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O Velho e o Mar: o existencialismo e o virtualismo

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19/07/2021 às 18:20

Resumo:

- Ernest Miller Hemingway foi um renomado escritor norte-americano, vencedor do Prêmio Pulitzer e do Prêmio Nobel de Literatura, conhecido por obras como "O Velho e o Mar".
- A Escola de Sagres, em Portugal, foi um centro de formação de navegadores no século XV, com o objetivo de capacitar marinheiros em cartografia, geografia e astronomia.
- A Era dos Descobrimentos foi um período de expansão marítima e descobertas de novos territórios, protagonizado por navegadores como Vasco da Gama, Cristóvão Colombo e Fernão de Magalhães.

Resumo criado por JUSTICIA, o assistente de inteligência artificial do Jus.

7. O Existencialismo

Como destacamos em nosso Livro “O Progressismo 52 ”, não remanescem dúvidas que o pensamento de Sócrates, e as obras de Platão e Aristóteles, serviram de base para toda a Filosofia na Idade Média, Renascentista, Idade Moderna e Contemporânea, tendo como exemplos Pensadores, Santo Agostinho, São Tomaz de Aquino, no período entre a Filosofia Medieval e início da Renascença e outros, como os iluministas, Rousseau, Voltaire e Descartes, e, alguns mais recentes, como Auguste Comte, Imannuel Kant, David Hume, Friedrich Nietzsche, Michel Foucault, etc. Assim, pode-se citar, entre outras, como as principais correntes filosóficas: o Idealismo; o Materialismo; a Escolástica; o Racionalismo; o Empirismo; o Pragmatismo; e o Existencialismo.

O que é o Existencialismo?53 De acordo com o dicionário, o Existencialismo é uma filosofia que enfatiza a singularidade e o isolamento da experiência individual, em um universo hostil ou indiferente, considera a experiência humana como inexplorável e enfatiza a liberdade de escolha e a responsabilidade pelas consequência dos atos.

As raízes do Existencialismo 54 . Esses conceitos de alienação, angústia e absurdos, fizeram com que Kierkegaard fosse considerado o primeiro dos existencialistas. Embora os existencialistas fossem ateus, que não seguiam as convicções dos filósofos de que a fé em Deus é um aspecto positivo e importante da vida, eles adotaram o credo da importância do individualismo contra a sociedade que era, senão, evidentemente hostil, pelo menos apática. Diga-se que, o Existencialismo decolou no Século XX, mas, tem suas origens na filosofia de Kierkegaard e Friedrich Nietzsche. Kierkegaard não apenas influenciou as futuras gerações dos filósofos, incluindo Martin Heidegger e Jean-Paul Sartre, mas, também figuras como August Strindberg e Albert Camus.

Søren Aabye Kierkegaard (1813-1855)55 foi um filósofo e teólogo dinamarquês. Kierkegaard criticava fortemente, quer o hegelianismo do seu tempo, quer, o que via como as formalidades vazias da Igreja da Dinamarca. Considerado como o primeiro existencialista, escreveu em reação à filosofia popular de Hegel. Uma figura literária na Dinamarca, Kierkegaard, usou da ironia para estabelecer seu ponto de vista. Como resultado, é difícil dizer quando ele está sério e quando ele está filosoficamente irônico. Ele procurou fazer uma distinção entre a verdade subjetiva e verdade objetiva. A verdade objetiva, indica que algo é verdadeiro, não importando se você sabe isso ou se acredita nisso. A verdade subjetiva, significa que o que é verdade para você, pode não ser verdade para seu vizinho.

Entre outras percepções, Kierkegaard acreditava que o Cristianismo não deveria ser mediado pelos intermediários, que representam a religião organizada. A religião deveria existir de forma direta entre o indivíduo e Deus. Isso é conseguido com uma vida baseada nos princípios da sua e não, meramente, com visitas frequente à Igreja, e com a doção de seus dogmas. Sua vida é como uma tese, que você apresentará à Deus no Dia do Julgamento. Sua vida é a obra de arte, que será examinada pelo Todo-Poderoso. Isso implica uma responsabilidade e tanto, e você deve fazer o melhor possível. Entre outras, cite-se as Principais obras de Kierkegaard 56 : O Diário de um Sedutor (1843); Temor e Tremor (1843) e O Desespero Humano (1849).

