Conclusão
Conceitos importantes não só para as ciências sociais, mas para o debate público em geral, por vezes são mal interpretados e significam coisas diferentes para pessoas diferentes. Assim, este trabalho teve como objetivo trazer maior entendimento dentro e fora da academia para pontos específicos: o que são democracia, autoritarismo, instituições e como elas podem variar.
O conceito de democracia acompanhou as transformações sociais ocorridas desde a sua mais antiga origem documentada: o regime político deixou de representar uma participação direta de todos os indivíduos reconhecidos como cidadãos e passou a ser sinônimo de governo representativo. Isto é: cidadãos não mais debatem em praça pública. Eles votam em políticos que, uma vez eleitos, serão os tomadores de decisão. O conceito de autoritarismo não foi diferente. Passada a experiência de regimes totalitários, como os experimentados na Alemanha nazista e na Itália fascista, além do bloco soviético no período pós-guerras, era preciso caracterizar regimes que não sufocavam a arena política por completo, mas que impunham importante limitação ao pluralismo. Foi quando Linz (1964) conceituou tais regimes como autoritários.
Regimes políticos, no entanto, podem ser classificados, entre outras coisas, pelas instituições que moldam as relações entre indivíduos. Dessa feita, apresentamos importantes conceituações de o que é uma instituição, como a feita por North (1991): instituições são constrangimentos criados pelos humanos para estruturar as interações políticas, econômicas e sociais, podendo ser formais ou informais. Dentro do âmbito político, elas se apresentam nas formas dos sistemas eleitorais, partidários e tipo de governo, por exemplo. Existe uma grande variação de tipo dentro de tais instituições, como as democracias presidencialistas e parlamentaristas, por exemplo. Assim, com este trabalho, esperamos ajudar a fomentar a qualificação do debate sobre temas tão sensíveis à vida em sociedade.
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