A partir de qual idade posso deixar uma criança sozinha em casa?
Preciso trabalhar e não estou encontrando quem fique com emu filho pra mim depois da escola. Não consigo custear uma escola integral, pois é muito caro. Com qual idade posso deixar uma criança sozinha em casa sem correr o rrisco de alguém me denunciar por abandono de incapaz?
E me pergunto, eu não conheço nenhuma pessoa que nunca tenha ficado sozinha. Eu pensava que existem juizes, advogados e o sistema juridico por que justamente cada caso é um caso, e deve ser analisado. Uma coisa é quem deixa a criança sozinha e vai viajar. Outra coisa é quem não tem com quem deixar a criança, precisa trabalhar para sobreviver, deixar a criança meio período em casa sozinha. Se as leis são fórmulas matemáticas que se aplicam em todos os casos sem distinção das diferenças, por que mesmo que temos juiz? E se não faz diferença o lapso de tempo, o Pensador falou que não tem diferença no crime de abandono deixar uma hora, duas, quatro ou dois dias, eu pergunto, quem nunca teve que ficar sozinho em casa antes dos "16" anos? Minha mãe nunca trabalhou, mas aconteceu de precisar ir ver alguém doente e criança não entrava no hospital e me deixou sozinha em casa. Eu realmente desconheço quem nunca passou por isso. Logo, vamos prender todas essas pessoas?
Isso é o conflito do mundo do ser X o mundo do dever ser...
E, tem algo que realmente me choca, são os comentários dos doutores que recomendam pensar em tudo antes de ter filho. Esses comentários são bem recorrentes em quase todos os tópicos. Eu penso que ninguém tem uma bola de cristal para prever tudo o que pode acontecer. E penso que muita gente que vem aqui no jus desesperada por ajuda gostaria imensamente de mudar o passado, mas também não é possível. Logo, temos que trabalhar a melhor alternativa que resta dentro da atual realidade.
Ilustre S. Soffa,
Entendo a participação de todos, como imbuídos das melhores intenções, dentro da singularidade de cada um. Obviamente, num fórum público, muitas das vezes uns e outros ultrapassam aquele mínimo de civilidade que esperamos. Tanto quem pergunta, como quem responde.
Vejo que a ilustríssima é da área, então prossigo:
"E me pergunto, eu não conheço nenhuma pessoa que nunca tenha ficado sozinha."
Eu conheço. Mas tanto a minha, como a sua opinião são irrelevantes. Se partirmos do pressuposto que o mundo dos fatos condiciona incontinenti o mundo do direito, chegaremos a conclusões absurdas e bizarras.
Nesse diapasão, melhor jogar fora as teorias acerca do direito. Com o perdão do saudoso mestre, Dr. Miguel Reale, joguemos fora a teoria tridimensional do direito. Ora, não há então dialética no direito. Já não precisamos falar de valores. Já podemos viver o ápice do sistema democrático - fatos sociais condicionam o direito per si.
Já não precisamos criticar Alexy, pois resta sepultado. Não há valores a preservar. Isso é conversa mole de meia dúzia de filósofos que nada tem de melhor a fazer. Essa conversa de valores é uma metafísica transcendental, coisa da idade média.
Ora, o que importam são os fatos! a concretude é que se impõe. Não há discurso, a faticidade lhe atropela.
O importante é que na minha opinião todas as mães deixam seus filhos sozinhos em casa, e tais fatos têm, como faticidade, condão de atropelar qualquer discursologia, axiologia ou qualquer outra metafísica que se ponha como antítese dos fatos, por consequência lógica então:
"Eu pensava que existem juizes, advogados e o sistema juridico por que justamente cada caso é um caso, e deve ser analisado. Uma coisa é quem deixa a criança sozinha e vai viajar. Outra coisa é quem não tem com quem deixar a criança, precisa trabalhar para sobreviver, deixar a criança meio período em casa sozinha."
Retomando, por consequência lógica, então, o nobre magistrado, que deve saber que cada caso é um caso, deve em sua hermenêutica, olvidar de qualquer integridade no ou do direito (Dworkin) e, vestindo o ideal de super homem nietzschiano pode romper com tudo e dar azo a qualquer interpretação solipsista.
