Os maiores dilemas morais da humanidade

O que você escolhe ou escolheram você?

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06/05/2020 às 01:04
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[1] William Clark Styron Jr. (1925-2006) foi romancista e ensaísta norte-americano que ganhou importantes prêmios literários por seu trabalho.  Ficou conhecidos por seus romances como: Lie Down in Darkness (19510; As Confissões de Nat Turner (1967). Líder de uma revolta de escravos na Virgínia, 1831; Sophie’s Choice (1979). Em 1985 sofreu luta séria contra a depressão. Depois se recuperou e escreveu o livro de memórias intitulado Darkness Visible (1990), o trabalho pelo qual ficou mais conhecido nas últimas duas décadas de sua vida.

[2] Para Locke não existem ideias inatas, que nascem com as pessoas, as pessoas tiram suas ideias das experiências de sua vida. Sobre a ética, Locke acreditava que ela tem que ser demonstrada racionalmente, pois não podemos apresentar nenhuma regra moral sem fundamentar através da razão a necessidade dessa regra.

[3] A filosofia de Jean-Jacques Rousseau tem como essência a crença de que o Homem é bom naturalmente, embora esteja sempre sob o jugo da vida em sociedade, a qual o predispõe à depravação. Para ele o homem e o cidadão são condições paradoxais na natureza humana, pois é o reflexo das incoerências que se instauram na relação do ser humano com o grupo social, que inevitavelmente o corrompe.

[4] Tanto o conjunto de princípios, valores e prescrições que os homens, de uma dada sociedade, consideram validos como os atos reais em que aqueles se concretizam ou encarnam. É necessário ter sempre presente a distinção entre o plano puramente normativo (o ideal), e o factual (real ou prático), estabelecendo dois termos para designar respectivamente cada plano: moral e moralidade. A moral seria a designação de um conjunto de princípios, normas, imperativos ou ideias morais de uma época ou de uma sociedade determinada, ao passo que a moralidade se refere ao conjunto de relações efetivas ou atos concretos que adquirem um significado moral com respeito a "moral" vigente.

A finalidade da ação humana é um "padrão" de moralidade. Por sua vez, a moralidade é estabelecida como sendo as regras e preceitos norteadores da conduta humana que venha a ter efeitos perante a comunidade, considerando seu conjunto de interesses individuais. Podemos então afirmar que a diferença entre a moral e moralidade corresponde assim àquela indicada entre a norma e o fato e, como esta não pode ser negligenciada. a tendência é de a moral transformar-se em moralidade, pois a exigência da realização na essência do próprio normativo; a moralidade é a moral em ação, a moral prática e praticada.

[5] Baruch de Espinosa nascido Benedito Espinosa (1632-1677) foi um dos grandes racionalistas e filósofos

do século XVII dentro da Filosofia Moderna, juntamente com René Descartes e Gottfried Leibniz. O monumento feito em homenagem a Spinoza em Haia foi assim comentado por Renan em 1882: “Maldição sobre o passante que insultar essa suave cabeça pensativa. Será punido como todas as almas vulgares são punidas — pela sua própria vulgaridade e pela incapacidade de conceber o que é divino. Este homem, do seu pedestal de granito, apontará a todos o caminho da bem-aventurança por ele encontrado; e por todos os tempos o homem culto que por aqui passar dirá em seu coração: Foi quem teve a mais profunda visão de Deus".

[6] Joshua D. Greene é psicólogo experimental norte-americano, neurocientista e filósofo. É professor de psicologia da Universidade de Harvard. Maior parte de sua pesquisa e escritos têm se preocupado com o julgamento moral e tomada de decisão. Concentra-se em questões fundamentais da ciência cognitiva. Greene e outros estudiosos desenvolveram uma teoria de processo do duplo julgamento moral, sugerindo que os julgamentos morais são determinados por respostas emocionais automáticas e, por raciocínio consciente e controlado. E, ainda, argumenta, em particular sobre a tensão central na ética entre a deontologia (teorias morais baseadas em direitos ou deveres) e o consequencialismo (teorias baseadas em resultados) que reflete as influências concorrentes desses dois tipos de processos.

