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Caracteres da filosofia analítica de Ludwig Wittgenstein

Caracteres da filosofia analítica de Ludwig Wittgenstein

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Sumário: INTRODUÇÃO; CARACTERES DA FILOSOFIA DA LINGUAGEM; Considerações Preliminares; Conceito; Escorço Histórico e Principais Representantes; A Lógica; A Metafísica; A Epistemologia; LUDWIG WITTGENSTEIN – Breve biografia; Vida; O Círculo de Viena e a Filosofia na época de Wittgenstein; A Filosofia Analítica de Wittgenstein; O Primeiro Wittgenstein; O Segundo Wittgenstein; O Legado de Wittgenstein; 3. CARACTERES DO TRATADO LÓGICO-FILOSÓFICO; CARACTERES DAS INVESTIGAÇÕES FILOSÓFICAS; CONCLUSÃO; BIBLIOGRAFIA.


1.INTRODUÇÃO

O presente artigo trata da Filosofia da Linguagem com aporte em Ludwig Wittgenstein e sua filosofia analítica do início do século XX, movimento que veio a se opor ferrenhamente ao idealismo e à metafísica de então. Iniciamos o trabalho tecendo algumas considerações acerca da Filosofia da Linguagem de forma global, para em seguida abordarmos alguns aspectos intrínsecos à filosofia de Wittgenstein.

Depois de falarmos sobre a vida e a obra de Wittgenstein, esboçamos os principais caracteres de suas principais obras: Tractatus Logico-Philosophicus e Investigações Filosóficas. Do primeiro, procuramos extrair as principais idéias e conceitos, como a noção da ordem lógica das palavras tão defendida pelo autor. Do segundo, extraímos, principalmente, a idéia dos jogos de linguagem e seus diferentes contextos, onde pudemos constatar a contraposição que Wittgenstein faz a si, criticando de forma ferrenha a espinha dorsal do seu Tractatus.

Registre-se ainda que o presente trabalho de pesquisa deverá servir de aporte para o desenvolvimento da minha tese de doutorado acerca da Teoria da Ação Significativa, que em breve será defendida na Faculdade de Direito da Universidade de Buenos Aires, Argentina.


2.CARACTERES DA FILOSOFIA DA LINGUAGEM

2.1.Considerações Preliminares

O objetivo desse trabalho de pesquisa é tratar de alguns aspectos da filosofia da linguagem, como sua origem, seus principais representantes e sua grande influência na moderna filosofia, como parte da filosofia analítica, bem como sua importância ao longo do século XX, como fomentadora de reais transformações em áreas como o Direito e a Educação. Para tanto, é salutar que comecemos pelo seu conceito e suas fontes, além das idéias que nortearam sua formação e estruturação, sem esquecer, é claro, a influência advinda de outros ramos da filosofia, como a lógica, a metafísica e a epistemologia.

Vale trazer à baila, no entanto, que a filosofia da linguagem, desde os estudos de Platão e Aristóteles até as concepções de Ludwig Wittgenstein, tem revelado a grande importância deste segmento filosófico para a filosofia como um todo. A partir dos estudos de Wittgenstein, a filosofia da linguagem tem ocupado um lugar de grande destaque em outros ramos do desenvolvimento científico, como a educação, a matemática, a lógica e o Direito. Acerca deste, destacamos o Direito Penal, que por intermédio de Vives Antón e Fletcher, na Europa e nos Estados Unidos, respectivamente, supedaneadas pela concepção da teoria da ação comunicativa de Habermas, bem como de Paulo Busato no Brasil, tem norteado a moderna teoria da ação significativa, que é o principal motivo que nos levou a pesquisar sobre a filosofia da linguagem e que deverá servir de norte para nossos futuros trabalhos acerca da conduta humana, onde nos ateremos de forma mais enfática à teoria que é objeto de trabalho dos referidos penalistas.

2.2.Conceito

Estudar a filosofia da linguagem, per si, já não é uma tarefa das mais simples. Conceituá-la, então, ainda é mais complexo. O que se tem é que quando nos referimos à linguagem de um ponto de vista filosófico, estamos tratando-a como um elemento da natureza, detentor de relevante significado para a humanidade. Assim, no mundo da linguagem é de se notar que temos elementos como o objeto, o significado, o referente e o signo, além do falante e do intérprete. Nesse sentido, estudar a filosofia da linguagem é tratar dos aspectos que a compõem, como a natureza do seu significado lingüístico, de sua sintaxe e de sua semântica, além, é óbvio, dos aspectos lingüísticos. Aliás, a esse respeito, Carlos Penco [01] nos ensina que, litteris:

A filosofia da linguagem situa-se na zona limítrofe entre a lógica e a lingüística, e busca acima de tudo analisar as argumentações a favor e contra as diversas visões do sentido que são a cada momento propostas. Seu trabalho é muitas vezes uma investigação dos erros das argumentações dos outros, dos paradoxos que surgem em certas teses, das possíveis contra-argumentações a essas teses.

Muito comum é a dúvida quando aos objetos de investigação da filosofia da linguagem. Assim, numa forma bastante didática, esse ramo da filosofia é responsável pelo estudo do real significado das frases, decompondo-a, palavra por palavra. Vem daí a afirmação de que a filosofia da linguagem estuda ontologicamente a natureza do significado. Estuda-se ainda o uso social da linguagem, verificando o que deve ser feito com ela e como ela interage na mente de quem fala, bem como na do intérprete. Como afirma Penco (2006:14), o filósofo da linguagem não se limita a perguntar-se qual o sentido de uma palavra ou de um enunciado, mas se pergunta o que estão tentando fazer os interlocutores quando falam de sentido; pergunta-se, por exemplo, qual o sentido da palavra "sentido".

Numa visão dogmática pode parecer complexo, o que acreditamos que realmente seja, afirmar-se que cabe à filosofia, também, cuidar de como a linguagem se relaciona com o mundo e o que significa uma palavra ou frase significar alguma coisa para o mundo. Tem-se, assim, o fenômeno da argumentação em filosofia, ou simplesmente, a arte de filosofar, pois este é sinônimo daquele. Penco (2006:15) reconhece tal complexidade e aduz que as argumentações de muitos dos filósofos, inclusive dos mais importantes, nem sempre são um exemplo de clareza.

Outro tema complexo é a famosa pergunta do ramo da filosofia da linguagem, qual seja, qual o significado de "significado"? Na tentativa de responder significativamente essa pergunta, muitas teorias foram criadas por diversos filósofos em épocas distintas. Para os empiristas, por exemplo, trata-se de uma idéia provocada por um signo. Na tentativa de encontrar uma resposta metafisicamente adequada à presente questão, criou-se a teoria da condição da verdade, que tem o significado como sendo uma condição sob a qual uma frase envolvendo uma expressão pode ser verdadeira ou falsa. Já para a teoria do significado, o significado é algo relacionado a atos de fala e frases particulares. Temos ainda as teorias pragmáticas que tratam o significado como conseqüência e não como causa. Por fim, têm-se as teorias referenciais que tratam o significado como algo equivalente às coisas no mundo ligadas às palavras que a designam. Nesses contextos, podemos anotar que a filosofia da linguagem é o ramo da filosofia que trata, de forma analítica, da essência e da natureza dos fenômenos lingüísticos.