Obviamente, este super magistrado não se limita à letra fria da lei. Nem a qualquer dever ser preservado pela norma. Este super magistrado é antes de mais nada um sociólogo. Ele decide - sim, pois magistratura é decisionismo, é ato de vontade - que a norma não se aplica a mães que trabalham. Decide que trabalhar torna a norma penal inconstitucional - claro! não poderia ficar ele fora do panconstitucionalismo - por violar o princípio do livre acesso ao trabalho - também não poderia ficar fora do panprincipiologismo - e decide - como esse magistrado decide! - que numa colisão de princípios - e para demonstrar que conhece Alexy - deve-se aplicar a ponderação. E, ponderando, decide - claro! afinal ponderação é livre - que prevalece o direito ao trabalho em detrimento à incolumidade e à vida da criança.
"Se as leis são fórmulas matemáticas que se aplicam em todos os casos sem distinção das diferenças, por que mesmo que temos juiz?"
Claro como a luz do sol!! Por isso temos o super juiz, aquele que sem cerimônia pode deixar de aplicar a norma penal, aquele que é maior do que qualquer instituição democrática. Aliás, este super juiz é o direito. O juiz é maior do que o comando normativo.
Imaginem este super juiz, deste naipe, deram azo a grandes teorias no direito, como a legítima defesa da honra, ah sim!! era excludente. Isso é que era direito.
Este mesmo super juiz, amanhã ou depois, pode afastar a tipicidade dos crimes contra o patrimônio. Claro! pois aqueles que não tem, os oprimidos, têm garantia constitucional de acesso, está lá, artigo 6o. Ora, vamos ponderar, tenho certeza que o artigo 6o prevalecerá...
"E se não faz diferença o lapso de tempo, o Pensador falou que não tem diferença no crime de abandono deixar uma hora, duas, quatro ou dois dias, eu pergunto, quem nunca teve que ficar sozinho em casa antes dos "16" anos? Minha mãe nunca trabalhou, mas aconteceu de precisar ir ver alguém doente e criança não entrava no hospital e me deixou sozinha em casa."
Claro! como poderia me esquecer que ir ver alguém no hospital também é caso de estado de necessidade! também ganha na ponderação em relação à incolumidade e a vida da criança! quanta insensibilidade deste que escreve, quanta obtusidade.
Realmente uma obtusidade o que escrevi alguns posts atrás, claro que existe diferença, casas não se incendeiam antes do abandono completar vinte e quatro horas, é uma lei da física. Deveria ter estudado mais física.
Que absurdo ter falado em potencialização de risco. Que absurdo ter falado em risco não permitido pelo direito.
E, claro que a nobre colega fala em 16 anos, pois eis que na argumentação temos que vencer!!! falo em 16 mas aplico para 8 anos, 9 anos... é tudo a mesma coisa...
Não leu a ilustre colega que estamos a debater acerca de idades limítrofes, ECA, nada disto. Não viu que concordamos que incapacidade civil não é a mesma coisa que incapacidade total para se defender dos riscos de estar sozinho.
Não viu que a hermenêutica é pré-compreensão, e esta é referenciada a um todo do ordenamento jurídico, que também a faticidade está presente. Que esta é a tarefa do magistrado, do jurista. Que interpretar não é ato de vontade, que não se pode decidir qualquer coisa acerca de qualquer coisa. Que direito é integridade. Que não podemos por vontade afastar o ECA, mas que podemos dentro do ordenamento jurídico e dentro da integridade do direito, extrair que é possível afastar a tipicidade da conduta em idades entre 12 e 18 anos, porém que não há interpretação que afaste a idade limítrofe de 12 anos, pois eis que não é possível afastar o conceito de criança, que ademais é extra jurídico.
Nada disso importa, o importante é o que eu acho, e importante é aquele juiz que decide por vontade!
Saudações cordiais,
Sinto muito, não sou do ramo. Não quis lhe ofender com a minha opinião no fórum.
Acredito que você compreendeu errado o que eu escrevi. Não disse que afasta a conduta típica. Não disse que deixa de ser crime. Eu quis exemplificar que em casos concretos nem sempre a lei é seguida ao extremo. Eu realmente desconheço quem nunca ficou sozinho uma tarde em casa. Não precisa de tanta ironia com as leis da física.
