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Análise crítica do filme Jogo de Amor em Las Vegas

Agenda 28/10/2015 às 16:59

Análise crítica do filme Jogo de Amor em Las Vegas à luz do Direito Civil.

            O filme se inicia com a apresentação da vida dos personagens, Jack Fuller (Ashton Kutcher) e Joy McNally (Cameron Diaz). Jack trabalha na marcenaria de seu pai, e é totalmente inconsequente, aos seus trinta anos vive sozinho e fora de relacionamentos sérios. Joy é corretora de ações na Bolsa de Valores de Nova York e é noiva de Mason (Jason Sudeikis).

            Quando Jack é demitido por seu próprio pai e o noivado de Joy termina em maus termos, em uma festa surpresa que ela daria para o aniversário de Mason, cada um deles decide a sua maneira e com a ajuda de Tipper (Lake Bell), amiga de Joy, e Jeffrey “Hater” (Rob Corddry), amigo de Jack, a irem para Las Vegas.

            Os quatro amigos chegam a Las Vegas e se hospedam em um hotel, e por um erro do estabelecimento todos acabam ficando no mesmo quarto. Para resolver a situação Jack e Joy decidem reclamar na recepção e acabam ganhando a cobertura do hotel e também um passeio vip por toda a cidade.

            Juntos, os quatro saem por Las Vegas, e Jack consegue fazer com que Joy se divirta e abandone todos os planos que ela metodicamente segue. Os amigos se divertem, bebem, e apostam em vários cassinos e hotéis de Las Vegas, e Jack e Joy acabam gostando um do outro, se beijam e passam a noite juntos.

            Ao acordar no dia seguinte, Joy percebe que está com um anel de casamento e quando se encontra no café da manhã com Jack ambos decidem anular o casamento que celebraram no dia anterior, em sua noite de loucuras em Las Vegas. Eles percebem o quanto não se conhecem, o quanto são diferentes e acabam brigando enquanto Joy jogava em uma máquina de caça-níquel, entretanto, nervosa, Joy se afasta da máquina, porém sua última moeda fica com Jack, que sem pensar coloca na máquina e puxa a alavanca, eis que o inesperado acontece e Jack vence o prêmio de três milhões de dólares.

            Os dois continuam a discussão, pois Joy dizia merecer metade do prêmio, tendo em vista que era sua moeda, enquanto Jack dizia ter ganhado sozinho, até Joy apontar que eles eram casados, e em suas palavras: “O que é meu é seu, amor”.

            Então os dois entram com o pedido de divórcio em Las Vegas, Joy pedindo para dividir o dinheiro e Jack dizendo que o casamento era uma farsa e não era válido. Joy mostra uma foto, um bilhete e um vídeo onde Jack se declara para ela, nesse momento, o Juiz, já irritado com a situação, decide intervir, determinando que o dinheiro ficaria congelado até que os dois agissem como um casal. Jack e Joy teriam, portanto, seis meses para provar isso, devendo todas as semanas visitar uma terapeuta de casais indicada pelo Juiz.

            Inconformados com a ideia de viverem juntos, mas resignados e decididos a ganhar o prêmio, ambos se mudam para a casa de Jack, pois Joy morava com seu ex-noivo, que havia a expulsado de casa.

            A partir dai a vida dos dois se torna um inferno, pois a casa de Jack é completamente desarrumada e bagunçada, e o mesmo não tinha a menor pretensão de viver uma vida conjunta. Joy, por sua vez, gostava de tudo arrumado e limpo, a tampa da privada abaixada, entre outras coisas típicas de um relacionamento, que demonstram o respeito mútuo.

            O casal deveria continuar vivendo junto, mas nenhum dos dois tornava a vida do outro mais fácil; Joy insistia na arrumação e Jack fazia questão de deixar tudo cada vez pior somente para irritá-la.

            A terapeuta de casais, Dr. Twitchell (Queen Latifah) deixa bem claro que os dois não poderiam apenas fingir ser um casal, deveriam provar isso.

            Neste momento ambos decidem provar que quem não estava tentando fazer o casamento dar certo era o outro, baseados num precedente encontrado pelos amigos deles de um caso semelhante.

            Joy fazia de tudo para que Jack a traísse, e Jack queria atrapalhar o máximo possível a vida de Joy para fazê-la desistir de tudo. Depois de muitas confusões e brigas e métodos para que isso acontecesse, incluindo uma festa com “strippers”, a porta do banheiro ser retirada, entre outras coisas, os dois começam a se conhecer melhor.

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            Joy então decide chamar os pais de Jack para fazê-lo passar por uma enorme vergonha e contar o verdadeiro motivo do casamento. Ele, contudo, pede para a garota fingir que casamento é real, para finalmente receber alguma aprovação dos pais, mesmo desempregado.

