Capa da publicação Leis sistêmicas de Bert e o Poder Judiciário
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As leis sistêmicas (Leis de Bert) e a aplicabilidade do Direito Sistêmico no Poder Judiciário

26/03/2020 às 15:43
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A Constelação Familiar busca sanar problemas nas relações humanas através da compreensão das leis sistêmicas de Bert Hellinger, que incluem a Lei do Pertencimento, da Ordem e do Equilíbrio. A ancestralidade e o vínculo com os antepassados são fundamentais nesse processo.

A Constelação Familiar é uma dinâmica que se relaciona diretamente com as relações humanas, a fim de sanar não só os problemas que aparentemente motivaram a lide. Bert Hellinger identificou leis, dinâmicas ou ainda princípios que são seguidos por todos os relacionamentos, os quais ele descreveu como sendo a ciência das relações entre tudo o que existe. O Direito Sistêmico pode ser compreendido como um ramo da ciência jurídica que busca e proporciona a viabilidade e o entendimento do Direito dentro de uma disciplina de convivência humanizada.

Devemos sempre olhar para tudo que acontece com um olhar único, avaliar as condutas de modo individual, abordar de forma diferente, às vezes silenciosa e sem verbalização. Nas constelações, é normal a prática de colocar em mesa bonecos ou peças que representam os familiares ou outros membros que estão em conflito. Quando se faz isso, é possível observar o que falta, às vezes uma postura diferente, um olhar para o outro lado, uma atenção especial. Esse comportamento faz a diferença para o ser humano em um nível oculto e inconsciente.

Ao vir ao mundo no seio de uma família, não herdamos somente um patrimônio genético, herdamos as crenças e os comportamentos que são válidos neste sistema familiar. Nossa família é um sistema, um campo de energia no interior do qual nós evoluímos e crescemos. Cada um, desde seu nascimento, vai ser uma parte deste todo e precisa ter o seu lugar, independentemente de quem seja e como seja. Todos fazem parte. São três as leis Sistêmicas de Bert Hellinger: Lei do Pertencimento, Lei da Ordem e Lei do Equilíbrio, as quais não têm nenhum viés ideológico e sim a postura de identificar onde está a desordem e promover a ordem sem qualquer julgamento.

Bert Hellinger descobriu que nesse inconsciente as pessoas agem honrando os seus antepassados. Elas estão profundamente vinculadas aos seus sistemas familiares, daí o nome de constelações sistêmicas. Devemos olhar para os indivíduos não como um indivíduo isolado. Ele sempre tem um vínculo profundo com os seus pais, seus irmãos, seus avós e com toda a sua ancestralidade. Essa é uma forma de preservação da cultura. Esse vínculo sistêmico é tão profundo que ele se repete, mesmo quando são negativos. Observando essa dinâmica, Bert percebeu que existem ordens e leis que atuam dentro desses sistemas.

A forma de amar essa cultura ou essa ancestralidade, tudo o que é realizado fora do seu padrão faz com que essa pessoa se sinta culpada, rejeitada, fazendo com que ela tenha uma tendência inconsciente de repetir o que os seus antepassados faziam. Essa pessoa talvez nem saiba o que aconteceu ou o que passou com seus antepassados, talvez não tenha visto com os olhos o que aconteceu, mas tudo isso fica gravado na memória coletiva desse indivíduo e acaba se repetindo.

A lei do pertencimento tem impactos incríveis na consciência e na inconsciência do sistema porque, a partir do momento em que esse membro da família foi excluído, outro membro inconscientemente sentirá a necessidade de honrar a história desse que foi excluído e poderá se envolver em situações trágicas, difíceis de violência ou como vítima. Existem algumas pessoas que têm padrões de vítima; tem algo que puxa a pessoa a viver esse padrão. Não é o mais forte ou o mais fraco e sim duas fragilidades sujeitas a uma lei e a um padrão.

As pessoas que trabalham no judiciário, seja na defensoria, seja como juiz ou mesmo conciliador, devem buscar uma capacitação para não se envolver nas situações dos assistidos, para não tomar partido e sim ajudar o cliente observando de onde veio aquele conflito. As constelações familiares têm o poder de olhar de fora quais padrões estão sendo seguidos e, através da fenomenologia, avaliar por que uma pessoa está seguindo determinado padrão de agressividade ou por que um casamento não deu certo. Elas podem identificar o verdadeiro motivo por trás desses comportamentos.

A ordem em que as coisas devem acontecer, a precedência e os impactos disso em uma família são exemplos disso. A postura do adotante determinará se ele terá sucesso ou não na adoção. Infelizmente, há um alto índice de desistência nas adoções por violação das leis sistêmicas. Quando uma pessoa adota uma criança, mas exclui os pais biológicos da criança do seu coração, ela nega a importância desses pais. A criança sente internamente que não está sendo vista como ela realmente é e que sua história não está sendo respeitada. Quando o adotante reconhece a precedência dos pais biológicos, ele se coloca diante da criança com uma postura de completar o que os pais não conseguiram fazer na criação e educação da criança. A criança se sente amada e confortável sob os cuidados desse adotante.

É necessário haver um equilíbrio entre dar e receber em um relacionamento. As dinâmicas do respeito são necessárias, mas às vezes as pessoas acham que estão se respeitando mutuamente quando, na verdade, não estão. Algumas atitudes ou posturas geram a falência nos casamentos e nos negócios, mas isso pode ser sanado. É possível estabelecer esse equilíbrio para que a relação seja bem-sucedida. São dinâmicas ocultas que ajudam as pessoas a superar dificuldades, fazer uma separação respeitosa e entender-se de forma harmônica com os filhos, sócios e membros da relação.

É muito importante que o pai ou a mãe saiba o seu lugar na família, na sociedade e na vida, pois a falta de um pai saber o seu lugar na vida do filho traz consequências graves para as gerações futuras.

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Sobre a autora
Crislaine Faria Meireles

Sou Formada em Administração de Empresas. Pós graduada em Gestão de Controladoria e Finanças e Gestão Pública. Trabalhei durante 12 anos em empresas privadas e empresas públicas, atuando em diversas áreas com predominância no setor financeiro. Formada em Direito pela Una Uberlândia. Advogada em Uberlândia MG - Especialista no Direito médico e da Saúde com atendimento no escritório nas áreas Cíveis, Consumidor, Família e Direito Médico.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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