Veja, não disse que afasta a conduta descrita na lei. Mas o comportamento existe. E vai continuar existindo. Quando o adultério era fato típico, fazia com que as pessoas fossem fiéis? Ou a constituição dizer que a saúde é um direito de todos faz com que eu tenha médico?
Entendo que as leis são importantes. Não sou anarquista. Quis apenas dizer, que apesar da lei existir, vai continuar existindo o comportamento que tanto se quer punir. E caso o Estado passe a ser onisciente e onipresente em todos os lares vai faltar juiz para julgar tantos crimes idênticos ao descrito neste tópico.
Se eu fosse doutora advogada eu nunca teria coragem de aconselhar uma pessoa destas a entregar o filho ao Estado por não ter com quem deixar a criança meio período em que precisa prover o sustento. Mesmo se eu entendesse de leis, dialética e hermeneutica como o doutor, eu não conseguiria fazê-lo.
Doutor, respeito muito o seu conhecimento, tanto que sem participo dos fóruns, é para tentar aprender. Mas a realidade das pessoas também precisa ser respeitada. E sem ironia com "estado de necessidade", "bem estar social", "falhas em politicas assistencialistas que não acompanharam a nova realidade da família".
Übermensch - "A inteligência e a virtude ensaiaram-se e extraviaram-se de mil maneiras diferentes. Sim; o homem era um ensaio. Ai! quantas ignorâncias e erros se incorporam em nós." - assim falou Zaratustra.
Ilustre S. Soffa,
Em primeiro lugar, digo que de maneira alguma me ofendeu. Estamos a discutir idéias.
“Acredito que você compreendeu errado o que eu escrevi. Não disse que afasta a conduta típica. Não disse que deixa de ser crime. Eu quis exemplificar que em casos concretos nem sempre a lei é seguida ao extremo. “
Não creio que tenha compreendido de forma equivocada. Não estávamos a falar – num primeiro plano – acerca de “afastar a conduta típica”. Mas sim, era disso que seu post tratava! Estávamos a falar ou da atipicidade ou de alguma excludente. Pois a norma está aí. Não dá para dizer que “a norma está” e ao mesmo tempo dizer que “a norma não está”. Obviamente que a lei penal nem sempre é seguida ao extremo. Para isso é a lei penal; ela é contra fática. A conduta típica é sempre fática, mas o comando normativo inserido na lei penal é sim sempre contra fática. Ela prescreve uma punição para determinada conduta repudiada pelo direito.
E, apenas para pontuar, digo que não é possível seguir ao extremo uma lei, ou seguir parcialmente. Devo dizer que a norma funciona de maneira binária; conforme-contra. Não posso meio que furtar, não posso meio que roubar, não posso meio que matar, assim como não posso meio que abandonar.
Mas, entendo sua postagem. Discordo mas entendo. É a praga de um senso comum que defende mais a propriedade do que outros bens jurídicos. É um senso-comum-capitalista-selvagem-individualista-consumista. Recomendo que veja alguns tópicos neste fórum acerca de direito penal. Furto, roubo, estelionato, tráfico de drogas entre outros. Veja o conteúdo das respostas. Verá que a maioria reprova tais condutas, que para estes que cometem os crimes patrimoniais sobram adjetivos e falta este entendimento de que nem sempre a lei é seguida ao extremo, falta este entendimento da faticidade.
Deve ser o senso comum do sou-trabalhador-e-tudo-me-justifica. Posso deixar crianças sozinhas em casa – oras, não tenho com quem deixar, uma babá é muito cara e não gosto de escolas públicas por isso prefiro pagar uma escola privada. Posso violar as leis de trânsito pois estou atrasado para o trabalho. O que será que ainda poderei fazer em nome do “trabalho”?
“Entendo que as leis são importantes. Não sou anarquista. Quis apenas dizer, que apesar da lei existir, vai continuar existindo o comportamento que tanto se quer punir. E caso o Estado passe a ser onisciente e onipresente em todos os lares vai faltar juiz para julgar tantos crimes idênticos ao descrito neste tópico.”
