Este texto foi publicado no Jus no endereço https://jus.com.br/artigos/37024
Para ver outras publicações como esta, acesse https://jus.com.br

Incubadoras de escritórios de advocacia #TercasdeNegócios

Incubadoras de escritórios de advocacia #TercasdeNegócios

Publicado em . Elaborado em .

Incubadoras de escritórios de advocacia #TercasdeNegócios

Um exemplo americano que poderia muito bem ser copiado no Brasil: Incubadoras de escritórios de advocacia nas faculdades.

Diferente de ensinar a prática jurídica, ou seja, o como trabalhar, incubadoras tem o propósito de desenvolver o negócio quando embrionário, quer dizer, permitir que o advogado recém formado possa ingressar no mercado de trabalho de maneira competitiva.

Louvável iniciativa.

Vejamos parte da reportagem sobre o tema:

Quando a advogada Michelle Green se formou, pela Faculdade de Direito Chicago-Kent, ela, como milhares de outros bacharéis da época, não encontrou emprego. Abriu uma “prática solo” em sua própria casa e foi à luta. Foi uma luta ingrata, por sinal, até que ela soube de um novo programa de sua faculdade: uma incubadora de escritórios de advocacia.

Michelle se inscreveu imediatamente. Ela queria trabalhar com pequenas e médias empresas, mas não sabia como abordar os empresários, não sabia o que propor, pois sequer conhecia suas necessidades. Porém, uma parte do programa da faculdade oferece oportunidades de networking — encontros para formação de relacionamentos profissionais.

Nesses encontros, os pequenos empresários revelaram à nova advogada sua grande necessidade: eles precisavam ter uma assessoria jurídica, como as grandes empresas têm, mas não dispunham de recursos financeiros para contratar um advogado em tempo integral.

Eles a ajudaram a desenvolver um modelo de negócios: “Por que você não me presta dez horas de serviços jurídicos por mês?”, perguntou um deles. Nasceu assim a prática de assessoria jurídica por dez horas de Michelle.

Em seu período na incubadora, Michelle conseguiu vários clientes — o suficiente para montar seu próprio escritório, sem se preocupar com as despesas mensais. Ela criou, na verdade, uma assessoria jurídica sob medida para as necessidades de pequenas e médias empresas (PMEs).

A prestação de serviços por dez horas foi a ideia inicial. Mas, podem ser oito horas… ou 12. Isso depende das necessidades de cada cliente e não é o fator principal. O fator principal é oferecer serviços “sob medida”. Hoje, ela tem três empregados, dois em tempo integral, um em meio expediente. E o escritório vai de vento em popa.

Fonte: http://www.conjur.com.br/2015-fev-08/faculdades-recuperam-prestigio-incubadoras-escritorios

 Ainda neste sentido, dita a reportagem que as faculdades conseguiram com estas iniciativas recuperar o prestígio e ainda colaborar para um mercado da advocacia com mais profissionais preparados.

Vejamos:

Histórias de sucesso
Houve uma época em que os jornais traziam, com frequência, notícias sobre bacharéis processando suas faculdades por publicidade enganosa — elas anunciavam que a grande maioria de seus estudantes conseguiam emprego em um período de nove meses após a formatura, para atrair estudantes. Porém, o que se via, no final das contas, era desemprego “em massa”: do universo de estudantes que se formavam, a grande maioria buscava subempregos para pagar a dívida do financiamento do curso.

Hoje, essas notícias ruins minguaram, porque o mercado melhorou um pouco, nem tanto, e a ideia do empreendedorismo se fortaleceu entre os bacharéis, muito com a ajuda dos programas de incubadora de escritórios de advocacia e de residência.

No lugar delas, começaram a surgir notícias de bacharéis que esqueceram a busca de emprego e “abriram seu próprio negócio” — isso não é terminologia que se use em advocacia, mas são as palavras que melhor definem um dos maiores sonhos dos americanos: ter sua própria empresa. No caso dos novos advogados, ter seu próprio escritório, sozinho ou com sócios — aqueles advogados que conheceu na incubadora e que estavam no mesmo barco.

Essa é a história de Michele Green, de Bikran Singh e de Yogi Patel, contadas pelo Jornal da ABA, e de centenas de outros bacharéis país afora. Singh disse ao jornal que encontrou seu nicho de mercado onde ele menos esperava: na área da habitação. Na incubadora, ele teve de defender muitos clientes de recursos “parcos ou moderados” na Justiça. Através deles, conseguiu muitos outros clientes, que hoje sustentam seu escritório.

Yogi Patel, por sua vez, conheceu um colega na incubadora que tinha a mesma inclinação: Direito do Trabalho. Fundaram a Lloyd Patel, um pequeno escritório em “midtown Manhattan”, em Nova York, com uma base estável de clientes. Seu grande ganho na incubadora, ele diz, foi aprender a fazer networking. “Até hoje eu emprego uma parte significativa do meu dia em encontros de networking, em cafés da manhã, almoços e jantares”, ele disse.

Mas não pode haver pressa, nem ansiedade, ele afirma. “Às vezes, pode levar um, dois ou até três anos para um relacionamento se converter em trabalho real. Por isso, assusta um pouco no início. Mas você sabe que já deu o pontapé inicial e que, agora, é preciso continuar jogando”.

Além de “oportunidades de relacionamento” em pessoa e online, as incubadoras de escritórios de advocacia oferecem de uma maneira geral:

— Espaço de escritório de advocacia gratuito ou subsidiado.

— Um estipêndio ou uma contribuição financeira.

— Apoio de pessoal, material de escritório e equipamentos (telefone, computador, impressora, copiadora etc.

— Assistência e treinamento por advogados experimentados, juízes aposentados, professores de Direito (mentores) para serviços jurídicos e gestão de escritório.

— Programa de desenvolvimento de cliente.

— Recomendações de casos.

— Pesquisa de recursos jurídicos.

— Programa de educação continuada (obrigatório nos EUA) gratuito ou subsidiado.

— Seguro contra má prática gratuito ou subsidiado.

— Oportunidades de trabalhar como “advogado sombra” (“shadow lawyer”), um advogado nomeado em segredo para proteger uma testemunha de outros réus que podem ser representados por um mesmo advogado.

— Oportunidades de pro bono. Na verdade, esse item é uma “obrigação”. Todos os advogados participantes devem prestar serviços pro bono, como parte do treinamento.

A área de atuação de cada advogado participante é aberta, normalmente, permitindo que cada um desenvolva o nicho de sua escolha. Mas podem ter de atuar em outras áreas, dependendo da disponibilidade de clientes, da organização do curso ou da demanda do mercado.

Aliás, quanto mais profissionais estiverem preparados no mercado, melhor será o mercado e mais oportunidades serão geradas, pois conhecimento, profissionalismo, gestão, tecnologia e mudanças transformam o mercado em si.

Vamos batalhar por estas e outras ideias que melhorem o mercado!
 


Autor

  • Gustavo Rocha

    Professor da Pós Graduação, coordenador de grupos de estudos e membro de diversas comissões na OAB. Atuo com consultoria em gestão, tecnologia, marketing estratégicos e implementação de adequação à Lei Geral de Proteção de Dados LGPD. Prefere mandar email ou adicionar nas redes sociais? [email protected] Algo mais direto como Whatsapp, Telegram ou Signal? (51) 98163.3333

    Textos publicados pelo autor

    Fale com o autor

    Site(s):

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelo autor. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi.