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Animais não são coisas.

Estudos de Direito Animal

25/03/2022 às 20:00
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Estudos mostram que moluscos como lesmas e ostras sentem dor e sofrimento, tornando cruel o ato de jogar sal ou pingar limão neles.

Considerando que, todos os animais nascem iguais perante a vida e têm os mesmos direitos à existência. O presente artigo tem o objetivo de mostrar que xingar alguém usando a tão conhecida frase "Seu cabeça de molusco", acreditando que esses seres não sentem dor, é algo completamente equivocado.

Analisaremos a opinião de autores respeitados sobre o tema, como por exemplo Peter Singer, que levanta dúvidas sobre a dor que os invertebrados podem sentir, acha difícil acreditar que um polvo não seja um ser consciente, afinal ele é capaz de coisas incríveis. Já ostras, obviamente inconscientes, ou não.

Peter Singer,sobre as ostras tudo bem come-las. Elas não sentem dor..

De acordo com a pesquisa de Robyn Crook da Universidade do Texas , os moluscos possuem nociceptores que são terminações das células nervosas que transmitem rapidamente estímulos potencialmente prejudiciais para o sistema nervoso central. Constatou-se também que cada animal dessa espécie reage a dor de forma diferente.

Estudos recentes sobre neurociências e senciência animal têm provado que lesmas, caracois e caramujos sentem dor. Eles possuem terminações nervosas em todo o corpo, especialmente na zona das antenas menores , que lhes permite receber estímulos de dor, como qualquer animal. Então, pare de jogar sal nas lesmas!

As lesmas são moluscos muito sensíveis a desidratação, o fato de se jogar sal pode matá-las, pois elas perdem água e desidratam, elas tem a capacidade de atrair a água. Então, como a pele da lesma não é estratificada, ocorre facilmente a osmose, mais conhecido como derretimento deste molusco. Ou seja, toda a água que existe no organismo da lesma é puxada pelo sal, através da higroscopia, causando a sua morte. Desta forma,o sal gera um sofrimento desnecessário ao animal.

Não é exagero afirmar que ao pingar limão em uma ostra, estará causando a ela um intenso sofrimento.

"Ostras são moluscos, animais sem esqueletos, macias, que são as delícias dos gastrônomos. Podem ser comidas cruas, com pingos de limão, com arroz, paellas, sopas. Sem defesas - são animais mansos - seriam uma presa fácil dos predadores. Para que isso não acontecesse a sua sabedoria as ensinou a fazer casas, conchas duras, dentro das quais vivem. (Manoel Neto,data e ano desconhecidos.).

Conforme explicado acima, os moluscos são sencientes e sofrem.

Crook também descobriu que os polvos demonstram muito do comportamento relacionado com a dor, como a proteção da parte do corpo que foi ferida. Esses animais também são os mais propensos a recuar e esguichar sua tinta quando tocados perto de uma ferida. O polvo é considerado uns dos invertebrados mais inteligentes do mundo animal, possuindo um sistema nervoso bem desenvolvido, onde dois terços deste sistema está localizado na cabeça e o restante está nos tentáculos. Os tentáculos, possuem sistema nervoso independente e podem decidir como executar uma tarefa.

As lulas, no entanto, sentem dor de forma diferente. Pouco tempo depois de um ferimento, os nociceptores se tornam ativos não só na região da ferida, mas também em uma grande parte do corpo. Isso sugere que, quando se sente a dor, eles apresentem grande chance de ferir outros animais como forma de defesa, pois diferentemente dos polvos as lulas não conseguem alcançar o ferimento.

O filósofo e ativista australiano Peter Singer é reconhecidamente o fundador filosófico e o mais influente defensor das preocupações éticas atuais em favor dos animais, expostas principalmente nas obras Libertação Animal e Ética Prática. Como um utilitarista, Singer defende que ao criamos animais para servir de alimento, eles sofrem devido às atividades relacionadas ao seu confinamento, transporte e abate, de uma maneira que não sofreriam caso não os criássemos para isso. Essas ações são consideradas, portanto, moralmente erradas.

Tom Regan também defensor da causa dos direitos dos animais é o filósofo norte americano, que apresentou sua teoria no livro The Case for Animal Rights. Defende a eliminação total e categórica do uso de animais por parte da humanidade. Ele se afasta da posição utilitarista ao considerar que o que está essencialmente errado não é o sofrimento que infligimos aos animais. O sofrimento é apenas um componente do erro moral. O que está fundamentalmente errado, em vez, é o sistema inteiro, e não seus detalhes. Pela mesma razão que mulheres não existem para servir aos homens, os pobres para os ricos, e os fracos para os fortes, os animais também não existem para nos servir.

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