Quarentena, isolamento e pragas (epidemias e pandemias[1])
Quarentena é o período de reclusão de indivíduos ou animais sadios pelo período máximo de incubação da doença, sendo contado a partir da data do último contato com caso clínico ou portador da doença, ou ainda, da data em que esse indivíduo sadio abandonou o local onde se encontrava a fonte de infecção.
Na prática, a média ideal é de quarenta dias que deve ser aplicável às doenças quarentenárias, tais como a cólera, ébola[2], tifo e febre amarela para a devida observação do paciente.
Porém, existe uma considerável variação dos períodos de incubação dos agentes patogênicos, há doenças como a de Cretzfeldt-Jacob ou Kuru que possui um longo período de incubação que chega a trinta anos, em adultos, e de oito a nove anos, nos casos em infantes.
A quarentena difere do isolamento, porque este visa segregar doente do convívio das outras pessoas durante o período de transmissibilidade, a fim de se evitar que os outros indivíduos fossem infectados.
O isolamento serve para separar as pessoas sintomáticas ou assintomáticas, em investigação clínica e laboratorial, de forma a evitar a propagação da infecção e transmissão. Neste caso, é utilizado o isolamento em ambiente domiciliar, podendo ser feito em hospitais públicos ou privados.
Segundo a Portaria 356/2020 do Ministério da Saúde, a quarentena tem como fim garantir a manutenção dos serviços de saúde em local determinado. Desde 13 de março do presente ano, o Ministério da Saúde incluiu todos os viajantes internacionais na lista de pessoas que devem ficar isoladas.
Ao retornarem, eles precisam permanecer em casa por sete dias. Se febre com tosse e falta de ar surgirem, a recomendação é procurar uma unidade de saúde.
O tempo médio de incubação do novo coronavírus, o SARSS-CoV-2, é de 5,1 dias, segundo um estudo realizado por cientistas da Universidade Johns Hopkins, no estado americano de Maryland, com base em dados disponíveis publicamente.
No mundo contemporâneo vivenciamos um paradoxo, pois a alta tecnologia e o conhecimento que nos permitem a cura de diversas patologias, porém, há o surgimento de novas epidemias[3] que tanto assustam as pessoas.
Há mais de três mil anos atrás, os egípcios sofreram um devastador surto de varíola que atingiu vários membros dessa antiga civilização. E, essa mesma patologia posteriormente atormentou o Japão no século VIII e, ainda serviu como elemento de dominação das populações nativas da América, no século XVI, os colonizadores espanhóis transmitiram a doença para os astecas.
Outra ocasião, foi no século V antes de Cristo, depois da conhecida Guerra do Peloponeso[4]. Essa contenda militar acabou assinalando a derrota dos atenienses. Quando os atenienses foram acometidos por terrível doença, conhecida como a grande praga de Atenas.
Foi quando Péricles tremeu diante de um letal adversário que era invisível e com estranho poder de destruição. Essa praga vem sendo estudada durante décadas pelos principais centros de epidemiologia e já se suspeitou de peste bubônica, varíola, tifo transmitido por piolhos (comum em épocas de guerra devido aos aglomerados humanos em lugares de péssima higiene[5]) e até de surto de infecção pelo vírus Ebola.
Ainda no mundo antigo, destacou-se a malária como doença já reconhecida pelos romanos. Aliás, ignorando a relação de nexo causal entre a doença e a picada do mosquito Anopheles, acreditavam que a malária seria contraída por regiões impregnadas de “ar ruim”.
E, não foi à toa que adotaram a medida preventiva e procuraram aterrar as regiões pantanosas que encontravam. Ainda, nos dias atuais, cerca de duzentos e cinquenta milhões de pessoas. Ainda sofrem com essa terrível patologia.
Já na Idade Média, o movimento das Cruzadas[6] fora muito útil para que a população da Europa fosse acometida pela lepra. E, os soldados cristãos eram atingidos pela patologia, ao invés de serem vistos com repulsa, tinham suas mãos beijadas[7] em reconhecimento de seus feitos sagrados.
