1. INTRODUÇÃO
O Tradicionalismo, também conhecido como Perenialismo, foi um movimento filosófico surgido no século XX, que tem como seu fundador o francês René Guenon, e outros principais expoentes como Julius Évola e Titus Burkhardt. Sua filosofia esotérica prega o resgate às Tradições originárias do homem, em contraponto a Modernidade, que teria deturpado o mundo, deixando-o em crise.
Apesar de ser um movimento inexpressivo do ponto de vista acadêmico e de ser vista com certo ceticismo, seus adeptos vem ganhando força política nos últimos anos. As ideias tradicionalistas têm ganhado especial destaque dentro dos movimentos considerados como nova-direita, uma espécie menos liberal e mais extremista da direita política que vem surgindo ao redor do grupo, que buscam resgatar a moral e os bons costumes.
Steve Bannon, por exemplo, foi um dos homens fortes da campanha presidencial que elegeu Donald Trump, e é tipo como o principal expoente do Tradicionalismo ocidental. Suas ideias montaram a agenda de governo de Donald Trump, sintetizadas no slogan tornar a América grande novamente (Make America Great Again), buscando resgatar um protagonismo ocidental, em especial, o protagonismo estadunidente.
Outro expoente do Tradicionalismo atual, o russo Aleksandr Dugin, é um dos criadores da filosofia neo-eurasiana, que alia o pensamento clássico eurasiano ao Tradicionalismo político de Julius Évola. Dugin é apontado por muito como o guru de Vladmir Putin, e apesar de não ser apresentado como tal, os discursos do presidente russo e daqueles ao seu redor demonstram um alinhamento as ideias de Dugin, em especial sobre o resgate Tradicionalista do protagonismo russo dentro da região oriental da Eurásia.
Outro influente Tradicionalista, o brasileiro e autodeclarado filósofo Olavo de Carvalho apresenta um pensamento Tradicionalista ocidental, que visa combater a ameaça comunista, o globalismo e enfrentar a guerra cultural marxista. Olavo de Carvalho é considerado por muitos como sendo o guru do presidente Bolsonaro, tendo considerável influência na sua eleição presidencial em 2018.
O presente artigo tem como foco principal analisar as influências de Olavo de Carvalho no governo Bolsonaro, e como a sua presença tem coordenado alguns dos principais movimentos políticos do Bolsonarismo.
O trabalho está divido em dois tópicos principais: a primeira parte aborda uma pequena explicação da origem do Tradicionalismo, e sua evolução desde o seu surgimento no século XX com René Guenon, até a postura de filosofia política da nova direita mundial alcançada no início do século XXI. A segunda parte apresenta as principais ideias do Tradicionalismo de Olavo de Carvalho, bem como de seus principais discípulos (ou como Carvalho chama, alunos), e como sua ideologia desprezada pela academia tornou-se a base do pensamento político que deu origem ao chamado Bolsonarismo.
2. UM BREVE CONCEITO DE TRADICIONALISMO
É importante pontuar o Tradicionalismo que se busca analisar no presente estudo não tem o mesmo significado que a palavra tradicionalismo, ligada a tradições ou costumes, em que pese possa se assemelhar e passar por essas definições em alguns momentos.
O Tradicionalismo que será visto no presente trabalho está ligado ao Tradicionalismo desenvolvido por René Guenon, e que atualmente é um dos pensamentos expoentes da extrema-direita mundial, destacando-se personagens como Steve Banon, Olavo de Carvalho e Aleksandr Dugin.
2.1 Tradicionalismo com T maiúsculo
O Tradicionalismo com T maiúsculo como é referido por Benjamin Teitelbaum trata-se de uma escola enigmática, com raízes no sul da Europa, nascida no início do século XX, e que busca desvendar as verdades do universo através de conhecimentos perdidos, porém, para alguns adeptos da corrente Tradicionalista, ela é uma ideologia política centrada na oposição ao progressismo e a modernidade[1]. (TEITELBAUM, 2020).
