Bom, gente, eu estava navegando para tentar entender minha história, que se assemelha, em alguns pontos com o caso do Santiago.
Minha mãe era solteira quando fui concebida, mas meu pai biológico era casado. Ele já tinha três filhos com mais de dez anos mais velhos que eu. Ele sempre foi genial, um artista gráfico talentoso, mas muito descontrolado emocionalmente e entregue ao alcoolismo. Quando eu nasci, ele ficou perturbado e falava em se matar. Com medo, minha mãe se afastou dele quando eu era bem novinha... Esperou as coisas se acalmarem para falar sobre pensão e reconhecimento de paternidade. Ele alegou que não podia reconhecer minha paternidade porque perderia um cargo que tinha no Senado Federal (foi efetivado pelo famoso trem da alegria), se fosse comprovado que ele tinha filhos fora do casamento... Não sei até onde isso é verdade, mas foi o que me contaram.Enfim, minha mãe me levava para vê-lo e ele me dava um dinheirinho...Foi assim até meus 3 anos. Minha mãe conheceu outra pessoa com quem se casou, e esse cara me acolheu como filha, mas não me registrou. Quando soube que minha mãe havia se casado, meu pai biológico sumiu. Mas essa história sempre me machucou, especialmente porque eu não podia simplesmente esquecer... Nasci muito parecida com ele em uma série de aspectos e sempre era lembrada disso.
Aos 19 anos resolvi ir atrás dele. Fui mal recebida e entendi o que eu era: assunto proibido... ele passou a me ver esporadicamente na faculdade, mas às escondidas. Mentia para mim, mentia para a família dele. Esperei ele falar em me registrar, mas nunca tocou no assunto. Quando fiz 21 anos, meu pai adotivo me perguntou se eu queria que ele me registrasse e eu concordei, pois foi o único pai que conheci e que me deu afeto, carinho e zelou por mim.
Hoje, estou com 31 anos, tanto minha mãe quanto meu pai adotivo faleceram. Nem por isso, o biológico se aproximou mais de mim. Conversamos sobre arte, literatura, temas que compartilhamos interesse, mas nunca é uma conversa entre pai e filha... não tivemos esse vínculo.
O que acontece é que esse sentimento de rejeição, de ser negligenciada e escondida pela pessoa que deveria ser responsável por mim, me faz mal até hoje e estou sendo acompanhada por psicoterapeuta. Sou jornalista, mas estou afastada do trabalho por problemas psiquiátricos...essa história não sai de mim fácil E, fazendo uma avaliação da minha história, pensei sim em pedir que ele me reconheça, que me assuma, porque cansei de ser assunto proibido. Sobre herança, esse não é meu foco, embora sinta revolta por não ter tido os benefícios que os outros filhos dele tiveram. Ele tem bens e, não nego que o dinheiro dele me ajudaria...ainda mais se eu perder o emprego...
estou maturando isso ainda, até porque não quero perder o nome da pessoa que mais zelou por mim no mundo. Enfim, não sei o que fazer.