Bullying, cyberbullying, homofobia, gordofobia, transfobia. Palavras novas que ocasionaram perplexidades, para alguns brasileiros.
Sigmund Freud, o pai da psicanálise, é atacado por ser "mentiroso" etc. Outrora como "mentiroso", o pai vem sendo usado, implicitamente, para grupos ideológicos antidemocráticos.
Em breve resumo:
- Id pulsões, instintos. Fazer por fazer, sem censura, sem medo ao mundo externo (cultura);
- Superego os valores culturais de certo e errado , nojento e "prazeroso" etc.
- Ego o intermediário entre id e superego. Conciliador, tormentoso, harmonioso ou destruidor.
A CRFB de 1988 possui uma palavra usada entre operadores de Direito, defensores dos direitos humanos: dignidade humana. Do lado oposto, os contrários à dignidade humana: "direitos para humanos".
As mudanças sociais ocorridas, por força de comunidades repreendidas e censuradas pela "maioria", em pouquíssimo tempo, somente foram possíveis pela CRFB de 1988 e conjuntamente com a internacionalização dos direitos humanos. O Estado brasileiro é signatário de vários tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos.
Freud e sua filha desenvolveram estudos, culminando nos mecanismos de defesa do ego.
A imagem neste artigo serve para representar:
- Id O boneco azul;
- Superego a cultura e seus valores.
Freud não desprezou o valor cultural, muito menos a pressão cultural sobre o indivíduo. Ou seja, Freud não supervalorizou o indivíduo. Pelo contrário, a cultura tem importância para frear o Id. Sem os valores culturais, o indivíduo agiria pelos impulsos, ainda que aprendesse, por si mesmo, a controlá-los. O processo de controle seria muito mais lento do que a ação da cultura sobre o indivíduo. A formação cultural é um processo lento. O saber na cultura é muito superior ao saber individual alguém nasce sabendo de tudo?
Outro dia observei alguns banheiros públicos (contêineres) numa praça. Houve um evento na localidade. Por que não se pode defecar nas vias públicas como na Índia? Antes de 2014, mais ou menos, era comum indianos defecarem nas vias públicas. Na Idade Média, os nobres, em seus palacetes, defecam nos cantos dos cômodos, sem cerimonias e na frente dos convidados.
"Vou fazer cocô" é uma frase "de mau gosto". "Vou defecar" é "charmoso", "educado", "inteligente". E "Vou cagar?" é "horripilante", "sem educação". Sim, há um preconceito quanto às palavras. Lembro-me, numa aula, falar "botar". A docente disse "Palavra feia". Fiquei, no momento, sem palavras. Preconceito linguístico: o que é, como se faz, de Marcos Bagno, adequa-se, perfeitamente, neste artigo. Falar bem e/ou digitar bem:
"6. A paranóia ortográfica
A atitude tradicional do professor de português, ao receber um texto produzido por um aluno, é procurar imediatamente os erros, direcionar toda a sua atenção para a localização e erradicação do que está incorreto. É uma preocupação quase exclusiva com a forma, pouco importando o que haja ali de conteúdo. É sobretudo aquilo que chamo de paranóia ortográfica: uma obsessão neurótica para que todas as palavras tragam o acento gráfico, que todos os Ç tenham sua cedilha, que todos os J e G estejam nos lugares certos... e assim por diante. Aliás, uma porcentagem enorme do que todo mundo chama de erro de português diz respeito a meras incorreções ortográficas. Ora, saber ortografia não tem nada a ver com saber a língua. São dois tipos diferentes de conhecimento. A ortografia não faz parte da gramática da língua, isto é, das regras de funcionamento da língua. Como vimos no Mito n° 6, muitas pessoas