2.3.Escorço Histórico e Principais Representantes

A primeira impressão que se tem ao tomar contato com a filosofia da linguagem é a de que se trata de algo novo, surgido há poucos anos, no entanto, esta sensação é enganosa, visto que se trata de um ramo da ciência filosófica que permeia a filosofia há muitos séculos. Tanto que, para falarmos dos primórdios da filosofia da linguagem, temos que nos reportar à época de Platão e Aristóteles. O primeiro já afirmava que, na República, onde as coisas podiam ser diferentes ou iguais, dependendo da percepção. Segundo Platão, dizer que uma coisa é feia ou bonita é algo relativo, pois o que é feio sob uma ótica, pode ser bonito sob outra. Afirma Platão (A República, 479a) que se algo é considerado belo por ter a cor dourada, esta mesma cor, em outro objeto pode torná-lo feio. Assim, Platão pregava que falamos muitas coisas que são ou não falsas, porque as frases são complexas, ao contrário dos nomes, os quais são simples. Logo, o dourado é belo e não é belo. Por sua vez, Aristóteles ocupou-se de questões lógicas, das categorias e do significado lingüísticos. A teoria de Aristóteles deu origem ao nominalismo [02] na Idade Média. Segundo Aristóteles, o significado de um predicado é estabelecido através da abstração das similaridades entre várias coisas individuais.

Um dos grandes representantes da escolástica nesse período medieval foi Pedro Abelardo [03], que se notabilizou pela antecipação de muitas idéias modernas sobre a linguagem. Compulsando-se sobre o período da filosofia medieval, verificamos que Pedro Abelardo teria sido um gênio crítico indomável, considerado como o melhor lógico de sua época e talvez o pensador que mais se aprofundou nos estudos sobre a lógica e a filosofia da linguagem.

É de se mencionar aqui que os filósofos, de um modo geral, sempre tiveram na linguagem um importante objeto de seus estudos. Entretanto, somente no final do século XIX, é que a linguagem, fruto da filosofia analítica, adquiriu o papel de protagonista nos estudos da filosofia, enquanto ciência. Dentre os pensadores da filosofia da linguagem temos John Austin, Ferdinand de Saussure, Umberto Eco, Hegel, Herder, Wilhelm von Humboldt, Kant, Leibniz, Locke, Nietzsche, Charles Sanders Peirce, John Searle, Vico, além daqueles sobre os quais mais falaremos a seguir, pelo grande destaque e contribuição que deram à matéria, como Moore [04], Frege [05], Russell [06] e aquele que, sobre seus estudos, nos debruçaremos de maneira mais atenta, num misto de paixão e razão, que é Ludwig Wittgenstein.

Para falarmos de Frege e Russell, temos de tratar primeiro das denominadas teorias da referência. Essas teorias têm como objeto de investigação a maneira como a linguagem se relaciona com o mundo. Nesse sentido, Frege defendeu uma teoria, denominada de referência direta, segundo a qual, uma expressão tem sua referência determinada pelo sentido ou modo de apresentação, ou seja, pela forma como o referente é apresentado ao falante. Já Russell, trouxe a idéia de uma teoria de referência indireta. Segundo ele, o único significado dos nomes logicamente próprios são seus respectivos referentes. Já para Frege, qualquer expressão referencial teria um sentido e uma referência.

Tendo sido considerado um dos mais importantes filósofos de sua época, Frege aprofundou seus estudos com a publicação de suas obras sobre aritmética. O primeiro, tratando dos fundamentos e o segundo tratando das leis básicas da aritmética. Sua grande contribuição para a lógica, para a matemática e para a filosofia de um modo geral foi o desenvolvimento do sistema de representação simbólica, que serviu para representar formalmente a estrutura dos enunciados lógicos e suas relações. Além disso, contribuiu para a implementação do cálculo dos predicados.

Outro representante da Filosofia da Linguagem foi Moore. Também contemporâneo de Wittgenstein e amigo de Russell, Moore contribuiu muito para a sedimentação da filosofia analítica. Marcante em sua carreira, a exemplo de Ludwig Wittgenstein, foi a grande oposição feita de forma inexorável à especulação metafísica que parecessem subverter as verdades estabelecidas do senso comum. Assim, ao lado de Russell, Frege e Wittgenstein, foi um crítico ferrenho do idealismo britânico, representado por Bradley [07] e McTaggart [08], estudiosos e fiéis defensores da metafísica. Como afirma Roger Scruton [09], litteris:

Moore aderiu ao combate, acrescentando mais asserções peculiarmente dramáticas do que argumentos. Fez a seguinte pergunta: Como é possível que minha crença de que tenho duas mãos seja menos certa que a validade de todos os argumentos filosóficos que se têm aduzido para refutá-la? A combinação da volátil lógica de Russell com a vigorosa recusa de Moore a pensar além de seu nariz ou de suas mãos mostrou-se extremamente destrutiva, tornando-se moda descrever a metafísica idealista não como falsa, mas como sem sentido. Outros filósofos - notavelmente Hume - tinham f eito afirmações semelhantes. No entanto, agora, mais do que nunca, parecia possível provar o que fora dito, desenvolvendo-se uma teoria da estrutura da linguagem que mostrasse precisamente o que podia e o que não podia ser dito. E supôs-se que, entre as coisas que não podiam ser ditas, a metafísica era a mais facilmente reconhecível.

Ao término desse período de críticas acirradas sobre a aplicação da metafísica e do idealismo da época, vislumbram-se a possibilidade de desenvolver-se uma teoria da estrutura da linguagem, destacando-se o que podia e o que não podia ser dito. Tem-se aí o início dos trabalhos de Wittgenstein que se debruçou sobre os estudos de seu amigo e professor Bertrand Russel, precipuamente sobre o atomismo lógico como a primeira teoria do tipo. De certa forma, também Russell se deixou influenciar pelas idéias atomistas de Wittgenstein, portanto, a influência ocorreu numa espécie de via de duas mãos, guardadas as devidas proporções, não há como negar a existência da reciprocidade entre os dois filósofos.

Ainda em 1901, Russell [10] descobriu um paradoxo no sistema de Frege e, a partir daí concebeu a sua teoria dos tipos. Segundo ele, tratava-se da imposição de determinadas restrições à idéia de que qualquer propriedade que pode ser predicada de uma entidade de um tipo lógico possa ser predicada com significado de qualquer entidade de outro ou do mesmo tipo lógico. O tipo de uma propriedade deve ser de uma ordem superior ao tipo de qualquer entidade da qual a propriedade possa, com significado, ser predicada. Outra importante contribuição de Russell para a filosofia da linguagem foi sua Teoria das Descrições que, da mesma sorte, influenciou Wittgenstein no desenvolvimento dos seus estudos. Contrapondo às suas idéias anteriores, Russell afirma que a análise lógica precisa de frases declarativas que contenham descrições definidas, como por exemplo, o número primo par é maior do que 1, embora superficialmente tenha a mesma estrutura da frase.

2.4.A Lógica

Poderíamos definir a lógica como sendo a análise de inferências que objetivam a criação de algo que serve para distinção das coisas. Criada por Aristóteles no século IV a.C., a lógica tinha por objetivo estudar o pensamento humano com distinções de inferências e argumentos certos e errados. Assim, podemos dizer também que a lógica é o ramo da filosofia que estuda o fundamento e as expressões do conhecimento humano. Na lógica, tem-se o estudo das inferências, por meio da linguagem. Como exemplo, temos a estrutura lógica criada por Aristóteles, por meio das inferências: Todo ser vivo é mortal; Ora, Sócrates é um ser vivo; Logo, Sócrates é um mortal. Desta forma, as premissas utilizadas por Aristóteles dão uma idéia clara do uso da linguagem, mesmo que como trocadilhos em premissas lógicas, como instrumento para compreensão das coisas e, por conseguinte, da natureza e do pensamento humano, por meio das expressões. Como se observa no exemplo acima, que por sinal é também um exemplo de estudo da lógica, a forma como as premissas foram dispostas nas sentenças levaram àquela conclusão porque outra não haveria de surgir. Isto vem corroborar para o que estamos tentando demonstrar: que a rígida estrutura lógica criada por Aristóteles, aliada à aplicação da linguagem como figuração lógica de representação do pensamento racional, permite-nos entender o mundo e as coisas que nele existem, daí a razão de ser a lógica um instrumento da filosofia da linguagem.

