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O uso de psicoativos e suas influências

O presente artigo tem como principal assunto o tema que na sociedade é presente, o uso de drogas e os seus derivados. Vamos desenvolver uma linha de pensamento, demonstrando os aspectos de suas consequências e as influências causadas pelo seu uso.

1. INTRODUÇÃO

Sabe-se que cada vez mais, não só no Brasil, mas no mundo, vem crescendo o número de adolescentes entrando na chamada “modinha das drogas”. Consta que o uso de psicoativos é um mal que influencia não somente no interior do corpo, bem como o exterior do corpo e muitas vezes até as pessoas que convivem ao redor do usuário.

Os psicoativos são substâncias que estimulam, como também modificam o comportamento, humor, estado mental e percepção. Não podemos nos referir à psicoativos apenas como substâncias ilícitas, mas sim substâncias que constantemente estão presentes no nosso dia-a-dia, que embora “lícitas” trazem uma certa parcela prejudicial.

Há uma grande influência desde os primórdios referente ao uso de psicoativos, onde podemos analisar nas imagens dos deuses do Antigo Egito a comum expressão que os deuses carregavam em sua mão plantas alucinógenas.

A finalidade social destacada nesse trabalho, vai ser a influência dessas substâncias, não somente na saúde ou vida pessoal do usuário, mas as consequências da mesma no seu arco social, familiar, bem como no mercado de trabalho, etc.

Podemos analisar que, vem se tornando comum a cultura de que esses psicoativos não são uma coisa ilícita, mas sim, apenas um acompanhante para as coisas lícitas como a bebida alcóolica, cigarro, e até mesmo como ficar acordado, não sentir tristeza, raiva entre outros.

É notório a causa de dependência sobre essas substâncias aqueles a quem usa, causando um ciclo vicioso e frequentemente sem reversão. A reabilitação dos toxicodependentes, na maioria das vezes, contém um acompanhamento pessoal, bem como grupo de apoio, e muitas vezes o uso de outras substâncias psicoativas, ou não, para encerrar o ciclo dependente.

 

2. Dependência dos psicoativos

 

Estudo realizados por uma página muito conhecida no Sul do Brasil, a GAUCZHAZH, cerca de 1 terço dos jovens dependentes conseguem concluir com sucesso o seu tratamento, já em contrapartida há um número aproximadamente de 34% onde foi necessário ser reinternados. Além de que, a cada 10 jovens internados com o intuito de se reabilitar, 09 acabam voltando para o uso de Cocaína, ou seja, um número exorbitante de falhas nesses pontos.

É mister analisar que na sociedade de hoje em dia, muitas vezes nos enganamos em pensar que ficaremos apenas no primeiro uso, não apenas no uso de drogas, mas podemos ver também até mesmo no nosso cotidiano, seja numa quebra de dieta com um pedaço de pizza por exemplo, é apenas uma porta para entrar num ciclo de dependência, pois já teve o primeiro contato.

O uso dos psicoativos, é um dos mais comuns nos dias de hoje, pois é natural no nosso meio pessoas que são dependentes de remédios antidepressivos, ou dependentes da maconha. A recreação ou o uso recreativo é uma forma de demonstrar o ciclo de dependência, e muitas vezes é recriminado até mesmo por autores conhecidíssimos, como Elisaldo Carlini, que em entrevista pelo renomado repórter Neldson Marcolin na matéria “O uso medicinal da maconha”, o perguntou: “Você é contra ou a favor do uso recreativo da maconha?”. Elisaldo: “— Não sou. Não sou favorável a nenhum uso de droga para “dar barato”, que altere a mente sem a real necessidade disso. Mas sou muito favorável ao uso da morfina, por exemplo, como analgésico. Seria um absurdo total proibir o uso da morfina ou do ópio porque podem produzir dependência forte. O que não posso é difundir o uso recreativo da morfina, mas devo difundir, e muito, o uso da morfina como um agente extremamente poderoso para dar qualidade de vida nos momentos finais de um canceroso que morre urrando de dor, por exemplo.”

É notório que há duas linhas de pensamentos quando falamos sobre a dependência do uso de psicoativos, uma corrente sobre a recreação, ou o simples vício, e a dependência necessária, seja por tratamento ou doença. O que não podemos deixar de mencionar é que ocorrem sim mudanças no corpo, podendo ser intensas ou não, ao ingerirmos substâncias psicoativas.