Isto é claro como a luz do sol. Sempre existirão condutas anti-normativas. É dizer que sempre existirá o crime. Apesar de ser proibido roubar, furtar, matar etc. Etc. Etc. Estas condutas continuam a ocorrer. Caso o Estado passe a ser onisciente, faltarão juízes para julgar “n” outros tipos de crime.
Justificar desta maneira é dizer do fato, como único condicionante da norma, o que é inverdade. Podemos até discutir quais os condicionantes da norma, mas não a ausência deles em favor da faticidade. Mesmo os sistêmicos, jamais pretenderam dizer que nada existe a alimentar as normas que não fossem fatos. Mesmo que tenham retirado a razão prática em favor de uma autopoiesis.
“Se eu fosse doutora advogada eu nunca teria coragem de aconselhar uma pessoa destas a entregar o filho ao Estado por não ter com quem deixar a criança meio período em que precisa prover o sustento. Mesmo se eu entendesse de leis, dialética e hermeneutica como o doutor, eu não conseguiria fazê-lo.”
E não estamos falando disso. Não falamos para abdicar da guarda!! estamos tratando da oposição dever-vontade. Falamos de opções. Como da mãe que prefere gastar o dinheiro com o colégio particular, mas não com alguém para cuidar da criança!!! Desta maneira a nobre Sra. Pratica um vício argumentativo, inserindo falsa premissa à discussão. Faz chantagem emocional. Estamos falando de opções. Existem opções. Quando não houver opção, estaremos diante de um caso de singularidade. Mas as particularidades que compõem o geral tutelado pela norma são casos de opções.
Não há que se falar de um dever injusto pois impossível de ser alcançado. O que existe é a oposição entre dever e vontade. Existem os que defendem a prevalência da vontade, travestida de falta de opção. Em regra não existe a falta de opções, mas sim as opções que não nos agradam. Assim, se enxerga pela ótica da vontade. Ora, o equívoco está na ótica. Há que se ver pela ótica do dever. O que devo fazer em primeiro lugar e a partir daí ingressa a vontade, dentro das opções permitidas pelo dever.
Não basta dizer que a vida está difícil por isso deixo uma criança em situação de abandono. Existe um equívoco na abordagem. O correto é: devo cuidar. Dentro desta premissa quais opções tenho? Ah! Eu pago colégio particular, então coloco meu filho numa instituição pública e com o dinheiro aplico naquilo que é dever. Ou deixo de viajar nas férias, ou economizo aqueles jantares fora, deixo de comprar aquele sapato, aquele brinquedo. Esta é a ótica do dever.
Saudações cordiais,
Coleguinha;
Tentarei responder por partes.
"Preciso trabalhar e não estou encontrando quem fique com emu filho pra mim depois da escola."
Acompanho o entendimento de alguns colegas, o fato de a mãe precisar trabalhar não exclui o dever de cuidar. Este cuidado não precisa ocorrer de forma direta, pode ser através de outra pessoa ou entidade.
Ora, o CP prescreve: "Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:
Pena - detenção, de seis meses a três anos.".
Assim, a mãe que possui a guarda e deixa o filho incapaz sozinho em casa, abandona.
"Não consigo custear uma escola integral, pois é muito caro."
Apesar de ser uma questão pessoal, se me permite opinar, coloque-o numa escola pública. Poderás dizer que o ensino público é insatisfatório, porém, com o valor pago pela escola privada terás a possibilidade financeira de pagar uma pessoa para cuidar do seu filho, não o deixando ao completo abandono; além disso, poderás investir em livros e incentivar a criança a ler e complementar os estudos em casa. Vou ser repetitiva, esta é a melhor idade para aprender, instigue-lhe a curiosidade pelo mundo da literatura, dê-lhe, aos poucos, uma estante de livros, verás que não irás se arrepender e ele irá se orgulhar de ti.
Podem me chamar de retrógrada (parece que isto virou moda), mas adoro um livro de papel.
"Com qual idade posso deixar uma criança sozinha em casa"
Apesar das divergências, sigo o CC, ou seja, incapaz é o menor de 16 anos, para além de outros casos de incapacidade que não vem ao caso.
