POSITIVISMO (1798-1857)
O POSITIVISMO surgiu como tentativa de responder às grandes manifestações, de toda ordem, surgidas no mundo ocidental a partir da segunda metade do século XIX. Certamente, a maior ou principal ocorrência nestes meados do século XIX é o acirramento do capitalismo e seu marco mais forte e instigante é a 2ª Revolução Industrial, em 1850. Possivelmente Condorcet seja o primeiro POSITIVISTA. Mas também Saint-Simon procurou utilizar o método exato das ciências naturais como uma extensão aplicável à filosofia. Neste sentido, Auguste Comte ainda diria que o POSITIVISMO é uma grande corrente filosófica. Nesta fase, o que se pode notar como sua característica principal é a romantização da ciência 19, ainda que em Comte não haja romantismo algum, mas quando muito uma "religião social".
Teses fundamentais do Positivismo
A ciência é o único conhecimento possível e o método científico é o único validável.
Segundo A. Comte, o método científico deve ser DESCRITIVO 20. Partindo-se dos fatos mais simples para a gênese evolutiva dos mais complexos (é um herdeiro de Descartes).
O Método da Ciência deve ser estendido a todos os campos de indagação e da atividade humana.
Há uma nítida distinção entre sujeito e objeto do conhecimento.
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As proposições científicas são formuladas em busca da maior RAZOABILIDADE 21, RACIONALIDADE 22, NEUTRALIDADE 23, OBJETIVIDADE 24 e QUANTIFICAÇÃO 25 possíveis.
O Positivismo também é evolutivo.
Tome-se a demonstração dos três estados: teológico-fictício; metafísico-abstrato; estado positivo-científico. É como se o capitalismo sinalizasse para a fase mais avançada da própria evolução da espécie humana, indicando o ápice de nossa mental, cognitiva, analítica.
Em síntese:
O Positivismo é herdeiro do Cartesianismo.
O Positivismo é uma filosofia positiva.
O Positivismo é uma proposição de cunho positivo para a vida social.
"O Positivismo é a verdadeira filosofia do povo".
O Positivismo reforçou a perspectiva do Nós — uma vez que, a idéia de indivíduo (provinda do individualismo) era considerada abstrata demais.
O Positivismo é (foi) uma busca pelo "bom senso universal".
O Positivismo é o prenúncio ou a primeira pronúncia da Sociologia.
O Positivismo aplica o método das ciências naturais às ciências sociais.
O Positivismo é uma filosofia da ciência, uma espécie de moral e até mesmo uma nova religião.
Neste sentido, o Positivismo será eficaz. Mas, o Positivismo ainda é positivo.
O termo positivo designa:
o real em oposição ao quimérico,
o útil. ............... ao desnecessário,
a certeza. .......... à indecisão,
o preciso. ......... ao vago,
aptidão para organizar. ... ao negativo, a aptidão para destruir,
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o relativo. ........ ao absoluto (este último caráter está implícito no precedente, pois o absoluto é negativo 26) (Comte, 1990, p. XIX).
O Positivismo se apresentou, primeiramente, como Física Social.
Como escreveu Auguste Comte: "Entendo por Física Social a ciência que tem por objeto próprio o estudo dos fenômenos sociais, considerados com o mesmo espírito que os fenômenos astronômicos, físicos, químicos e fisiológicos, isto é, como submetidos a leis naturais invariáveis, cuja descoberta é o objetivo especial de suas pesquisas" (Comte, 1983, p. 53).
O Positivismo é uma doutrina que investiga leis, suas constâncias e relações:
"Sua principal característica é substituir em toda parte a inacessível determinação das causas pela simples busca das leis, isto é, das relações constantes existentes entre os fenômenos observados" (Comte, 1990, pp. XXVIII-XIX).
O Positivismo orienta para que se abandonem as vãs especulações teóricas e a metafísica, em prol de um conhecimento positivo.
O que explicaria o fato de A. Comte ter escrito um livro-síntese com o título de Discurso Sobre o Espírito Positivo.
Este abandono das vãs especulações levaria o Positivismo à predileção por meios/métodos de verificação/checagem pelo método quantitativo.
Método quantitativo: quantifica-se tanto na coleta quanto na análise final dos dados (estatística e medidas numéricas), como garantia de precisão dos resultados, evitando distorções na análise e/ou interpretação.
Porém, seguindo essas premissas, pode-se dizer que o raciocínio positivista sempre será lógico-dedutivo?
Premissa maior: Todo homem é racional.
Premissa menor: João é homem.
Conclusão: Logo, João é racional
A METÁFORA MAIS FAMOSA na obra de Galileu — e que encerra em si o nó górdio da nova filosofia — é a do livro da natureza escrito em linguagem matemática. A filosofia está escrita nesse imenso livro que continuamente se acha aberto diante de nossos olhos (falo do universo), mas não se pode entender se antes não se aprende a compreender a língua, e conhecer os caracteres nos quais está escrito. Ele vem escrito em linguagem matemática e os caracteres são triângulos, círculos e outras figuras geométricas, sem as quais é impossível para os homens entender suas palavras; sem eles é rodar em vão por um labirinto escuro. (Saggiatore, 6) (Calvino, 2007, p. 90).