[7] John Stuart Mill (1806-1873) foi filósofo e economista britânico. Considerado por muitos como o filósofo de língua inglesa mais influente do século XX. É conhecido principalmente por seus trabalhos nos campos da filosofia política, ética, economia política e lógica, além de influenciar inúmeros pensadores e áreas do conhecimento. Defendeu o utilitarismo, a teoria ética proposta inicialmente por seu padrinho, Jeremy Bentham. Além disso, é um dos proeminentes e reconhecidos defensores do liberalismo político, sendo seus livros fonte de discussão e inspiração sobre as liberdades individuais ainda nos tempos atuais.

[8] O matemático e filósofo francês René Descartes inaugurou a dúvida metódica, isto é, deve-se suspender o juízo a princípio e, colocar a dúvida sob o crivo de um método capaz de conduzir a uma certeza clara e distinta. A dúvida era para ele fato primordial para a investigação acerca da veracidade do conhecimento, e quem duvida, segundo Descartes, pensa, e se alguém pensa, dá-se conta de sua existência como ser pensante (Daí a sua máxima: “Cogito, ergo sum”- “Penso, logo existo!”).

[9] A violência é inerente à espécie homo sapiens “porque está ligada ao instinto de agressão que, como instinto, pode servir para o bem ou para o mal e existe para preservar a vida”, afirma a professora Angelina Batista. “De fato, há uma predisposição genética para a agressividade”, confirma o geneticista Oswaldo Frota-Pessoa, da Universidade de São Paulo, conhecido por investigar em que medida o comportamento humano é herança biológica. Mas ele adverte: “Não existe um gene que seja única e exclusivamente responsável por uma crise de cólera”.

[10] Segundo a Anistia Internacional, cinquenta e sete países ainda aplicam a pena e morte com frequência. Outros trinta e cinco têm legislação que permite a penal capital, mas não a aplicam há mais de dez anos. Em sete países, incluindo o Brasil, a pena de morte é ilegal para os crimes comuns, sendo aplicada apenas em contextos de guerra. Em noventa e oito países as execuções foram completamente erradicadas.

[11] A Lei 9.455/1997 em seu artigo 1º, inciso I define o crime de tortura que consiste em constranger alguém com emprego de violência ou grava ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental. O constrangimento apresenta como finalidades: obter informações, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; provocar ação ou omissão de natureza criminosa; em razão de discriminação racial ou religiosa. Para essa Lei a modalidade de tortura-prova ou tortura-persecutória, isto é, tortura praticada para forçar confissão, ou informação da qual dispõe a vítima e que é de interesse do torturador.  Em verdade, o inciso III do artigo 5º da Constituição de 1988 como que reproduziu o artigo 7º do Pacto dos Direitos Civis e Políticos, aprovado em Assembleia das Nações Unidas em 1966, que determina: “Artigo 7º. Ninguém poderá ser submetido a tortura, nem a Penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. Será proibido, sobretudo, submeter uma pessoa, sem seu livre consentimento, a experiências médicas ou científicas”. A definição de tortura veio a ser prevista na “Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas e Degradantes”, subscrita e ratificada pelo Brasil, e incorporada ao nosso ordenamento jurídico, com força de lei. Segundo esta Convenção, tortura é definida como “qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou de terceira pessoa, informações ou confissões; de castigá-la por ato que ela ou terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em discriminação de qualquer natureza; quando tais dores ou sofrimentos são infligidos por um funcionário público ou outra pessoa no exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu consentimento ou aquiescência”.

[12] Um estudo da Anistia Internacional, que entrevistou pessoas de 21 países de todos os continentes, traz essas revelações. O estudo faz parte da campanha global anti-tortura lançada pela entidade. "Governos ao redor do mundo têm duas caras em relação à tortura. Por um lado, a proíbem. Por outro, facilitam a sua prática", diz Salil Shetty, secretário-geral da entidade. Desde 1984, 155 nações assinaram a convenção da ONU contra a prática de tortura. Desses, 142 são observados pela Anistia Internacional. O dado alarmante: 79 casos de tortura já foram rastreados em 2014. Mais da metade deles aconteceram em países que ratificaram a convenção da ONU. Em outras palavras: só são contra a tortura no papel.