"sem correr o rrisco de alguém me denunciar por abandono de incapaz?"
Os piores riscos não provém de uma denúncia, mas das próprias fatalidades da vida. Uma denúncia pode fazer-te responder criminalmente por abandono, as fatalidades da vida podem matar ou marcar para sempre o seu filho.
Cumprimentos
Por vezes uma boa conversa com pessoas da vizinhaça retornam gratas surpresas, como alguma boa alma que por amizade, ou até mesmo visando um pequeno retorno financeiro, fica responsavel por uma criança durante a metade do dia.
o que NÃO PODE é deixar uma criança que não tem ainda toda sua capacidade intelectual desenvolvida e por simplesmente ser uma criança, BICHINHO CURIOSO E AVENTUREIRO POR QUESTÕES PRÓPRIAS DA IDADE, ficar sozinha e responsável por sí mesma.
Isso é totalmente inadmissível!!!!!!!!!!!!!!!
Qualquer pessoa de bom senso JAMAIS admitiria deixar seu filho menor de 14 anos totalmente à deriva!
O pensador,
Obrigado da resposta. Isto que gosto dos fóruns, aprende-se muito. Nunca observei os fóruns sobre penal, só leio os de família e criança.
Te faço ainda mais um questionamento, o assunto me deixou um pouco intrigada, vamos supor que no caso concreto a mãe não tivesse o filho em colégio particular, e fosse um caso de que não há creche nesta idade e a mãe não tivesse condições de pagar uma babá. Achei uma teoria que defende a "inexigibilidade de conduta diversa" que ao que parece é aplicada no meu Estado. Pelo que entendi exclui a culpabilidade. Que me diz a respeito?
Babaa! P0bre tem isso,muito facil fala quando tem estudo,,familia,dinheiro. Ja passou fome pensador
ja viu sua mae chorar por nao ter o q comer
na lei dos ricos e faciill,na do pobre a vida ensina. Pra quem nunca lavou um prato e facil apontar defeito da empregada espero q nao seje promotor se nao todo pobre ta lascado na sua mao. Mas deus nao da asa a cobra guando da tira o venenno
Citando:
"S. Soffa 15/10/2012 23:25 O pensador,
Obrigado da resposta. Isto que gosto dos fóruns, aprende-se muito. Nunca observei os fóruns sobre penal, só leio os de família e criança.
Te faço ainda mais um questionamento, o assunto me deixou um pouco intrigada, vamos supor que no caso concreto a mãe não tivesse o filho em colégio particular, e fosse um caso de que não há creche nesta idade e a mãe não tivesse condições de pagar uma babá. Achei uma teoria que defende a "inexigibilidade de conduta diversa" que ao que parece é aplicada no meu Estado. Pelo que entendi exclui a culpabilidade. Que me diz a respeito?"
Ilustre S. Soffa,
Veja que não sou penalista. Tenho algum contato com teoria do direito penal, mas não com o dia-a-dia do direito penal. Mas veja que a inexigibilidade de conduta diversa (brilhantemente defendida por Juarez Cirino dos Santos, recomendo consultar sua obra de direito penal) se relaciona a dois ou mais bens jurídicos tutelados pela norma penal. Sacrifica-se um para preservar o outro.
O critério é o da razoabilidade. O que é razoável esperar de um agente genérico em situações idênticas. É como pressupor uma generalidade de condutas e, através desta validação transcrever ao caso particular. É uma base comum ao estado de necessidade e à legítima defesa.
Teríamos dois casos: primeiro, o risco gerado para a criança versus o direito e a necessidade do trabalho. Neste primeiro caso, não é razoável supor que a vida da criança tenha menor valor que o trabalho. Supondo-se que a mãe possa prover o sustento de maneira diversa - trabalhando em casa, recebendo ajuda do governo etc., ou que possa trabalhar e deixar a criança em local seguro - creche, escola em tempo integral, parentes etc. Num segundo cenário, em sendo negativas todas as opções, a oposição do risco gerado à integridade da criança já não é mais em relação ao trabalho, mas sim à sobrevivência de mãe e filho. Neste caso, mesmo que não haja a necessidade prenhe e imediata da morte ou da fome (que ensejaria o estado de necessidade), seria possível e razoável alegar a inexibilidade de conduta diversa. Pois eis que não é razoável supor que mãe e filho passem fome sem que a atriz deste cenário jurídico possa buscar meios de sobreviver.
