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Sem vacina distanciamento social intermitente será necessário até 2022

Agenda 17/04/2020 às 00:16

Este artigo tem por objetivo de forma sucinta fazer uma análise da importância do distanciamento social prolongado ou intermitente até 2022 se não se chegar a uma vacina para combater a COVID-19.

O 'distanciamento ou afastamento social' envolve um conjunto de ações que busca diminuir a velocidade de disseminação de uma doença contagiosa. Isso é essencialmente feito limitando o número de pessoas com quem você tem contato.

            As pessoas mais doentes são as mais contagiosas, as pessoas infectadas pelo vírus, mas que não desenvolveram sintomas ou que desenvolvem sintomas leves também são consideradas importantes “espalhadoras” do vírus.

         Um estudo assinado por pesquisadores da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, avalia que o distanciamento social prolongado ou intermitente pode ser necessário até 2022. A projeção foi publicada em 14/04/2020, pela revista especializada Science. Enquanto não houver vacina eficaz para a covid-19 “a vigilância e o distanciamento social prolongado ou intermitente podem ser necessários até 2022”.

         O estudo indica que “surtos recorrentes de SARS-CoV-2 irão surgir no inverno” após a onda pandêmica inicial. A vigilância contínua e novos períodos de isolamento ou distanciamento social poderão ser necessários de modo a permitir o tratamento hospitalar dos doentes infetados, garantindo que as camas nos cuidados intensivos dos hospitais serão suficientes para os doentes graves.

         Os investigadores admitem que existem ainda várias incógnitas, como saber ao certo se o vírus continuará a circular depois desta primeira onda - cenário que consideram provável - se se torna endémico como outros coronavírus ou a gripe e se, nesse caso, haverá um ou mais surtos por ano, o que vai depender da imunidade conferida pela exposição à doença.

         Se não for permanente, os modelos apontam para surtos anuais ou a cada dois anos, o que também vai depender da imunidade de grupo - como evolui a percentagem da população com defesas, que a equipa estima mais uma vez que tenha de chegar aos 70% para funcionar como barreira contra a doença.

         Os modelos dos investigadores de Harvard sugerem ainda que os surtos com início nos meses de outono/inverno tenderão a ter picos maiores, mas o SARS-COV-2 pode proliferar em qualquer altura. Certo parece também que, após, o levantamento das medidas, o vírus tende a reaparecer, mas a equipe constata que uma maior supressão de contatos e mais prolongada no tempo poderá levar a surtos maiores. Um alerta que poderá ser tido em conta numa fase em que a maioria dos países europeus estuda a melhor forma de reabrir a economia e planejar um regresso à normalidade. "Medidas de distanciamento social mais longas e restritivas nem sempre se correlacionam com maiores reduções do pico da epidemia. No caso de um período de 20 semanas de distanciamento social com uma redução de 60% no R0 (o número de contágios causado por cada doente infectado). A equipe diz que os cenários apontam para as maiores reduções do pico de infeções quando as medidas conseguem dividir os casos de forma igual entre ondas - dos cenários em que as medidas de distanciamento social são temporárias, a equipa conclui que medidas com uma duração de 20 semanas (cinco meses) mas moderadas (uma redução de 20% a 40% nos contatos) produzem nos modelos as epidemias com picos menos elevados de casos e menor dimensão final.

         A China usou de medidas de isolamento e testagem em massa, chegando a testar até 10.000 pessoas em um único dia, fechou comércios, escolas e fronteiras rapidamente, mediu a temperatura das pessoas, rastreou aqueles com quem os infectados tinham tido contato, testaram e isolaram. Agora vivem um momento de casos praticamente zerados. O perigo agora é outro, uma volta brusca as atividades pode levar a uma segunda onda de casos e mortes, já que é pouco provável que uma parte relevante da população tenha se tornado imune (apesar de quase 100 mil casos, lembre-se que a China é o país mais populoso do planeta). Por isso o retorno será gradual e embasado em dados epidemiológicos e mantendo distanciamento social e vasta testagem na população.