A Escola Tradicionalista surgiu no início do século XX, a partir de uma corrente criada por René Guenon, e que tem como adeptos Julius Evola, Titus Burkhardt, entre outros, a qual prega que todas as religiões tem uma mesma base, a qual foi passando de geração em geração (a tradição), e essas tradições devem ser respeitadas, pois foram criadas por Deus (GUENON, 1977, p. 101).
Guenon e Evola tinham algumas discordâncias sobre as origens da filosofia Tradicionalista e do Cristianismo. Enquanto para Evola o cristianismo não pode ser considerado como iniciático, e busca uma tradição supra-cristã, Guenon tinha o Cristianismo inicial como algo esotérico, assim como todas as demais religiões do mundo, sendo esse seu ponto de partida. (COLOGNE, 1982, p. 16)
Fundada em princípios esotéricos e metafísicos, a teoria Tradicionalista do século XX é voltada contra a modernidade e o modernismo, por entenderem que o mundo Moderno está em crise. Uma crise espiritual, ética, e filosófica, que existe pelo afastamento dos princípios iniciáticos, da tradição, um ponto de vista profano (GUENON, 1977, p. 51).
2.2 Influências do Tradicionalismo no século XXI
A teoria Tradicionalista foi resgatada por teóricos e filósofos no século XXI, que tornaram-se grandes expoentes de movimentos políticos ligados à extrema-direita. Como principais nomes, podemos citar Olavo de Carvalho (no Brasil), Steve Bannon (nos E.U.A.), e Aleksandr Dugin (na Rússia).
Ambos os teóricos foram considerados gurus intelectuais dos presidentes de seus países, sendo Steve Bannon, considerado o grande mentor e responsável pela eleição de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos. (RANQUETATJÚNIOR, 2020, p. 26).
Steve Bannon, o Guru de Trump
Steve Bannon é considerado um dos expoentes da teoria Tradicionalista do século XXI, e tem como ideias centrais, assim como prega a teoria, uma aversão a Modernidade e ao Progressismo, bem como está contra ideias democráticas. (ALEXANDER, 2018). Bannon está aliado as ideias da extrema-direita, em especial, aos supremacistas brancos, simpatizando como ideais com a Ku Klux Klan, e a união de uma grande Frente da Extrema-Direita nas Américas e na Europa, para lutar contra o avanço do Progressismo. (LIMA e ALBUQUERQUE, 2019, p. 19).
Segundo descreve Alexander, as ideias de Bannon podem ser resumidas como binárias e de narrativas temporais. Por exemplo:
- Nacionalistas são sacralizados, globalistas, desprezados.
- A propriedade é louvada, a pobreza evidencia desqualificação.
- A religião é sempre abençoada, e o secularismo injuriosamente incriminado.
- O cristianismo é equacionado com piedade e civilização. Ainda que Bannon às vezes, recuperando suas boas maneiras, acrescente o adjetivo judaico à civilização, como em civilização judaico-cristã, os judeus como povo ou o judaísmo como religião não fazem parte de sua visão do mainstream nacional (embora Israel faça). Quanto às religiões mundiais não ocidentais, principalmente o islamismo, esqueçam. Bannon as descarta como inimigos ímpios, bárbaros da civilização ocidental.
- E não vamos esquecer as elites. Bannon vilipendia as elites contemporâneas da América e do Ocidente como desarraigadas, cosmopolitas, egocêntricas e só interessadas no próprio enriquecimento, contrastando- as com O Povo, essa entidade vaga, misteriosa, pia que ele e outros populistas evocam de forma tão reverente. (ALEXANDER, 2018)
As ideias de Bannon além de dicotômicas são extremistas. Isto é, não aceitam qualquer tipo de abertura. E sempre são voltadas para a queda do establishment, buscando um retorno às tradições mais puritanas que possam ser encontradas, resgatando os ideais de René Guenon e Julius Evola.