Porém, nesta situação, ainda restam opções que de uma maneira ou outra invalidam a inexibilidade, que trata da relação do matrio poder. Primeiramente pode a mãe, verificando tal condição, passar a guarda ao pai ou a algum familiar e, em segundo lugar socorrer-se ao Estado.
O ideal é que as mães possam ingressar com ação visando o pleno exercício de direitos que lhe são assegurados constitucionalmente. Mesmo que normas programáticas, podem e devem ser arguidas face a casos concretos.
Por último, resta dizer que a interpretação não é possível senão face ao caso concreto. Não existe interpretação alijada do mundo dos fatos e do mundo das relações intersubjetivas. O Ser é sempre Ser-no-mundo e sempre Ser-com-os-outros (Heidegger). Neste sentido, o que quero deixar claro é que as situações postadas neste tópico à primeira vista não justificam o abandono.
Saudações cordiais,
Citando:
"PECA12 16/10/2012 03:15 Babaa! P0bre tem isso,muito facil fala quando tem estudo,,familia,dinheiro. Ja passou fome pensador
ja viu sua mae chorar por nao ter o q comer
na lei dos ricos e faciill,na do pobre a vida ensina. Pra quem nunca lavou um prato e facil apontar defeito da empregada espero q nao seje promotor se nao todo pobre ta lascado na sua mao. Mas deus nao da asa a cobra guando da tira o venenno"
A nobre PECA12 tem total liberdade à expressão e à prática do jus achandi. Mesmo que, não o possa fazer plenamente por culpa da ineficiência estatal em prover educação e cultura.
Obviamente o pano de fundo - que ademais o é para diversas situações - é uma relação desigual na distribuição de riquezas, que faz com que um abismo enorme se abra, gerando um perverso modo de estratificação social pelo ter. Infelizmente tal, não é assunto apenas do direito, mas depende principalmente dos agentes políticos de uma nação.
Infelizmente não tendo o condão de modificar a distribuição de riquezas, no momento devemos fazer aquilo que é possível fazer.
Caso a pessoa não tenha condições financeiras e de trabalho para arcar com um filho, talvez seja a hora de pensar em planejamento familiar. Falta de recursos não pode ser justificativa suficiente para a irresponsabilidade.
Se não tem condições de criar um filho adequadamente, não os tenha.
No tópico em questão, estamos tratando de situações pontuais, onde uma mudança brusca leva a fatos e situações não possíveis de serem totalmente previstas.
Da maneira como a Sra. PECA12 postou, resta óbvio que é um problema de planejamento familiar. As pessoas devem se conscientizar que os recursos do Estado são limitados e faz parte da cidadania pensar no que é bom para a sociedade como um todo.
Se os que têm um padrão de vida mediano, podem fazer planejamento familiar - e o fazem, basta consultar as estatísticas, creio ser plenamente possível que aqueles mais desprovidos de recursos também assim procedam. O Estado não conseguirá solucionar todos os problemas decorrentes da irresponsabilidade dos indivíduos.
Nossa sociedade precisa hoje, mais do que nunca, pensar em fazer o correto - algo que é válido para todos, em detrimento de fazer o bom - aquilo que é para mim. Quando deixarmos de olhar para o próprio umbigo e pudermos levantar a cabeça para olhar o horizonte, veremos que o mundo é mais do que nosso Ego.
Saudações cordiais,
Peca, se a mulher é pobre e por burrice nao se preveniu evitando assim arrastar outro para dividir com ela suia miséria, deve então ter a nobreza e salvar aquele ser que não pode se defender, entregando-o a um abrigo - e se este ainda muito novo e essa mãe sem condições a médio prazo em se estabelecer minimamente, deve ter a coragem de favorecer aquele pequeno ser humano e doá-lo.
