O jornalista Reinaldo Azevedo, que gosta de fazer tal contabilidade, atribuiu em novembro último ao Jair Bolsonaro o cometimento do 17º crime de responsabilidade suficiente para justificar o seu impeachment, como se pode ler em https://noticias.uol.com.br/colunas/reinaldo-azevedo/2020/11/11/novo-crime-de-responsabilidade-do-necropolitico-para-quem-inexiste-a-mulher.htm.
Outro colunista, o Celso Rocha de Barros, atualizou a relação, detectando uma tentativa de chantagear e/ou intimidar o Ministério Público no minuto 34 da última live presidencial de 2020. O trecho é o seguinte:
"Agora, o MP do Rio, presta bem atenção aqui: imagine se um dos filhos de autoridade do MP do Rio fosse acusado de tráfico internacional de drogas. O que aconteceria, MP do Rio de Janeiro? Vocês aprofundariam a investigação ou mandariam o filho dessa autoridade pra fora do Brasil e procuraria (sic) uma maneira de arquivar esse inquérito?
Um caso hipotético, falando de um caso hipotético (...). Caso um filho de uma autoridade do Ministério Público do Rio de Janeiro entrasse no inquérito da Polícia Civil do Rio e ali um delator tivesse falado que ele participava de tráfico internacional de drogas. Fica (sic) com a palavra as autoridades do Ministério Público do Rio de Janeiro".
Tanto a ele quanto a mim parece claríssimo que o Bozo, graças a seu serviço de espionagem paralelo e ilegal, ficou sabendo de algo que desconhecemos a respeito do filho de alguém importante no Ministério Público do Rio e ameaça trombeteá-lo se o MP não mudar sua postura nas investigações da rachadinha do Flávio Bolsonaro, passando a tapar o sol com a peneira.
Assino embaixo da conclusão do meu xará colunista:
"Quanto à acusação feita pelo presidente, de duas, uma. Se ela for verdadeira, Bolsonaro vazou dados sigilosos de uma investigação da Polícia Civil que obteve ilegalmente. Se ela for falsa, Bolsonaro caluniou tanto o Ministério Público quanto a Polícia Civil.
A propósito, se Bolsonaro tiver aparelhado a polícia a ponto de vazar a acusação, pode perfeitamente tê-la aparelhado a ponto de forjá-la".
Por último, recomendo ao Rodrigo Maia, que de tanto sentar em cima dos pedidos de abertura de processo de impeachment contra o Bolsonaro acabará batendo com a cabeça no teto, o velho sucesso de Osvaldo Farrés, Quizás, quizás, quizás (acesse-o em https://youtu.be/zdJ0KLJ3PmQ), no qual há uma estrofe que parece ter sido composta especialmente para ele:
"Estás perdiendo el tiempo/ Pensando, pensando/ Por lo que más tú quieras/ ¿Hasta cuándo? ¿Hasta cuándo?" (por Celso Lungaretti)