Aleksandr Dugin e a teoria eurasiana Tradicionalista
Na mesma linha de pensamentos, Aleksandr Dugin alia a teoria Tradicionalista ao Eurasianismo, resultando em um neoeurasianismo, o qual prega a união de todos os países que não aprovam as políticas expansionistas dos EUA e da OTAN, busca a preservação das tradições culturais, nacionais, étnicas e religiosas orgânicas, e representa formas diferentes de vida econômica. (DUGIN, 2012, p. 39). O Neoeurasianismo (doravante eurasianismo) de Dugin é caracterizado por ser radicalmente antiocidental e antiliberal. (SEGRILLO, 2010, p. 57).
Para Dugin, o Tradicionalismo era o ideário perfeito à Rússia, que estaria se enfraquecendo enquanto etnia, por forte influência do Modernismo Ocidental (GONÇALVES, 2014, p. 63). Suas influências vêm do Tradicionalista Julius Evola, que via um Tradicionalismo muito mais politizado, e menos espiritualizado, afastado da igreja Ortodoxa e mais voltada ao cristianismo original. (LARUELLE, 2008, p. 123)
Seus objetivos são a reunificação da Rússia aos antigos territórios soviéticos, e ao Irã, ao mesmo tempo que cria uma liderança oriental contra os Estados Unidos e a hegemonia ocidental, em prol de um mundo multipolar, como referido por Vasconcelos (2021).
A teoria de Dugin é enraizada em ultranacionalismo e resgate das Tradições originárias russas, através de um etnos, que seria uma identidade imediata de um indivíduo, a qual decorre das Tradições daquela sociedade. Dugin explica que o etnos são valores principais e sujeitos da história, que vive em reconciliação com os ciclos orgânicos naturais, como ondas mutação etc. (SHEKHOVTSOV, 2009)[2]
Suas bases ideológicas são o Nacional-Bolchevismo, como base para uma quarta teoria política, aliando características específicas de certos modelos totalitários, para a promoção de uma revolução conservadora e Tradicionalista, contra o mundo unipolar estadunidense. (VASCONCELOS, 2021)
Os pensamentos ultranacionalistas de Dugin permeiam o círculo pessoal do presidente russo Vladmir Putin, o qual por inúmeras vezes trouxe referências às ideias Tradicionalistas eurasianas de Dugin. (LEQUIRE, 2015) Tal influência aumenta a presença da extrema-direita e do Tradicionalismo no cenário político mundial, em especial pela política desenvolvida por Putin, e da importância da Rússia no cenário mundial.
3. TRADICIONALISMO NO BRASIL
3.1. O Tradicionalismo de Olavo de Carvalho
Teitelbaum aponta que o Tradicionalismo foi introduzido, desenvolvido e difundido no Brasil especialmente por Olavo de Carvalho. (TEITELBAUM, 2020) Olavo de Carvalho é autodeclarado filósofo, astrólogo, e é considerado como o guru do presidente Jair Bolsonaro, sendo que suas influências no pensamento e nas decisões do governo são perceptíveis em atos e declarações do Presidente e do seu núcleo ideológico. (CALIL, 2021, p. 67-68).
As origens do Tradicionalismo de Carvalho são ligadas a astrologia e ao islamismo esotérico, tendo raízes na tariqa de Frithjof Schuon, sediada em Lausanne, na Suíça, e depois em Bloomington, Indiana. (CARVALHO, 2020, p. 115) Seu primeiro contato com a teoria Tradicionalista foi em 1980, quando Michel Veber foi convidado a apresentar uma palestra sobre René Guenon na Escola Júpiter.[3] Dali em diante, Carvalho tornou-se um frequente leitor de Guenon e Évola, referindo-se a Veber como seu professor, ressaltando as qualidades acadêmicas de Veber. (SEDGWICK, 2021, p. 6).
