O Governo Federal apresentou ao Congresso Nacional um projeto de lei que propõe a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) para trabalhadores que recebem até R$ 5.000 mensais. Sem dúvida, trata-se de uma medida esperada e extremamente justa, que tem como objetivo aliviar o peso da carga tributária que recai sobre a classe média brasileira — um grupo historicamente esmagado pela tributação sobre a renda.
A correção da tabela do IR está atrasada há mais de uma década, com uma defasagem que ultrapassa 150%. Nesse período, os salários foram corroídos pela inflação, enquanto a tabela permaneceu congelada. O resultado? Milhões de brasileiros passaram a pagar imposto de renda mesmo sem terem experimentado qualquer aumento real em seu poder aquisitivo.
Corrigir essa distorção é uma obrigação do Estado. No entanto, a forma como o governo pretende "compensar" essa renúncia fiscal tem gerado preocupação — e com razão.
O problema está na compensação: mais Impostos, menos desenvolvimento
Para viabilizar o aumento da faixa de isenção, o governo propôs mecanismos de compensação fiscal como:
Tributação de fundos exclusivos e offshores mantidos por pessoas de alta renda;
Regras mais rígidas para a tributação de lucros e dividendos enviados ao exterior.
Embora a proposta venha embalada como “tributar os super-ricos”, a realidade é que muitas dessas medidas afetam diretamente o ambiente de investimentos no país, espantando capital estrangeiro e sufocando empresas que dependem de investidores internacionais.
Tributar lucros e dividendos, especialmente quando remetidos ao exterior, não é o caminho mais inteligente para equilibrar as contas públicas. Esse tipo de tributação desestimula o investimento produtivo, afugenta aportes externos e enfraquece a economia — justamente em um momento em que o Brasil deveria atrair e não repelir capital.
O investidor estrangeiro que aporta recursos no Brasil em busca de retorno, movimenta a economia, gera empregos e estimula a inovação. Ele não vem ao país apenas para extrair dividendos, mas para plantar capital e colher resultados no médio e longo prazo. Penalizá-lo com mais impostos é um tiro no pé da competitividade brasileira.
O verdadeiro caminho: corte de gastos e combate à corrupção
A verdadeira solução para custear uma política fiscal mais justa não está em tributar ainda mais quem produz ou investe, mas em reduzir o custo da máquina pública. O Brasil não é pobre. Pelo contrário: é rico em recursos naturais, em produtividade e, acima de tudo, em seu povo.
O que falta é gestão eficiente, combate à corrupção e racionalização dos gastos públicos. Antes de se falar em aumentar impostos, o governo deveria enxugar a estrutura estatal, cortar privilégios, rever subsídios ineficientes e atacar os desvios de recursos que drenam bilhões todos os anos. Isso sim fortaleceria a confiança da população e dos investidores.
️ A atualização da isenção é necessária — mas não a qualquer custo
O aumento da faixa de isenção do IRPF para até R$ 5 mil é uma medida necessária e urgente. Ela representa a recuperação da justiça tributária e devolve dignidade ao trabalhador brasileiro. No entanto, é inaceitável que, para isso, o país retroceda no ambiente de negócios e comprometa sua atratividade internacional.
Se o governo realmente quer promover justiça fiscal, precisa começar pela própria casa: cortando gastos, ampliando a eficiência do setor público e combatendo a corrupção com seriedade. Somente assim será possível equilibrar as contas sem sacrificar o futuro econômico do país.