         O desenvolvimento de uma vacina leva tempo para que se garanta duas coisas: segurança e eficácia. Uma vacina precisa imunizar e não infectar, além de não causar outros problemas potenciais. O tratamento específico, seja a cloroquina ou não, deve também dispor destes dois parâmetros. E para se descobrir, tanto vacinas quanto medicamentos, são necessários testes em laboratório e testes clínicos controlados e replicados. Coisas que não acontecem do dia para a noite. A inteligente tática atual é testar a eficácia de remédios já existentes na COVID-19, entretanto a cloroquina parece ser uma aposta precipitada e pouco embasada. Outra possibilidade, é a imunização através de soro de pacientes recuperados.

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         Nenhum país produziu uma vacina até o momento, e as previsões mais otimistas indicam que isso só deve ocorrer em 2021. As vacinas são produtos que protegem as pessoas de serem contaminadas por uma determinada doença. Tecnologias mais atuais também permitem incluir apenas partes desses micro-organismos, como proteínas, e outros tipos de moléculas. Depois de a dose ser injetada, os antígenos levam o corpo a produzir anticorpos para enfrentar esses invasores. Assim, quando a pessoa imunizada realmente for infectada pelo vírus ou bactéria, dificilmente terá a doença ou vai desenvolvê-la numa forma muito mais branda.

         Lavar as mãos com água e sabão por pelo menos 20 segundos. O uso de água e sabão consegue quebrar a cápsula de gordura protetora do vírus, que morre facilmente sem a barreira; caso não seja possível, usar um desinfetante à base de álcool; outras recomendações são evitar tocar o rosto (boca, nariz e olhos) com mãos sujas; manter distância de pessoas com sintomas; ficar em casa quando estiver se sentindo doente; espirrar ou tossir apoiando o rosto no antebraço; limpar e desinfetar objetos com frequência; é importante que todos evitem lugares públicos ou com aglomeração de pessoas.

            O distanciamento social é importante para desacelerar a proliferação do vírus. Evitar o contato com outras pessoas em lugares fechados ou aglomerados ajuda a frear a disseminação. Caso seja inevitável sair de casa, algumas medidas como não pegar transporte público em horário de pico, não cumprimentar com beijos, abraços ou apertos de mão, manter uma distância de pelo menos 2 metros das outras pessoas ajudam a diminuir a contaminação. Além disso, é importante evitar o contato com superfícies de locais públicos e lembrar de higienizar as mãos com álcool em gel logo após.

            O distanciamento social inclui atitudes como: isolamento domiciliar, manter uma distância física segura das pessoas. O intuito é reduzir a exposição a uma situação com risco de contágio ou diminuir as chances de infectar os outros, caso tenha o COVID-19. Ao longo do tempo, isso cria um “achatamento de curva”, expressão usada por especialistas quando há uma diminuição no número de casos ao longo do tempo. Isso é importante para que o sistema de saúde tenha tempo para responder à crise e evitar sobrecargas no sistema, o que pode levar a falta de materiais ou profissionais disponíveis. Com o distanciamento social, estamos contribuindo para que os mais graves sejam atendidos.

Referências bibliográficas

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Sobre o autor
Benigno Núñez Novo

Pós-doutor em direitos humanos, sociais e difusos pela Universidad de Salamanca, Espanha, doutor em direito internacional pela Universidad Autónoma de Asunción, com o título de doutorado reconhecido pela Universidade de Marília (SP), mestre em ciências da educação pela Universidad Autónoma de Asunción, especialista em educação: área de concentração: ensino pela Faculdade Piauiense, especialista em direitos humanos pelo EDUCAMUNDO, especialista em tutoria em educação à distância pelo EDUCAMUNDO, especialista em auditoria governamental pelo EDUCAMUNDO, especialista em controle da administração pública pelo EDUCAMUNDO, especialista em gestão e auditoria em saúde pelo Instituto de Pesquisa e Determinação Social da Saúde e bacharel em direito pela Universidade Estadual da Paraíba. Assessor de gabinete de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado do Piauí.

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