O surgimento das primeiras Sociedades Anônimas do Futebol (SAF), no fim de 2021, chamou a atenção dos noticiários esportivos e tomou conta do mundo do futebol. A nova configuração se refere à Lei nº 14.193/2021, que transforma as equipes de futebol oficialmente em um Clube-Empresa. Isso significa, na prática, que a entidade esportiva dá a investidores garantias legais de seus aportes, que podem ser feitos tanto em menores porções, como na venda de pequenas ações, quanto de maneira mais grandiosa, como a compra de um clube.
O aparecimento de clubes-empresa e a profissionalização de algumas equipes trouxe um novo respiro, maximizando as entradas desses times. Um bom exemplo é o aumento nas cotas de patrocínios, com várias empresas batalhando por espaços nos uniformes. Os sites de aposta esportiva em 2021 se destacaram no patrocínio a diversos times do país, aumentando sua presença e a atenção dada ao mercado brasileiro
É fato que todas essas mudanças atravessadas pelo futebol não são coisas recentes, a aproximação do esporte com a tecnologia e profissionalização dos métodos de gestão têm sido uma tendência dos grandes times do mundo desde o início da década passada. A aproximação com as empresas é apenas parte dessas mudanças, seja através de patrocínios ou investimentos.
O que a SAF muda na gestão dos clubes?
A maioria dos clubes brasileiros hoje são associações sem fins lucrativos. Adotando o sistema, o time passa os ativos (lucros) para a empresa, assim como os passivos (dívidas). Há uma separação do futebol em relação à parte social. O modelo possibilita diferentes formatos e vários tópicos precisam ser debatidos internamente pelos clubes antes de a mudança ser efetuada, como a porcentagem a ser negociada.
A gestão de um clube nos moldes empresariais tem a vantagem de ser mais ágil, menos burocrática na tomada de decisões e mais cuidadosa e responsável com os próprios gastos.
Dentro do esporte brasileiro, dois casos de aquisição de clubes de futebol por investidores ganharam manchetes. O Cruzeiro, foi adquirido pelo jogador Ronaldo Nazário, A compra de 90% das ações do Cruzeiro pelo ex-jogador em uma transação de R$400 milhões foi, sem dúvida, um marco para o mundo do futebol. O clube mineiro passa por problemas financeiros e acumula uma dívida de R$1 bilhão. Após a aprovação da Lei do Clube-Empresa neste ano, a expectativa é que o clube se recupere financeiramente e volte a ocupar lugar de destaque na elite do esporte nacional.
O caso do Botafogo ocorreu logo em seguida ao do Cruzeiro, a equipe carioca negociou 90% dos seus ativos com o grupo Eagle Holding, do executivo norte-americano John Textor, que possui também o comando da equipe inglesa Crystal Palace. Além das questões relacionadas a gestão do clube, Textor já revelou o desejo de transmitir jogos do Botafogo em outros países, fazendo com que mais pessoas conheçam o time.