Sedwick (2021) aponta uma evolução no pensamento de Carvalho, que trocou Schuon por Jesus como seu guru, assumindo uma postura cristã por temer uma islamização do Ocidente. Nas palavras de Sedwick:
Carvalho havia decidido que não queria ver a islamização do Ocidente, mas sim a prevenção da barbárie através da re-cristianização, tarefa que ele concluiu que só poderia ser alcançada através da intervenção dos EUA, como o último bastião do cristianismo no Ocidente, ou as ações da "admirável dedicação dos padres e pastores orientais e africanos que, em uma virada paradoxal da história, voltaram para tentar recatequizar as [mesmas] pessoas que [anteriormente] as cristianizaram[4] (SEDGWICK, 2021)
O eixo central das ideias de Olavo de Carvalho são o anticomunismo, o combate ao gramscismo e a guerra cultural marxista. Todas elas, as quais serão analisadas mais a frente, remontam Teorias da Conspiração, como o medo da ameaça comunista, o surgimento de uma Nova Ordem Mundial, com um governo mundial central dos Estados Unidos do Mundo, e uma suposta dominação de esquerda, uma das pautas também levantadas pelo governo Bolsonaro, a qual será objeto deste estudo mais à frente.
Para Olavo de Carvalho, o gramscismo é a imposição de um domínio psicológico sobre a multidão, sobre o aparelho do Estado, e a administração do Exército e da Polícia. (PATSCHIKI, 2012). Para Olavo, essa leitura de Gramsci indica que o foco da direita deve ser voltado para a Cultura, pois a atuação da esquerda seria sútil e imperceptível. (MIRANDA, 2021).
Teitelbaum resume as ideias de Olavo de Carvalho a um tradicionalista que permanece em busca do Brasil Profundo, em que crítica o materialismo brasileiro. (TEITELBAUM, 2020) (CALIL, 2021).
Olavo de Carvalho tem evidentes conexões com Steve Bannon e Aleksandr Dugin, sejam em declarações, seja em seus trabalhos escritos. Olavo por diversas vezes tem encontrado Bannon em jantares e eventos públicos, ao passo que o cita em suas aulas do C.O.F. (Curso Online de Filosofia)[5], e nos vídeos veiculados em seu canal do YouTube.[6]
Já a relação entre Aleksandr Dugin as trocas de ideias resultaram em um livro publicado em conjunto chamado Os EUA e a Nova Ordem Mundial, publicado em português pela Vide Editorial.
O livro foi o resultado de um suposto debate online promovido pelos organizadores, onde Dugin e Carvalho discutem o surgimento de uma Nova Ordem Mundial após o fim da Guerra Fria, onde haveria hegemonia imperialista americana e com a criação do Governo Mundial e uma rápida destituição da soberania dos Estados Nacionais em função da criação dos Estados Unidos do Mundo que seria governado pela elite global em termos legais. (DUGIN e CARVALHO, 2012).
A corrente e os pensamentos de Olavo de Carvalho ficaram ainda mais fortes com a eleição do presidente Jair Bolsonaro, admirador declarado dos trabalhos de Carvalho.
3.2. A influência Tradicionalista no Governo Bolsonaro
Influências pré-eleitorais
Com a eleição de Jair Bolsonaro à Presidência da República do Brasil, Olavo de Carvalho foi imediatamente apontado como guru ideológico do presidente/governo.
A relação de Olavo de Carvalho com a família Bolsonaro, porém, é anterior ao pleito eleitoral. Teitelbaum aponta que Carvalho e Jair Bolsonaro compartilhavam o mesmo desprezo pela mídia tradicional e pelas universidades, de forma que passaram a manter frequente contato a partir de 2014. (TEITELBAUM, 2020, p. 119)
Eduardo Bolsonaro, filho de Jair, em um programa de TV afirmou que Olavo é o pai de todos (BOLSONARO apud CALIL, 2021), o que leva ao pensamento apontado por Helena de Carvalho e Henry Bugalho, de que Olavo talvez não seja o guru de Bolsonaro, mas de toda a ideologia bolsonarista. (CARVALHO e BUGALHO, 2020).
