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Alimento é poder

Poder no âmbito econômico, poder no âmbito social (salvar vidas), poder até mesmo no exercício da soberania.

Agenda 18/01/2018 às 15:28

Com suas terras agricultáveis, clima excelente e potencial de expansão notadamente no campo da tecnologia, onde há espaço para melhora, o País tem tudo para ser cabeça e não calda no cenário agropecuário mundial.

Alberto Passos Guimarães em A Crise Agrária (Editora Paz e Terra, 1979) já escrevia que em entrevista o então secretário de agricultura americano Earl L. Buntz crivou a expressão FOOD IS POWER.

Com a divulgação da máximas às vésperas da Conferência Mundial de Alimentação de novembro de 1974, diz o autor, houve repercussão negativa na imprensa, pois se pensava que a ideia seria transformar o alimento num instrumento de domínio em relação àqueles países que dele se viam necessitados.

Afastada a hipótese de se fazer uso tão cruel do alimento, já que escravizar o outro desta forma, ou de qualquer outra, seria atitude condenável fato é que, querendo ou não, alimento é poder.

Poder no âmbito econômico, poder no âmbito social (salvar vidas), poder até mesmo no exercício da soberania, pois o Estado que tem abundância de produção tem voz mais audível nas suas relações internacionais e garantia de estabilidade social na ordem interna.

Tendo em conta estas e outras áreas lícitas de presença marcante e útil da produção agrícola como instrumento de poder, não há como negar que o Brasil, neste aspecto, é muito mais poderoso do que seus próprios olhos lhe permitem ver.

Com suas terras agricultáveis, clima excelente e potencial de expansão notadamente no campo da tecnologia, onde há espaço para melhora, o País tem tudo para ser cabeça e não calda no cenário mundial.

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Não seria seu grande potencial agropecuário que estaria provocando os estrangeiros a virem aqui para adquirir grandes áreas rurais?

Parece que a resposta afirmativa é inevitável.

Não obstante o hino nacional enfatizar que o Brasil é um gigante deitado em berço esplêndido, a realidade indica que melhor seria se se dissesse que o gigante está deitado em relva esplêndida, não se dando conta de que pode muito mais do que pensa poder em razão das atividades econômicas que fazem parte do que se convencionou chamar de agronegócio.

E é justamente o estado de sonolência eterna que retira do Brasil a consciência da realidade de que através de sua agricultura pode ir mais longe e, indo, tornar-se um gigante de pé.

 Food is power é uma expressão que já foi dita. Food is power é uma realidade que já foi comprovada. Food is power só precisa ser descoberta pelo País que pode ter mais power justamente pela abundância de food que está ao seu alcance.

Em face disto, o Governo deveria ser mais responsável por traçar uma política agrícola que viabilizasse a boa exploração da agricultura pelos nacionais, o que fortaleceria em todos os sentidos o Estado e a Nação, melhorando o desenvolvimento econômico interno e trazendo maior expressão de negócio nas tratativas externas.

O incrível em tudo isto é que até mesmo para transportar o que produz, o sistema é tão incompatível com a importância do bem, que estudos já realizados comprovam que o que se perde em cada safra pelas rodovias do País, por uma acomodação inadequada da produção, é riqueza cuja soma representa muito na economia nacional.

Se toda atitude é precedida da consciência da maneira incorreta em que se vive, é tempo do Brasil ir melhor, já que os fatos dizem que food is power e a produção agrícola nacional tem expressão suficiente para torná-lo poderoso a partir disto.

Lutero de Paiva Pereira – Advogado

Membro do Comitê Europeu de Direito Rural.

Sobre o autor
Lutero de Paiva Pereira

Advogado especialista em Direito do Agronegócio. Fundador da banca Lutero Pereira & Bornelli Advogados Associados. Pós-graduado em Direito Agrofinanceiro. Coordenador de cursos online no site Agroacademia. Membro do Comitê Europeu de Direito Rural (CEDR) e Membro Honorário do Comitê Americano de Direito Agrário (CADA). Autor de 18 livros publicadas na área de Direito do Agronegócio.

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