2.5.A Metafísica

Tendo em Aristóteles um de seus maiores representantes, a metafísica dedica-se ao estudo dos princípios e as causas primeiras do ser enquanto ser. A metafísica examina qualquer coisa devido à sua existência e não em razão de determinada qualidade em especial. Em seus estudos, Aristóteles definiu a causa enquanto modalidades, a saber: formal, material, eficiente e final. Na causa formal o filósofo trata da forma ou da essência das coisas propriamente ditas. Na material ele trata da matéria com a qual são constituídas as coisas. Na causa eficiente são estudadas as origens das coisas e na causa final a razão de algo existir. Essas causas definidas por Aristóteles são a própria metafísica, ou melhor, é o estudo a que se dedica a metafísica. Assim, como afirma Alston [11], a metafísica é a parte da Filosofia que se caracteriza, em suas linhas gerais, como uma enumeração das categorias mais básicas a que pertencem as entidades e alguma representação de suas inter-relações.

Tratando especificamente das figuras de linguagem, Alston [12] nos lembra que Aristóteles elenca no livro Zeta, no capítulo 1, o que segue:

"E assim, poder-se-ia até levantar a questão de saber se as palavras caminhar , ter saúde , sentar , implicam que cada uma dessas coisas seja existente, e do mesmo modo em outros casos deste gênero; pois nenhuma delas subsiste por si própria nem é capaz de manter-se separada da substância mas, antes, se realmente é alguma coisa, é aquilo que anda, ou se senta ou é saudável que é uma coisa existente. Ora, tais palavras são tidas na conta de mais reais porque existe algo definido que lhes é subjacente (isto é, a substância, ou indivíduo), que está implícito nesse predicado; pois nunca usamos a palavra "bom" ou "sentado" sem subentender isso". (Livro Zeta, capítulo 1.).

Também Platão, no livro X da República, aduz que sempre que um determinado número de indivíduos tem um nome comum supomos que tenham uma idéia ou forma correspondente. Alston aduz que para esclarecer essa observação tão enigmática, Platão chamou atenção para o aspecto genérico da linguagem, de que um determinado substantivo ou adjetivo, por exemplo, ‘árvore’ ou ‘agudo’, pode ser verdadeiramente aplicado no mesmo sentido a um grande número de coisas distintas e diferentes. A opinião de Platão, segundo Alston, é a de que isso só será possível se existir alguma entidade designada pelo termo geral em questão, como arboridade e agudeza da qual compartilha cada um dos indivíduos. Caso contrário, seria impossível aplicar o termo geral no mesmo sentido a vários indivíduos diferentes.

Vale ressaltar que no século XX tornou-se patente os padrões de argumentação metafísica, recebendo a denominação de Atomismo Lógico e seus principais expoentes foram os amigos filósofos Bertrand Russel e Ludwig Wittgenstein, no Tractatus. Por atomismo lógico tem-se que é a opinião filosófica surgida no início do século XX que culminou com o desenvolvimento da filosofia analítica, sobre a qual nos ateremos mais adiante.

2.6.A Epistemologia

A Epistemologia ou Teoria do Conhecimento é o estudo do conhecimento científico. Trata-se da ciência que estuda o modo do conhecimento que nos aproxima do mundo. O objetivo é descrever e explicar como ocorrem os fenômenos na natureza e na sociedade. Trata-se, assim de explicar, por exemplo, por que aparece o arco íris depois da chuva e que conseqüências ela traz para o mundo. Vale ressaltar aqui o que dizem as professoras Kunz e Cardinaux [13] a respeito da Epistemologia, litteris:

"La epistemologia permite trazar, según Popper, uma línea de demarcación: aquella que distingue el conocimiento científico del que no lo ES, estudiando lãs condiciones de produción, validación y aplicación de este conocimiento. Lo que diferencia a la ciencia de otras formas de conocimiento, como la filosofía o el arte es la aplicación del método científico, procedimiento que permite obtener y a la vez justificar (en el sentido de probar fehacientemente) el conocimiento científico producto de la investigación."

De forma menos complexa, tentemos imaginar, a partir da certeza de que algo é o que pensamos ser, e como chegamos a certeza do que afirmamos. Debruçar-se sobre esse estudo do conhecimento de forma científica é a facticidade da epistemologia. Assim, a utilização da linguagem na obtenção de explicações plausíveis é a própria epistemologia. De outra banda, podemos dizer que a epistemologia é a grande parceira dos filósofos que buscam entender o conhecimento por meio do conhecimento e suas aplicações científicas.


3.LUDWIG WITTGENSTEIN – BREVE BIOGRAFIA

3.1.Vida

Ludwig Joseph Johann Wittgenstein nasceu em Viena na Áustria, em 26 de abril de 1889 e faleceu na Inglaterra na cidade de Cambridge, no dia 29 de abril de 1951. Trata-se do caçula da família de Karl [14] e Leopoldine Wittgenstein que tiveram outros sete filhos antes dele. Seus avós paternos, Herman Cristian e Fanny Wittgenstein eram de origem judaica, mas ao se mudarem da Saxônia para Viena, se converteram ao protestantismo, ainda na metade do século XIX, o que lhes permitiram ser inseridos no meio protestante de Viena. Nessa cidade, o pai de Ludwig tornou-se um gigante industrial no ramo do ferro e aço, o que lhe permitiu criar os filhos na alta sociedade, oferecendo-lhes boa educação acadêmica. Assim, Ludwig teve uma infância e uma adolescência de classe alta, o que lhe permitiu, ainda na juventude, manter uma vida bastante intensa no meio artístico e intelectual de Viena. Vislumbra-se na biografia de Wittgenstein que seus pais, além de cultos, eram pessoas interessadas em artes, sendo que Karl chegou a ser considerado um grande mecenas de Viena. Esse gosto pelas artes e principalmente pela música influenciou os Wittgensteins de tal maneira que, Paul, irmão de Ludwig, chegou a ser conhecido internacionalmente como um músico de grande talento ao piano, mesmo depois de perder a mão direita na guerra. De outra sorte, Ludwig, apesar de não possuir grande talento musical, utilizou-se dessa arte para fazer metáforas em boa parte de sua obra. Outro ponto de bastante relevância na vida dos Wittgensteins é que eles possuíam forte tendência ao suicídio, tanto que três irmãos de Ludwig cometeram suicídio.

Até a primeira década do século XX, o interesse de Ludwig era a física, tendo sido fortemente influenciado por Boltzmann [15]. Esse interesse o levou a Berlim, onde iniciou seus estudos em Engenharia Mecânica, chegando, a partir de suas pesquisas sobre o comportamento das pipas, a desenvolver o design de um motor a jato. Esses estudos, realizados na Universidade de Manchester, mudaria de forma pragmática as pretensões acadêmicas de Ludwig, pois tomou gosto pelos fundamentos da matemática, o que o levou a entrar em contato com as obras e posteriormente, pessoalmente com Russell, Frege e Moore, de quem se tornaria amigo e contemporâneo na Filosofia e, por que não dizer, de uma nova Filosofia, posteriormente denominada de Filosofia Analítica.