Dois séculos posteriores, por conta da péssima condição de higiene das cidades da Europa, a peste negra acabou matando cerca de cinte e cinco milhões de pessoas em apenas três anos.
A peste negra foi causada pela proliferação generalizada de uma doença causada pelo bacilo Yersinia pestis[8] que se deu na segunda metade do século XIV na Europa. É considerada
A epidemia mais devastadora do mundo, resultando em crises na Idade Média. Foi marcante na história da humanidade. Há a crença de que a praga se disseminou em razão do aumento da presença de ratos e, com estes, estavam as pulgas que transportavam a bactéria.
Porém, um novo estudo afirma que há grandes chances de que as pulgas e piolhos teriam mordido humanos já infectados. Depois disso, as pulgas e piolhos passaram para outras pessoas que ficavam em ambientes fechados transmitindo a doença numa frenética velocidade.
Na época da peste negra como o conhecimento científico era precário e ainda havia a ideia de que certas doenças eram obras do demônio. E, ao tratar os pacientes, os médicos medievais
Se baseavam em técnicas simples e nada sofisticadas. Um dos métodos foi o sangramento, que visava curar a doença. A queima de ervas aromáticos e o banho com água de rosas ou vinagre era normal, porém, não era eficaz.
Durante a epidemia da peste negra, as pessoas pensavam que a praga significava um castigo divino em razão de pecados cometidos, tais como, a ganância, luxúria e a blasfêmia.
Haviam outras pessoas que acreditavam que a doença era a consequência de alinhamento de estrelas, e outros ainda, atribuíram a doença aos judeus, que infelizmente foram massacrados entre 1348 e 1349.
Entre os sintomas da peste negra[9] estavam a febre alta (40º C), calafrios, vômitos e até convulsão. A presença de caroços nas axilas e virilha que podem adquirir as cores enverdeadas e azuis (gangrena), tosse contendo pus e sangue, hemorragia em vários órgãos, Diarreia, náusea ou vômito. A presença de inchaço de gânglios, catarro, delírio, dor de cabeça (cefaleia), falta de ar, gânglio linfático inchado e sensível, com pus ou sangramento,
Nessa época, a quarentena realmente foi muito útil. As cidades que usaram esse método na Idade Média conseguiram manter a doença ausente. E, outras estratégias que funcionaram foram o controle de fronteiras, dos portos e dos acessos as cidades, passaportes de saúde individuais (que identificava as pessoas e certificava de sua origem).
A cidade de Ragusa[10] foi a pioneira, instituindo a primeira quarentena e as medidas para isolar os infectados e controlar as fronteiras. E, muitas regiões italianas, seguiram o mesmo exemplo, bem como, posteriormente, as regiões da Europa Ocidental e Central.
Ressalve-se que a peste negra não foi a primeira epidemia na Europa pois no século VI, ocorreu uma praga de Justiniano. E, a pandemia ocorrida no reino de Justiniano[11] foi causada pela peste bubônica que afetou quase todo o mundo mediterrâneo, com maior incidência No Império Bizantino entre os anos de 541 a 544 e, matou cerca de trinta milhões de pessoas.
A peste antonina ou a peste dos Antoninos foi epidemia que se iniciou no ano de 165, atingindo Roma no ano seguinte. E perdurou até o ano de 180, afetando gravemente todo mundo romano e indo além Seu nome deve-se à família que governava a região na época
Tinha como sintomas, a febre e erupções cutâneas e diarreia. Provavelmente essa patologia. Causou a morte dos imperadores Lúcio Vero e Marco Aurélio, nos anos de 169 e 180, respectivamente. Registrou-se que a referida praga no auge matava mais de dois mil pessoas por dia na cidade de Roma, alcançando a taxa de mortalidade de 25% dentro os adoecidos[12].
Particularmente, O exército romano fora bem enfraquecido por essa peste, havendo milhares de soldados adoecidos e morrendo, especialmente no Leste.
As fontes antigas confiáveis afirmam que tal epidemia aparecera primeiramente durante o cerco romano à cidade de Selêucia, durante o inverno de 165-166. E, se espalho rapidamente para a Gália Romana e entre as legiões ao longo do Rio Reno.