            Posteriormente, para se vingar, Jack pega o anel de noivado que Mason havia dado para Joy e vai ao encontro do ex-noivo da moça, tentando convencê-lo, de maneira sutil, a buscar uma reconciliação, para que, desta forma, Joy pudesse abrir mão da fortuna.

            No entanto, Joy vai a uma festa da família de Jack, e se surpreende com o que vê. Jack treinava o time infantil de “baseball” e cuidava da sua sobrinha de maneira bastante amorosa e engraçada. Ela então chama o rapaz para um retiro de seu trabalho, evento este que seria decisivo para a promoção para um funcionário – e Joy estava na lista.

            Entretanto, Jack planejava utilizar a ocasião para chantagear Joy e fazer com a mesma desistisse da sua parte do dinheiro. Chegando lá, no entanto, o chefe de Joy adora Jack, carismático como sempre, e este primeiro acaba por conseguir uma enorme atenção. Richard Banger (Dennis Farina), chefe de Joy, ao fim do evento, acaba deixando claro que a promoção estava praticamente garantida para a moça.

            Porém, Jack deveria fazer um discurso, como vencedor de um prêmio para a pessoa mais engraçada do retiro, e nesse momento tudo indicava que ele iria expor toda a verdade sobre o casamento. A surpresa é que Jack acaba pedindo “a primeira dança” com sua esposa, tendo em vista que tiveram tempo no dia do casamento.

            Tudo indicava que a situação iria se estabilizar, afinal o casal parecia de fato apaixonado. No entanto, no dia da audiência final, Mason aparece para Joy e diz que a quer de volta, mostrando o anel de noivado que Joy julgava estar em sua posse e diz que moça era de fato suficiente para ele (palavras que ela havia contado apenas para Jack).

            Nesse momento Joy fica muito nervosa, percebendo que Jack havia procurado Mason. Na audiência, mesmo depois da terapeuta dizer que eles realmente se esforçaram e pareciam um casal de verdade, Joy pede a separação e desiste do dinheiro, porém Jack não fica contente, pois a garota vai embora, realmente o abandonando apaixonado.

            Jack demora, mas com um incentivo de seu pai e de uma foto abandonada por Joy em seu apartamento, decide procurá-la e a encontra no local que ela disse ter passado seu último momento realmente feliz.  Ele se declara para moça e a pede em casamento novamente - apaixonados após os seis meses de convivência.

A OBRA E O DIREITO CIVIL

CRÍTICA REFLEXIVA

            O instituto do casamento recebeu as mais inúmeras definições, sendo estas elaboradas pelos mais consagrados estudiosos ao longo da história. Estas personalidades não se restringem somente àquelas do âmbito jurídico, mas também filósofos, e mesmo artistas.

            Zygmunt Bauman afirma que estas relações costumavam ser mais duradoras, sendo hoje, parte do mercado de consumo. Ou seja, o amor não se realizaria de fato com o ato do casamento, mas sim com o proveito que um cônjuge pode obter do outro, como segurança, poder, dinheiro ou status.

            Como lecionou Aristóteles em Ética a Nicômaco, “o”. Logo, percebe-se que há muito tempo se discute o interesse nas relações afetivas.

            Este tema se relaciona intimamente com o filme em questão, pois ainda que os cônjuges Jack e Joy tenham se casado antes de receber a fortuna, estes se mantém em vínculo conjugal por dinheiro.

            O dinheiro sem dúvidas é essencial para sobrevivência de qualquer cidadão, sobretudo nos moldes do capitalismo. No entanto, é necessário refletir sobre o papel do casamento, sua importância para construção da família – que é a verdadeira base da sociedade.

            Sílvio Rodrigues afirmou que as pessoas se casam para regular suas relações sexuais, cuidar da prole e manter mútua assistência. Evidentemente, o estabelecimento de deveres patrimoniais entre os cônjuges acaba por ser uma das consequências do casamento, no entanto, ter como interesse único o patrimônio, não parece ser razoável.

                O filme trazido a debate teve um final verdadeiramente Hollywoodiano, tendo em vista que o casal se apaixonou e o dinheiro deixou de ser o pilar do relacionamento. Contudo, a realidade é frequentemente distinta do que se encontra nos cinemas, sendo o dinheiro regente dos mais diversos vínculos em uma sociedade que valoriza de maneira contundente o consumismo. É preciso, portanto, que o casamento seja visto com maior seriedade, e que seja percebida a importância desse instituto não somente para o Direito de Família, mas como base daquilo que o Estado visa regulamentar. 

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