A Ética no Ato de Matar
A Ética no Ato de Matar
Theresa Ann Campo Pearson, conhecida como “Bebê Theresa”, nasceu com anencefalia, ou seja, faltando partes do cérebro, como, por exemplo, o córtex cerebral, mas que ainda permite o bebê respirar e ter batimentos cardíacos.
O caso aconteceu nos Estados Unidos, onde é permitido o aborto, ou então os “bebês” nascem e morrem em alguns dias.
O caso do “Bebê Theresa” é diferente, pois os pais, sabendo que o bebê morreria e que nunca teria consciência, optaram por deixá-la nascer e doar os seus órgãos. Os médicos concordam, já que milhares de crianças necessitam de transplantes.
Entretanto, os órgãos do “Bebê Theresa” não foram utilizados, porque uma lei da Flórida proíbe a remoção de órgãos até a morte do doador. Mas quando o Bebê morreu, oito dias depois, já era tarde demais, pois seus órgãos tinham se deteriorado, sem possibilidade de serem retirados e transplantados.
A pergunta é: o “Bebê Theresa” deveria ter sido morta, para possibilidade o transplante de órgãos, como coração, rins, etc., salvando outras crianças? Os pais e os médicos estavam certos? Ou seria antiético matar uma pessoa para salvar outra, ou antiético por outros motivos?
99%;
Não entendi isso:
"Entretanto, os órgãos do “Bebê Theresa” não foram utilizados, porque uma lei da Flórida proíbe a remoção de órgãos até a morte do doador. Mas quando o Bebê morreu, oito dias depois, já era tarde demais, pois seus órgãos tinham se deteriorado, sem possibilidade de serem retirados e transplantados."
Houve morte dos órgãos, mas não da hipófise (acho que é quando esta para de funcionar, que se dá a morte)?
BJU
Quanto a questão colocada por si, entendo que a vida é um direito e não uma obrigação sem fim.
Sou adepta da teoria que defende a dignidade na hora da morte. Ora, se uma pessoa não tem esperanças de vida, se está em estado vegetativo (como o caso Mandela), entre outros, não vejo mal algum. No caso, por exemplo, do Madiba, se lhe desligarem o ventilador, ele tem possibilidades de vida? Segundo os médicos, não. Então, no meu ver, não estão a fazer nada.
Creio que a própria ética dos médicos esteja centrada no preservar a vida, porém, quando haja vida a ser preservada.
Por outro lado, imagina uma situação de pessoas doentes renais, que dependam da diálise, porém, no único hospital da cidade que tenha este tratamento, só há duas máquinas. Suponha que um paciente entre de urgência, necessitando fazer uma sessão de diálise e as duas máquinas estejam ocupadas e só desocuparão passadas hora e meia, porém o paciente não pode esperar este tempo, o que deve ser feito?
BJU´s
Pois é Sula, foi justamente isso que não entendi.
Se a minha memória não me atraiçoa e, desde já, sujeitando-me a dizer uma montoeira de asneiras, há dois tipos de morte: circulatória (o coração para) e cerebral. No entanto, o que vale é a morte cerebral.
Porém, quando o coração para, para também a circulação sanguínea, a qual irriga os órgãos, levando à multi-falência dos órgãos.
Não sei qual a possibilidade de isso acontecer, mas, após 8 dias de paragem circulatória, porém, sem morte da hipófise, estaremos diante de um corpo morto, mas com cérebro.
Epá, não sou médica, não faço a mínima ideia de como isto se procede. De qualquer forma, não compreendo bem como uma pessoa leva uma gravidez até ao fim, sabendo que o filho nascerá e de seguida morrerá, só para doar órgãos. Para mim, esta pessoa precisa de tratamento psiquiátrico urgentemente.
A hipófise se situa no interior da caixa craniana e coordena o funcionamento das demais glândulas mas não é independente pois obedece a estímulos do hipotálamo que por sua vez obedece estímulos do cérebro, não o contrário.
Não sou médico, muito menos médico neurologista, porém já li uma coisa aqui, outra ali e, pelo que sei, não há possibilidade de se doar qualquer órgão depois de algum tempo de morte cerebral sem, ao menos, a ajuda de aparelhos para manter mecanicamente a respiração e a circulação sanguínea.
O conceito de morte cerebral não se aplica ao anencéfalo, ou melhor, não se aplica como alguns imaginam. Não há necessidade de esperar morrer o que já está morto.
Neurologicamente, ele é natimorto, nasceu morto, portanto. E antes disso: feto anencefálico é um feto morto, conforme o conceito de morte neurológica. Poderá até viver alguns dias - uma pequena vida biológica, mas não uma vida humana –, mas nunca terá consciência.
Mesmo considerado natimorto, há diversos casos onde tais crianças sobreviveram por prazo prolongado,isto é, mesmo anecéfalo o organismo (os órgãos) funcionam. Portanto, não se pode considerá-lo um morto "morto" ao nascer. Há casos,sim, onde a criança sobrevive apenas algumas horas, mas, por isso mesmo (e pela incerteza de sobrevida mais longa) que não podem ser considerados doadores.
Portanto, errou (feeeeio!!) o médico que o diagnosticou como candidato a doador de órgãos ao nascer. Até um leigo sabe disso.