Precisa ser advogado para abrir um escritório de advocacia?

29/03/2021 às 10:10
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Precisa ser advogado para abrir um escritório de advocacia?

No Brasil, sim, esta é a resposta adequada atualmente. Entretanto, desde Agosto de 2020, por um período de 2 anos, no estado de Utah nos EUA, temos um experimento controlado que faz exatamente o contrário: Um escritório de advocacia foi montado sem ter somente advogados como sócios.

Como funciona?

Usando conceito de sandbox (oriundo da tecnologia que traz a ideia de ter um ambiente controlado onde podemos fazer experimentos), foi criado para estudos um escritório com advogados e não advogados com o objetivo de promover um acesso mais democrático a justiça.

Para muitos um absurdo, inclusive nos atuais padrões da Ordem dos Advogados do Brasil, entretanto, um estudo como este pode ser um diferencial para pensar fora da caixa, pensar em como devemos democratizar o direito.

Precisamos de reserva de mercado? Temos que debater se no mundo em que vivemos, notoriamente multidisciplinar com escritórios precisando de pessoal de TI, administração, advogados, paralegais, biblioteconomistas, entre tantos outros, se realmente ter um escritório de advocacia é ter sócios advogados na sociedade. 

Assim como a ideia de faculdade – conhecido como estudo formal – tem se reinventado.

Em razão de todos os fatos de 2020, somados a falta de profissionais qualificados em todo o mundo na área de tecnologia, o Google lançou 3 certificações (gestão de projetos, data analytics & UX design) focadas em trazer conhecimento com velocidade e focado no mercado. Os cursos tem duração de 6 meses, um custo de 240 dólares (enquanto um curso de formação nos EUA de tecnologia tem duração de 4 anos e custa quase 40 mil dólares) e mais de 100 avaliações neste período de 1 semestre.

Cada vez mais o mercado valoriza o conceito da prática, das chamadas soft skills, ou seja, as habilidades em que a pessoa consegue fazer, pensar, criticar, resolver e menos os títulos que ela pode ter conquistado.

Isto diminui o valor da universidade, do estudo? Lógico que não! Apenas coloca o estudo numa perspetiva diferente. Demonstra que precisamos reaprender a aprender. Precisamos desconstruir a ideia de uma academia para formar doutores e ensinar mais de como este aprendizado pode ser transformador numa sociedade que muda a todo instante.

Devemos compreender que o papel da advocacia não é complicar a sociedade, mas ser uma aliada a justiça social.

Penso que uma sociedade de advogados ao receber um aporte de investidores para ampliar mercado, por exemplo, tendo no seu escopo o melhor resultado ao seu cliente, não está sendo mercantilista, mas sim buscando maneiras de investir em melhores práticas, estudos, resultados para o objeto fim da advocacia, que é a administração da justiça, como bem preceitua a Constituição Federal.

Precisamos efetivamente apenas de advogados na sociedade de advogados? Penso que não. 

Precisamos somente de títulos para dizer o que sabemos? Assim como os títulos que dizem representar conhecimento não forjam resultados, somente assim o transformam se forem pensados, criticados, usados e balanceados com as habilidades de quem os executa.

Pensar de forma multidisciplinar e holística, sem querer acabar com o novo porque é diferente, diverso ou ainda não compreendido. Este é um bom começo para encontrar respostas.

Sobre o autor
Gustavo Rocha

Professor da Pós Graduação, coordenador de grupos de estudos e membro de diversas comissões na OAB. Autoridade em Inteligência Artificial – IA no setor jurídico (chat gpt, Gemmini, Copilot e muito mais!). Consultor em gestão, tecnologia e marketing jurídico. Também sou craque em Privacidade e implementação de LGPD! Vamos conversar? Envie um e-mail ou mensagem pelo Microsoft Teams: [email protected] Prefere contato direto? WhatsApp ou Telegram: (51) 98163.3333

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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