Friedrich Nietzsche (1844-1900)57 foi um filósofo, escritor e crítico alemão que exerceu grande influência no Ocidente. Sua obra mais conhecida é “Assim Falava Zaratustra”. O pensador estendeu sua influência para além da filosofia, penetrando na literatura, poesia e todos os âmbitos das belas artes. Na obra, “Assim Falava Zaratustra ” estão as ideias-chaves do pensamento de Nietzsche: a ideia de Super-Homem, a ideia de Transmutação de Valores; a ideia de Espírito Senhoril; e a ideia de Eterno Retorno. Que derrotariam a moral cristã e o ascetismo servil.

Martin Heidegger (1889-1976)58, foi um filósofo, escritor, professor universitário alemão. Ele é visto como o ponto de ligação entre o existencialismo de Kierkegaard e a fenomenologia de Edmund Husserl (1859-1938)59. Sua filosofia existencialista influenciou Camus, Sartre e muitos outros. Heidegger foi influenciado por Kierkegaard, Friedrich Nietzsche. Heidegger afirmava que a única coisa que podemos ter certeza é a convicção do ser e da existência. Por esse motivo, foi considerado o primeiro existencialista no Século XX, influenciando Jean-Paul Sartre e Albert Camus, os mais famosos existencialistas. Diferenciando a noção do ser e o ente (coisa), Heidegger, afirma que o homem é um “ente inacabado”, que se reconstrói constantemente. Tendo a morte como horizonte e limite do futuro, o homem deve retomar-se a cada momento, unir o presente e o passado. A existência está, portanto, vinculada à temporalidalide. Principal obra: Ser e Tempo.

Jean-Paul Charles Aymard Sartre (1905-1980)60 foi um filósofo, escritor e crítico francês, conhecido como representante do existencialismo. Acreditava que os intelectuais têm de desempenhar um papel ativo na sociedade. Ele foi uma presença ativa na Resistência Francesa, durante a II Guerra Mundial. Era esquerdista político, criticou e enalteceu alternadamente as atividades da União Soviética (extinta em 1991) durante a Guerra Fria (1948-1991). Sartre recusou o Prêmio Nobel de Literatura de 1964, quando afirmou que, "por motivos pessoais e outros, mais objetivos, que não cabe aqui desenvolver, desejo não figurar na lista dos possíveis laureados e não posso, nem quero, nem em 1964, nem mais tarde, aceitar esta distinção honorífica". Sartre alegou para Academia Sueca que, "um escritor que adota posições políticas, sociais ou literárias, deve agir apenas com os meios que são os seus, ou seja, a palavra escrita. Todas as honras que possa receber, expõem os seus leitores a uma pressão que não considero desejável". Na obra O ser e o Nada , Sartre, assim como Camus, via os humanos em sua melhor forma, quando eles se rebelavam contra a sociedade impessoal, assumindo a responsabilidade por seus próprios atos, em vez de ficarem presos, por causa das represálias e aceitando a predileção humana de culpar os outros por seus problemas. Sartre observava que a humanidade é "condenada à liberdade". Com essa afirmação, ele tencionava dizer que a liberdade é tanto, uma bênção como uma maldição, é uma responsabilidade e um fardo. Contudo, afirmava Sartre, você pode encontrar a felicidade e a esperança, mesmo dentro do universo, aparentemente pessimista dos existencialistas.