Recomendado por Frege, em 1911 Ludwig tornou-se aluno de Russel, por quem nutria grande admiração científica, devido a seus trabalhos voltados para a Lógica. A influência de Russel foi marcante e tamanha nas idéias de Ludwig que em 1913, decidido a desenvolver-se filosoficamente, refugiou-se em Skfolden [16], na Noruega, onde dá início a uma promissora fase de desenvolvimento filosófico, começando por escrever Logik, sua primeira obra, tratando dos fundamentos da lógica. Com esta obra, Wittgenstein abria caminho para escrever sua primeira grande obra filosófica, o Tractatus Logico-Philosophicus.

O fim da Primeira Grande Guerra marca ou profundamente a vida de Wittgenstein sob dois aspectos, a saber: O primeiro deles é a quase conclusão de Tractatus depois de grande esforço de Ludwig, visto que foi soldado e participante ativo do movimento bélico, chegando inclusive a ser promovido a Tenente. Capturado quase no fim da Guerra pelos italianos, Ludwig aproveitou o tempo de clausura para concluir o Tractatus e remetê-los a seus amigos na Inglaterra, dentre eles, Russell, Keynes [17] e Pinsent [18], com quem havia se correspondido durante o tempo em que permanecera preso. Num primeiro momento o livro de Wittgenstein não foi aceito para publicação e, nesse momento é que a amizade com Russell fez a diferença. Depois de ser libertado, Wittgenstein passa a ter a preciosa ajuda de Russel, e reconhece em Tractatus uma obra de importância fundamental para a Filosofia, passando, assim, a ajudá-lo a conseguir que seja publicado, o que é viabilizado, inclusive, com a confecção por Russell, da introdução da obra, o que o faria, mais tarde, tornar-se desafeto de Wittgenstein, digamos assim, devido a vaidades e ciúmes, fenômenos comuns nos meios intelectuais e acadêmicos.

O segundo aspecto marcante na vida de Wittgenstein ao final da Primeira Grande Guerra foi a morte do seu amigo Pinsent. Tamanho foi o impacto, que fez florescer em Wittgenstein a tendência ao suicídio, tão presente na vida de seus familiares.

3.2.O Círculo de Viena e a Filosofia na época de Wittgenstein

Antes de falarmos sobre o Círculo de Viena, é imperioso que teçamos alguns comentários acerca da filosofia como um todo na época de Wittgenstein. No final do século XIX para o início do século XX, tem-se no mundo, a partir da Europa, uma propagação do positivismo com foco no logicismo científico. Tratava-se de uma espécie de filosofia idealista e especulativa que reinava nos centros acadêmicos europeus, com relevante importância nas universidades alemãs e inglesas.

Positivistas como Ernst Mach, Whitehead, Peano e Frege, bem como a lógica de Russel, foram os principais fomentadores e inspiradores dos membros do Círculo de Viena. O grupo foi originalmente formado por Philip Frank [19], Otto Neurath [20] e Hans Hahn [21]. Mais tarde incorporaram-se ao grupo, precipuamente na segunda década do século XX, Moritz Schilick e Rudolf Carnap [22]. Outros grandes nomes de segmentos distintos da filosofia, como a economia e o direito, também fizeram parte do círculo. O que deu mais credibilidade e, conseqüentemente mais notoriedade ao Círculo de Viena foi a publicação, em 1929, do manifesto intitulado A concepção científica do mundo: O Círculo de Viena, de iniciativa de Carnap, Hahn e Neurath.

Uma das principais contribuições do Círculo de Viena para a Filosofia foi a noção de verificabilidade que compreendia que o sentido de uma proposição está intrinsecamente relacionado à sua possibilidade de verificação. Para os filósofos do círculo uma sentença x só teria significado para quem pudesse determinar em que condições a sentença x seria verdadeira ou falsa, assim, determinar tais condições é o mesmo que apontar possibilidades empíricas de verificação.

O Círculo de Viena perdeu força e credibilidade com a morte de Hahn, Sehilick e Neurath, e a saída de Carnap e outros membros, o que pôs fim à época dourada da filosofia empírica e os exageros positivistas do início do século XX.

3.3.A Filosofia Analítica de Wittgenstein

A filosofia da linguagem é um ramo da filosofia contemporânea surgida do final do século XIX ao início do século XX, cujos principais representantes são Frege, Russell, Moore e Wittgenstein. Todos esses filósofos acreditavam na idéia de que a filosofia era puramente a análise e a arte de filosofar e, conseqüentemente, a arte de analisar o significado dos enunciados e, sendo assim, a análise da própria linguagem. O objetivo geral da filosofia analítica era contribuir para o entendimento de tais enunciados e para o esclarecimento das idéias e do pensamento humanos.

Como já mencionamos anteriormente e voltaremos a falar mais adiante, a contribuição de Russel nesta fase inicial da filosofia analítica foi de suma importância e se materializou com a publicação de sua teoria a respeito das descrições definidas, onde, por meio da análise de fases, provocou furor na comunidade de filósofos da época. Entretanto, não cometeremos a injustiça de atribuir apenas a ele o novo ramo da filosofia, nem tampouco a Wittgenstein que de longe foi o mais importante e profundo de todos que, ao lado de Moore e Frege , foram os responsáveis pela denominada "virada linguística". Com os trabalhos desses filósofos, o mundo tinha uma nova maneira de pensar e fazer filosofia, a denominada filosofia analítica que inicialmente recebeu o nome de filosofia continental. Outrossim, é de bom alvitre que se anote que a filosofia analítica, já à época de seu surgimento, comportava duas correntes, a saber: o empirismo lógico e a filosofia da linguagem, propriamente dita. À primeira corrente filiou-se Frege e depois Russel, num segundo momento. À segunda corrente filiou-se Moore e Wittgenstein. Este, aprofundou seus estudos, desenvolvendo e revolucionando a filosofia analítica a partir do significado da linguagem, o que lhe rendeu um lugar de destaque, como um dos mais importantes filósofos do século XX.

3.4.O Primeiro Wittgenstein

A comunidade filosófica internacional e a própria facticidade das obras de Wittgenstein, dividem-no em dois, indo o primeiro de 1921 a 1929 e o segundo de 1930 em diante. Do primeiro Wittgenstein destaca-se, as influências advindas do empirismo lógico e do neo-positivismo, cujos principais representantes foram Frege, Moore e Russell. Num segundo momento destacam-se as influências exercidas por Wittgenstein, após a publicação de Tractatus Logico-Philosophicus, junto a Russell e outros filósofos, além da marcante influência ao Círculo de Viena, do qual nunca foi membro.

Outro ponto de destaque no primeiro Wittgenstein é a concepção do filósofo de que seria capaz de resolver os problemas da filosofia, tanto que ao publicar Tractatus e diante das primeiras críticas favoráveis, Wittgenstein realmente acreditava que tinha resolvido os problemas da filosofia no mundo, tendo esta concepção durado todo o primeiro período, até meados de 1929. Acreditava Wittgenstein que grande parte dos problemas da filosofia tinha sua origem no uso incorreto da linguagem, conforme veremos mais adiante, quando trataremos de forma mais detalhada sobre o Tractatus Logico-Philosophicus.

