4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
No contexto colonial, em que o trabalho escravo era fator essencial da engrenagem econômica, definições e paradoxos permearam essa relação desigual, entre escravo e senhor. Em Jardim do Seridó-RN, essa discussão se faz presente numa relação de trabalho estruturada por homens livres e escravos, ambos na mesma labuta diária.
De um modo geral, na Cidade do jardim há registros históricos da presença negra em lugares, documentos, narrativas e práticas rituais que dizem respeito à sua existência. Esses desenvolveram estratégias de solidariedade, conseguindo uma relativa autonomia. Relatos e fontes comprovam a existência de um pequeno número de cativos, que não passaram de sua quantificação, de seus ofícios e de suas ações libertárias.
Histórias como essas reconstruídas por meio de fontes de naturezas diversas (notas cartoriais, registros de paróquia, inventários, etc.) e que nos ajudam a compreender alguns dos efeitos da escravização no sertão da América Portuguesa. Onde houve escravidão houve resistência, a busca pela emancipação ocorria de diversas maneiras no cotidiano da Conceição do Azevedo. A resistência sobreviveu apesar da repressão, porém não desapareceu com a abolição. Pois, com a extinção da instituição escravocrata, impõe-se aos afrodescendentes a necessidade de lutar contra o preconceito racial e pelo reconhecimento de direitos relacionados à cidadania, durante séculos negados.
Por fim, ainda há que se avançar no conhecimento da história afro-brasileira do Seridó, do passado escravista e do período pós-abolição. É preciso que se libertem as memórias para explicar e esclarecer as contradições ocorridas e contribuições dos africanos no Brasil. A contribuição deste artigo desdobra-se a dar visibilidade a história da presença escrava em Jardim de Seridó- RN e serve de subsídios para futuras discussões.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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LARA, Silvia Hunold. Escravidão, Cidadania e História do Trabalho no Brasil. Proj. História, São Paulo, (16), fev. 1998
Notas
AZEVEDO, José Nilton de. Um passo a mais na História de Jardim do Seridó. Brasília: Centro Gráfico do Senado Federal, 1989.
PAIVA, Liz Coutinho e. Escravidão e Liberdade em Jardim do Seridó (1872-1888). Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em História e Cultura Africana e Afro-brasileira). Disponível https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/44283
Disponível no site da Associação Brasileira de Estudos Populacionais no endereço eletrônico: http://www.org.br/?q=destaques/censo-1872abep
Abstract: This Article deals, in principle, with the historiographical context existing within the scope of Slavery in Brazil and consequently in Seridó-RN, seeking, through the analysis of local documents, to highlight the slave presence, in Conceição do Azevedo, currently the citadel of Jardim do Seridó /RN, and its contribution to the social and historical dynamics of this space, as well as the clashes of resistance between captives and their owners. In the meantime, information provided by regional and local historiographical contributions will be used to promote the research problem. Sources present in the notary and religious collections of the Seridó region and the city mentioned above will also be used, as well as the analysis of the 1872 census, to highlight the presence of Afro-descendants in this space and contribute to the visibility of this theme.
Keywords: Slavery, Jardim do Seridó, Resistance