Segundo o historiador australiano Rafe de Crespigny[13] a praga pode ter se originado na China, durante a Dinastia Han, antes do ano 166 da era Cristã, segundo ainda os relatos históricos de chineses. A referida peste afetou profundamente toda a cultura e literatura romano, e afetou igualmente as relações indo-romanas no Oceano Índico.
A praga de Justiniano foi uma pandemia, ocorrida no reino de Justiniano I, causada pela peste bubônica que afetou o mundo mediterrâneo, com maior incidência no Império Bizantino entre os anos de 541 e 544. Foi uma das maiores pandemias da história, com impactos similares aos da peste negra que ocorreria mais tarde.
A tuberculose foi outra pandemia que contabilizou um bilhão de mortos, entre o ano de 1850 a 1950. Mas, registrou-se sinais da patologia foram encontrados em esqueletos humanos de sete mil anos atrás. O combate mais enfático a tuberculoso foi em 1882, depois da identificação do bacilo de Koch[14], causador da tuberculose.
E, nas derradeiras décadas do século XX, ressurgiu com força nos países mais pobres, inclusive o Brasil, sendo considerada uma doença oportunista em pacientes de AIDS.
A tuberculose é altamente contagiosa e se transmite de pessoa para pessoa através das vias respiratórias. Seus sintomas são relacionados com as vias respiratórias, pois ataca principalmente os pulmões. Seus sintomas basicamente são: tosse, febre baixa, cansaço, rouquidão e, nos casos graves, dificuldade de respiração e eliminação de grande quantidade de sangue. O tratamento[15] é feito à base de antibióticos, podendo o paciente ser curado em até seis meses.
Seu maior surto ocorreu nos séculos XIX e XX atingindo até vinte e cinco por cento das mortes na Europa. Em 2014, cerca de 1,1 milhão de pessoas morreram em países subdesenvolvidos.
A tuberculose considerada como Mal do século XIX atingiu Dom Pedro I (36 anos), Manuel Bandeira, Chopin e Kafka. E, levou à morte também o escritor George Orwell, Manuel Bandeira, Álvares de Azevedo, Castro Alves, José de Alencar, Cruz e Sousa, Ismael Nery, Sinhô e Noel Rosa, o poeta da Vila Isabel.
Não obstante de a tuberculose ter cura, e o tratamento ser gratuito, ainda há pouca informação sobre a doença. Além disso, o alto índice de morte por causa do mal está ligado ao abandono do tratamento (que dura em média seis meses) e à baixa busca das pessoas ao auxílio médico.
Na cidade do Rio de Janeiro, no século XX, ainda era caótica em termos habitacionais e sanitários. Várias doenças proliferavam, entre estas a tuberculose. O então presidente da república, Rodrigues Alves (1902-1906), autorizou o prefeito Francisco Pereira Passos[16] (1902-1906) a solucionar os problemas urbanísticos e sanitários da cidade.
À frente das campanhas contra as doenças, estava o sanitarista Oswaldo Cruz, que debelou a febre amarela no Rio. Ele havia sido nomeado diretor do Serviço de Saúde da capital da República e prometera acabar com as enfermidades que atingiam a população carioca.
No entanto, a edição de 03 de agosto de 1925, poucos dias depois da fundação do GLOBO (em 29 de julho), mostra que o Rio de Janeiro ainda procurava métodos e medicamentos para combater a tuberculose.
Embora a doença quase tenha sido erradicada na década de 40, graças ao uso da penicilina, ela ganhou força nos anos 80, preocupando sanitaristas até os dias atuais.
Varíola é considerada uma das primeiras doenças conhecidas pela humanidade. Estudos indicam sua presença em humanos há cerca de 12 mil anos e no faraó Ramsés V[17]. Causada por vírus e transmitida pelo ar ou por itens contaminados, tem sintomas parecidos com os da gripe, com acréscimo de dores musculares, vômitos violentos e pústulas (bolhas) na pele.
Ficou ainda mais perigosa com a urbanização: no século 18, matou 400 (quatrocentos) mil europeus; e no século 20, 300 a 500 milhões no mundo todo. Após campanhas de vacinação, foi considerada erradicada em 1979.
