Acórdão determina: Período de União Estável foi apenas Namoro Qualificado

08/04/2021 às 17:33
Leia nesta página:

Acórdão diferencia o período de União Estável do Namoro, mesmo com a presença de filho menor durante o namoro. A vontade de constituir família foi crucial para a decisão.

    A 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins, em abril de 2021, decidiu que o período de união estável concedido em juízo de primeiro grau, correspondeu a um namoro. Decisão confirmou a tese do recorrente e progressista: a existência de namoro qualificado.

O Tribunal reformou a sentença para adequar a partilha de bens quanto ao período de duração da união estável.

O relacionamento iniciou em 2008, porém a união estável compreendeu os anos de 2014 e 2015, apenas.

De 2008 à 2013, a relação entre o casal seria apenas de um namoro qualificado. (!)

O relator entendeu que as provas produzidas são incapazes de comprovar o marco inicial da união estável em 2008, porque:

“A documentação juntada ao feito, analisada em cotejo com a prova oral produzida, não se revela coesa e segura a comprovar que o relacionamento amoroso, com contornos típicos da união estável, tenha se iniciado no ano do nascimento da filha menor do ex- casal.”(grifo nosso).

O entendimento é no sentido de que para fins de comprovação de união estável deve ser observada a efetiva definição do casal pela comunhão de vida como se casados fossem.

Sendo assim “o fato de o réu, sobretudo após o encerramento da obra na cidade, voltar à localidade, seja com o intuito de se encontrar amorosamente com a primeira apelante, seja para visitar a filha, não indica contornos de continuidade, duração e reconhecimento público de constituição de família (artigo 1.723, CC/02).” (grifo nosso).

E continuou:

“É indispensável ressaltar, inclusive, que a própria autora, em audiência de Instrução e Julgamento, afirma, de forma clara, que o namoro teria iniciado em maio de 2007. Registro, ademais, que a magistrada chega a frisar a expressão ‘a namorar’, como se extrai do áudio juntado ao feito de origem”, pontuou.

Conclui-se que a formação de família somente se deu em meados de fevereiro de 2013, quando, em comunhão de vontades, as partes optaram morar juntos para criarem a filha no Exterior.

Com a decisão, o período da união estável vivida entre o casal determina a partilha dos bens e dívidas amealhadas neste lapso.

Diferenças entre União Estável e Namoro Qualificado

Os requisitos da União Estável são: convivência pública, contínua e duradoura, com o ânimo de constituir família (art. 1723 CC/02).

Já o namoro qualificado, não possui previsão legal. É um conceito atual aplicado pela jurisprudência, já que o Código Civil de 2002 não acompanhou as atuais formas de relacionamento e suas consequências financeiras, sociais e emocionais.

A diferença entre estes dois conceitos está na vontade de constituir família, muito embora atualmente diversos casais optem por não terem filhos ou adotarem.

Essa subjetividade deixa ainda mais complicado para o magistrado decidir se realmente era namoro ou união estável, observadas as peculiaridades de cada caso concreto.

A diferenciação atinge principalmente a partilha de bens, caso o casal tenha adquirido algum bem em conjunto ou separadamente (jurisprudência tem entendido que há necessidade de esforço mútuo para partilha de 50/50).

A "vontade de constituir família" é sutil, por isso depende de análise de cada caso concreto e ser extremamente assertivo nas provas que serão apresentadas e nos depoimentos das partes e testemunhas.

Daí vem a importância de sempre contar com a assessoria de profissional habilitado, com experiência e especializado na área, que irá prestar os esclarecimentos e conduzir o processo da melhor forma, inclusive com a instrução da parte, provas e testemunhas, essencial para o desfecho favorável da demanda.

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Sobre a autora
Sofia Jacob

Advogada atuante desde 2008 nas áreas de direito internacional, contratos, imobiliário e ambiental. Especialista em Divórcio Internacional e inventário. Atendimento a brasileiros e estrangeiros (inglês e francês). MBA Internacional em Gestão Ambiental pela UFPR. Curso de Contratos Internacionais pela Harvard Law School: Relationship of Contracts to Agency, Partnership, Corporations. Formação em Life Coach. Curso de Produtividade, gestão do tempo e propósito pela PUC/RS. Autora de artigos jurídicos premiados. 2 E-books publicados. É inerente a profissão buscar a superação de limites. Advogar é essencialmente nunca esmorecer e obter a satisfação dos legítimos direitos daqueles que lhes confiaram o trabalho e a arte da defesa jurídica. Contatos: [email protected] Whatsapp +55 41992069378 Nas nossas redes sociais temos diversos artigos e dicas sobre direito de família internacional (divórcio internacional, casamento no exterior, pensão alimentícia em euro/dólar, partilha de bens, guarda de menores, herança internacional, inventário, imigração, cidadania, etc.) Escrito por Sofia Jacob, Advogada atuante desde 2008 nas áreas de direito internacional, contratos, imobiliário e ambiental. Especialista em Divórcio Internacional e inventário. As informações fornecidas nos artigos são genéricas e não poderão ser considerada uma consultoria jurídica ou vir a vincular o advogado ao leitor. Recomenda-se que eventuais litígios ou casos particulares sejam analisadas por profissional habilitado e especializado, pois circunstâncias peculiares de cada podem implicar em alterações das legislações aplicáveis. Em caso de reprodução total ou parcial do artigo, é obrigatória a citação da fonte, pelos direitos autorais da autora. Colegas advogado (a): Não respondemos questionamentos encaminhados por e-mail ou WhatsApp sobre dúvidas legais, não emitimos dicas sobre casos específicos de seus clientes ou familiares. Trabalhamos com pareceres ou consultas agendadas. Alunos: Aguardem as lives ou nossas aulas na plataforma. Obrigada.

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