Parece haver uma força abstrata, uma aura que tenta hierarquizar as funções jurídicas.
Criou-se no imaginário coletivo a ideia de que defensor é melhor que advogado; que promotor é melhor que defensor e delegado; e que juiz, esse é melhor que todos os demais, agora todos relegados.
Ah, o imaginário.
Devemos parar de dizer a um promotor que um dia ele será juiz. Do mesmo modo, não é adequado perguntar a um defensor se um dia ele quer ser juiz. Por fim, paremos de sugestionar a um advogado por que ele não faz concurso público.
Todas as funções jurídicas são essencial e ontologicamente as mesmas. As mesmas! Apenas são concretizadas, materializadas e operacionalizadas de maneiras distintas.
Não defendo que todas são iguais, porque particularmente não acredito no conceito de igualdade, senão no ideal de direito à diferença. Ou seja, a concretização da isonomia.
Superemos esses imaginários coletivos, já superados. Lembremos que nossa pergunta nos qualifica, e não a pessoa perguntada.
Imaginários coletivos podem guardar sabedorias populares e culturais, mas também preconceitos, discriminações e desconhecimentos.
Imaginários desatualizados ou irreais devem, portanto, ser eliminados com a devida difusão do conhecimento e da cidadania.