A Revolta da Vacina foi um motim popular ocorrido entre 10 e 16 de novembro de 1904 na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil.
Aconteceu no Rio de Janeiro, quando ainda era capital do Brasil, entre os dias 10 e 16 de novembro de 1904. O povo insatisfeito protestou contra a Lei da Vacinação Obrigatória e também contra os serviços públicos prestados. A anti-varíola foi a vacina responsável por essa revolta.
Foi uma rebelião popular contra a campanha de vacinação obrigatória para todo brasileiro maior que seis meses de vida. Trata-se de um protesto popular que ocorreu no começo do século XX, na cidade do Rio de Janeiro. Foi o sanitarista Oswaldo Cruz (1872 – 1917) que colocou o projeto em prática.
O Rio de Janeiro não era uma cidade planejada, parcialmente por causa do período do Brasil Colônia e do Império e, não comportava mais o fato de ser a capital do Brasil e grande centro econômico. A cidade possuía acentuados problemas de saúde pública e também graves doenças que atingiam a população, como: a varíola, a febre amarela e a peste bubônica.
As primeiras atitudes impopulares de governo brasileiro ocorreram por conta da varíola A oposição política, ao sentir a insatisfação popular, tratou de canalizá-la para um plano arquitetado tempos antes: a derrubada do presidente da República Rodrigues Alves.
Mas os próprios insufladores da revolta perderam a liderança dos rebeldes e o movimento tomou rumos próprios. Em meio a todo o conflito, com saldo de 30 mortos, 110 feridos, cerca de 1 000 detidos e centenas de deportados, aconteceu um golpe de Estado, cujo objetivo era restaurar as bases militares dos primeiros anos da República.
A revolta[18] foi sufocada e a cidade, remodelada, como queria Rodrigues Alves. Poucos anos depois, o Rio de Janeiro perderia o título de “túmulo dos estrangeiros”. Hoje, a varíola está extinta no mundo todo.
Segundo fielmente a oligarquia paulista do café, de quem Rodrigues Alves era representante, além de vergonha nacional, as condições sanitárias do Rio impediam a chegada de investimentos, maquinaria e mão-de-obra estrangeira.
O projeto sanitário deveria ser executado a qualquer preço. Rodrigues Alves nomeia, então, dois assistentes, com poderes quase ditatoriais: o engenheiro Pereira Passos, como prefeito, e o médico sanitarista Oswaldo Cruz, como chefe da Diretoria de Saúde Pública. Cruz assume o cargo em março de 1903: “Deem-me liberdade de ação e eu exterminarei a febre amarela dentro de três anos”. O sanitarista cumpriu o prometido.
Em nove meses, a reforma urbana derruba cerca de 600 edifícios e casas, para abrir a avenida Central (hoje, Rio Branco). A ação, conhecida como “bota-abaixo”[19], obriga parte da população mais pobre a se mudar para os morros e a periferia.
A campanha de Oswaldo Cruz contra a peste bubônica correu bem. Mas o método de combate à febre amarela, que invadiu os lares, interditou, despejou e internou à força, não foi bem sucedida. Batizadas pela imprensa de “Código de Torturas”[20], as medidas desagradaram também alguns positivistas, que reclamavam da quebra dos direitos individuais. Eles sequer acreditavam que as doenças fossem provocadas por micróbios.
E, a Organização Mundial da Saúde, da ONU, discute a destruição dos últimos exemplares do vírus da doença, ainda mantidos em laboratórios dos Estados Unidos e da Rússia.
A gripe espanhola é considerada a mãe das pandemias, causada pelo vírus influenza[21]. E causou a epidemia mais mortífera da história da humanidade, contando com mais de cinquenta milhões de vítimas.
Tudo começou em 04 de março de 1918, quando um soldado na base militar de Forte Riley, nos EUA, apresentou sintomas de forte gripe. Naquela mesma semana de março, mais de duzentos soldados adoeceram desse mesmo mal.
