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Censo da Educação Superior 2010,
divulgado pelo Ministério da Educação em outubro de 2010, apontou
um crescimento de 7,1% no número de matrículas em cursos de graduação
em relação a 2009. Já no tocante à década de 2001/2010 a taxa de
crescimento foi de 110,1% (passando de 3.036.113 para 6.379.299 matrículas).
Esses números
poderiam evidenciar um ponto bastante positivo. Mas se olhamos para
o total de concluintes do ensino universitário o cenário é outro.
Tomando-se quatro
anos como a média da formação universitária nacional, verifica-se
que em 2006 o número de alunos matriculados era de 4.883.852. O
número de concluintes em 2010 foi de 973.839, ou seja, 19,9%
do total de alunos matriculados em 2006 (cálculo realizado pelo
Instituto de Pesquisa e Cultura Luiz Flavio Gomes - IPC-LFG).
Esse percentual
nos induz a externar uma grande preocupação com o ensino superior
do Brasil. Obviamente que o aumento no número de matrículas nas universidades
é louvável, todavia, nossa educação superior não pode ser avaliada
exclusivamente com esse dado. Poucos são os que concluem o curso e,
ademais, não se pode dizer que todos estão saindo de cursos excelentes.
A formação universitária
brasileira é quantitativa e qualitativamente preocupante. Isso significa
que estamos formando muitos profissionais pouco preparados para a concorrência
no mercado de trabalho (ou mesmo para o exercício de uma profissão).
O Exame de Ordem
dos Advogados, por exemplo, que habilita o bacharel para a advocacia, considerado constitucional pelo Supremo
Tribunal Federal,
como forma de garantir seu exercício pelos melhores profissionais na
área jurídica, teve em sua última avaliação um índice de aprovação de 15%, ou seja, dos 121 mil bacharéis inscritos,
apenas 18 mil tornaram-se advogados.
Exemplo semelhante
é o da prova aplicada pelo Conselho Regional de Medicina. Opcional
e não determinante para exercer a medicina, ela avalia o conhecimento
de estudantes do sexto ano de 25 faculdades de São Paulo. Todavia,
ainda que em 2010 tenha comparecido somente 16% do total dos estudantes
para realizar a prova (418 de um total de 2.500), 46% (191 alunos) foram reprovados,
acertando menos de 60% da prova.
Estes são apenas
alguns dos retratos da qualidade do ensino superior do país e a prova
de que aprimoramento e maiores incentivos na educação é essencial.
O estarrecedor
é o seguinte: mesmo com este cenário pessimista, a população
não tem a educação como um dos problemas mais sérios do país (apontada em quarto lugar no ranking
dos problemas mais sérios do país - pesquisa de opinião pública
do CNI-IBOPE 2011).
É mais do que tarde para o brasileiro (população e governantes) reconhecer que investir na área educacional é contribuir (direta e indiretamente) para a amenização ou solução das mazelas nacionais, destacando-se, obviamente, a desigualdade, que tem direta relação com os homicídios (como demonstraremos em artigo posterior). A ausência da educação tem tudo a ver com o fato de o Brasil ser o campeão mundial (em termos absolutos) em número de assassinatos: 51 mil em 2009!