3.5.O Segundo Wittgenstein

O período denominado de "Segundo Wittgenstein" tem início em 1930, quando o filósofo começou a desenvolver sua segundo grande obra, as Investigações Filosóficas. Destaca-se nesse período a influência da filosofia analítica, agora mais consubstancializada, e das escolas de Cambridge e de Oxford. A exemplo de Russell que ao longo de sua vida contrapôs-se às próprias idéias do início dos seus estudos, Wittgenstein, nas Investigações Filosóficas, se contrapôs ao Tractatus e à idéia de uma linguagem logicamente perfeita refutando, assim, a crença de ter resolvido de vez os problemas da filosofia. Nesse sentido, Wittgenstein entra no campo prático da linguagem, no seu uso diário, abrindo assim a possibilidade de pensar uma linguagem de estrutura ontológica, buscando uma maior proximidade com o mundo fático. Para o filósofo, não há possibilidade de determinação no campo prático do significado das palavras sem levar em consideração o contexto onde as palavras se inserem. Observa-se nas Investigações Filosóficas que Wittgenstein reconhece que se trata de um grande equívoco considerar no Tratactus a linguagem como um instrumento secundário de comunicação, onde a principal função é representar as coisas existentes no mundo, esta é, pois, a Teoria da Figuração da Linguagem. Assim, verifica-se que o cerne da segunda grande obra de Wittgenstein é o reconhecimento de que a principal característica da linguagem humana é o poder de transcender, exercendo uma função de maior relevância que simplesmente representar o mundo, conforme verificaremos mais adiante.

3.6.O Legado de Wittgenstein

Ao tomarmos contato com as duas principais obras de Wittgenstein, percebemos que não é possível falarmos de apenas um legado, mas de uma série de idéias que se tornaram célebres no mundo da filosofia no século XX. Destarte, com a devida atenção às principais idéias de Wittgenstein, destacaremos aqui os "jogos de linguagem", onde a linguagem deixa vista como algo morto, inoperante e sem atividade. Ao romper com este conceito do passado, o autor nos apresenta uma idéia nova de linguagem, onde ela é dinâmica, volátil no tempo e adequável a nichos diferentes. Um exemplo disso é a linguagem dos ripes da década de 70, que era "paz e amor". A tradicional idéia de que aprender um novo idioma é dar nomes a coisas não encontra amparo em Wittgenstein, onde a denominação de objetos é apenas um ato isolado, secundário em todo o processo de aprendizagem. Por fim, além dos jogos de linguagem, temos ainda a idéia de "formas de vida", onde para ilustrar sua idéia, o filósofo nos ensina que junto com determinada linguagem se aprende também uma nova forma de vida.


4.CARACTERES DO TRATADO LÓGICO-FILOSÓFICO

O Tratactus Logico-Philosophicus é uma obra, antes de tudo, pragmática. Primeiramente porque coloca diante de nós duas maneiras de ver e saber filosofia, rompendo, assim, com a filosofia até então aceita pelo mundo, a mesma de Sócrates, Platão, Aristóteles... Publicada em 1921, a obra de Ludwig Wittgenstein, composta por aforismos e corolários numerados de 1 a 7, rompe com o tradicionalismo dos filósofos desde Sócrates até aqueles do século XIX, como mencionamos em linhas passadas. O objetivo de Wittgenstein é percebido logo no início da obra, que é o de romper com a tradicional forma de se vê o mundo [23], não o aceitando mais como um mero agregado de coisas sem nexo e, assim, sem sentido, não sendo possível, pois, serem pensadas de forma independente uma das outras. O principal problema da forma antiga, segundo Wittgenstein, é que aquela visão retrógada não era capaz de explicar a relação existente entre as coisas. Para tanto, o autor aduz que "o que é o caso, o fato, é a existência de estados de coisas" (Tractatus, 2). Segundo o filósofo, "O estado de coisas é uma ligação de objetos" (Tractatus, 2.01).

Um dos principais pontos de interesse científico de Tractatus é a afirmação de Wittgenstein quanto à unidade das coisas. Para o filósofo, as coisas não possuem significado relevante, ou melhor, não possuem sentido se não estiverem relacionadas, unidas. Se não se pode pensar em algo fora do espaço tempo, também não podemos pensar numa coisa se esta não estiver ligada à outra para que justifique sua existência. Segundo Wittgenstein, litteris: Assim como não podemos de modo algum pensar em objetos espaciais fora do espaço, em objetos temporais fora do tempo, também não podemos pensar em nenhum objeto fora da possibilidade de sua ligação com outros. (Tractatus, 2.0121).

Como se percebe nesse aforismo, Wittgenstein aduz que o significado de uma coisa está ligado diretamente à existência dela junto à outras coisas, pois somente assim essa coisa aparecerá e poderá ser pensada. Nesse sentido, segundo Wittgenstein, cada coisa está como que num espaço de possíveis estados de coisas. Esse espaço, posso concebê-lo vazio, mas não a coisa sem o espaço. (Tractatus, 2.013).

Partindo dessas premissas lógicas, Wittgenstein relaciona os objetos no estado de coisas às palavras. Assim, as palavras, para terem sentido têm de estar junto à outras para formar as frases. Essas sim, possuem o condão de serem verdadeiras ou falsas e, sendo assim, podemos dizer que ela faz parte da estrutura do mundo e, nesse sentido, temos a linguagem como estrutura do mundo e oriunda da conexão entre os objetos e as palavras. A esse fenômeno, Wittgenstein chama de figuração do mundo. Segundo ele, a forma de afiguração é a possibilidade de que as coisas estejam uma para as outras tal como os elementos da figuração. (Tractatus, 2.151). Sendo assim, a figuração é um fato. (Tractatus, 2.141). e esta figuração consiste em estarem seus elementos uns para os outros de uma determinada maneira. (Tractatus, 2.14).

Ainda acerca da conexão, Wittgenstein alerta para o fato de que deve haver uma identidade lógica entre as palavras, ou seja, relação lógica entre a estrutura das coisas e a estrutura do pensamento, tem-se, assim a forma lógica que é uma espécie de conditio sine qua non da possibilidade da afiguração. Segundo ele, O que toda figuração, qualquer que seja sua forma, deve ter com comum com a realidade para poder de algum modo – correta ou falsamente – afigurá-la é a forma lógica, isto é, a forma da realidade. (Tractatus, 2.18). Assim, completa o autor, se a forma de afiguração é a forma lógica, a figuração chama-se figuração lógica. (Tractatus, 2.181).

A forma lógica é pois, a nosso ver, o grande "pulo do gato" da filosofia de Wittgenstein, pois com ela, ele tenta provar que o pensamento e o mundo tem a mesma forma lógica. Para o filósofo, para podermos representar a forma lógica, deveríamos poder-nos instalar, com a proposição, fora da lógica, quer dizer, fora do mundo. (Tractatus, 4.12).

Por fim, temos ainda na obra de Wittgenstein, a pretensão do filósofo de esclarecer o pensamento por meio de uma forma lógica, ou seja, por meio da figuração lógica. Segundo ele, a forma lógica não se explica, se mostra. E o que pode ser mostrado não pode ser dito. (Tractatus, 4.1212).

Nessa esteira, vimos um Wittgenstein "confuso" em algumas idéias, externando, como ele mesmo aduz, um contrasenso de suas posições. Ao defender que não se deve fazer especulação sobre a totalidade do mundo e da linguagem, vimos que ele se mostra contrário à metafísica, por exemplo, defendendo que a filosofia deveria se ocupar de esclarecer a linguagem e ajudar a construção de proposições claras e aceitáveis. Para ele, em Tractatus, 4.112), litteris:

O fim da filosofia é o esclarecimento lógico dos pensamentos. A filosofia não é uma teoria, mas uma atividade. Uma obra filosófica consiste essencialmente em elucidações. O resultado da filosofia não são "proposições filosóficas", mas é tornar proposições claras. Cumpre à filosofia tornar claros e delimitar precisamente os pensamentos, antes como que turvos e indistintos.