Albert Camus (1913-1960)61 foi um escritor, romancista, ensaísta, dramaturgo e filósofo francês nascido na Argélia. Foi também jornalista militante engajado na Resistência Francesa e nas discussões morais do pós-guerra. O existencialista do Século XX, Albert Camus, foi um franco argelino pertencente ao mundo das letras e ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1957. Camus, era simpático ao empenho dos nativos árabes da Argélia, país de sua origem, que sofriam nas mãos dos mestres coloniais franceses. Ele foi para França durante a II Guerra Mundial, e trabalhou corajosamente com a Resistência Francesa, contra as forças ocupantes dos nazistas. Camus, é considerado um existencialista por todos, exceto por ele mesmo e outros existencialistas famosos. Sua crítica ao stalinismo conquistou a ira do pensador francês Jean-Paul Sartre e de outros existencialistas. A elite intelectual da Europa e da América, curiosamente, apoiava Josef Stalin, líder soviético, cuja história provou ser um ditador vitorioso e um assassino de massas do mesmo calibre de Adolf Hitler.

Ernest M. Hemingway (1899-1961)62, natural de Oak Park, Illinois, nos EUA, foi um Escritor norte-americano, que trabalhou como correspondente de guerra em Madri, Espanha, durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), e com esta experiência, inspirou-se para escrever uma de suas maiores obras, Por quem os Sinos Dobram (For Whom the Bell Tolls). Ao final da II Guerra Mundial (1939-1945), foi residir em Cuba. Em 1953, ganhou o Prêmio Pulitzer de Ficção e, em 1954, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura, com a obra O Velho e o Mar (The Old Man and the Sea), escrita em Cuba, em 1951, e publicada em 1952. Suicidou-se em Ketchum, no Estado de Idaho, EUA, em no dia 02/07/1961, ou seja, completa-se 60 (sessenta) anos da sua morte.

Diga-se que, já à partir de 1951, a vida de excessos do escritor, com aventuras, mulheres e álcool, sua saúde física e psicológica, começou a degradar-se, e abalado, comprometia inclusive, a escrever, e, seguindo a frase impressa em O Velho e o Mar, "Um homem pode ser destruído, mas, não derrotado", acabou se suicidando em 02/07/1961, com um tiro na cabeça.

A obra O Velho e o Mar , relata a história de um velho pescador, Santiago, que, há dias, não pesca um peixe, e, quando, finalmente, consegue fisgar um grande peixe, inicia-se um conflito interno e externo, entre a sorte e a necessidade de pescar, vale dizer, o homem e natureza, revelando, uma perspectiva existencialista, que representa os conceitos existencialistas de angústia, desamparo e desespero.

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A obra O Velho e o Mar , pode ser considerada como uma alegoria, e assim, traz significados que podem repercutir em nossa vida cotidiana, numa perspectiva existencialista, admitindo que se trata de conceitos de angústia, desamparo e desespero, tal como, apontados por Jean-Paul Sartre, em sua obra O Existencialismo é um Humanismo 63 .

Na obra O Velho e Mar , é relatado a história de um velho pescador, chamado Santiago, que, depois de anos na profissão, havia 84 (oitenta e quatro) dias que o velho pescador, não apanhava um único peixe. Por isso, já diziam se tratar de um azarento da pior espécie. Mas, Santiago, possui coragem, acredita em si mesmo, e parte para alto-mar, munido da certeza de que, desta vez, será bem-sucedido no seu trabalho. Esta é a história de um homem que convive com a solidão, com seus sonhos e pensamentos, sua luta pela sobrevivência e a inabalável confiança na vida, na perspectiva da existência humana.

O Velho e o Mar (The Old Man and the Sea). Credito de imagem: e-Livros64

Santiago tem um jovem amigo, chamado Manolin, que o incentiva a pescar. Assim, na manhã do 85º (octogésimo quinto) dia, na sua pequena canoa, o velho pescador consegue um peixe, de tamanho descomunal, cerca de 5m (cinco metros) e peso de 700 (setecentos) kg, quase mitológico, e guardadas as proporções, lembra um ancestral literário, a baleia Moby Dick 65 . Ai começa a luta entre o homem e natureza, pois, o peixe oferece muita resistência, e arrasta o barco de Santiago, cada vez mais para alto mar, e nesta luta, Santiago, revela sofrimento, com o sol ardente, surge feridas nas mãos, provocadas pela linha de pesca, na incansável luta com peixe.