Luiz Carvalho, no mesmo sentido, separa Olavismo e Bolsonarismo como coisas diferentes. Para ele, o Olavismo é um fenômeno que pode ser explicado pela ideologia tradicionalista, derivada dos já citados Aleksandr Dugin e Steve Bannon, e de Gábor Vona, que busca deslegitimar e ridicularizar a academia. Todos os pensamentos que moldam o Olavismo, integram o Bolsonarismo. (CARVALHO, 2020)
O Bolsonarismo seria como o corpo humano, uma estrutura complexa, dotado dos mais diferentes órgãos, com as mais variadas funções, capazes de executar inúmeras tarefas, e de agregar acessórios quando for necessário. Porém, um corpo sem cérebro, nada mais é que um amontoado de matéria, que não chegará a lugar algum. O cérebro deste ilustrativo corpo é o Olavismo. Funcionando como o gerenciador central do corpo, é capaz de determinar as funções para cada órgão, e direcionar o caminho, de forma consciente, que aquele corpo irá tomar.
No cenário pré-eleitoral, foi a proximidade à Olavo de Carvalho que transformou o Bolsonarismo em uma filosofia articulada e com sentido político (MATTOS, apud CALIL, 2021). Com a polarização e a falta de um rosto para o movimento do impeachment da presidente Dilma Rousseff em 2016 que o Bolsonarismo através do Olavismo conseguiu se infiltrar nas manifestações, angariar discípulos e unir os elos mais extremos da direita numa única só nova-direita. (CALIL, 2021).
Bolsonaro aproveitou a notória polarização PT x PSDB das eleições de 2014 para angariar alguns votos dados a direita brasileira representada pelo PSDB, ao mesmo tempo que buscava massificar e interiorizar o apoio que possuía para além do eixo Rio-São Paulo, reduto eleitoral do clã Bolsonaro.
Uma série de fatores, combinados, auxiliaram o discurso de Bolsonaro a alcançar um público que jamais o levaria a sério. O destaque e as proporções que a operação lava-jato tomou, levaram ao enfraquecimento do PT, ao mesmo tempo que minou a governabilidade de Dilma Rousseff, levando-a ao impeachment em 2016. Este foi um dos momentos em que Bolsonaro mais pode aproveitar para levantar sua bandeira anticomunista, numa ideia articulada pelo seu guru, Olavo de Carvalho, com quem, como já visto, trocava ideias desde 2014.
Igualmente, o desgaste sofrido pelas denúncias de corrupção do senador Aécio Neves, candidato pelo PSDB em 2014 e tido como nato sucessor para a presidência em 2018, deixaram um caminho aberto para o surgimento de um novo nome. E Bolsonaro, como experiente político, soube aproveitar o momento para oferecer seu nome a este público que ficou órfão de um representante político que lutasse contra a corrupção.
Bolsonaro passou a vestir sua ideia a partir do que prega o Olavo de Carvalho, gritando aos sete mares que o governo brasileiro estava aparelhado pelos comunistas (a dominação gramsciana, de Olavo de Carvalho), e que estavam incutindo princípios comunistas desde o princípio, para corromper as crianças (a guerra cultural marxista de Olavo de Carvalho).
Esse discurso, que aproveitou uma série de pequenos, mas relevantes, momentos da história política brasileira, foi capaz de unir setores que se viram órfãos de um representante, que buscavam uma luta contra a corrupção apontada pela lava-jato, e que estavam desiludidos com o governo petista.
Álvaro Bianchi pontua que essa aproximação se deu pelo uso dos pensamentos de Olavo de Carvalho como denominador comum para aproximar grupos anteriormente distantes. (BIANCHI, 2018).
Assim, com um discurso de ego, contra as minorias, e a favor das maiorias, Bolsonaro aproximou vários setores da sociedade para perto de si entre 2014 e 2018, conseguindo eleger-se Presidente da República.
Não é possível afirmar que Olavo de Carvalho ou o olavismo deram a vitória para o Jair Bolsonaro nas eleições, mas a proximidade de ideias trazidas por Olavo certamente contribuiu para uma maior força das suas ideias, principalmente nas ruas e na internet.