 

 

 

3. Política de Drogas e Psicoativos no Brasil

 

Na política de drogas no Brasil, não podemos dizer que é a mais eficaz, nem que contribui para a segurança e bem estar do povo brasileiro, é uma política que prende, maltrata, abusa e constrange.

No meio das drogas temos duas personalidades, temos o usuário e o traficante, o usuário, muitas vezes vítima da sociedade, induzindo por problemas, pela discriminação, por ser marginalizado. Infelizmente essa realidade de que a droga serve de fuga da vida real é bastante comum e presente na sociedade, claro, visto que não são somente os marginalizados que consumem drogas, os “barões”, lideranças políticas e grandes executivos também.

Ciente desses dois universos dos usuários, os ricos e os pobres, podemos agora mergulhar no tema. A criminalização há nos dois polos, mas é visível na nossa sociedade que é o pobre que é preso, humilhado, torna-se criminoso público, enquanto o rico é somente usuário, é legal, quando é detido, logo e liberado porque tem influência, nunca é visto como bandido.

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Uma política como a brasileira, sendo a droga proibida de todas as formas, enquanto bebidas alcoólicas e cigarro têm em abundância, o usuário marginalizado, sem emprego, ou com emprego que não o sustenta, é induzido a roubar, a matar, porque assim pode aliar-se ao traficante, a uma facção e conseguir o que precisa para sustentar a casa, e assim o antigo usuário de maconha, cocaína, por causa do pouco conhecimento e grande necessidade entra no estado paralelo do crime, onde existem outras leis, ordens, comandantes e regras de convivência para afastar a polícia das proximidades. Enquanto o usuário rico, conhecido na sociedade, não é pego e a polícia faz com que ele seja liberado e não seja punido.

Em vista da política de drogas no Brasil, podemos analisar a característica dos usuários e dos traficantes, no qual o primeiro deve ser tratado de maneira clínica e o segundo da maneira criminalizada. O usuário, com a nova Lei Ordinária da política de drogas (LEI 11.343/2006) foi penalizado, no entendimento de que usar drogas de efeitos psicoativos não regulamentadas não é crime, o que é o portar consigo, ter em estoque, transportar e demais especificações que estão no artigo 33 (trinta e três) da Lei 11.343/2006.

De acordo com a nova lei, o usuário era para ser tratado como um possível doente, onde é para lhe oferecer atendimento médico, psicológico, de remédios, para ser tratado de forma eficaz, mas vemos a insuficiência disso no funcionamento na realidade esboçada no nosso país, que não há o efetivo cargo dos agentes de saúde necessário, com capacidade e competência exigida para a realidade da localidade, Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) que não funcionam da maneira correta, em prédios e estruturas danificadas pelo o tempo e diversos fatores que dificultam que é possível a qualquer um notar em visita.

 

E com o traficante, as penas aumentaram, ficou mais rígido, mais criminalizável, criando mais possibilidades do próprio usuário ser adequado às características do próprio traficante. E coloca-se em questão, o fato da tamanha criminalização de drogas em geral, em principal questionamento a maconha e cocaína, mais comuns e presente, podemos dizer de mais fácil acesso ao homem médio, citado várias vezes na legislação brasileira em geral e com possíveis aspectos medicinais e do próprio lazer do cidadão como bebidas alcoólicas, ideias assim causam espanto na sociedade, mas em diversas culturas, o consumo de drogas é tão comum como a cerveja e o futebol para parte dos brasileiros, uma regulamentação em que o Estado faça parte, regule, esteja presente, até mesmo com políticas contra o uso abusivo, como há no verso das carteiras de cigarro que logo isso resultaria na diminuição de presos, crimes, diminuiria o perigo. Que legisladores analisassem e aprendessem com Estados em que há regulamentação e não há alta insegurança. Evidente que algumas drogas teriam que ser totalmente proibidas por causa dos seus efeitos praticamente imediatos de dependência e males a saúde, exemplo o crack.

A nossa política atual sobre drogas, realmente teve melhora em relação a passada, porém não podemos dizer que é a melhor, a mais adequada para o Brasil, que ainda busca criminalizar, e por conta disso e da estrutura do sistema carcerário, faz com que o delinquente de prisão primaria vai preso e quando sai mais qualificado para o crime.