[13] Jonathan Haidt é psicólogo social norte-americano e professor de Liderança Ética na Stern School of Business de New York University. Seu trabalho de pesquisa enfoca as bases da moralidade humana em diversas culturas. Foi citado como um dos maiores pensadores do mundo pela Revista Foreing Policy e um dos maiores pensadores mundiais pela Revista Prospect. Haidt é filósofo e psicólogo moral (acadêmico), e este é seu principal livro The Righteous Mind: Why Good People Are Divided by Politics and Religion (“A mente justa: Por que boas pessoas são divididas pela política e pela religião”, numa tradução livre. Nele, o autor mistura descobertas científicas com uma narrativa pessoal para demonstrar sua insatisfação com as explicações da psicologia para o desenvolvimento moral do ser humano, tidas por ele como muito racionalistas e baseadas em argumentos (como se cada um de nós fosse um filósofo).  Ao mesmo tempo, Haidt é também um progressista convicto (um “liberal”, no sentido americano do termo) e toma por totalmente absurdas e ultrajantes quaisquer posições éticas ou políticas que contrariem sua visão de mundo.

[14] Alfonsus (Fons) Tropenaars é um teórico organizacional holandês, consultor de administração e autor no campo da comunicação intercultural conhecido pelo desenvolvimento do modelo de diferenças culturais nacionais de Trompenaars. Trompenaars recebeu o Prêmio Internacional de Pesquisa da Área de Prática Profissional da Sociedade Americana de Treinamento e Desenvolvimento (ASTD) em 1991. Posteriormente, em 1999, a revista Business o classificou como um dos 5 principais consultores de gerenciamento ao lado de Michael Porter, Tom Peters e Edward de Bono.  Em 2011, ele foi eleito um dos 20 principais pensadores internacionais de maior influência de RH pela HR Magazine. Em 2015, ele foi novamente classificado no Thinkers50 dos pensadores de gestão mais influentes vivos e, em 2017, ingressou no Hall da Fama do Thinkers. 

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Trompenaars escreveu Riding the Waves of Culture, Understanding Cultural Diversity in Business. Este livro (em sua terceira edição) vendeu mais de 120.000 cópias e foi traduzido para 16 idiomas, entre eles francês, alemão, holandês, coreano, dinamarquês, turco, chinês, húngaro e português.  Ele é coautor, entre outros, de Nove Visões do Capitalismo: Desvendando os significados da criação de riqueza e recompensando o desempenho globalmente.

[15] Franz Uri Boas (1858-1942) antropólogo teuto-americano, um dos pioneiros da Antropologia Moderna que tem sido chamado de Pai da Antropologia Americana. Em 1887 emigrou para os Estados Unidos, onde trabalhou pela primeira vez como um curador do museu no Smithsonian, e em 1899 tornou-se professor de antropologia da Universidade de Columbia, onde permaneceu pelo resto de sua carreira.

Através de seus alunos, muitos dos quais passaram a manter departamentos de antropologia e programas de pesquisa inspirados por seu mentor, Boas influenciou profundamente o desenvolvimento da antropologia norte-americana.  Entre seus alunos mais significativos estão A. L. Kroeber, Ruth Benedict, Edward Sapir, Margaret Mead, Zora Neale Hurston e Gilberto Freyre. Franz Boas mostrou que as culturas humanas não percorrem o continuum simples-complexo, pretendido pelas teorias ortogenéticas, mas que existem diferentes desenvolvimentos históricos, resultantes de diferentes processos em que intervieram inúmeros fatores e acontecimentos, culturais e não culturais.

A obra de Boas, ao estabelecer a autonomia relativa do fenômeno cultural, desvinculou-se do rígido determinismo em face do meio ambiente e das características biológicas dos componentes das diversas sociedades. Adicionando contribuição tão valiosa à causa do antirracismo, escreveu trabalhos sobre raça e sobre a situação do negro nos Estados Unidos, além de estimular pesquisas semelhantes em várias partes do mundo.

[16] Steven Arthur Pinker (1954) é um psicólogo e linguista canadense naturalizado norte-americano. É professor de Universidade Harvard e escritor de livros de divulgação científica. Durante 21 anos Pinker foi professor no Departamento do Cérebro e Ciências Cognitivas do Massachusetts Institute of Technology antes de regressar em Harvard em 2003. Pinker completou o bacharelado em Psicologia da Universidade McGill no ano 1976, e doutorado em Psicologia Experimental pela Universidade de Harvard em 1979.  Pinker escreve sobre a linguagem e as ciências cognitivas em vários níveis, desde artigos especializados até publicações de divulgação científica. Ele é mais bem conhecido pela sua pesquisa da aquisição da fala e pelo seu trabalho sobre as noções de desenvolvimento inato da linguagem iniciadas por Noam Chomsky. No entanto, ao contrário de Chomsky, Pinker considera a linguagem uma adaptação evolutiva.