Formação de um Governo Tradicionalista
Após eleito, Bolsonaro convidou Carvalho para compor o governo, como Ministro da Educação, cargo que este negou, indicando, porém, Ricardo Vélez Rodríguez para seu lugar, e Ernesto Araújo, um eminente amigo e seguidor de Carvalho, para o cargo de Chanceler (Ministro das Relações Exteriores). (SEDGWICK, 2021, p. 18).
Não por coincidência, antes da indicação de Araújo ao cargo de Chanceler, Olavo de Carvalho compartilhou um artigo de seu seguidor chamado Trump e o Ocidente, publicado na revista Cadernos de Política Exterior (Ano III, nº 6, 2º Sem/2017), do Instituto de Pesquisas de Relações Internacionais da Fundação Alexandre de Gusmão, vinculado ao Ministério das Relações Exteriores.
No referido artigo, o então diplomata aponta que Trump é o único estadista que enxerga o suposto desmonte ocidental. Aponta que o fascismo e o nazismo são visões do nacionalismo que foram deturpadas pelo socialismo (ARAÚJO, 2017, p. 342). Lara Pena aponta que neste artigo, Araújo apresenta em Trump uma recuperação dos valores do ocidente, do nacionalismo pré deturpação socialista. (PENA, 2019, p. 382).
No mesmo artigo, Araújo explica que o Donald Trump tem uma visão do ocidente baseada na recuperação do passado simbólico, da história e da cultura das nações ocidentais (ARAÚJO, 2017, p. 324), assim como o povo brasileiro, que segundo Araújo é autêntica e profundamente nacionalista e por isso o povo brasileiro não ficaria desconfortável em participar de um projeto de recuperação da alma do ocidente a partir do ocidente nacional. (ARAÚJO, 2017, p. 354).
Em contrapartida, Araújo apresenta os inimigos deste sentimento nacionalistas:
o marxismo cultural globalista dos dias atuais promove ao mesmo tempo a diluição do gênero e a diluição do sentimento nacional: querem um mundo de pessoas de gênero fuido e cosmopolitas sem pátria, negando o fato biológico do nascimento de cada pessoa em determinado gênero e em determinada comunidade histórica (ARAÚJO, 2017, p. 339)
A influência de Olavo de Carvalho e do Tradicionalismo no texto de Araújo são notórios. Sua indicação foi o primeiro aceno da formação de governo às ideias Tradicionalistas. Ao tomar posse, Araújo repetiu a visão Tradicionalista presente em seu artigo, citando que Não acreditem no que o globalismo diz quando diz que para ter eficiência econômica é preciso sufocar o coração da pátria e não amar a pátria. (ARAÚJO apud PENA, 2019).
As declarações políticas de Ernesto Araújo, em sua grande maioria desalinhadas com o histórico diplomático brasileiro, trouxeram um ar de subserviência aos Estados Unidos, uma denúncia de golpe comunista através do globalismo. Sua demissão aconteceu em março de 2021, em um contexto de declarações anti-diplomáticas, marcados por ofensas a parceiros comerciais e à política multilateral desenvolvida pelo Estado Brasileiro. (GOMES, 2021)
O outro nome diretamente indicado por Olavo, Ricardo Vélez Rodríguez não era um Tradicionalista como Olavo, porém não ficou mais de 04 meses, sendo demitido em 08/04/2019, após uma gestão inoperante, marcada por conflitos entre a ala militar e a ala ideológica que compunham o governo (ROMANO, 2019)
Seu sucessor Abraham Weintraub, homem de confiança do Min. Onyx Lorenzoni e seguidor de Olavo de Carvalho, comandou a pasta aos moldes do que prega a filosofia Tradicionalista de Olavo de Carvalho, sucateando as universidades federais, e fechando o cerco para o desenvolvimento do ensino superior. (CALIL, 2021).
Além dos já citados, Olavo possui homens indicados no segundo escalão do governo em várias áreas, e os deputados bolsonaristas, a quem Calil nomeia como bancada olavista: Bia Kicis (PSL/DF), Paulo Martins (PSL/PR), Carla Zambeli (PSL/SP), estes vinculados ao partido pelo qual o Presidente foi eleito, e Marcel Van Hatten (Novo/RS). (CALIL, 2021).
