Boa noite
Chamo-me Gilberto tenho 29 anos, sou ex-militar do exercito, profissão que exige grande esforço físico para agüentar os exercícios e treinamentos próprios da atividade militar, e também preparo psicológico para ficar muitas horas em pé e acordado, chegando a somar mais de oito horas diária.
Incorporei ao exercito em março de 2003, sem sentir ao menos uma “dor de unha encravada”. Em meados de junho de 2007 comecei a sentir fortes dores na coluna lombar que irradiavam para as pernas, e formigamento que chegavam até as plantas dos pés, nunca tive esse problema antes de ser militar, e mesmo quando era militar, durante mais de 4 anos não sentia nada.
Dia 22 de outubro 2007 fiz uma RM, que obteve a seguinte conclusão:
- Pequeno osteófitos marginais anteriores nos corpos vertebrais estudados.
- Desidratação discal relacionado com processo de discartrose entre os níveis de L4-L5 e L5-S1 destacando-se a presença de abulamento difuso do disco entre L4-L5 que determina compressão da face ventral dural bem como redução parcial da amplitude das respectivas bases neuroforaminais.
- Presença de protrusão discal póstero central com ampla base no nível L5-S1 determinando compressão da face ventral do saco dural.
Mesmo com esse resultado do laudo da RM os médicos militares me deram apto sem nenhuma restrição de esforço ou recomendação de fisioterapia, apenas fui avaliado por um médico neurologista contratado pelo hospital. Ele só diz que o meu problema é hereditário, que a minha profissão não tinha nada haver com isso, e que eu tinha acabado de receber uma herança dos meus pais. Eu pergunto pra ele como isso é possível, se ninguém na minha família tem esse problema, porque logo comigo que sou o filho caçula de quatro irmãos e um viciado em esportes? “Talvez eu tenha adquirido esse problema sentado no sofá de casa assistindo TV”.
Tive que procurar outros médicos particulares para conseguir laudos que me dessem amparo para me manter afastado de algumas atividades e para poder fazer fisioterapia.
Antes eu era um esportista, agora tenho que me contentar a ser um telespectador, porque o meu corpo não tem mais a mesma mobilidade, e se faço algum movimento brusco parasse que vou me partir ao meio. O corpo humano não é feito pra conviver com dor 24 horas, o corpo até pode se adapta, mas o cérebro não. Tornei-me uma pessoa impaciente, sem humor e sem capacidade de concentração, e quase não convivo em sociedade devido à irritabilidade constante.
No inicio eu nem saia de casa, às vezes quando saio não fico muito tempo porque não agüento ficar em pé ou sentado por um longo período, o pior de tudo é que até quando eu deito a dor aumenta. Por diversas vezes não consegui me vestir e calçar sozinho, me considero uma pessoa forte contra a dor, mas em algumas vezes cheguei chorar de tanta dor. Já passei dias em uma cama sem poder me levantar de tanta dor, não conseguia dormir porque qualquer posição era incomoda, eu não podia espirar porque se não parecia que minha coluna ia se separar do meu corpo. Nessas crises vivo a base de corticóides.
Certa vez um médico militar me falou que esse problema na coluna não me deixava incapaz de nada, eu sinceramente acho que esse médico nunca deve ter sentido uma, nem que fosse dor de dente, porque se você tem dor no dente, na pior das hipóteses é só arrancar que a dor passa, se você tem dor em um dos pés é só se apoiar no outro pra aliviar a dor, se tem dor em uma das mãos é só usar a outra, agora o que uma pessoa deve fazer quando tem dor na coluna?
De dois em dois anos há troca de comandante de companhia e em 2009 veio outro oficial para comandar a Cia que eu fazia parte. Eu já havia assinado o meu reengajamento com o parecer favorável do comandante antecessor. Com apenas três meses a frente da Cia o novo comandante me chamou em sua sala e disse que estava ciente da minha situação (do meu problema de coluna) e que não tinha nada contra mim, que sempre recebia elogios dos meus superiores a meu respeito, mas ele não concordava com meu reengajamento, segundo ele eu não exercia as atividades para qual o exercito era feito, alem de está ocupando uma vaga que poderia servir para outro. Sendo assim ele termina dizendo que eu seria licenciado. Veio com aquele papo que poderia contar com ele para qualquer coisa que precisasse. Na hora eu senti como se tivesse tomado uma faca nas costa do meu melhor amigo, porque como militar sempre procurei fazer as coisas da melhor forma possível, tinha amizade com superiores hierárquico, mas sempre soube manter o respeito para como todos, e muitas vezes quando alguns tenentes eram transferidos internamente para outras companhias, queriam me levar junto por causa do meu profissionalismo. Eu nunca fui punido, fato pelo qual o meu comportamento foi melhorado do “Bom” para o “Ótimo”, só que nada disso adiantou. Na ultima tentativa juntaram se oficiais, sargentos, cabos e um subtenente para falar com o comandante de Cia, para tentar fazê-lo mudar de idéia, por tudo que eu já havia feito merecia pelo menos completar os sete anos de serviços, só que foi em vão. Ele disse que já tinha tomado sua decisão e não voltaria atrás.
Com a alegação que a doença era pré-existente e hereditária fui mandado embora do exército no dia 28 de julho de 2009. Foram Seis anos, quatro meses e vinte e sete dias de profissão. Agora me encontro desempregado, sem plano de saúde, e alem das dores e sintomas considerados “normais”, agora também sinto dor em varias outras partes do corpo.
Não posso fazer nenhuma atividade pesada ou de esforço repetitivo, pois sempre corre o risco de piorar as dores e acabo de cama, só saindo de lá depois de tomar uma injeção de corticóides e passar um bom tempo de repouso. E assim venho tentando viver nesses quase dois anos após meu licenciamento.
Meus parentes e amigos vendo a minha situação me aconselharam a procurar um advogado e sempre recusei, até que pesquisando na internet encontrei vários casos parecidos com o meu, só então resolvi procurar um advogado que é amigo da minha irmã, contei tudo sobre meu problema e meus objetivos. (Reintegração às fileiras do exército, ficar pelo menos os 24 meses que tenho direito, salários retroativos e indenização por dano moral). O advogado então resolveu aceitar meu caso. Mas não sinto confiança no meu advogado, por ele não ser especialista em causa militar e por não notar interesse por parte dele no meu caso. Também não me sinto bem em cobrar resultados por não ter pago os mil reais que ele pediu para custo de despesas.
Segundo ele foi dado entrada no processo com pedido de tutela antecipada em novembro de 2010 e no mínimo uma vez por semana vou ao escritório saber se já tem alguma data para audiência e até hoje nada. Há uns dois meses atrás ele me pediu pra assinar um atestado de pobreza, segundo ele é preciso, pois não tenho condições de pagar os custos do processo.
Gostaria de saber se é normal demorar tanto assim um pedido de tutela antecipada?
Quais as minhas chances de ganhar esse processo?
Tem alguma coisa que possa ser feito para que seja marcada logo a audiência?
Alguma opinião que algum de vcs gostaria de acrescentar sobre tudo que relatei a cima?
Desde já o meu muito obrigado