É necessária uma política que legisle e eduque efetivamente, quebra de preceitos, debate em escolas, nas famílias, dos riscos das drogas e seus perigos, uma reconstrução social e política, que seja firme mas que tenha portas abertas.

 

4. Influências positivas do uso de psicoativos

 

Quando se fala em psicoativos cria-se de imediato em nossas mentes um bloqueio devido a uma série de idéias e preconceitos que foram postos. De um lado por achar que geram dependência e efeitos colaterais diversos e de outro pela origem de muitos desses psicoativos serem derivados de drogas, como é o caso do canabidiol, harmina e outras substancias derivadas de drogas. Mesmo que trazem os seus “princípios ativos” fazendo com que a maiorias pessoas confundam e achem que são a mesma coisa, não sabendo diferenciar as drogas com as suas nocividades à saúde e para sociedade das drogas terapêuticas elaboradas tendo por base princípios ativos das mesmas.

Exemplo muito claro desse preconceito ocorre no caso do canabidiol (CBD), substância derivada da maconha permitido o comércio nos Estados Unidos, porém no Brasil não, obrigando muitas pessoas a contrabandearem o medicamento que a tem por base, como mostrado no documentário “ILEGAL” que mostra o drama de Katielle Bortoli Fischer que tem nesse medicamento sua única esperança no tratamento de sua filha Anny, que sofre com uma síndrome que a faz ter cerca de 80 convulsões por semana, onde somente o CBD tem resultado, chegando por vezes até a zerar os episódios de convulsões, o uso desse medicamento não é permitido no Brasil devido o fato de a maconha ser proibida no Brasil, porém no caso se trata não do uso direto e nem recreativo, mas sim, medicinal e farmacêutico. Mostrando esse preconceito não somente na população mas também nos governantes e pela classe medica, fica claro no documentário a luta das mães pela aprovação desse medicamento e a dificuldade das pessoas de desassociar a maconha das substâncias que dela derivam.

Outro exemplo o caso da harmina, substância derivada da AYAHUASCA, um cipó usado para fazer uma espécie de chá alucinógeno permitido no Brasil para fins religiosos. Temos casos da união dos vegetais e o chá do santo daime e outras que utilizam o chá e seus efeitos alucinógenos em seus rituais. Esse chá é utilizado há séculos pelos indígenas dentro desse mesmo princípio, disso o nome do cipó AYAHUASCA, que quer dizer “cipó do morto” ou “cipó do espirito”, no entanto a harmina não chega nem a ser um dos seus principais componentes e sofre bloqueios diversos, até mesmo dentro da classe científica. Estudos mostram que que ela tem como efeito mais conhecido o seu potencial antidepressivo, que se mostra mais eficaz do que os medicamentos no mercado atual. Porém não foi isso que mais surpreendeu. Estudos feitos no Brasil mostram que ela atua na neurogênese, quando expostas em células tronco neuronais e aumentaram cerca 70% o seu número. O estudo explica que ela atua sobre uma enzima chamada DYRK1A, essa enzima inibe a proliferação das células nervosas e está diretamente ligada ao cromossomo 21 que é o mesmo da síndrome de Down, mostrando nessa substancia potencial no tratamento não só dessa síndrome como também da depressão e do mal de Alzheimer que possui ligação direta com a depressão, uma vez que deprimidos graves são mais suscetíveis a ela.

Muitas outras pesquisas que tem por base princípios ativos de drogas são alvos de preconceito, como no caso do estudo de substancias presentes no LSD, que foi intensamente estudado até a década de 70 e devido à preocupação com os efeitos nocivos do LSD foram deixados de lado. No entanto hoje, está sendo cada vez mais alvo de estudos científicos, afim de isolar dentro dele as substancias nocivas das que podem ser aproveitadas de forma positiva.

Outro ponto de grande importância que é atingido pelo preconceito das pessoas com os psicoativos e seus usos por pessoas saudáveis para melhorar o desempenho cognitivo, como por exemplo a atenção, onde é visto a eficiência desses medicamentos em pessoas saudáveis como no caso da Ritalina, medicamento comumente receitado para o tratamento de pessoas com déficit de atenção que é bastante utilizado de forma ilegal por estudantes para melhorarem seu desempenho nos estudos.