Ideologia de(ntro do) Governo
Com presença forte de nomes ligados à Olavo de Carvalho dentro do Governo, o implante de uma agenda Tradicionalista e Olavista no Governo Bolsonaro passou a ser muito mais fácil.
O Governo Bolsonaro ficou marcado por fatos polêmicos, envolvendo a pauta de costumes, o resgate dos bons costumes, da família, e da heterossexualidade, contra a ideologia de gênero e o kit gay[7], e a luta contra o comunismo e o globalismo.
O globalismo é uma antítese da Globalização, e é apresentada por Olavo de Carvalho como sendo um afastamento do Estado-Nação, para a formação de um governo cosmopolita e mundial, tornando-se um embate entre esquerda vs. direita. (PENA, 2019)
Pena, ao citar Lind, apresenta o globalismo como uma parte do fenômeno do Marxismo Cultural, uma estratégia de implantar o pensamento marxista em vários setores da sociedade, e não apenas o econômico, deixando-o no subconsciente coletivo. (PENA, 2019)
Dentro do Governo Bolsonaro, a luta contra o globalismo aconteceu, como se esperava, através da Política Externa no País, capitaneada por Ernesto Araújo, que por diversas vezes trouxe declarações a favor do que ele chamou de valores ocidentais. (SARAIVA e SILVA, 2019)
A agenda anti-globalista isolou o Brasil e o governo Bolsonaro no cenário internacional, e após a derrota de Donald Trump, deixou o Brasil mais isolado que nunca, segundo o ex-embaixador do Brasil nos EUA, Roberto Abdenur (2020) em entrevista à BBC Brasil, onde atribuiu esse isolamento a pauta bolsonarista: porque nossa política externa, baseada em fantasias, visões conspiratórias, maniqueísmos, rejeição ao multilateralismo, está firmemente enraizada na ideologia de extrema direta do Bolsonarismo (ABDENUR, 2020)
Outro episódio de desgaste envolvendo a pauta anti globalismo foram os desgastes envolvendo a pandemia de Coronavírus e a China, onde a ala olavista do governo responsabilizava o país asiático pelo surto de covid-19, e apontando teorias da conspiração, tendo o ex-chanceller Ernesto Araújo se referido ao vírus como comunavírus (GLOBO, 2020)
Os ataques reiterados à China, que estaria implantando o Comunismo no mundo através da OMS segundo Olavo de Carvalho (TEODORO, 2020) e endossados pelo Governo Bolsonaro, trouxeram problemas diplomáticos ao Brasil, em especial ao fornecimento de insumos para produção de vacinas no Brasil (LIMA e CARDIM, 2021).
Para além da vacina, apesar de não ser um player relevante do ponto de vista estratégico no cenário internacional, o Brasil e sua balança comercial são altamente dependentes do Comércio Exterior, tendo como principal parceiro comercial a China, que tem sido constantemente alvo de ataques do governo Bolsonaro, exatamente por conta da filosofia olavista de combate a ameaça comunista.
Paralelamente aos problemas ao enfrentamento da pandemia de Covid-19 e as supostas conspirações de esparrame do comunismo, o governo Bolsonaro, endossado por seu guru, confrontam o Supremo Tribunal Federal (STF), em uma série de ataques ao Tribunal, seus Ministros, e aos institutos democráticos.
São inúmeros os casos em que Olavo de Carvalho brada que está sendo perseguido pelo STF, como o inquérito das Fake News[8], além de ataques à Corte por conta de decisões referentes ao combate a pandemia de covid-19.
E o que se tem visto é uma moção do governo para devolver os ataques que vem sofrendo, criando uma verdadeira crise institucional entre os poderes judiciário, legislativo e executivo.
4. CONCLUSÃO
A filosofia Tradicionalista atual é pautada em Teorias da Conspiração, formação de uma Nova Ordem Mundial, a luta contra a ameaça comunista e a guerra cultural marxista.