O contrasenso de Wittgenstein consiste, por exemplo, no fato de ao mesmo tempo em que combate a metafísica, a utiliza também, como no caso do aforismo 3.02 do Tractatus: O pensamento contém a possibilidade da situação que ele pensa. O que é pensável é também possível. Nota-se aqui a utilização de proposição metafísica para expor uma idéia, a exemplo de tantos outros aforismos ao longo da obra, como os de nº 1 e seguintes. Wittgenstein, em um natural instinto de defesa, aduz que, (Tractatus, 6.53) litteris:

O método correto da filosofia seria propriamente este: nada dizer, senão o que se pode dizer; portanto, proposições da ciência natural – portanto, algo que nada tem a ver com filosofia; e então, sempre que alguém pretendesse dizer algo de metafísico, mostrar-lhe que não conferiu significado a certos sinais em suas proposições. Esse método seria, para ele, insatisfatório – não teria a sensação de que lhe estivéssemos ensinando filosofia; mas esse seria o único rigorosamente correto.

Por fim, numa sacada inteligente, o genial filósofo encerra o Tractatus com os seguintes dizeres, (Tractatus, 6.54) litteris:

Minhas proposições elucidam dessa maneira: quem me entende acaba por reconhecê-las como contrasensos, após ter escalado através delas – por elas – para além delas. (Deve, por assim dizer, jogar fora a escada após ter subido por ela.) Deve sobrepujar essas proposições, e então verá o mundo corretamente. Sobre aquilo de que não se pode falar, deve-se calar.


5.CARACTERES DAS INVESTIGAÇÕES FILOSÓFICAS

Nesta obra publicada depois de sua morte, Wittgenstein continua a tratar da linguagem, a exemplo do Tractatus, no entanto, temos nas Investigações Filosóficas um caráter eminentemente antropocêntrico. Tem-se também uma praticidade maior diante da linguagem, com exploração mais intensa daquilo que é factível e um abandono natural da metafísica, onde o autor, apesar de se opor, a utilizava para, de uma forma lógica, tentar explicar fenômenos que são ocultados pelo mau uso da linguagem. Temos ainda nas Investigações, em meio à tendência de facticidade mencionada, a preocupação de Wittgenstein com uma maior funcionalidade da linguagem, defendendo, assim, a existência de um número x de significados lingüísticos e que muitos deles são aplicáveis, na vida das pessoas, no seu convívio social. Nesse contexto, é que ao longo de sua obra, Wittgenstein defende a existência de jogos de linguagem para explicar outros fenômenos, como as formas de vida. Ainda no prefácio [24] de Investigações Filosóficas Wittgenstein dá a mão à palmatória e faz duras críticas ao Tractatus, litteris:

Desde que comecei, pois, há dezesseis anos, a me ocupar novamente com a filosofia, tive que reconhecer graves erros naquilo que eu expusera naquele primeiro livro. Ajudou-me a reconhecer estes erros – nem eu mesmo consigo avaliou em que medida – a crítica de Frank Ramsey às minhas idéias – com quem a discuti em inúmeras conversas durante os dois últimos anos de sua vida. - Mais ainda do que esta crítica sempre vigorosa e segura, - sou agradecido à crítica que um professor desta universidade, Sr. P. Braffa, continuamente fez aos meus pensamentos, durante muitos anos. A este estímulo devo as mais fecundas idéias deste escrito.

As críticas e as auto-críticas, como vislumbramos, são pertinentes, excetuando-se às advindas da vaidade e da inveja que geralmente em nada ajudam, pois nada fazem e, quando fazem, não se percebe acréscimo às já existentes, mais decréscimos.

As críticas ao Tractatus são pertinentes, mas devem ser vistas apenas como avanço e mudança de postura do autor das Investigações. Exemplo disso é a importância da comunicação da linguagem. No Tractatus, Wittgenstein pregava que as palavras, enquanto isoladas, não transmitiam mensagem, pois não passavam de nomes isolados. No entanto, nas Investigações, Wittgenstein as vê como ações humanas e defende que a linguagem, numa concepção funcional, se torna uma maneira de ação. Com isto, Wittgenstein abandona a idéia da substancialidade da significação explorada no Tractatus.

Um exemplo do que acabamos de dizer é o caso de duas pessoas que se encontram cortando uma árvore. É comum que concomitante à queda da árvore, um dos lenhadores, instintivamente, grite: "MADEEEEEIRA". Note-se que mesmo sozinha, a palavra madeira transmitiu algo de muita importância, dentro daquele contexto, ao outro lenhador ou a quem estivesse por perto, qual seja: CUIDADO! A ÁRVORE ESTÁ CAINDO!, ou então: CUIDADO COM A ÁRVORE!! Esta é, pois, a nova posição de Wittgenstein adotada deste do Tractatus, onde defendia que as palavras sozinhas não representavam nada, carecendo, assim, de outras palavras para terem lógica, ou seja, precisavam estar presentes numa frase e, esta, num contexto. Agora, nas Investigações, Wittgenstein defende que as palavras transmitem um dinamismo, uma ação, mesmo que isoladas, dependendo apenas de se determinar a qual jogo de linguagem elas pertencem.

Segundo Wittgenstein, existem diferentes jogos de linguagem e eles não se submetem a nenhuma estrutura lógica, mas ao contexto em que são aplicados, ou seja, em qual forma de vida. Conforme se verifica no exemplo acima, o antropocentrismo se faz presente de maneira marcante nas preocupações de Wittgenstein nas Investigações. Assim, o comportamento social e a natureza da mente humana, fatores que supedaneiam as condutas humanas, são o carro chefe de boa parte das idéias do Segundo Wittgenstein, com isso, ele enterra de uma vez por todas a idéia de que as palavras servem apenas para denominação de objetos e, talvez por isso ele aduza [25] que, litteris:

Nós damos nomes às coisas e por isso podemos discursar sobre elas, e no discurso fazer referências a elas. – Como se com o fato de dar nomes fosse dado o que faremos em seguida. Como se houvesse apenas uma coisa que se chamasse: "Falar das Coisas". Enquanto que com nossas frases fazemos as coisas mais diversas. Pensemos apenas nas exclamações, com suas funções tão diferentes.

Água!

Fora!

Ai!

Socorro!

Lindo!

Não!

Em seguida, pergunta o filósofo: você ainda está inclinado a chamar essas palavras de "denominações de objetos"? Como se verifica nessa passagem de Investigações, o próprio filósofo ironiza a idéia do Wittgenstein do Tractatus. Devemos observar ainda que nas Investigações, Wittgenstein utiliza a argumentação num modelo mais sofisticado do nominalismo. A partir daí, saindo de uma espécie de metafísica, transcende a uma análise linguística caracterizada pelas formas de vida onde incorpora à filosofia da linguagem a filosofia da mente. Nesse contexto, destacamos dois modelos de argumentações utilizados por Wittgenstein, a saber: O Argumento da Linguagem Privada e a Prioridade da Terceira Pessoa. Pela primeira ele defende a existência de um privilégio peculiar, conforme anota Roger Scruton [26], litteris:

Há um privilégio "peculiar" ou "imediatidade" envolvidos no conhecimento das nossas próprias experiências atuais. Em certo sentido, é absurdo sugerir que tenho de ou poderia descobrir estar equivocado a respeito delas no curso normal das coisas. Isso tem resultado no que podemos chamar de "ilusão da primeira pessoa". Posso ter mais certeza de meus estados mentais que dos seus. Isso só ocorre porque observo diretamente meus estados mentais e, os seus, indiretamente. Quando vejo você sentir dor, vejo o comportamento físico, suas causas, determinado estado complexo de um organismo. Mas isso não é a dor que você sente, apenas algo que a acompanha de modo contigente. A própria dor está oculta por sua expressão, só podendo ser diretamente observada por aquele que a sofre.