Após algum tempo, o velho pescador, Santiago, consegue, por fim, dominar o peixe e amarrá-lo ao seu barco. Todavia, o grande peixe é aslvo de ataque de tubaões, enquanto retornava a costa, Ao chegar à praia, só restava, praticamente, a espinha do grande peixe, e Santiago, extreamamente exausto. Os demais pescadores, puderam observar o tamanho do peixe, que era o maior que alguém dali, já havia pescado. Assim, a comunidade de pescadores, passaram a respeitar e ajudaram o velho pescador, especialmente, o jovem Manolin, que tinha admiração pelo velho homem do mar.

O conflito interno e externo, entre a sorte e a necessidade de pescar, vale dizer, o homem e natureza, revela, uma perspectiva existencialista, que representa os conceitos existencialistas de angústia, desamparo e desespero que envolve o homem, dentro das suas limitações humanas.

Claro, na época, Ernest M. Hemingway, e muito menos o protagonista da obra, O Velho e o Mar , o marinheiro Santiago, não poderiam imaginar, no mundo de hoje, a existência de uma embarcação marítima, comandada com os mapeamentos de navegação fornecidos pelo Global Positioning System - GPS ou Sistema de Posicionamento Global, vale dizer, um sistema de rádio navegação, comandado por satélites, sem a tripulação de bordo, ou melhor, sem a tripulação (física) de segurança mínima, adequada para cada tipo de tripulação, conforme estabelece a Convenção Internacional para Salvaguarda da Vida Humana (SOLAS) de 1914.

Na obra, O Velho e o Mar , se evidencia o conflito interno e externo, entre a sorte e a necessidade de pescar, vale dizer, o homem e natureza, mas, que ao final, depois de muita luta com o grande peixe, o velho marinheiro, realiza o teu sonho, e comprova na comunidade de pescadores, pois, afinal, numa visão existencialista, representa os conceitos existencialistas de angústia, desamparo e desespero e também da concretização dos seus sonhos.

Assim, o que se questiona hoje, transcendendo mundo literário de Ernest M. Hemingway, na laboriosa obra O Velho e o Mar , o que deverá prevalecer nas embarcações marítimas futuras, se, uma tripulação virtual, comandada por inteligência artificial , ou uma a tripulação humana, comandadas por homens do mar , na relação com a natureza, para navegar com segurança, no mar sem fim, ao redor do globo.

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Sobre o autor
René Dellagnezze

Doutorando em Direito Constitucional pela UNIVERSIDADE DE BUENOS AIRES - UBA, Argentina (www.uba.ar). Possui Graduação em Direito pela UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES - UMC (1980) (www.umc.br) e Mestrado em Direito pelo CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO - UNISAL (2006)(www.unisal.com.br). Professor de Graduação e Pós Graduação em Direito Público e Direito Internacional Publico, no Curso de Direito, da UNIVERSIDADE ESTACIO DE SÁ, Campus da ESTACIO, Brasília, Distrito Federal (www.estacio.br/brasilia). Ex-Professor de Direito Internacional da UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO - UMESP (www.metodista.br).Colaborador da Revista Âmbito Jurídico (www.ambito-juridico.com.br) e e da Revista Jus Navigandi (jus.com. br); Pesquisador   do   CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO - UNISAL;Pesquisador do CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO - UNISAL. É o Advogado Geral da ADVOCACIA GERAL DA IMBEL - AGI, da INDÚSTRIA DE MATERIAL BÉLICO DO BRASIL (www.imbel.gov.br), Empresa Pública Federal, vinculada ao Ministério da Defesa. Tem experiência como Advogado Empresarial há 45 anos, e, como Professor, com ênfase em Direito Público, atuando principalmente nos seguintes ramos do Direito: Direito Constitucional, Internacional, Administrativo e Empresarial, Trabalhista, Tributário, Comercial. Publicou diversos Artigos e Livros, entre outros, 200 Anos da Indústria de Defesa no Brasil e "Soberania - O Quarto Poder do Estado", ambos pela Cabral Editora (www.editoracabral.com.br).

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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