E, em apenas quatorze dias, mais de mil militares foram hospitalizados e, a patologia se disseminou por outros acampamentos militares. No auge da epidemia mais de mil e quinhentos militares apresentavam a enfermidade num único dia. Apesar de ser alcunhada de “espanhola” que nada tem desse adjetivo, matou de 50 a 100 milhões de pessoas em 1918 e 1919.
É a pandemia que mais matou em toda história da humanidade, causando cerca de trinta e cinco mil óbitos, entre estes, o presidente da república brasileiro Rodrigues Alves (1848-1919).
Questiona-se de onde veio o adjetivo gentílico, espanhola, provavelmente porque a Espanha era um dos poucos países neutros durante a Primeira Grande Guerra Mundial, um dos poucos países a ter imprensa livre para noticiar sobre a praga.
E, nos EUA, o então presidente Woodrow Wilson (1856-1924) emitiu ordens para censurar qualquer notícia que pudesse abalar a população e os soldados. (afetando o moral das tropas). E, o mesmo aconteceu com as outras nações em guerra. Ocorre que o esforço para manter em segredo a epidemia, muito contribuiu para sua rápida disseminação.
A epidemia de tifo contabilizou cerca de três milhões de mortes na Europa Oriental e Rússia, no período de 1918 a 1922. A patologia é causada pelas bactérias do gênero Rickettsia. Com a miséria e a falta de higiene encontra as ideais condições para a disseminação. O tifo está relacionado aos países do Terceiro Mundo, aos campos de refugiados e concentração e guerras.
O tifo exantemático ou epidêmico aparece quando a pessoa coça a picada da pulga e mistura as fezes contaminadas por inseto na própria corrente sanguínea.
O tifo murinho ou endêmico é transmitido pela pulga do rato. Entre os sintomas temos a cefaleia, febre alta, delírios e erupções cutâneas hemorrágicas. O tratamento[22] também é feito à base de antibióticos.
O tifo epidêmico, ou tifo exantemático, é uma doença bacteriana causada pela Rickettsia prowazekii; e que tem como vetor o piolho humano: Pediculus humanus.
Esses parasitas se desenvolvem no interior das células intestinais dos piolhos que, ao defecarem, os liberam; e entram em contato com o organismo do indivíduo por meio de feridas e fissuras localizadas na pele, muitas vezes geradas pela própria pessoa, enquanto se coça.
As rickettsias são parasitas intracelulares obrigatórias, assim como os vírus; mas, por apresentarem estruturas mais complexas, não são classificadas como tais.
Assim, após infectarem seu hospedeiro, alojam-se no interior de tecidos que revestem os vasos sanguíneos. Em até 14 (quatorze) dias, surgem os sintomas, de forma súbita, que incluem dores no corpo, cabeça e articulações; fadiga extrema, calafrios, febre alta e surgimento de manchas vermelhas, espalhadas pelo corpo. Delírios e erupções cutâneas hemorrágicas também podem se manifestar.
É uma doença altamente contagiosa bem típica de aglomerações humanas – aliada a más condições de higiene. Por esse motivo, é mais frequente em populações carentes, campos de refugiados e de concentração, prisões, tempos de guerra, etc.
Foi a causa de muitas epidemias mortíferas; e, apesar de avanços significativos no que se diz respeito ao saneamento básico, até hoje ocorrem surtos em países da Ásia, África e América do Sul. No Brasil, não existem registros de sua ocorrência.
A epidemia de tifo contabilizou cerca de três milhões de mortes na Europa Oriental e Rússia, no período de 1918 a 1922. A patologia é causada pelas bactérias do gênero Rickettsia. Com a miséria e a falta de higiene encontra as ideais condições para a disseminação. O tifo está relacionado aos países do Terceiro Mundo, aos campos de refugiados e concentração e guerras.
O tifo exantemático ou epidêmico aparece quando a pessoa coça a picada da pulga e mistura as fezes contaminadas por inseto na própria corrente sanguínea.
O tifo murinho ou endêmico é transmitido pela pulga do rato. Entre os sintomas temos a cefaleia, febre alta, delírios e erupções cutâneas hemorrágicas. O tratamento também é feito à base de antibióticos.