Usar o bordão da pobrza para justificar sua burrice em se reproduzir e deixar a pobre criança entregue a sí mesma, não é só irresponsabilidade, é canalhice, é maldade, é assumir ser uma capeta dos infernos!!!! isso não é mãe, é uma frega, uma quenga que sai pelo mundo largando filho a propria sorte.
Vc está usando um computador, isso quer dizer que vc é rica??? Ou tem complexo de pobreza e inveja quem tem um pouco mais que vc?? Já pensou que se eles tem é porque trabalharam, se esforçaram, se sacrificaram? Que não sairam botando filho no mundo sem ter condições de sobreviver?
O mundo não tem de me socorrer, que pagar minha contas, ficar com peninha de mim.
A mulher trepa com um macho porque quer, que assuma então o resultado de seus atos e livre a pobre e infeliz criança, que dela nasce, de dividir suas mazelas.
Para isso basta criar vergonha na cara!!!!
Fico impressionada como estas pessoas que enchem a boca pra falar que possuem não sei quantas graduações tem tanta facilidade em ofender as pessoas, antes eu com uma só, sabendo tratar bem as pessoas e a respeitá-las acima de tudo. Quando postei a pergunta não achava que seria tão insultada ainda mais por pessoas que se dizem tão cultas! Em momento nenhum aqui insultei ninguém! Triste realidade... o fato é que só eu sei o que tenho dentro do coração, que é amor pelo meu filho e a Deus e isso basta. Uma coisa eu digo, o mundo dá muitas voltas!!! depois quando tudo começa a dar errado na vida dessas pessoas, elas veem perguntar porquê? Será que não sabem mesmo? colhe-se o que se planta, depois não vai choramingar.
Coleguinha, vc está pedindo a Deus para fazer mau as pessoas que contrariam suas ideias e caprichos??
Noooooooooossa !!! Que bom coração!!! Vc cultiva a vingança e é uma pessoa virtuosa e PUUUUUUra!!!!!
Digo e repito: NÃO TENHO PENA DE QUEM SAI POR AI FAZENDO FILHO PARA AGRADAR A PRÓPRIA VAIDADE E NÃO MEDE AS CONSEQUÊENCIAS DE SEUS ATOS E PÕE UM INOCENTE EM RISCO.
Não pode criar seu filho? Entregue-o ao pai, ou algum parente que aceite criar a criança. na falta de algum, entregue ao Governo, as instituições públicas que cuidam de crianças carentes existem para isso.
A não ser que espere um cheque polpudo com o dinheiro público!! Afinal, vc quer satisfazer seu desejo em ter um filho mas não tem condições materiais para cuidar dele, o povo brasileiro (e nossos impostos) devem bancar isso pra vc!! Realmente, esse é um problema meu, do meu vizinho e de todos os participantes do forum. Nossa! Estamos mortificados !!!! Muito preocupados que não realize seu sonho em ser mãe!!!!
Ilustre coleguinha,
Melhor dar nome aos bois. Tenho comigo que o teor das minhas postagens nada tinha de ofensivo e ou insultante.
E, estávamos a discutir a legalidade das condutas, caso seja uma discussão teológica, temo que não estarei habilitado a debater.
Por último, resta dizer que salvo bola de cristal em contrário, dificil prever o que de certo ou errado pode acontecer na vida de uma pessoa, restando à nobre coleguinha o jus praguejandi. Ademais, fatos na vida são apenas isto, fatos. Certo ou errado, bom ou ruim, são apenas valorações que damos aos fatos.
Saudações cordiais,
fazer planejamento familiar !!!!!!!!!!com certeza nunca foi pobre. pensador e outros,nao tenho muito estudo,mas tive sorte lutei batalhei e hoje voltei a estudar,nao posso diser q hoje sou pobre consequi muito mais na minha vida do que muitos q tem diploma,mas passei por muita coisa,hoje tenho varios empregados,mas nunca esqueci de respeitalos e fazer o bem,nao esqueci q fui pobre e muito pobre,ja deixe meus filhos sozinhos sim e hoje faço por onde os filhos dos meus funcinarios nao passem pelo mesmo q os meus passaram,porisso criei uma creche na minha empresa. INSULA é muito facil diser pra larga ou da o filho pro governo,larga o seu..... nao tenho nem palavras pra vc.