7. CONCLUSÃO
De acordo com a visão camusiana o absurdo nasce do silêncio do mundo como resposta ao questionamento humano a respeito do sentido da vida. Entretanto, para Camus, até para se ouvir o silêncio é necessário ter consciência dele.
Segundo este autor, a liberdade humana é, antes de tudo, consciência, ou seja, é a capacidade que o homem adquire no momento em que entende a sua situação como ser no mundo, e, a partir daí, parte em busca de novas perspectivas que possam modificar a sua realidade.
O contrário do homem livre é o homem inconsciente, aquele que não é, de forma alguma, sujeito de sua história uma vez que não tem condições de se determinar a transformá-la. Ele apenas é uma vítima dos acontecimentos.
O papel das instituições sociais, segundo Camus, é o de proteger os seres humanos, garantindo-lhes a sua felicidade e realização como indivíduos, e não a de perpetuar uma ordem vigente determinada pelo sistema socioeconômico.
Desta forma, considerando-se a visão camusiana a respeito das instituições jurídicas, e do direito, é necessário ressaltar a importância do individuo, não somente como um mero receptor das normas, mas também como um agente de transformação, como alguém que ira pensar a respeito destas leis, que irá refletir sobre possíveis mudanças que venham diminuir as injustiças e os desmandos praticados em nome do Estado.
Para Camus, é o homem que deverá determinar as instituições, e não o contrário.
REFERÊNCIAS
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NOTAS
- "eu posso voltar atrás / ou eu posso abrir fogo com a arma /olhando fixamente para o céu / olhando fixamente para o sol /qualquer escolha que eu faça / tem a mesma importância / absolutamente nenhuma / eu estou vivo / eu estou morto / eu sou um estrangeiro / matando um árabe"
- BARRETO, Vicente. Camus: vida e obra. 2 ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, s/d. p. 10
- Camus deu, com O Estrangeiro, uma « expressão mística » da sensibilidade moderna. Meursault é uma encarnação do homem absurdo, como o René de Chateaubriand é uma ilustração do homem romantico. O homem absurdo era, acima de tudo, a expressão de um tempo de aflição. O Estrangeiro foi projetado e escrito na véspera de infortúnios coletivos, e encontrava, sob a ocupação, quando da sua publicação, ecos particulamente favoraveis. O herói de Camus não encarnava somente a sensibilidade de um tempo ; ele era uma cópia do autor. (tradução própria). RAIMOND, Michel. Le Roman Depuis la Revolution. Paris : Armand Colin, 1981. p. 235.
- SARTRE, Jean Paul. O Existencialismo é um humanismo. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
- Id. Ibid.
- BARRETO, op cit, p.17
- CAMUS,Albert. O homem revoltado. Tradução de Valerie Rumjanek. Rio de Janeiro: Record, 1997.
- Id. Ibid., p.41
- MAIA, Isabel. A Revolta em Albert Camus. Disponível em: <http://www.consciencia.org/camusisabel2.shtml >Acesso em: 15 de fev. 2006.
- CAMUS,Albert. O homem revoltado. Tradução de Valerie Rumjanek. Rio de Janeiro: Record, 1997.
- CAMUS, Albert. Núpcias, o verão. Tradução de Vera Queiroz da Costa e Silva. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1979.p.13
- NIETZSCHE, Friedrich. Assim Falou Zaratustra. tradução de Alex Marins. São Paulo: Martin Claret, 2003
- BARRETO, Op. cit., p. 15
- CORREIA. C. O existencialismo e a Consciência Contemporânea. São Paulo: Abril S.A., 1949. p. 5.
- GUIMARÃES. Yves José de Almeida. Direito Natural: Visão Metafísica e Antropológica. Rio de Janeiro: Forence Universitária, 1991. p. 157.
- BITTAR, Eduardo; ALMEIDA, Guilherme Assis. Curso de Filosofia do Direito. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2004. p. 370
- BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e das Penas. trad. de Torrieri Guimarães. São Paulo: Martin Claret, 2004. p. 52
- BARRETO, op.cit., p. 190
- BECCARIA, op. cit., p.53
- BARRETO, op. cit., p. 192
- Id. Ibid., p. 194-195
- CAMUS, Albert. O Estrangeiro. Trad. de Valerie Rumjanek. 26 ed. Rio de Janeiro: Record, 2005.
- Id. Ibid., p. 107-108.
- Id. Ibid., p. 106.
- Id. Ibid., p. 67
- Id. Ibid., p. 68.
- Id. Ibid., p. 69