O tifo epidêmico, ou tifo exantemático, é uma doença bacteriana causada pela Rickettsia prowazekii; e que tem como vetor o piolho humano: Pediculus humanus.
Esses parasitas se desenvolvem no interior das células intestinais dos piolhos que, ao defecarem, os liberam; e entram em contato com o organismo do indivíduo por meio de feridas e fissuras localizadas na pele, muitas vezes geradas pela própria pessoa, enquanto se coça.
As rickettsias são parasitas intracelulares obrigatórias, assim como os vírus; mas, por apresentarem estruturas mais complexas, não são classificadas como tais.
Assim, após infectarem seu hospedeiro, alojam-se no interior de tecidos que revestem os vasos sanguíneos. Em até 14 (quatorze) dias, surgem os sintomas, de forma súbita, que incluem dores no corpo, cabeça e articulações; fadiga extrema, calafrios, febre alta e surgimento de manchas vermelhas, espalhadas pelo corpo. Delírios e erupções cutâneas hemorrágicas também podem se manifestar.
É uma doença altamente contagiosa – típica de aglomerações humanas – aliada a más condições de higiene. Por tal motivo, é mais frequente em populações carentes, campos de refugiados e de concentração, prisões, tempos de guerra, etc.
Foi a causa de muitas epidemias mortíferas; e, apesar de avanços significativos no que se diz respeito ao saneamento básico, até hoje ocorrem surtos em países da Ásia, África e América do Sul. No Brasil, não existem registros de sua ocorrência[23].
A febre amarela causou trinta mil mortos na Etiópia no período de 1960 a 1962. O flavivírus que tem sua versão urbana e outra silvestre, já causou grandes epidemias na África e nas Américas. E, a contaminação é feita através do mosquito transmissor que picou antes uma pessoa infectada com o vírus.
Entre os sintomas temos a febre alta, o mal-estar, o cansaço, calafrios, náuseas, vômitos e diarreia. Oitenta e cinco por cento dos pacientes recupera-se em três a quatro dias. Os outros podem ter sintomas mais graves, que podem até levar os infectados à morte.
Nas cidades é transmitida principalmente por mosquitos da espécie Aedes aegypti. O vírus é um vírus ARN do género Flavivírus. Pode ser difícil distinguir a febre amarela de outras doenças, principalmente nos estádios iniciais. Para confirmar um caso suspeito, é necessário analisar o sangue através de reação em cadeia da polimerase.
Está disponível uma vacina segura e eficaz contra a febre amarela. Alguns países exigem que os viajantes sejam vacinados. Entre outras medidas para prevenir a infeção, está a diminuição da população dos mosquitos[24] que a transmitem.
Em áreas onde a febre amarela[25] é comum e a vacinação pouco comum, o diagnóstico antecipado e a vacinação de grande parte da população tornam-se essencial para prevenir surtos.
O tratamento de pessoas infetadas destina-se a aliviar os sintomas, não existindo medidas específicas eficazes contra o vírus. A segunda fase da doença, mais grave, provoca a morte de metade das pessoas que não recebem tratamento.
Em cada ano, a febre amarela causa 200 000 infeções e 30 000 mortes, das quais cerca de 90% ocorrem em África. Nas regiões do mundo onde a doença é endémica, vivem cerca de mil milhões de pessoas.
É comum nas regiões tropicais da América do Sul e de África, mas não na Ásia. Desde a década de 1980, que o número de casos de febre amarela tem vindo a aumentar.
Suspeitas confirmam que os grandes desastres ambientais, tais como o ocorrido em Mariana e Brumadinho, também são responsáveis pela disseminação da febre amarela. A degradação ambiental pode ser um fator de alastramento de uma doença. O desmatamento para o uso de lavouras ou pastagens, por exemplo, contribui para que animais silvestres portadores do vírus fiquem mais próximos a humanos.
Há boatos que trafegam nas redes sociais relacionam o rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana (MG), à disseminação da febre amarela. O maior desastre socioambiental[26] do Brasil foi responsável por provocar um grande desequilíbrio ecológico e a morte em massa de animais.