nascem, crescem, vivem e morrem sem jamais aprender a ler e a escrever, sendo, no entanto, conhecedores perfeitos da gramática de sua língua. [pg. 131]A ortografia oficial é fruto de um decreto, de um ato institucional por parte do governo, e fica muitas vezes sujeita aos gostos pessoais ou às interpretações dos fenômenos lingüísticos por parte dos filólogos que ajudam a estabelecê-la. Por isso, na virada do século XIX para o XX se escrevia ELLE; na primeira metade do século XX se escreveu ÊLE e agora, no limiar do século XXI, se escreve ELE. Por isso, a lei nos manda escrever HUMO OU HÚMUS, mas ÚMIDO e UMIDADE, embora sejam todas palavras da mesma família (em Portugal todas essas palavras têm H). Por isso também temos de escrever ESTRANHO e ESTRANGEIRO, com s, embora sejam palavras formadas com base no prefixo EXTRA-,presente em EXTRAORDINÁRIO, EXTRAVAGANTE, EXTRAPOLAR etc. (em espanhol se escreve EXTRÁNEO e EXTRANJERO). Por isso o adjetivo EXTENSO e o substantivo EXTENSÃO apresentam um x, mas o verbo ESTENDER (vá lá saber por quê!) se escreve com um s. E o adjetivo MACIÇO se escreve com c embora seja derivado de MASSA,com SS." (BAGNO, 2007)
"Adevogado" é errado, não por isto se faz avaliação da capacidade intelectual da pessoal. Errado! falar e escrever bem é verificar o grau de inteligência de outra pessoal. Quantos profissionais iletrados são ótimos no que fazem? O tabu sobre "trabalho intelectual" e "trabalho manual" e A discriminação e a dignidade do trabalhador são dois artigos sobre discriminações e preconceitos aos tipos de trabalhadores.
Penso. Será que advogado ao digitar palavra com erro de ortografia sempre perderá "causas"? Não, pois o conhecimento e advogado aprovou-se no Exame da Ordem dos Advogados independe de escrever bem, muito menos digitar e falar.
Já vimos que o superego, por meio da "inteligente é quem escreve, digita e fala corretamente", por meio da sociedade, exerce pressão sobre os individuos. Opa! "Indivíduos". O ex-discípulo de Freud, Alfred Adler, concebeu o complexo de inferioridade. É inato o complexo na espécie humana. Como a criança será educada pelos pais determinará se ela será tirana ou retraída. Nalgum momento da vida, a pessoa pode mudar, por fatores externos, como os valores na comunidade ou na sociedade.
A BBC Brasil publicou 'Impotentes e frustrados' são os mais agressivos na internet. Família, comunidade, sociedade, Estado. Todos exercem pressões em cada brasileiro. Os valores familiares irão determinar os comportamentos futuros, como, por exemplo, a violência doméstica, o desrespeito com outras comunidades, etnias etc. O Estado irá contribuir ou não para a valorização e manutenção da dignidade humana. E Estado é o povo. Dos valores do povo, as normas sociais. Por exemplo, nenhum homem processará sua esposa por "erro essencial" (art. 1557, do CC) caso descubra que ela não tem mais hímen na noite de núpcias. Não há mais himenolatria. Todavia, é possível anular em caso de Induzimento a erro essencial na anulação de casamento entre LGBT e heterossexual. Será? Pois entre uma convicção pessoal e omissão de informação relevante ao cônjuge "enganado (a)", temos a dignidade humana. De um lado a pessoa enganada, de outro a outra pessoa que omitiu. Porquanto, a interpretação "ao pé da letra", pelo juspositivismo, prevalece. No entanto, como estamos na Era do pós-positivismo, ainda mais com as mudanças na mentalidade social, quem reclamar de omissão de informação relevante, configurando induzimento a erro essencial, será taxado (a) de transfóbico (a).