A verdade é que vários medicamentos com efeitos psicoativos podem ser citados e seus benefícios para as pessoas, sejam aqueles que sofrem dificuldades no desenvolvimento. No caso de substâncias usadas de formas muito restritas que poderiam ser melhor aproveitadas pela população, porém é assunto que sofre bastante repressão ética dentro do meio cientifico, devido ao uso imprudente da população. Nota-se isso claramente no caso de calmantes que são usados de forma abusivas, como o medicamento Rivotril que só no ano de 2004 foram vendidos mais de 400 mil caixas do medicamento e no ano de 2013 esse número subiu para 5,7 milhões, sendo o Brasil o país que mais vende esse medicamento que é o segundo mais vendido nas farmácias do país, porém tarja preta, só pode ser comprado com prescrição medica, o maior problema é que ele gera tolerância e futuramente vai fazer com que a pessoa precise de medicamentos cada vez mais fortes.

O caso do Rivotril nos mostra o abuso próprio, por parte da população para com os medicamentos de efeitos psicoativos, o que justifica claramente o temor e preocupação dos cientistas, uma vez que se observa o uso descriminado de tais substâncias, deixando de buscar soluções definitivas para seus problemas, se igualando nesse aspecto, a qualquer outro viciado em drogas, uma vez que ambos buscam nos efeitos dos medicamentos uma saída fácil, ignorando os malefícios vindouros a suas saúdes, tornando o assunto cada vez mais polêmico.

Ao se observar tudo o que foi exposto vê-se que o assunto é abrangente e de difícil abordagem, uma vez que de um lado vemos nos psicoativos a esperança para vários problemas sérios e sofrem preconceitos enquanto outros são usados de forma abusiva, se faz necessário uma inversão de papéis, preciso conscientizar a população do risco do abusivo desses medicamentos em situações banais e mostrar que neles existem soluções para problemas mais sérios.

 

5. Influências negativas ao uso de psicoativos

Sabemos que há vários problemas que são causados na vida de uma pessoa que é viciada no uso de droga, em especial nos psicoativos. Podemos elencar aqui problemas físicos, psicológicos, financeiros, sociais, entre outros. Porém quero levar em destaque os problemas sociais, onde é de prontidão e fácil análise na vida social de uma pessoa que é viciada tudo muda, relações com as pessoas que fazem parte da sua vida, pais saem de casa por conta do vício e por ser mal exemplo para os filhos, no âmbito do trabalho, com a crise que vivemos nos dias de hoje, todo trabalho é de difícil acesso e com o agravo da pessoa ser ou já ter sido um viciado aumenta as chances de não conseguir um emprego pela incerteza que a empresa vai ter ao contratar uma pessoa que a qualquer momento pode ter recaída.

 

6. Conclusão

Podemos vislumbrar que por mais que a mídia, médicos e dentre outas pessoas tenham uma imagem sobre o uso de psicoativos, é necessário analisar também que há vários pontos positivos em certos usos dos mesmo, deixando em destaque quando for necessário e preciso o uso tal.  É necessária ainda uma conscientização da parte da população quanto ao uso e equilíbrio de psicoativos, fazendo com que cada um veja qual ponto referente ao uso, seja positivamente ou negativamente está causando mais influência em sua vida.

 

 

7. Referências Bibliográficas

https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noticia/2014/08/Quase-90-dos-jovens-voltam-a-usar-crack-logo-apos-tratamento-4563003.html

http://www.revistapesquisa.fapesp.br/wp-content/uploads/2012/08/008-013-168.pdf

http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0920.pdf

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm

http://diplomatique.org.br/a-atual-politica-de-drogas-no-brasil-um-copo-cheio-de-prisao/

https://oglobo.globo.com/sociedade/saude/drogas-psicodelicas-podem-tratar-alzheimer-outras-doencas-mentais-20672583

https://oglobo.globo.com/sociedade/saude/cientistas-avaliam-beneficios-do-uso-de-drogas-psicoativas-por-pessoas-saudaveis-21237048

https://www.youtube.com/watch?v=6PPUY694Csc

 

Sobre os autores
Antonio Igor Fontenele da Cunha

Acadêmico de Direito na Faculdade Luciano Feijão.

Cândido Parente Aguiar filho

Acadêmico de Direito na Faculdade Luciano Feijão.

Informações sobre o texto

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