O sarampo é doença infectocontagiosa caracterizada por manchas avermelhadas na pele e chegou a Europa no século II com a expansão do Império Romano. Também as incursões ao Oriente Médio teriam disseminado o vírus da Ásia para o Egito e, dali para Península Itálica
Aproximadamente um quarto da população da Itália morreu vitimada por essa enfermidade. O sarampo já contabilizou seis milhões de óbito até 1963. Já foi uma das principais causas de mortalidade infantil até 1963, quando se descobriu a primeira vacina que foi aperfeiçoada ao longo do tempo e, a enfermidade fora erradicada em diversos países.
Nosso país perdeu o certificado de erradicação do sarampo após a confirmação de mais um caso endêmico dentro do território brasileiro no Pará, em 2013.
Em 2016, o Brasil recebeu o certificado de reconhecimento foi concedido pela Organização Pan-Americana da Saúde, em evento nos Estados Unidos. Região das Américas é a primeira do mundo considerada zona livre de sarampo
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) entregou em 27.09.2016 ao Ministério da Saúde, durante a 55ª Reunião do Conselho Diretor da OPAS, em Washington, Estados Unidos, o certificado da eliminação da doença. No evento, a região das Américas foi declarada como zona livre de sarampo, a primeira em todo o mundo.
Em janeiro de 2019, o Brasil tinha registrado a presença da patologia em três Estados com surto da doença, a saber: Amazonas, Roraima e Pará. Em 2017 o nosso país teve o menor índice de vacinação em crianças menores de um ano em dezesseis anos. E, todas as vacinas recomendadas para adultos estão abaixo da meta de cobertura ideal.
Começou em 23 de março a primeira etapa da campanha nacional de vacinação contra a gripe que segue até 15 de abril para idosos e trabalhadores da saúde. Para evitar o contato de crianças e idosos neste período, o Ministério da Saúde pede que pais e responsáveis não levem as crianças aos postos de saúde para vacinação de rotina. Os municípios de todo o país iniciaram prioritariamente a vacinação contra a gripe para idosos e trabalhadores da saúde.
Eles fazem parte da primeira fase da Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe. Serão realizadas mais duas fases em datas e para públicos diferentes, alcançando cerca de 67,6 milhões de pessoas em todo o País. A meta é vacinar, pelo menos, 90% de cada um desses grupos, até o dia 22 de maio. O dia “D” de mobilização nacional para a vacinação aconteceu no dia 9 de março
Sarampo é uma doença altamente contagiosa causada pelo vírus do sarampo (Measles morbillivirus). Os sinais e sintomas iniciais geralmente incluem febre, muitas vezes superior a 40 ºC, tosse, corrimento nasal e olhos inflamados.
A vacina[27] contra o sarampo é eficaz na prevenção da doença. Atualmente, cerca de 85% das crianças em todo o mundo são vacinadas. A vacinação diminuiu em 75% o número de mortes por sarampo entre 2000 e 2013. Não existe tratamento específico. Os cuidados de apoio podem melhorar o prognóstico. Entre estes cuidados estão a administração de solução de reidratação oral (líquidos ligeiramente adocicados e salgados), ingestão de alimentos saudáveis e medicamentos para controlar a febre.
No caso de ocorrer uma infeção bacteriana secundária, como a pneumonia, podem ser administrados antibióticos. Em países desenvolvidos, recomenda-se também a suplementação com vitamina A.
O sarampo afeta anualmente cerca de 20 (vinte) milhões de pessoas, a maioria das quais nas regiões em desenvolvimento de África e da Ásia. É a doença que mais mortes causa entre as doenças evitáveis por vacina. Em 2013 causou a morte a 96 000 pessoas, uma diminuição em relação às 545 000 em 1990. Estima-se que em 1980 a doença tenha causado 2,6 milhões de mortes.
A maior parte das mortes ocorre em crianças com menos de cinco anos de idade. O risco de morte entre os infetados é de cerca de 0,2%, mas pode ascender aos 10% em pessoas desnutridas. Acredita-se que não infete outros animais.