Sobre a segunda posição argumentativa, Scruton [27] disserta que, litteris:

Como alguns fenomenologistas, tais como Merleau-Ponty e Sartre, Wittgenstein argumentou que percebemos e compreendemos o comportamento humano de maneira diferente daquela pela qual percebemos e compreendemos o mundo natural. Explicamos o comportamento humano apresentando razões e não causas. Dirigimo-nos ao nosso futuro tomando decisões e não fazendo predições. Compreendemos o passado e o presente da humanidade por meio de nossos objetivos, emoções e atividade, e não mediante teorias preditivas.

Por fim, é de se anotar que a prioridade dada à terceira pessoa traz duas conseqüências diretas, sendo a primeira o fato de que considerada isoladamente, a investigação iniciada pela primeira pessoa não leva a lugar algum. A segunda é que não há diferença entre ser e parecer quando se contempla as próprias sensações. Como aduz Structon [28], "o colapso do ser e parecer é um caso "degenerado". Assim sendo posso saber que, se esse colapso é possível, é porque há outras pessoas no mundo além de mim e porque tenho em comum com elas uma natureza e uma forma de vida".


6.CONCLUSÃO

Encerro aqui este trabalho de pesquisa acerca da filosofia analítica de Ludwig Wittgenstein, com a certeza de que seu legado é vasto e ainda resta muito por explorar. Se com o Tractatus Logico-Philosophico, Wittgenstein estabeleceu um paradigma entre a nova filosofia (que seria criada por meio dele e seus amigos Frege, Russel e Moore) e a velha filosofia de Sócrates, Platão, Aristóteles e tantos outros. Em Investigações Filosóficas, ele foi mais longe ainda, pois estabeleceu outro paradigma, agora não mais sobre a filosofia, mas sobre a dogmática penal e a educação, como sistema de ensino. Pois em ambas, muitos pensadores têm encontrado novas teses e tem contribuído para o desenvolvimento dessas ciências.

Na perfunctória análise que acabamos de fazer, compulsando-nos sobre suas obras e sobre as obras de outros (que também sobre ele escreveram), com objetivo de compor o presente artigo para meu curso de doutorado em direito penal, concluo que me restou por demais satisfatório descobrir que Wittgenstein traçou as preliminares bases que serviram para estabelecer outros paradigmas e desmistificar tabus científico-filosóficos, como o ocorrido do início à metade do século XX, em relação ao idealismo metafísico inglês.

Como aporte para meus futuros trabalhos acerca da Filosofia da Linguagem, levo, dentre outros conhecimentos, a idéia dos jogos de linguagem e a importância do contexto onde eles ocorrem como forma de comunicar ao mundo o verdadeiro significado da linguagem e com isso, dirimir injustiças provenientes da interpretação cega das ações humanas.


