Notas Complementares:
[1] Síndrome de Riley-Day
Há uma raríssima desordem do sistema nervoso autônomo, denominada Síndrome de Riley-Day, e, dentre seus diversos sintomas, inclui-se a insensibilidade à dor e a incapacidade de produzir lágrimas.
[2] Dor e Sofrimento
ARTHUR SCHOPENHAUER e PAUL RÉE são reconhecidos filósofos com ensinamentos dotados de extremo pessimismo em relação à vida.
Consoante os ensinamentos de JADE SUELEN (Dor, Sofrimento e Satisfação em Paul Rée e Arthur Schopenhauer, disponível em https://colunastortas.com.br/dor-sofrimento-e-satisfacao-em-paul-ree-e-arthur-schopenhauer/), “ARTHUR SCHOPENHAUER e PAUL RÉE são considerados filósofos com escritos pessimistas, pois acreditavam que tanto sofrimento quanto a dor fazem parte da existência e da essência humana e, portanto, da própria natureza do homem”.
“O animal (humano é) malvado por excelência e seus atos estão sempre marcados pelo egoísmo, pelo conformismo, pela inveja e pela vaidade; o amor é um sentimento muito raro (...); a religião é apenas um instrumento de controle social e os sacerdotes não passam de simuladores, alguns conscientemente, outros menos; a felicidade é uma ilusão destinada a desaparecer muito em breve e a pior coisa que pode acontecer a quem tem o passatempo de refletir sobre a vida é que tenha tempo para fazê-lo.” (DOMENICO M. FAZIO. A Ética na Escola de Schopenhauer: O caso de Rée. Revista Ethica, Nº 6/2012, Florianópolis, ps. 87-98)
Segundo o psiquiatra vienense VIKTOR FRANKL, “o sofrimento deixa de ser sofrimento quando ganha sentido” e a importância de sua descoberta para suportar situações dolorosas é o que permite influenciar na capacidade de agir sobre seus efeitos. Já para GAUTAMA BUDDHA, “o sofrimento surge do ato de desejar e de sua libertação”. Tais afirmações têm em comum o significado e o desejo, fatores associados à linguagem, como forma de interpretar os fatos, e a satisfação, elemento que se contrapõe à ilusão, assunto tratado na tese de PAUL RÉE, a respeito da felicidade completa e perfeita que os homens desejam.
Partindo do ponto de vista do significado, o Psicólogo DAN GILBERT explica que pessoas infelizes se encontram nessa condição por causa da maneira que definem a própria felicidade, contrapondo-se às teses de SCHOPENHAUER:
“Quando o desejo e a satisfação se seguem em intervalos que não são nem demasiados longos nem demasiados curtos, o sofrimento, resultado comum de um e de outro, desce ao mínimo: e essa é a vida mais feliz, visto que existem muitos outros.” (DOMENICO M. FAZIO; A Ética na Escola de Schopenhauer: O caso de Rée, Revista Ethica, nº 6/2012, Florianópolis, ps. 87-98)
A vontade é dor e também a sua causa, porque não haverá satisfação total do desejo. Enquanto não se concretiza, a ilusão e a esperança possibilitam a espera da sensação que o sentimento de felicidade pode proporcionar:
“Na alternância entre os desejos saciados e os surgimentos incessantes de outros, a vontade move-se em uma cadeia de aspirações infinitas que conduzem ao sofrimento, ou senão quando esse desejo for satisfeito logo surge o tédio, a apatia e a dor muito pior que o necessitar.” (KARLA SAMARA S. SOUSA; Principais elementos do pessimismo Schopenhauriano, Revista Lampejo, nº 10/2012, Paraíba, ps. 114-129)
O sofrimento, erroneamente, é entendido como sinal de patologia e não como parte da experiência da existência humana. A busca pela comodidade mental e física sempre resta evidente. No entanto, como entende o psicólogo ROLLO MAY, a vida é o espectro, e o sofrimento parte do que existe. Além disso, diz que a rotulação das experiências, que podem trazer desenvolvimentos, é prejudicial, no sentido de opor-se a processos naturais que trazem crescimentos de teor psicológico.
“Viver é sofrer com a esperança de que os ‘momentos felizes’ sejam constantes, o que, na realidade, não existe: ‘Somos infelizes porque não possuímos os objetos que desejamos: mas isso é suportável. Somos infelizes porque a posse de nossos desejos não nos torna felizes: e isso é insuportável’”. (DOMENICO M. FAZIO; A Ética na Escola de Schopenhauer: O caso de Rée, Revista Ethica, nº 6/2012, Florianópolis, ps. 87-98)
Evitar a dor é impossível, mas, para os filósofos trabalhos, é possível ser menos infeliz. Mesmo não sendo provável ensinar a como ser feliz, é viável reduzir o sofrimento e valorizar pequenos ou grandes momentos de felicidade que estão ligados, segundo Rée, “aos estados de ânimos e ao temperamento” (ob. cit.).
[3] Definição Simplificada de Resiliência
Resiliência é um conceito que tem sido (amplamente) utilizado para explicar fenômenos psicossociais referentes a indivíduos, grupos, organizações ou instituições que superam ou transcendem situações adversas.
[4] Definição Simplicada de Depressão
Em uma linguagem simples a depressão pode ser definida como a inexistência de perspectiva subjetiva. Em outras palavras, ocorre quando não mais vislumbramos, para cada um de nós, um futuro existencial.
[5] Histeria e Suas Origens Históricas
SIGMUND FREUD e BREUER desenvolveram estudos no final do século XIX com o intuito de evidenciar a existência de uma doença de origem psicológica, com manifestações orgânicas - Histeria. Inicialmente tratada como um problema meramente feminino (o termo “histeria” é uma palavra de origem grega que significa útero), a psicanálise foi evoluindo este conceito no decorrer dos anos, chamando-o atualmente de síndrome de conversão, que é exatamente a transformação de uma dor psicológica em uma dor física, que atinge ambos os gêneros.