O raciocínio. Anular casamento, por induzimento a erro essencial, ao saber que a pessoa não é mais virgem e virgindade é condição de ser mulher cisgênero , é impossível, por dois motivos: mulher virginal não é exigido para o casamento, até porque mulher com hímen é raríssimo, por mudança no comportamento sexual da mulher, graça a pílula anticoncepcional e outros métodos contra a gravidez, e o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza, gratuitamente, métodos contraceptivos; nenhum homem cisgênero, assim penso, exigirá comprovante médico sobre a existência de hímen, pela inexistência de mulher com hímen. E cada vez mais a vida sexual inicia mais cedo sexo com menor de 14 anos é estupro de vulnerável.
Similar é a condição de anulação por induzimento a erro essencial na anulação de casamento entre LGBT e heterossexual. O que era "anormal" passará a ser "normal", e Direito acompanha as mudanças na sociedade. Leia Edmund Burke (1729-1797), o "conservador" pró-LGBT+ (pró-dignidade humana).
Id, ego e superego para a dignidade humana é:
- Id ser;
- Superego deixar ser como é;
- Ego saúde mental.
Dois artigo: Justiça o lado moral na internet Parte XV. "Status quo" e "backlash"; Justiça, o lado moral da internet Parte VII. A 'Contracontracultura'; e Justiça, o lado moral da internet Parte IX. Ética.
Do último artigo transcrevo:
"COMPREENSÃO SOBRE ÉTICA
Três exemplos de ética:
1) Império Romano (27 a.C. - 476 d.C.), dois cidadãos romanos:
- (1) quero?;
- (2) devo?;
- (3) posso?
Quero queimar um cristão?
Devo? Sim!
Posso? Posso!
Para os romanos (a.C.), queimar ou jogar cristão aos leões: diversão, prazer, agir 'corretamente'.
2) Dois cristãos, dentro dos muros da Cidade de Roma Antiga:
- (1) quero?;
- (2) devo?;
- (3) posso?
Quero queimar um romano?
Devo? Não!
Posso? Não!
Os primeiros cristãos aplicavam, ao pé da letra, os ensinamentos de Jesus de Nazaré. Por mais que o ódio surgia, nos pensamentos e nos sentimentos, ao ver romanos rindo de cristãos devorados pelas veras, Cristo, por meio de Jesus, ensinou 'perdão', 'amor', 'todos são ignorantes', 'pegue a sua cruz' etc. Não havia dualismo: ou cristão, ou Barrabás.
3) Dois católicos, na Idade Média:
- (1) quero?;
- (2) devo?;
- (3) posso?
Quero chamar um judeu de assassino?
Devo? Sim!
Posso? Sim!
Antes da DECLARAÇÃO NOSTRA AETATE, séculos de antijudaísmo. Os judeus eram 'impuros', 'assassinos de Jesus' etc.
Compreende-se, ética é conforme os 'ânimos' psiquismo, valores sociais de 'certo' ou 'errado' de cada cultura. A ética não é imutável, como é possível constatar nos exemplos acima."
O artigo infere: as mudanças na sociedade brasileira Id, ego e superego para a dignidade humana , paulatinamente, trarão substanciais benefícios para a saúde: um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades (Organização Mundial de Saúde). Claro, as diferenças continuarão entre comunidades LGBT+ e "conservadora não raiz" faço menção ao artigo Edmund Burke (1729-1797), o "conservador" pró-LGBT+ (pró-dignidade humana).
Id, ego e superego para a dignidade humana é importantíssimo. Quantos sofrimentos tiveram os evangélicos e protestantes, no Brasil, por serem "minoria" diante da "maioria" católica? Quantas mulheres cisgênero sofreram pela himenolatria? Quantos LGBT+ experimentaram conflitos existenciais pela "maioria" antiLGBT+? Sim, um país de neuroses coletivas, de defesas, pelos mecanismos de defesa do ego, internas para "ser normal" e aceito, socialmente.
Com o tempo, acredito, as comunidades, com suas diferenças, coexistirão, pois, entre ideologia e dignidade humana, que também não deixa de ser uma ideologia, prevalecerá Id, ego e superego para a dignidade humana.