[17] Avram Noam Chomsky (1928) é um linguista, filósofo, sociólogo, cientista cognitivo, comentarista e ativista político norte-americano, reverenciado em âmbito acadêmico como o "pai da linguística moderna", também é uma das mais renomadas figuras no campo da filosofia analítica. É professor emérito em Linguística no Instituto de Tecnologia de Massachussetts e, teve seu nome associado à criação da gramática gerativa transformacional.

É autor de importantes trabalhos sobre as propriedades matemáticas das linguagens formais, tendo também criado à chamada Hierarquia de Chomsky.  Seus trabalhos, combinando uma abordagem matemática dos fenômenos da linguagem com uma crítica do behaviorismo, nos quais a linguagem é conceitualizada como uma propriedade inata do cérebro/mente humanos, contribuem decisivamente para a formação da psicologia cognitiva, no domínio das ciências humanas.

[18] Helga e Raquel cresceram juntas. Eram as melhores amigas apesar do facto da família de Helga ser cristã e a de Raquel judia. Durante muitos anos, a diferença religiosa não parecia constituir problema na Alemanha, mas depois de Hitler tomar o poder, a situação mudou. Hitler exigiu que os judeus usassem braçadeiras com a estrela de David.

Começou a encorajar os seus seguidores a destruir os bens dos judeus e a bater-lhes nas ruas. Por último, começou a prendê-los e a deportá-los. Circularam rumores de que os judeus estavam a ser mortos. Esconder judeus procurados pela Gestapo (a polícia de Hitler) era crime sério e violação da lei do governo alemão. Uma noite, Helga ouve bater à porta. Quando abriu, viu Raquel nos degraus, envolvida num casaco escuro. Rapidamente Raquel saltou para dentro. Ela tinha tido um encontro, e quando regressou a casa encontrou elementos da Gestapo à volta de sua casa.

Os pais e irmãos já tinham sido levados. Sabendo do seu destino se a Gestapo a apanhasse, Raquel correu para casa da sua velha amiga. Se fosse convosco, o que fariam? Primeiro:- Mandava Raquel embora (o que significava entregá-la à Gestapo e, consequentemente, condená-la à morte, dado que sabia que os judeus caídos nas mãos da Gestapo eram mortos); Segundo:- Escondia Raquel (o que significava pôr em risco a sua segurança bem como a da sua família dado que esconder judeus era considerado crime).

[19] Empatia traz conexão enquanto simpatia deriva desconexão. As quatro principais características da empatia são: tomada de perspectiva — ou seja, a habilidade de considerar a perspectiva de outras pessoas como verdade; não julgar; reconhecer as emoções em outras pessoas; conseguir passar essa informação, comunicar-se.

Além disso, empatia é uma escolha vulnerável, já que, para se conectar com o que outra sente, uma pessoa precisa se conectar com algo em si mesmo que conhece aquele sentimento. Em negociações, a empatia pode ser considerada uma arma muito eficaz. Quando você se coloca do lado da pessoa, ela se sente em uma posição mais confortável, longe de emoções fortes, onde ela não te ouviria, e entende mais claramente que ambos estão à procura do melhor acordo.

Sobre a autora
Gisele Leite

Professora universitária há três décadas. Mestre em Direito. Mestre em Filosofia. Doutora em Direito. Pesquisadora - Chefe do Instituto Nacional de Pesquisas Jurídicas. Presidente da Seccional Rio de Janeiro, ABRADE Associação Brasileira de Direito Educacional. Vinte e nove obras jurídicas publicadas. Articulistas dos sites JURID, Lex Magister. Portal Investidura, Letras Jurídicas. Membro do ABDPC Associação Brasileira do Direito Processual Civil. Pedagoga. Conselheira das Revistas de Direito Civil e Processual Civil, Trabalhista e Previdenciária, da Paixão Editores POA -RS.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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