FEMINISMO: MOVIMENTO DE OPOSIÇÃO À TRADIÇÃO, PELA EDUCAÇÃO

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22/10/2021 às 10:34
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uropeia do Livro. 1967. Pág. 72

  • A passagem do estado natural ao estado cultural define-se pela aptidão por parte do homem em pensar as relações biológicas sob a forma de sistemas de oposições: a dualidade, a alternância, a oposição e a simetria, que se apresentam sob formas definidas ou formas vagas, constituem menos fenômenos que cumpre explicar que os dados fundamentais e imediatos da realidade social. Beauvoir (1949), pág. 11 apud Lévi-Strauss.

  • Ainda que a abordagem deste artigo não objetiva tratar das questões relacionadas ao Feminismo Negro, o entendimento de como funcionou a cisão no Movimento Tradicional é relevante. Transcrevemos trecho da introdução da obra Ain't I a Woman - Black women and feminism. de Bell Hooks. “Na altura em que na história americana as mulheres negras de todas a áreas do país podiam juntar-se para pedir igualdade social para as mulheres e o reconhecimento do impacto do sexismo sobre o nosso estatus social, estávamos num grande silêncio. O nosso silêncio não era meramente uma reação contra as mulheres brancas liberacionistas ou um gesto de solidariedade para com os homens negros patriarcas. Era o silêncio das oprimidas – o profundo silêncio causado pela resignação e aceitação de um único destino. As mulheres negras contemporâneas não se podiam juntar para lutar pelos direitos das mulheres porque nós não víamos a “natureza feminina” como um aspeto importante da nossa identidade. A socialização racista, sexista condicionou-nos a desvalorizar a nossa feminilidade e a olhar a raça como o único rótulo importante de identificação. Por outras palavras, foi-nos pedido que negássemos uma parte de nós próprias – e fizemo-lo. Consequentemente, quando o movimento de mulheres levantou a questão da opressão sexista, nós argumentamos que o sexismo era insignificante à luz da severa e mais brutal realidade do racismo. Nós tivemos medo de reconhecer que o sexismo podia ser tão opressivo como o racismo. Nós agarramo-nos à esperança de que a libertação da opressão racial seria tudo o que era necessário para sermos livres. Nós éramos a nova geração de mulheres negras que foram ensinadas a submeterem-se, a aceitarem a inferioridade sexual e a serem silenciosas. [...] Enquanto o racismo das mulheres brancas defensoras dos direitos das mulheres vinha à superfície, a frágil ligação entre elas e as ativistas negras foi quebrada.[...] Quando o movimento das mulheres estava no seu pico e as mulheres brancas rejeitaram o seu papel de criadoras, receptáculos de carga, de objeto sexual, as mulheres negras foram celebradas pela sua devoção únicas à tarefa maternal: pela sua “inata” habilidade em serem tremendas portadoras de carga, e pela sua sempre crescente e apta utilização como objeto sexual. Nós parecemos ser unanimemente eleitas para sermos instaladas nos locais que as mulheres brancas abandonaram. [...] Elas tinham livros discutindo o impacto negativo do sexismo nas suas vidas; nós tínhamos livros argumentando que as mulheres negras não tinham nada a ganhar com a libertação das mulheres. Foi dito às mulheres negras que tínhamos de encontrar a nossa dignidade não na libertação da opressão sexista, mas em como e bem podíamos ajustar-nos, adaptarmo-nos e darmo-nos. Foi-nos pedido que enfrentássemos e nos congratulássemos por sermos “boas e pequenas mulheres” e depois disseram-nos que nos sentássemos e nos calássemos”. HOOKS, Bell. Não sou eu uma mulher. Mulheres negras e feminismo. 1ª edição 1981. Tradução livre. Rio de Janeiro, Plataforma Gueto, 2014

  • HOOKS, Bell. O feminismo é para todo mundo: políticas arrebatadoras. Tradução Bhuvi Libanio. – 9ª ed. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2019. Pág. 13

  • HOOKS, Bell. Teoria feminista: da margem ao centro. Perspectiva. 1a. ed. 2019. Pág. 29.

  • HOOKS, Bell. O feminismo é para todo mundo: políticas arrebatadoras. Tradução Bhuvi Libanio. – 9ª ed. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2019. Pág. 25

  • Idem. Pág. 39

  • HOOKS, Bell. O feminismo é para todo mundo: políticas arrebatadoras. Tradução Bhuvi Libanio. – 9ª ed. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2019. Pág. 26

  • Idem. Pág. 157.

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