Olavo de Carvalho é o principal expoente da corrente tradicionalista no Brasil, alçado ao destaque principalmente após criar seu canal do YouTube em 2015, conseguiu alcançar setores que jamais alcançaria nas mídias convencionais ou em seu site (Mídia Sem Máscara), que tinha até meados de 2012.
Sua união com um deputado considerado do baixo clero, foi capaz de levar para o meio político a teoria Tradicionalista, e somado ao delicado momento político vivido pelo Brasil entre 2014 e 2018, conseguiu ganhar uma força inimaginável.
Fortalecidos por um discurso doce para seus ouvintes, Bolsonaro passou a pregar a contra o comunismo que estava infiltrado em todos os níveis do governo, aparelhando a educação e os setores mais básicos do Estado Brasileiro, assim como previa a teoria Tradicionalista da dominação gramsciana, dando uma roupagem filosófica ao discurso daquele que pode ser considerado o rosto da extrema-direita no Brasil.
Essa característica filosófica ao movimento da extrema-direita foi capaz de unir inúmeros setores, antes desacreditados e desalinhados, em torno de um único homem, apresentado como salvador da pátria, guardião da moral e dos bons costumes, capaz de lutar contra a corrupção e a ameaça comunista deixada pelos antigos governos petistas.
Porém, na prática o que se tem visto é uma política de desmonte, baseadas em teorias da conspiração, e propagação de notícias falsas e fantasiosas, em troca de um projeto de poder quase oligárquico, que despreza a democracia, as minorias, e até mesmo os valores constitucionais mais básicos.
As influências do Tradicionalismo no governo brasileiro representam um retrocesso em termos democráticos. Não é possível prever o que acontecerá daqui em diante, mas é possível afirmar que alguns dos danos sofridos são de difícil reparação, em especial as relações exteriores, que deveriam ser política de Estado, e foram tomadas por atos de governo.
REFERÊNCIAS
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[1] O Conceito de Modernidade, conforme aborda Teitelbaum, também difere do conceito ortodoxo, podendo ser entendido como o recuo da religião pública em favor da razão, o que corresponde a um enfraquecimento do simbólico em favor do literal e a um interesse decrescente em coisas que não são facilmente matematizadas e quantificadas, em favor das chamadas coisas materiais. (TEITELBAUM, 2020).
[2] Original: principal values and subjects of human history, which live in reconciliation with natural organic cycles, wave-like mutation, etc.
[3] A Escola Júpiter é considerada por alguns o primeiro grupo Tradicionalista. Era uma escola de astrologia e esoterismo fundada por Olavo de Carvalho e alguns de seus seguidores.
[4]Original: Carvalho had decided that he did not want to see the Islamization of the West, but rather the avoidance of barbarism through re-Christianization, a task that he concluded could be achieved only through the intervention of the US, as the last bastion of Christianity in the West, or the actions of the admirable dedication of Eastern and African priests and pastors who, in a paradoxical turn of history, have returned to try to re-catechize the [same] people who [formerly] Christianized them
[5] Ver: https://www.seminariodefilosofia.org/o-curso-online-de-filosofia/
[6] Ver: https://www.youtube.com/user/olavodeca/videos
[7] Segundo Bolsonaro, o suposto kit gay, seria um conjunto de materiais impressos e audiovisuais distribuídos às escolas públicas que incentivam as crianças a ter relações homossexuais ainda na juventude. Na verdade, trata-se de um material desenvolvido para o combate a homofobia, que jamais chegou a ser disponibilizado nas escolas públicas, tendo sido inclusive vetado pela Presidente Dilma Rousseff. Para mais detalhes ver: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/12/politica/1539356381_052616.html. Acesso em 21 set. 2021.
[8] O inquérito das fake news é um inquérito instaurado pela Polícia Federal por ordem do Supremo Tribunal Federal, para investigar ataques contra a ordem democrática e contra o tribunal, que tem como alvos ativistas bolsonaristas nas redes sociais.