BIBLIOGRAFIA

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Notas

  1. PENCO, Carlo, Introdução à Filosofia da Linguagem, Tradução de Ephraim F. Alves. – Petrópolis, RJ, Vozes, 2006, pg. 14.
  2. O nominalismo surgiu nos séculos XI e XII como uma possível solução à questão: o universal (conceito, idéia ou essência comum a todas as coisas que indicamos pelo mesmo nome) é algo de real ou não será antes um ato simples de nossa mente expresso por um nome? Os conceitos são realidade (res) ou palavras (voces)? Três soluções fundamentais desse problema são: o realismo, o conceitualismo e o nominalismo. Para o nominalismo o universal é um puro nome, um flatus vocis (pura emissão fonética). Para o realismo os universais existem objetivamente, seja na forma realidades em si, transcendentes em relação aos particulares (como em Platão, universais ante rem), ou como imanentes encontrados nas coisas individuais (como para Aristóteles, universidade in re). Para o conceitualismo, os universais são apenas conteúdos de nossa mente, intelegíveis ou conceitos, representações do intelecto que as deriva das coisas (universalia post rem) e dessas guarda alguma semelhança. (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Nominalismo). (consultado no dia 01 de janeiro de 2010, entre 11:00 e 12:00).
  3. Pedro Abelardo, Petrus Abaelardus (Le Pallet próximo de Nantes, Bretanha, 1079Chalons-sur-Saône, 21 de abril 1142) ficou conhecido do público por sua vida pessoal e o relacionamento com Heloísa, de que fala em sua História das Minhas Calamidades. Na filosofia ocupa uma posição importante por ter formulado o conceitualismo, posição que não pertence propriamente nem ao idealismo, nem ao materialismo. (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Abelardo). (consultado no dia 01 de janeiro de 2010, entre 11:00 e 12:00).
  4. George Edward Moore, mais conhecido como G. E. Moore, (4 de novembro de 187324 de outubro de 1958) foi um importante e influente filósofo britânico educado em Dulwich College. (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/G._E._Moore). (consultado no dia 01 de janeiro de 2010, entre 11:00 e 12:00).
  5. Friedrich Ludwig Gottlob Frege (Wismar, 8 de novembro de 1848Bad Kleinen, 26 de julho de 1925) foi um matemático, lógico e filósofo alemão. Trabalhando na fronteira entre a filosofia e a matemática, Frege foi o principal criador da lógica matemática moderna, sendo considerado, ao lado de Aristóteles, o maior lógico de todos os tempos. (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Gottlob_Frege). (consultado no dia 01 de janeiro de 2010, entre 11:00 e 12:00).
  6. Bertrand Arthur William Russell, 3º Conde Russell (Ravenscroft, País de Gales, 18 de Maio de 1872Penrhyndeudraeth, País de Gales, 2 de Fevereiro de 1970) foi um dos mais influentes matemáticos, filósofos e lógicos que viveram no século XX. Um importante político liberal, ativista e um popularizador da Filosofia. Milhões de pessoas respeitaram Russell como uma espécie de profeta da vida racional e da criatividade. A sua postura em vários temas foi controversa. (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Bertrand_Russell). (consultado no dia 01 de janeiro de 2010, entre 11:00 e 12:00).
  7. Francis Herbert Bradley (1846-1924). Bradley foi um dos principais filósofos ingleses da virada do século XIX. Em 1893 escreveu um livro intitulado "Aparência e Realidade". Nesse livro, o filósofo afirma que o mundo externo é o mundo das aparências instáveis cheio de mudanças caóticas, aleatórias e sem sentido. A nossa experiência com este mundo externo vai fazendo com que esta realidade que lhe pareça cada vez mais organizada e com sentido. (Fonte: http://fotolog.terra.com.br/landeira:30). (consultado no dia 01 de janeiro de 2010, entre 11:00 e 12:00).
  8. John McTaggart Ellis McTaggart (18661925) foi um metafísico idealista inglês. McTaggart estudou no Clifton College e no Trinity College, em Cambridge, onde permaneceu como palestrante durante a maior parte da sua vida. Ele era o principal estudioso de Hegel na Inglaterra no início do século XX, e foi o principal personagem do idealismo britânico. McTaggart foi amigo e professor de Bertrand Russell e G. E. Moore. Ele desenvolveu seu próprio sistema metafísico, e tornou-se famoso pelo seu argumento contra a tese da realidade do tempo. (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/J._M._E._McTaggart). (consultado no dia 01 de janeiro de 2010, entre 11:00 e 12:00).
  9. SCRUTON, Roger: Introdução à Filosofia Moderna, Rio de Janeiro: Zahar, 1982, pgs. 268-281). (consultado no dia 01 de janeiro de 2010, entre 11:00 e 12:00).
  10. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Bertrand_Russell (consultado no dia 01 de janeiro de 2010, entre 11:00 e 12:00).
  11. ALSTON, William P.: Filosofia da Linguagem, Rio de Janeiro: Zahar, 1972, pg. 14.
  12. ALSTON, William P.: O.c., pg. 15.
  13. KUNZ, Ana Elena Margarita y CARDINAUX, Nancy, Investigar em Derecho, UBA – Departamento de Publicaciones. Facultad de Derecho. Universidad de Buenos Aires, 2005, pg. 17.
  14. Karl Wittgenstein (8 de abril de 1847 em Gohlis perto de Leipzig - 20 de janeiro de 1913 em Viena) foi um magnata do aço. No final do século 19 controlava um monopólio efetivo de aço e ferro oriundos de recursos extraídos de dentro do Império Austro-Húngaro. Na década de 1890 chegou a ter uma das maiores fortunas do mundo. (Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Karl_Wittgenstein). (consultado no dia 01 de janeiro de 2010, entre 11:00 e 12:00).
  15. Ludwig Eduard Boltzmann (Viena, 20 de Fevereiro de 1844Duino-Aurisina, 5 de Setembro de 1906) foi um físico austríaco muito famoso pelo seu trabalho no campo da termodinâmica estatística. É considerado junto com Josiah Willard Gibbs e James Clerk Maxwell como o fundador da Mecânica estatística. Ele foi ainda um dos mais importantes defensores da teoria atômica, numa época em que esta era ainda muito controversa. (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ludwig_Boltzmann). (consultado no dia 01 de janeiro de 2010, entre 11:00 e 12:00).
  16. Pequena Vila localizada no município de Luster, em Sogn og Fjordane, na Noruega.
  17. John Maynard Keynes (pronúncia: /ˈkeɪnz/), Primeiro Barão de Keynes, CB (Cambridge, 5 de junho de 1883Tilton, East Sussex, 21 de abril de 1946), foi um economista britânico cujas idéias serviram de influência para a macroeconomia moderna, tanto na teoria quanto na prática. Ele defendeu uma política econômica de Estado intervencionista, através da qual os governos usariam medidas fiscais e monetárias para mitigar os efeitos adversos dos ciclos econômicos - recessão, depressão e booms. Suas idéias serviram de base para a escola de pensamento conhecida como economia keynesiana. (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Maynard_Keynes). (consultado no dia 01 de janeiro de 2010, entre 11:00 e 12:00).
  18. Amigo íntimo de Wittgenstein.
  19. Philipp Frank (, 20 De Março de 1884, Viena - 21 de Julho de 1966, Cambridge, Massachusetts, EUA) foi um físico, matemático e também um influente filósofo durante a primeira metade do século XX. Ele foi um lógico-positivista e um membro do Círculo de Viena. (Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Philipp_Frank). (consultado no dia 01 de janeiro de 2010, entre 11:00 e 12:00).
  20. Otto Neurath (Viena, 10 de Dezembro de 1882 - Oxford, 22 de Dezembro de 1945) foi um filósofo da ciência, sociológo e economista político austríaco. Foi um dos funddores do positivismo lógico e era uma das principais figuras do Círculo de Viena antes de ser obrigado a se mudar para a Inglaterra devido ao nazismo.Foi o criador do movimento ISOTYPE, em Viena e mais tarde na Inglaterra, Otto Neurath e sua equipe criaram um sistema de pictogramas projetados para comunicar informação de forma simples, valorizando a linguagem não-verbal. Uma contribuição considerável ao campo do design e da comunicação visual em geral. Atualmente, Neurath é considerado um dos pioneiros do design gráfico moderno. (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Otto_Neurath). (consultado no dia 01 de janeiro de 2010, entre 11:00 e 12:00).
  21. Hans Hahn (Viena, 27 de setembro de 1879 — Viena, 24 de julho de 1934), foi um matemático austríaco. Fez muitas contribuições para a análise funcional, topologia, teoria da ordem, teoria dos conjuntos, etc. Foi estudante na Technische Hochschule em Viena. (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Hans_Hahn). (consultado no dia 01 de janeiro de 2010, entre 11:00 e 12:00).
  22. Rudolf Carnap (Ronsdorf, 18 de maio de 1891Santa Mônica, 14 de setembro de 1970) foi um influente filósofo alemão que trabalhou na Europa central antes de 1935 e nos Estados Unidos posteriormente. Ele foi um dos principais membros do Círculo de Viena e um eminente defensor do positivismo lógico. http://pt.wikipedia.org/wiki/Rudolf_Carnap. (consultado no dia 01 de janeiro de 2010, entre 11:00 e 12:00).
  23. De uma forma arrojada e já deixando bem claro a que veio, Wittgenstein começa sua obra estabelecendo um forte paradigma com a filosofia de até então. Eis as primeiras linhas do libro Tratactus: 1 O mundo é tudo que é o caso. 1.1 O mundo é a totalidade dos fatos, não das coisas. 1.11 O mundo é determinado pelos fatos, e por serem todos os fatos. 1.12 Pois a totalidade dos fatos determina o que é o caso e também tudo que não é o caso. 1.13 Os fatos no espaço lógico são o mundo. 1.2 O mundo resolve-se em fatos. 1.21 Algo pode ser o caso ou não ser o caso e tudo o mais permanecer na mesma.
  24. WITTGENSTEIN, Ludwig, Investigações Filosóficas, tradução de Marcos G. Montagnoli, Petrópolis: Vozes, 2009, pg. 12.
  25. Idem, pgs. 29 – 29.
  26. Fonte: http://www.cfh.ufsc.br/~mafkfil/scruton.htm (consultado no dia 01 de janeiro de 2010, às 10:56).
  27. Fonte: http://www.cfh.ufsc.br/~mafkfil/scruton.htm (consultado no dia 01 de janeiro de 2010, às 10:58).
  28. Fonte: http://www.cfh.ufsc.br/~mafkfil/scruton.htm (consultado no dia 01 de janeiro de 2010, às 11:00).

Autor

  • Antonio Sólon Rudá

    Jurista brasileiro, especialista em ciências criminais, MSc student (Teoria do Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Portugal); Ph.D. student (Ciências Criminais na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra - Portugal); Autor da Teoria Significativa da Imputação, apresentada na obra "Fundamentos de la Teoría Significativa de la Imputación", publicada pela Editora Bosch, de Barcelona, Espanha, onde apresenta um novo conceito para o dolo e a imprudência sob a filosofia da linguagem, defendendo o fim de qualquer classificação para o dolo, e propõe classificar a imprudência consciente em gravíssima, grave e leve. É advogado e autor de diversas obras jurídicas como: Breve historia del Derecho Penal y de la Criminología, cujo prólogo foi escrito pelo Professor Doutor Eugenio Raúl Zaffaroni; e Dolo e Imprudência, um viaje crítico por la historia de la imputación. Todos publicados pela Editora Bosch, Barcelona, Espanha.

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Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

RUDÁ, Antonio Sólon. Caracteres da filosofia analítica de Ludwig Wittgenstein. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 15, n. 2568, 13 jul. 2010. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/16973. Acesso em: 24 abr. 2024.