pós-Graduado Lato Senso em Direito do Consumidor, Pós-Graduado Lato Senso em Direito Processual Civil, Pós-Graduação Lato Senso em Negociação, Conciliação, Mediação, Arbitragem e Práticas Sistêmicas e Pós-Graduação Lato Senso em Direito do Trabalho e Direito Previdenciário; Ex-Secretário Geral da OAB OLINDA, e de Jaboatão dos Guararapes, Ex-Presidente do Conselho de Usuários de Telefonia do Grupo Claro na Região Nordeste, Ex-Vice-Presidente do Conselho de Usuários de Telefonia do Grupo Claro na Região Nordeste, Presidente do Conselho de Usuários da OI S/A, Ex-Presidente do Conselho de Usuários de Telefonia do Grupo TIM na Região Nordeste, Membro do CEDUST - Comitê de Defesa dos Usuários de Serviços de Telecomunicações da Anatel, Presidente da Associação dos Advogados Dativos da Justiça Federal em Pernambuco, Ex-Presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da OAB OLINDA e Advogado do PROCON ESTADUAL DE PERNAMBUCO. FONES: 081-99955.8509 e 988264647- Sitio Eletrônico: https://juscelinodarocha.jus.com.br .

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