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Crise na segurança pública, desigualdades sociais: os sócios majoritários das facções criminosas no Brasil

Agenda 12/01/2017 às 13:51

A História brasileira não mente: o poder das facções criminosas é fruto de inúmeros crimes pretéritos contra a dignidade humana dos párias

Geralmente os noticiários colocam toda culpa da violência sobre os narcotraficantes. São eles que causam gravíssimas violações aos direitos humanos. A mídia "terror, sensacionalismo e IBOPE" consegue transmitir distorções sobre o crime organizado. São os moradores de comunidades carentes que constroem e fortalecem o Estado Tráfico. Em alguns momentos, os moradores das comunidades são vítimas dos narcotraficante.

Pergunto, quem são os sócios neste imenso e lucrativo negócio? Armas não entram voando sozinhas pelas fronteiras do Brasil, muito menos para dentro dos presídios — os traficantes ainda não usam Sedex Traffic Drone. Há dizeres de que o narcotráfico teve sua origem nos porões dos quartéis dos batalhões militares durante o Golpe Militar (1964 a 1985), e que os comunistas radicais foram os professores. Ou seja, os narcotraficantes são crias dos comunistas radicais.

Se os comunistas radicais foram os professores, e o narcotráfico contemporâneo tornou-se um Estado Tráfico, o Estado Democrático e a sociedade são acionistas. Por quê? O que a sociedade e o Estado democrático fizeram para impedir o poder do Estado Tráfico (corporação de capital aberto)? Nada. O Estado democrático não foi Estado Social — tamanha desigualdade social —, a sociedade BNV — "boca nervosa" (maconha), "nariz aspirador" (cocaína) e "veia LSD (Dietilamida do Ácido Lisérgico)” — contribuíram muitíssimo para o Estado Tráfico.

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O que se vê contemporaneamente — facções criminosas — é a contínua concentração de poder nas mãos dos narcotraficantes proporcionada pela sociedade BNV e pelo Estado democrático. A sociedade BNV e o Estado democrático são acionistas majoritários. Enquanto os narcotraficantes não matavam e não assaltavam os moradores fora das comunidades carentes, os acionistas majoritários não reclamavam. Quando o Estado Tráfico começou a desafiar os acionistas, estes se sentiram “traídos” por aplicarem (sem Estado Social e sociedade BNV) e acreditarem (Estado Tráfico vende sem cometer crimes contra os acionistas) naquele.

Agora, os sócios majoritários, com inúmeros direitos de intervenção no Estado Tráfico, querem culpar, unicamente, os horrores — assaltos, homicídios, carnificinas nos presídios — desta grande empresa. Qual acionista quer ver seu quintal sendo destruído pela empresa que investe? Quase esqueci. Também existem os sócios APC (Agentes Públicos Corruptos), os quais deixam entrar nos presídios: celulares. Helicóptero; armas etc.

Enquanto não houver combate aos ímprobos agentes, fiscalização e reforço nas fronteiras (separação de países), divisas (separação de dois Estados,) e limites (separação de dois municípios), nada mudará. Pelo contrário, piorará. Para que as drogas ilícitas sejam descriminalizadas e possam ser comercializadas, a cultura brasileira terá que mudar o seu pensamento e comportamento: democracia não é baderna. A falta de educação cívica no Brasil é gravíssimo problema para o Estado Democrático de Direito. Corrobora também os inúmeros utilitarismos —" Bandido bom é bandido morto "," Bíblia ou Fogueira Santa "," Patriotismo ou ponta de baioneta”, “Só homem ou mulher, o resto é depravação "," Minha religião é a verdadeira "," Trabalho ou chicote no lombo " — geradores de inúmeros confrontos bárbaros entre os brasileiros.

Como dizia Darcy Ribeiro, o Brasil é um moer de pessoas. E Darcy Ribeiro denunciou várias vezes  o poder das elites brasileiras contra os párias: evitar que os párias jamais conseguissem ascensão socieconômica. Há um "mantra" de "Foi pobre, e nunca matou ou roubou". Esse mantra criou justificativa para as elites [cleptocracia] deterem a maioria das riquezas nacionais e chancelar que pobre jamais comete crime, pois suportará toda agonia, pela falta ou precariedade nos serviços públicos, da vida. Enquanto isso, a cleptocracia [empresários e agentes políticos] enriquecia com o sofrimento dos párias. Pela psicologia comportamantal, que tipo de cultura há no Brasil?  Só posso dizer que sociopatias sempre fizeram parte da "cultura elevada" dos brasileiros que se sentiam, e se sentem, "superiores". Não há outro termo, sem ser sociopatia, para justificar os séculos de "moer pessoas", pois é inconcebível o descaso com a dor e o sofrimento dos párias.

Parece, ironia do destino, que as facções criminosas contemporâneas estão agindo pelo Carma [ação e reação]: furtam e roubam de seus algozes [senhores escravagistas] do passado. 

Sobre o autor
Sérgio Henrique da Silva Pereira

Articulista/colunista nos sites: Academia Brasileira de Direito (ABDIR), Âmbito Jurídico, Conteúdo Jurídico, Editora JC, Governet Editora [Revista Governet – A Revista do Administrador Público], JusBrasil, JusNavigandi, JurisWay, Portal Educação, Revista do Portal Jurídico Investidura. Participação na Rádio Justiça. Podcast SHSPJORNAL

Informações sobre o texto

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