A malária também contabiliza o total de três milhões de óbitos por ano, desde 1980.
Em 1880 quando foi descoberto o protozoário Plasmodium[28] que causa a doença. A OMS
considera a malária a pior doença tropical e parasitária da atualidade, só perdendo em gravidade para a AIDS. A contaminação é realizada através da picada do mosquito Anopheles que já contaminado com o protozoário da malária.
O referido protozoário destrói as células do fígado e os glóbulos vermelhos e, ainda, em alguns casos, as artérias que levam o sangue até o cérebro. Infelizmente não existe uma vacina eficiente, apenas medicamentos para tratar e curar os sintomas.
Os sintomas da malária[29] são: febre alta; calafrios; tremores; sudorese; dor de cabeça, que podem ocorrer de forma cíclica. Muitas pessoas, antes de apresentarem estas manifestações mais características, sentem náuseas, vômitos, cansaço e falta de apetite.
No Brasil, a maioria dos casos de malária se concentra na região Amazônica, nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Nas demais regiões, apesar das poucas notificações, a doença não pode ser negligenciada, pois se observa uma letalidade mais elevada que na região Amazônica.
A malária[30] não é uma doença contagiosa. Uma pessoa doente não é capaz de transmitir a doença diretamente a outra pessoa, é necessária a participação de um vetor, que no caso é a fêmea do mosquito Anopheles (mosquito prego), infectada por Plasmodium, um tipo de protozoário.
Estes mosquitos são mais abundantes nos horários crepusculares, ao entardecer e ao amanhecer. Todavia, são encontrados picando durante todo o período noturno, porém em menor quantidade[31].
Em recente estudo realizado em Cingapura e publicado no The Lancet provou que o distanciamento social é, realmente, uma alternativa eficaz no combate ao coronavírus. E, segundo os especialistas, as medidas de quarentena (para indivíduos infectados e suas famílias), tal como o fechamento de estabelecimentos e o incentivo ao home office ou teletrabalho, se mostraram mais eficazes na redução de casos do covid-19 quando combinadas.
Para realizar o estudo, os especialistas consideraram um cenário base, que não incluiu intervenções governamentais, e outras quatro alternativas: 1) isolamento de indivíduos infectados e quarentena de seus familiares; 2) quarentena e fechamento imediato das escolas por 2 semanas; 3) quarentena e distanciamento imediato do local de trabalho, em que 50% da força de trabalho é incentivada a trabalhar em casa por 2 semanas; 4) uma combinação de quarentena, fechamento imediato das escolas e distanciamento do local de trabalho.
Comparado com o cenário base, a intervenção combinada (4) foi a mais eficaz, reduzindo o número médio estimado de infecções em até 99,3%. Os médicos também ressaltam que o distanciamento social se provou eficaz considerando casos assintomáticos, que são aqueles nos quais os infectados mostram poucos ou nenhum sintoma da Covid-19.
Ressalta-se que, embora as bases científicas favoráveis a essas intervenções sejam grandes, considerações éticas devem ser feitas. "É importante ressaltar que os líderes políticos devem adotar políticas de quarentena e de distanciamento social que não influenciem nenhum grupo populacional”, escreveram os especialistas num comentário do estudo.
Enfim, o legado de injustiças sociais e econômicas praticadas em prol da saúde pública têm repercussões duradouras e, essas intervenções podem representar riscos de redução de renda e até perda de emprego, afetando desproporcionalmente as populações mais desfavorecidas. E, nesse sentido o atual governo brasileiro institui Medidas Provisórias (notadamente a 935/2020) e o Benefício Emergencial (Medida Provisória (MP 935/2020) que libera R$ 51,6 bilhões para a execução do Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda. Fonte: Agência Senado
Por essa razão é necessária haver maior e especial atenção deve ser dada às proteções para populações vulneráveis, como sem-teto, encarcerados, idosos ou pessoas com deficiência e imigrantes sem documentos", que sofrem por uma cruel invisibilidade[32]. "Da mesma forma, podem ser necessárias exceções às medidas restritivas, para certos grupos, incluindo pessoas que dependem de tratamento médico em andamento."