Nunca deixa de provocar surpresa ou espanto vermos métodos científicos e tão caros à exatidão usarem tanto de metáforas, caminhos labirínticos, figuras de linguagem, balões de ensaio, sincretismos.
Questões finais para refletirmos (seguindo Kant, Comte e a perspectiva atual que melhor represente a visão de mundo do leitor):
1.Ousadia é sempre sinal de sabedoria?
2.Como podemos desafiar a intolerância, o preconceito, mas com ousadia e prudência?
3.Qual o limite entre a ousadia e a imprudência?
4.Há superação da menoridade, sem ousadia?
5.Por que o fanatismo (Voltaire), a covardia e o comodismo (Kant) implicam na "peste" da menoridade?
6.A ciência é sempre positiva (positivista), com bons resultados para toda a Humanidade?
7.Por que alguém escreveria um livro com o título de A Ciência Assassina?
8.Será que hoje em dia alguém ainda diria que aos trabalhadores interessam mais os deveres do que os direitos, incluindo-se o direito à educação ou à participação e envolvimento político?
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Notas
Agradeço esta referência ao Prof. Dr. Edemir de Carvalho, UNESP/Marília.
Ver em: https://www.historiadomundo.com.br/idade-moderna/renascimento/.
Veja-se em: https://www.buscalegis.ufsc.br/busca.php?acao=abrir&id=24571.
Marx também fez sua tese de doutorado com base em Epicuro.
Durante muito tempo, as Ciências Cognitivas também debateram a "dicotomia mente-cérebro".
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Talvez o que tenha faltado a alguns aborígenes na sua jornada civilizatória tenha sido a descoberta ou o uso mais sistemático do "movimento".
O mesmo tipo de pensamento que havia levado os navegadores a questionarem a veracidade de a Terra ser chata e dessa "dúvida" terem tirado a certeza da navegação ultramarina, após a centralização de Portugal.
Hoje, esse "agir racional" seria oposto a todo pensamento dogmático, refratário às críticas, e diga-se ele de si mesmo ser consciente ou não, como ocorre quase sempre com a ideologia.
Foi este o sentido mais forte do "penso, logo existo", resgatado por Kant e depois por Rousseau: a potência racional (Canivez, 1991).
A idéia de virtù como ato de um arqueiro que busca seu alvo, não é diferente disto.
No sentido moderno, corresponde a "copiar, colar".
O ditado popular também diz: "Vamos deixar como está, para ver como fica".
Poderíamos relembrar dos militares que, em certas situações, o questionamento ou não-cumprimento de determinadas ordens (justas ou, pelo contrário, ilegais) pode ser (quase sempre é) considerado motim, e isto leva os leva à Corte Marcial.
Veja-se, do ponto de vista constitucional o art. 5º, inciso IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato. É vedado o anonimato para coibir os crimes contra a honra.
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O art. 136. da Constituição Federal de 1988 trata das medidas de exceção, mas, ao invés de falar em Estado de Emergência, designa como estado de defesa. No § 1º expressa as limitações ou restrições que lhe são próprias: "O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem...". Ver a íntegra das restrições à liberdade (inclusive de "esclarecimento") no Anexo I.
Imperador: poder total (título de Augusto = "Preferido dos deuses").
Kant poderia estar se referindo aos "déspotas esclarecidos" ou antecipando-se ao próprio jacobinismo que se seguiria à Revolução Francesa.
É exatamente este o argumento dos que defendem o Estado de Exceção – como um Estado legalizado, não age fora dos limites da lei ou do "controle social" da própria liberdade. Para que se tenha melhor compreensão do alcance dos meios de exceção mais severos, veja-se art. 137. e ss. da CF/88 – Anexo II.
Um traço comum ao Romantismo é a oposição ao capitalismo: aspira-se a uma espécie de socialismo utópico ou igualitarismo radical. Todavia, é complexo e contraditório como pensamento social e engajamento político – com uma postura politicamente moderada e socialmente avançada ou progressista.
Uma espécie de narração dos fatos e eventos, suas interseções, confluências, atores, fatores, causas e efeitos, como se o pesquisador fosse um observador que nos contasse (narrasse) os detalhes dessas ocorrências (separando-as, classificando-as), mas sempre guardando distância do próprio assunto ou tema observado.
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Como utilização da razão (ratio) e do próprio controle racional sobre o uso de um determinado método, revelando-se como um dado amplamente verificável – implica, logicamente, em maior previsibilidade: possibilidade concreta, significativa de verificação da ocorrência dos dados ou fatos previamente sinalizados.
Tudo aquilo que é lógico, em conformidade com um bom método ou que é razoável (em virtude da própria razão) e que estaria de acordo com a faculdade de bem julgar.
Sob a perspectiva positivista, trata-se justamente da eqüidistância em que se devem postar sujeito e objeto do conhecimento.
Manter o foco da ação no objeto previamente designado.
O melhor exemplo é o emprego da estatística (análise quantitativa) na pesquisa social.
Entretanto, façamos aqui uma breve pausa, pois a negação pressupõe um apartamento, uma seleção, uma separação indiscriminada ou aleatória e, por fim, a exclusão do indivíduo. A negação da identidade ao povo judeu, na Alemanha nazista, levaria à chamada Solução Final, ou seja, à sua eliminação física, cultural.