Não há uma técnica universal de anotação. A opção depende muito do tempo disponível, do estilo pessoal e da importância do livro para o seu projeto de aprendizagem.
Um princípio básico é o seguinte: quanto mais importante for a obra, mais detalhado deve ser o sistema de anotação. Assim, nada impede que você misture alguns métodos de anotação, mesclando informações textuais, visuais e auditivas, seja durante a leitura, seja após a leitura.
O método de anotação que costumo utilizar é bem simples e pega emprestado alguns elementos de vários outros métodos semelhantes. Ele é dividido em três fases.
Explico bem direitinho no Youtube:
Aqui, vou apresentar um texto mais sintetizado.
Na primeira fase, procuro fazer anotações no próprio material durante a leitura (marginalia). É um processo simples em que costumo colocar setas indicando um parágrafo importante, um colchete no trecho relevante e um círculo nas palavras-chaves do referido trecho. Na margem, anoto um comentário ou um símbolo (ver abaixo), geralmente com um comentário meu na margem contrária.
Os símbolos que costumo usar são dinâmicos e variam conforme a necessidade. Apenas para ilustrar, eis alguns exemplos mais comuns que usualmente utilizo:
Ao contrário do que possa parecer, não há tanta sofisticação nesse processo, pois minha leitura costuma ser bem passional e, frequentemente, as emoções são transferidas para as notas e para os símbolos.
Para ter uma ideia, eis um exemplo de um trecho de um livro anotado a partir desse método:
Portanto, a primeira fase consiste simplesmente em adotar alguma técnica de anotação no próprio material de leitura.
Em uma segunda fase, tento organizar as notas em um sistema mais sofisticado, sobretudo quando se trata de uma leitura que vale a pena investir o tempo. Não uso o sistema de fichamentos, nem de flashcards, nem o método Cornell, que são os mais populares (há vários tutoriais no Youtube ensinando a usá-los). Prefiro métodos mais visuais e baseados em associações ou categorizações de ideias, como a elaboração de mapas mentais, sketchnotes ou organogramas.
Esse processo de registro das anotações é sempre dinâmico e pode variar conforme a importância do texto. Em geral, desenho o mapa mental à mão, a partir de uma folha em branco contendo a ideia principal no centro. Às vezes, quando desejo organizar melhor as ideias, uso um aplicativo chamado Xmind para me auxiliar na elaboração do mapa mental.
A ideia básica é tentar estruturar as principais ideias do texto em tópicos e subtópicos, como se fosse uma árvore deitada. Não se trata simplesmente de sumarizar o texto, pois é preciso detalhar cada linha de raciocínio com as palavras-chave para visualizar a conexão entre as ideias e possibilitar a compreensão holística do texto.
Tenha em mente que o grande valor do ato de anotar um texto está na própria compreensão da leitura e na adoção de mecanismos que proporcionem o processamento da informação. A elaboração criativa das notas e de mapas mentais pode, nesse contexto, consolidar a memória e atuar como output do processo de aprendizagem. A consulta futura é apenas um ganho adicional.
Na terceira e última fase, procuro gravar um áudio ou vídeo expondo os pontos essenciais do texto, usando minhas próprias palavras. Durante a gravação, sempre indico em qual página as ideias podem ser encontradas, pois isso facilita uma citação futura. É o que chamo de audionota.
Em geral, gravo uma audionota logo após a elaboração do mapa mental de um capítulo lido, tentando explicar com minhas palavras e de modo simplificado o que entendi do texto (técnica Feynman).
O ideal é tentar se conectar intensamente com o texto, seja num nível intelectual, seja num nível emocional. Quanto mais interações melhor, inclusive em termos sensoriais. Gritos, gestos, caretas, risadas também fazem parte de uma leitura de alto impacto. Quando estamos engajados com o texto e somos capazes de interagir com as ideias que estão sendo recebidas, a leitura se torna ainda mais marcante.
Se formos capazes de construir imagens ou representações mentais, mapear pontos de concordância e discordância, associar as ideias do texto com outras do nosso acervo mental, desenvolver exemplos e analogias, produzir mapas mentais, realizar anotações eficientes, reformular argumentos com nossas próprias palavras etc., atingimos quase um nível perfeito de leitura.
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